Ahmed Rhashid



O homem com a cicatriz riu, gargalhou alto, parou e recomeçou a rir, mas depois de dez minutos, disse que concordava com o desafio de Hermione, mas que só a deixaria falar com Rhashid se ela provasse ser uma boa dançarina.
- Mas vou dizendo: européias são péssimas dançarinas. São geladas e não tem o fogo que as mulheres orientais têm. – ele disse para provocá-la.
Hermione ficou se preparando na tenda, enquanto o homem conduziu Harry, Rony e Gina (que a esta hora já estava bem melhor e já podia caminhar sozinha) para fora, fazendo-os tomar alguns lugares ao redor do fogo e das dançarinas.
Harry achou que era uma loucura de Hermione. Ela não sabia dançar e mesmo se soubesse, estava cega. Este plano não daria certo e o pior, estavam ainda mais afastados de Cairo. Se Voldemort soubesse que eles ainda estavam ali no Egito, seria o fim para eles.
Mas, ainda distraído em seus pensamentos, viu uma bela mulher saindo da tenda em que Hermione estava. Ela vestia um vestido comprido, mas que revelava pernas torneadas através de um fenda que ia dos calcanhares até a altura da cocha e usava um véu em seu rosto e uma corrente de ouro na testa.
Ela começou a dançar sedutoramente na frente do homem da cicatriz que não tirava os olhos dela e Harry imaginou que aquela mulher era uma de “suas mulheres”.
O ritmo da dança se intensificou quando o homem estalou os dedos, mas a mulher acompanhou. Seus movimentos eram diferentes dos das outras mulheres: eram mais graciosos, quase como se estivesse dançando um balé misturado com a dança egípcia. A mulher virou as costas para o homem e em seguida começou a se curvar. Harry estava quase que hipnotizado por ela, mas quando a mulher se curvou completamente, as mãos alcançando o chão, o véu deslizou por seu rosto e Harry viu a face de Hermione, os olhos de cega, contemplando o vazio.
A dança acabou, mas tanto Harry, como Rony e o homem da cicatriz estavam sem fôlego. Hermione tirou o véu do rosto e, encarnando novamente o papel de Hermione, uma garota determinada e autoritária, ordenou:
- Quero ver Rhashid ... e quero ver agora!
- Você é cega... jamais verá qualquer coisa! – retrucou o homem, mal humorado por ter perdido o desafio para Hermione, reconhecendo sua ótima performance. – Mas se quiser falar com Ahmed Rhashid... fale logo, pois sou EU!
Hermione sorriu aliviada.
- Em minha tenda... – disse o homem, empurrando Hermione para seguir adiante.
- Você está bem? – perguntou Harry. – Nossa, como você pode dançar daquele jeito... ainda mais sem enxergar nada.
- Ah... eu fiz bale quando era criança. – respondeu Hermione – Uma de minhas professoras me ensinou a dança do ventre. Ela me fazia dançar com um faixa nos olhos para que eu acertasse os passos. Ao menos serviu para alguma coisa.
Harry segurou a mão de Hermione e a conduziu para a tenda de Rhashid. Ela parecia exausta. A dança havia destruído suas ultimas forças, mas Harry agradeceu pela determinação da amiga.
- Fale o que quer, mulher! – disse Rhashid quando Hermione entrou na tenda depois de Harry.
- Quero sua ajuda! – disse Hermione, humildemente.
- Ouse vir até mim e pedir ajuda.
- Ouso, sim! – respondeu Hermione, o nariz empinado num tom de autoritarismo. – A sua ajuda fará com que ganhemos uma batalha... uma batalha em que você terá que participar mais tarde, se não nos ajudar agora, pois Voldemort esta ficando a cada dia mais forte e dominará o mundo inteiro se não impedirmos.
- Harry Potter é quem pode impedi-lo. Essa missão não cabe a mim – disse Rhashid. Ele era forte e poderoso, mas mesmo assim, deixava transparecer seu medo de Voldemort.
- Harry Potter só poderá impedi-lo se você o ajudar.
- Querem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? – retrucou Harry, desconfortavelmente.
- Ajudar? Como? – perguntou Rhashid.
Hermione suspirou, tentando achar fôlego, mas cambaleou e só não caiu, pois Harry lhe deu apoio.
- A história de Horus diz que ele trouxe de volta a vida seu pai, Osíris. Ele o trouxe através de Horcruxes, não?
- Fale baixo – disse Rhashid que olhou em volta para ter certeza de que não havia mais ninguém ali com eles na tenda. – Sim... Horus criou os Horcruxes e antes do pai morrer, ele dividiu sua alma em vários pedaços e os armazenou em diferentes objetos. Mas isso é uma técnica proibida, até mesmo para os maiores bruxos egípcios.
- É por isso que estou atrás de você. Você é o único bruxo egípicio que já tentou essa técnica não é.
Rhashid olhou com medo para Hermione.
- Sim! – Rhashid admitiu. – Quase fui expulso do Egito por causa dessa técnica. Eu a usei para trazer de volta minha filha, Arisia, mas deu tudo errado...
- O que deu errado.
- Para criar um horcruxe é preciso dividir sua alma. Ao dividir sua alma, Arisia ficou muito má e nunca foi a minha querida filha novamente. Eu tive que destruí-la. E deste dia em diante, jamais ousei falar nessa palavra.
- Bem, eu sinto muito, mas terá que nos ajudar agora. Voldemort usa desta técnica para ficar a salvo.
- Destrua os horcruxes e destruirá Voldemort. – aconselhou Ahmed.
- Bom... este é o problema. Não sabemos onde estão todos os horcruxes... e isso levaria muito tempo. Há uma maneira de destruir todos os horcruxes de uma vez só. E eu sei que você sabe. Então me diga... qual é?
Ahmed Rhashid era um homem poderoso. Era o maior bruxo do Egito e um dos maiores do mundo. Ele enfrentara muitas coisas em sua vida. Seus quarenta e tantos anos haviam sido repletos de aventuras, e ele temia pouquíssimas coisas nesta vida. A coisa que mais temia era o grande Lord das Trevas, Voldemort e a segunda coisa que mais temia era o templo dos mortos...
- TEMPLO DOS MORTOS... – Rhashid sussurrou, sentindo os pelos dos braços se arrepiarem.
- O que? – Hermione indagou.
Rhashid respirou fundo e remexeu em um dos baús que tinha em sua tenda. Depois que tirou um velho papiro, abriu-o e mostrou-o aos garotos.
- Na cidade dos mortos existem varias tumbas. Numa das tumbas, na tumba do faraó Menes existe uma entrada para um mausoléo secreto. Alguns chamam de Templo dos Mortos, outros, chamam-no de Altar dos Mortos. Você deve levar ali até uma mesa de pedra, bem no centro daquele lugar, o sangue do renascido. O renascido terá todos os horcruxes destruídos e sua força enfraquecida.
- Meu Deus! Então eu estava certa! Existe mesmo um meio? – disse Hermione, quase pulando de felicidade.
- Não é assim tão fácil, mulher... – disse Rhashid. – Eu entrei naquele lugar uma vez... até hoje a imagem do que vi me apavora. Fantasmas, agouros, almas das trevas... horror e terror... é o que terão de enfrentar.
- Podemos fazer isso! – disse Hermione. – Já enfrentamos muitas coisas juntos. Nós somos fortes.
- Sim... sei que são... mas mesmo o homem mais forte do mundo... teme aquele lugar.
- Você precisa nos guiar... precisa nos levar até lá. – disse Hermione.
- Ah, Não... eu já lhe ajudei com esta dica... não vou levar vocês até lá, quando Voldemort está saracuteando por Egito a sua procura.
- O que? Como sabe...
- Eu sei de tudo o que acontece no Egito, minha cara. Além do mais, Gugir trabalha para mim. Eu mandei que ele os protegesse, mas ele teve medo.
- E você, ó grande Ahmed Rhashid? Você tem medo de nos guiar até o templo dos mortos... achei que fosse o maioral por aqui.
Ahmed aproximou-se de Hermione, tanto que seus lábios ficaram a poucos milimitros de distância.
- Você é esperta, garota... é por isso que está ao lado de Harry Potter....
Harry ficou aborrecido com a atitude de Rhashid e estava pronto para agredi-lo se ele tocasse um só dedo em Hermione, mas, ao contrário do que pensou, Ahmed se afastou.
- Há quatro quartos a mais nesta tenda. Fiquem a vontade... durmam... precisaram estar totalmente restabelecidos pela manhã... ou jamais conseguiremos entrar no templo.




Harry ficou no quarto ao lado do de Hermione. Era estranho dormir numa tenda, pois os quartos eram separados apenas pela fazenda da tenda, e mesmo sendo uma fazenda grossa, podia-se ouvir tudo o que acontecia no lado.
Harry conseguiu dormir por algumas horas, mas levantou-se quando escutou um estranho gemido. Ele apurou os ouvidos e ficou imóvel, então escutou um novo gemido e levantou-se, indo até a porta-cortina do quarto de Hermione para escutar novamente.
- Harry! Harry! Harry! – Harry entrou no quarto. Hermione dormia sobre lençois egípcios no chão e parecia estar delirando. Ele sentou-se ao seu lado e a chacoalhou levemente para que acordasse de seu torpor.
- Hermione? – ele disse quando ela abriu os olhos. Hermione estava chorando e quando viu seu rosto, sentou-se e o abraçou.
- Harry... eu tive um sonho... um sorro horrível. – disse ela assustada. Harry podia ouvir os batimentos descontrolados de seu coração.
- O que você sonhou? – ele perguntou, curioso, mas ela ficou séria e se afastou, respirando fundo e deixando as lágrimas cobrirem seu rosto.
- Gina gosta muito de você!
- O que tem isso a ver? Você teve um sonho... me diga o que é... você parece assustada e está tremendo... me diz o que é, Hermione?
- Eu te amo... – ela sussurrou, sua vozinha perdeu-se no ar. – Eu te amo muito... mas do que minha alma pode suportar...
- Meu Deus, Hermione! O que..?
Hermione interrompeu-lhe com um beijo terno. Ela acariciou seu rosto e depois beijou seu pescoço, abraçando-o novamente.
- Eu amo você, Hermione! – disse Harry, percebendo que Hermione não lhe contaria o sonho. O amanhã trazia esperanças, mas também trazia uma outra coisa... uma coisa que Harry não sabia dizer o que era, mas tinha uma estranha sensação... a sensação de que havia sofrimento a sua frente... um sofrimento inimaginável.




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