Do armário



Harry puxou uma coberta para cobrir Hermione que dormia tranqüilamente aninhada em seus braços. Com cuidado ele tampou sua querida amiga para que ficasse confortável e começou a enroscar os dedos nos cachinhos castanhos de Mione.
Ela sorriu adoravelmente e abriu os olhos para contemplar o nada.
- Uhm... Harry! Por um minuto pensei que fosse apenas um sonho bom... mas é real, não é, estamos juntos...
- E ficaremos para sempre.... – Harry disse, apertando Hermione num abraço terno.
Ele beijou a sua testa e passou um dos dedos pela sua face macia.
- Você não vai me abandonar, não é?
Hermione deixou o sorriso morrer.
- Uhm... eu deveria... – ela disse, tristemente – mas não sei se consigo...
- Ótimo – Harry disse e beijou-a novamente. Seus lábios se tocaram como se jamais devessem ser separados e Hermione fechou os olhos, agora inúteis, para deixar sua alma captar aquele momento mágico, o mais mágico de sua vida.
- Eu amo você, Hermione... – Harry repetiu novamente, olhando apaixonado para a amiga. – Eu a amo de verdade, sem falsos pretextos. O único pretexto que há no meu amor por você é meu coração... sabe... eu amo você... tanto que daria meus olhos para você, seu eu pudesse. Eu preferiria ser cego por toda a minha vida a perder você...
Hermione controlou as lágrimas, mas não podia negar a emoção que sentia.
- Harry... eu...
- Você me ama, Hermione? – Harry a interrompeu.
Hermione pensou por um momento. Tentou encontrar a resposta dentro de si, mas não a encontrou, ou não sabia se a que tinha era a verdadeira.
- Eu... eu... – Hermione não sabia o que dizer, não queria responder aquela pergunta embora soubesse que Harry a esperava ansioso e não podia e não queria decepcioná-lo. Se ela o amava! Nem mesmo ela sabia. O que ela sentia por ele era algo muito forte. Um sentimento tão forte que parecia apertar seu coração cada vez que ela pensava nele, no entanto, seria amor? Ou ela estaria confundindo com as suas emoções. Ela estava cega, sozinha e sofrera muito durante todo o período de férias. Será que ela não estava confundindo os sentimentos. O que é o amor, afinal? Seria isso que ela sentia por ele. Precisar dele era amor? Não parecia ser algo racional e, Hermione sabia, o amor era racional. Mas a paixão... a paixão não... a paixão é uma entrega... o tipo de entrega que Hermione acabara de fazer...
- Eu estou apaixonada por você! – Hermione concluiu rapidamente.
Harry sorriu, contente. Não era a resposta que esperava de Hermione, mas não ligava. O que importava é que os dois estavam juntos e ela aprenderia a amá-lo.
Harry beijou-a novamente e cada vez mais apaixonadamente, enquanto acariciava seus cabelos macios.
Mas, então... um estalido chamou a atenção de Hermione que espalmou a mão no peito de Harry.
- O que foi isso? – Hermione perguntou.
- Isso o que? – Harry perguntou, apurando os ouvidos.
Os ouvidos de um cego, diz o senso-comum, são mais apurados do que uma pessoa com todos os sentidos. Assim, Hermione podia ouvir, nitidamente, os passos de alguém no andar abaixo.
- Tem alguém lá embaixo, Harry! – Hermione falou com urgência.
Harry apurou os ouvidos novamente, mas agora escutou quando alguém esbarrou em um dos móveis lá embaixo.
Harry pulou da cama e vestiu o robe rapidamente, olhando pela porta para ver se via alguma coisa. Agora escutou o ranger de um dos degraus e constatou que, fosse o que fosse, estava subindo as escadas.
Preocupado, Harry virou-se para o quarto: Hermione acabava-se de se vestir, com muita dificuldade. Ao lado da garota havia um armário, grande o suficiente para acolher uma pessoa.
Quando Hermione acabou de abotoar o ultimo botão do robe, escutou os passos de Harry aproximando-se dela. Ele agarrou o seu braço e a empurrou para trás.
- Ai, Harry... você está me machucando! – ela reclamou, estranhando a atitude do amigo.
- Quietus! – Harry falou e em seguida, Hermione sabia que havia sido azarada, pois apesar de falar claramente, nenhum som saia de sua garganta.
“Harry, o que você está fazendo?” – Hermione reclamou, mas apenas seus lábios se movimentavam.
Hermione sacou a varinha do bolso da calça, mas, atrapalhada, deixou-a cair...
Harry puxou Hermione e a jogou dentro do que, para ela, parecia ser um armario. Hermione debateu-se contra Harry, mas quando ele enfim a soltou, bateu a porta trancando-a naquele armário.
- Colloportus! – Escutou Harry falar e mesmo que forçasse o trinco a porta não cedia.
“Harry! Harry! Abra esta maldita porta!”
Lá fora, Hermione escutava passos cada vez mais perto do quarto.
- Estupefaça! – Escutou a voz de Harry.
- Protego! – Escutou uma outra voz, uma voz sibilante, que lembrava um uivo aterrador. Hermione tinha a certeza de quem era aquela voz: Voldemort, o Lord das Trevas.
Hermione apurou ainda mais os ouvidos para escutar o que acontecia. Harry e Voldemort duelam e parecia que Harry estava conseguindo agüentar-se contra os feitiços do Lord do Mal. Até que uma segunda pessoa surgiu no quarto: Lucius Malfoy.
- Cuidado, Mestre! Eu o acerto! – Escutou a voz de Lucius e em seguida, ouviu um forte baque cair sobre o chão e soube no mesmo instante que era Harry.
- CRUCIOS! – Voldemort azarou e o grito de Harry ecoou por toda Casa dos Gritos.
“Não, Harry, não” Hermione batia contra a porta, mas duvidava que alguém conseguisse escutar, provavelmente Harry fizera algum outro feitiço para que não se escutasse nada provindo do armário.
O grito cessou de repente, mas Hermione podia ouvir a respiração irregular e ofegante de Harry. Ele estava sofrendo, e muito!
“Harry...” Hermione não controlou as lágrimas. “Por favor, parem...”
- Devemos matá-lo, mestre? – Lucios indagou.
- Não! – o Lord das Trevas respondeu. – Tenho uma idéia melhor. Eu vou utilizar Harry para um poderoso feitiço. Um feitiço que só pode ser concretizado com a morte de alguém... e não há ninguém a quem eu queira matar, senão.... Harry Potter! Hahaha...
A gargalhada ecoou reverberando na acústica do armário como se o próprio Voldemort estivesse ali com ela. Seria melhor, mesmo, pensou Hermione, seria melhor que fosse eu a Harry. Se ela morresse não faria falta, afinal, ela era um cega inútil. Harry, por outro lado, precisava viver, precisava viver para lutar contra Voldemort. Harry era o único que podia. E se Harry enfim morresse, não havia ninguém mais que pudesse impedir o império do mal que se pronunciava sobre a Terra.



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Havia se passado três horas e Hermione continuava naquele armário escuro, encolhida em um canto enquanto os soluços era, agora, a única coisa que podia escutar.
“Não pode ser... Harry, não...”
Hermione secou as últimas lágrimas, sem saber o que fazer. Estava sem sua varinha, a porta estava fechada e ninguém, a não ser lilá e parvati que sabiam onde ela estava.
No entanto, escutou pequenos passos vindo em sua direção.
“Harry?” Ela perguntou, mas escutou outra voz lá fora.
- Alohomorra! - Era a voz de Gina e a porta se abriu.
Hermione levantou-se e abraçou a amiga.
- Meu Deus, Hermione, o que aconteceu? Onde está Harry? – Gina perguntou, apontando para o lençol amassado da cama, onde havia uma pequena mancha vermelha. Era o sangue de Harry, Hermione não tinha dúvida.
Hermione abaixou-se e tateou por sua varinha. Devia estar por ali.
- Pegue! – Gina disse, colocando em sua mão a varinha perdida. - Estava bem do lado do armário. Foi assim que descobri que você estava aí dentro.
“Finite Incantatem!” Hermione pensou apontando para a própria garganta.
- Gina... – ela disse, sentindo o som voltar a sua garganta. – Aconteceu algo terrível com Harry.... algo terrível...


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- Então, senhorita Granger, está me dizendo que Voldemort seqüestrou Harry? – o professor perguntava a Hermione que estava, junto com Gina e a professora Macgonagal, no escritório do diretor.
- Sim, precisamos ser rápidos! Precisamos fazer alguma coisa! – Hermione disse com urgência.
O professor abaixou a cabeça e deixou uma lágrima prateada escapar pelo canto dos olhos.
- Então... a nossa última esperança acabou... – disse o professor, tristemente.
Macgonagal, que até aquele momente era a única que não havia chorado soltou um grande soluço e tapou os olhos com as mãos.
Gina deixou-se cair sobre uma poltrona, as lágrimas banhando todo o rosto sardento.
- Não... precisamos fazer alguma coisa, professor... – disse Hermione, sentindo que sua voz sumia.
- Srta. Granger, Srta Weasley... eu sei que as senhoritas tem Harry em grande estima, mas talvez seja a hora de... bom... o que estou querendo dizer é que... eu sinto muito, queridas, mas Harry deve estar morto a esta hora.
- Meu Deus.... – Gina gemeu baixinho, chorando descontroladamente.
Hermione ficou ali parada, com um turbilhão de pensamento invadindo a sua mente. De todos o que mais a assolava era o sentimento de culpa... ela o atraíra para fora... era a culpa dela se acontecesse alguma coisa a ele, no entanto, ela não desistiria tão fácil.
- NÃO! NÃO! ELE NÃO ESTÁ MORTO! Eu escutei Voldemort dizendo que queria Harry para um feitiço... ele ainda está vivo e precisamos fazer alguma coisa por ele... por favor... vamos fazer alguma coisa... qualquer coisa...
- Não há mais o que fazer, srta. Granger... Vá para o seu dormitório e faça suas malas. Hoje mesmo estarei mandando uma carta a todos os pais, mandando seus filhos embora... não tenho como proteger a todos... é o fim, srta. Granger, eu sinto muito, mas é o fim...
Hermione girou nos calcanhares e deixou o escritório de Dumbledore um pouco desnorteada. Não sabia o que fazer... não sabia onde ir... não enxergava nada a sua frente e apalpava a parede como uma perfeita pateta... mas o que não faria era desistir... isso nunca... ela não deixaria isso assim... ela precisava fazer algo.
Precisava fazer algo para salvar o seu.... AMOR...
Hermione sentiu as lágrimas mornas cruzarem seu rosto, mas as secou rapidamente quando escutou a voz de Draco Malfoy perto dela.
- Ora, ora... se não é a “Ceguinha de Hogwarts” !
Hermione virou-se rapidamente e calculando onde Malfoy estava somente pelo som de sua voz, esmurrou-o com toda a força que tinha.
Ela ouviu o baque de Malfoy caindo no chão com violência e os risos dos amigos sonserinos.
- Quem mais vai querer briga, porque estou pronta! – Gritou Hermione com as mãos em punho.
Hermione escutou os passos das pessoas correndo para longe e relaxou. Desde o terceiro ano, ela ficara afamada pelo soco que dera em Malfoy e repetiu a dose.
Hermione escutou Malfoy se arrastando para longe dela e abaixando-se puxou-o pelo colarinho.
- Você não vai fugir assim tão fácil! Seu pai maldito conseguiu sair de Azkaban e está com Harry Potter e se não quiser que eu te mate agora mesmo, e acredite porque nada no mundo me impedirá de matar uma fuinha como você, me diga onde ele está.
- E-eu não sei de nada, G-granger – Draco disse, tremendo dos pés a cabeça.
Enquanto segurava Draco com uma das mãos, sacou a varinha com a outra apontando para onde seria o nariz de Malfoy.
- Você prefere acabar logo, com um avada, ou prefere ser torturado com um Crucios.
Malfoy tentou reagir, empurrando a garota, mas ela foi mais rápida.
- Incarcerous! – Ela disse, e Malfoy foi aprisionado por grossas cordas.
- Granger Sangue-ruim, me solta ou meu pai acaba com você.
- Eu vou acabar com você antes de acabar com seu pai, agora me diga onde seu pai está!
- Nunca, sua... Ah...
Malfoy contorceu-se de dor quando Hermione azarou-o com o Crucios. Sabia que era uma maldição imperdoável. Sabia que se alguém a visse fazendo aquilo seria para sempre presa, mas nada disso importava. Não sabia se seria capaz de fazer feitiço tão baixo e injusto, mas para salvar Harry, faria qualquer coisa.
- ONDE ELE ESTÁ, MALFOY! DIGA OU VOU MATÁ-LO.
- Pare, pare... – Malfoy gritava, debatendo-se violentamente. – Ele foi para o Egito. Há algo lá que o mestre das Trevas precisa achar para fazer um feitiço poderoso... é tudo o que sei... é tudo o que sei, Granger... eu juro.
Hermione abaixou a varinha, cessando as dores de Malfoy.
- Espero que tenha falado a verdade, ou juro que te matarei, Draco.... eu não tenho mais nada a perder...
Hermione virou-se ainda mais exausta do que Draco que desabou no chão e continuou pelo corredor apalpando a parede até encontrar o quadro da mulher gorda. Ela entrou na sala comunal ainda mais abatida, torcendo para achar Gina.
Para a sua sorte, encontrou a amiga chorando copiosamente no quarto.
- Gina... – disse Hermione, num tom sombrio. – Ainda existe uma esperança... um último fio de esperança, mas eu preciso de sua ajuda...
- Do que está falando, Mione? – Gina perguntou, secando as lágrimas – Não ouviu o que Dumbledore falou, não há nenhuma esperança.
- Você ama Harry, Gina? – Hermione perguntou, sentindo o coração pulsar cada vez mais forte.
Gina hesitou por um segundo. Por fim, sem entender ainda a motivação de Hermione, respondeu.
- Claro que eu o amo... você sabe disso.
- Ótimo! – Hermione respondeu, ainda muito triste. – Então venha comigo para o Egito, seja meus olhos e eu o salvarei para você, minha amiga...

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