Marlene Insana Ataca



Depois de de ver um sorriso sincero no rosto de minha nova colega de trabalho, Sharon, e deixar o jornal, chamei um táxi e segui em direção a casa de James, sem saber ao certo se iria agradecer ou  discutir. Sem dúvida, eu estava animada e muito agradecida, porém também me sentia, sei lá, traída e incapaz.


O táxi parou em frente a casa de Jay. Desci do carro e fui em direção a porta,  apertar a campainha. Uma. Duas . Três vezes.  Nada.


- A que devo a honra?


Devo ter gritado, e assim que me virei, Sirius estava na rua, em cima da moto.


- Oi – disse ele.


- A gente precisa conversar.


- Tá, sobe ai.


Sirius estava com outro capacete pendurado no braço. Preferi  não  perguntar o porquê.


- Vamos Lene  - insistiu, lendo minha expressão.


- Onde você vai?


- Trazer minha Lene de volta.


Ainda relutante, subi em sua garupa, passando os braços em volta de sua cintura. A camisa de algodão permitia que eu sentisse os músculos por baixo do tecido fino.  Mais uma vez, ele usava aquele perfume.


Devo ter  ficado perdida em meus pensamento como vinha ocorrendo ultimamente, pois mal havíamos deixado o tumultoso centro da cidade e estávamos num bosque. Em um bosque lindo, com flores distribuídas por todos os cantos e alguns bancos de madeira antiga. Desci da moto, extremamente tonta com tanta beleza.


- Isso é lindo!


-É, fazia tempo que não vinha aqui. Vem – disse, pegando em minha mão – Vamos andar.


Seguimos uma trilha. Em algum lugar ali perto deveria ter um rio, pois pude ouvir o som de água corrente e os murmúrios do riacho. O silêncio tranquilo foi quebrado por Six.


- Então, o que você queria me dizer?


-Han?


- Você disse ‘precisamos conversar’ – explicou, imitando de um jeito péssimo minha adorável voz, como de costume.


Parei abruptamente.


- Porque você anexou aquele texto ao meu currículo?


- Ah, é isso. Bom, era um bom texto, um bom currículo, uma boa profissional...- sorriu, maroto.


-Estou falando sério!


-Lene, relaxa. O texto era ótimo! Mas, não me diga que eu te atrapalhei e...


- Não, não – tranquilizei-o -  Eles me aceitaram!! - completei, fazendo uma dancinha improvisada.


- Lene, isso é demais! – Respondeu, abraçando-me, fazendo com que  um arrepio percorrese  a espinha – Vem cá, vou te mostrar uma coisa.


Seguimos juntos em direção a ... não sei onde, enquanto eu contava a incrível aparência de meu novo chefe e de Sharon, a “gostosona”, como Sirius nomeou.


O barulho do riacho ficou cada vez mais forte, até que me deparei com a parte mais bonita do percurso.  Estávamos próximos a margem do rio, as árvores ao redor eram de um verde incrível, enquanto as flores possuiam um rosado delicado.


Sentei -me, absorvendo cada detalhe do local, enquanto Sirius deitava-se, pousando a cabeça em meu colo. Aquilo era incrível. Lembrei da época em que era criança e corria pelo sítio de minha avó, descalça, quando a única preocupação era não esquecer  o horário que o bolo ia ficar pronto, para  comê-lo quentinho.


A ventania suave dentro de minha mente dissipou-se no momento em que senti um flash invadindo meus olhos.


- Ah, lá vem você e essa sua câmera.


- Instinto – responde ele, dando de ombros – gosto de fotografar coisas que valem a pena.


- Como minha cara de boboca?


- Exatamente.  Agora tenho a capa de minha coleção.


- Coleção?


- Fui chamado para um “teste” na agência Ostrian. Tinha que preparar um álbum. Com essa foto, tô dentro.


- Quero meus direitos, hein?  Já que não vai adiantar eu dizer para você não usá-la...


Ele levantou-se, tirou a camisa, a carteira e o celular do bolso e jogou-os ao lado da mochila que carregava.


- O que você está fazendo?


Mal terminei a minha frase, Sirius se atirou dentro nas águas.


- MALUCO! – gritei.


- Aaaah, tem coisa melhor que isso! – respondeu, girando dentro d’água - Vem Lene, tá gostoso.


- Jamais. E u tenho juízo.


- Então deixa eu desajuizar você, pequena.


Dizendo isso, saiu do rio e correu até mim que, vislumbrada pela visão de seu abdômen tão... enfim, fiz a burrada de não correr. Fui pega no colo, como uma andorinha pega por um gato. E que gato.


- Sirius, me  bota no chãããããão!!! – ri, numa tentativa fracassada de me soltar.


Em um segundo, estava dentro do rio, com raiva e achando graça.


- Não disse que a água estava ótima? – disse Sirius, perto demais da minha pessoa com tanto espaço a nossa volta.


Realmente, a água estava ótima, mas não ia dar o braço a torcer, e não estava bem ligando para isso.


- De novo, você é doido cara. DO-I-DO.


-Só se for por você – sussurrou, agora verdadeiramente próximo de mim. Enlaçou minha cintura com um dos braços, e com a outra mão acariciou meu rosto. Isso em uma fração de segundos.


- Sirius, eu...


- Não vou fazer nada que você não queira Lene, acredite- seus lábios estavam em minha orelha – Só me deixa ficar perto de você uma vez. Não fuja, por favor.


Fugir? Me diga santo pai do brigadeiro, como eu poderia?


Só pude ver nós dois ali. Nenhum som, nenhuma árvore, só nós dois. Então fiz uma coisa, sim, eu fiz uma coisa, que a Marlene McKinnon de hoje não cogitaria em sequer pensar e que a Marlene que outrora fui sonhava em fazer todos os dias.


Acabei com o espaço entre nós.


Sim, eu o beijei.


 


 


 


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E então? 

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Comentários (1)

  • Miiih McKinnon

    COMASSIM E ENTÃO???Eu quero mais, lógico!!!!!!Vei, na boa, terminar o cap. assim é maldade!! Vo chora!! Ç.ÇAmei os dois juntinhos assim!! *-*Posta logo, se não eu vo morre de curiosidade!!Bjs e 'Té mais!! 

    2012-03-25
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