Sr. Bennet



-Fechamos no verde – disse Lily – As contas estão todas pagas, acertamos o aluguel  e incrivelmente a da padoca também. A geladeira está cheia e ainda sobrou algum dinheiro para nosso jantarzinho de natal.


- Você não vai passar com o James?


- Não,  disse para ele ficar com a jacaroa da mãe dele. Natal é mais família né amiga, e assim como ele, eu tenho que passar com a minha.


- Você vai lá para aquele fim de mundo que seus pais e sua irmã estão morando?


- Não McKinnon, quando digo família, estou me referindo a você.


- Ai Evans...- comecei, abraçando-a.


- Pode parar com esse drama. Você sabe muito bem que se eu tenho alguma irmã ela está neste momento com a cabeça enterrada no meu ombro. E meus pais... bem, deixe-os quietinhos lá. Continuando, pensei em fazer uma coisa bem simples para o natal, só  para não deixar passar e guardar o dinheiro mais para o ano novo, quando os meninos vierem para cá.


- Meninos? Perdi alguma coisa?


- Você sempre perde. O Jay e o Sirius, cabeção.


- Evans, francamente! Você não acha que já está indo longe demais tentando me empurrar para o Sirius? Promover um ano novo de casais...


- Não estou empurrando ninguém amiga, sério. Só quero ficar com meu namorado e meus amigos no ano novo. Sério.


- Ok, Lily. Além do mais, vamos precisar de alguém para festejar nossos milhões.


Revirando os olhos, Lily levantou-se e deu uma checada no espelho, antes de conferir a hora no celular.


- Tenho que ir, meu horário de almoço está no fim e aquela farmácia parece mais mercado de peixe ou pastelaria de japônes, como prefirir.


Lily estava trabalhando na fármacia em frente ao prédio. Ambas sabíamos que isso não chegava nem perto do que ela realmente buscava. Como já devo ter mencionado, Lily tem um ateliê, onde passa seus croquis para o tecido. Como você também já sabe, estamos passando por uma fase difícil, e então ela teve que fechar as portas de seu grande sonho por faltas de recursos. Mas isso será por pouco tempo, eu sei.


Logo depois que minha amiga me deixou um beijo no ar e saiu, fui tomar um banho e me preparar para “arrasar”. Na tarde anterior, um dos majestrais editores do The Midnight telefonou-me e agendou uma entrevista de emprego. Imagine só, eu, uma jovem mulher futura jornalista, trabalhando em um jornal de peso e ainda por cima milionária (o prêmio da mega sairia em alguns dias)? Incrível demais.


Optei por uma saia cinza até os joelhos, blusa branca com o mínimo de decote possível e meu único blazer preto. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo e passei pó, blush e rímel. O espelho revelou-me quase uma profissional, mas novamente tive a sensação de não reconhecer por completo a mulher no espelho, só que dessa vez foi menos angustiante, mais perto da verdade, como se eu estivesse chegando lá.


Desci até a portaria e aguardei meu táxi chegar (tive o bom senso de não usar minha moto). O percurso deve ter durado cerca de quinze minutos, mas me pareceu uma eternida do quão ansiosa estava.


A sede do jornal era incrível. Bem decorado e arejado. Fui até a recepcionista, uma negra linda que lembrou-me aquela cigana de O Corcunda de Notre-Dame, E smeralda.


- Moça? Posso ajudar?


- Sim, tenho uma entrevista marcada com o Sr. Bennet.


A cigana checou algo em seu computador. Sharon, o crachá dizia. Bom, prefiro Esmeralda.


-Marlene McKinnon?


-Sim.


- Venha comigo.


Tentei imitar o modo seguro com que Sharon andava. Passos largos e firmes, o nariz lá em cima, o quadril empinado e de um lado para o outro. Acho que deixei a desejar, a julgar pelo modo como o carinha do elevador me olhou de um jeito engraçado. Não o culpei, já que nem eu mesma conseguia segurar a risada. Logo depois eu estava em frente a porta em que seria decidido o próximo passo da minha vida.


- Escute, se você quer esse emprego apenas responda as perguntas e seja você. Não importa o quão louca seja.


E assim, Sharon foi em direção ao elevador, parecendo orgulhosa demais para quem me deu um conselho. Resolvi não discutir. Bati na porta.


- Entre.


- Com licença.


O escritório era enorme. À esquerda, encaixada na parede, estava uma TV gigante, um vídeo game e um sofá vermelho de couro. À direita, uma estante repleta de livros com uma poltrona de cada lado, separadas por um tapete de linho egípcio.  À minha frente, atrás de uma mesa de escritório, um cara careca, com as sombrancelhas juntas, feições um tanto quanto assustadoras, porém com fartas bochechas que quebravam esse mal estar inicial ao olhá-lo (em partes), o Sr. Bennet. Sim, eu já sabia  o que me aguardava, mas o sujeito era muito mais, hum, exótico do que eu imaginara.


- Imagino que seja a Senhorita McKinnon – seu  olhar examinou-me de cima a baixo.


- Muito prazer – estendi a mão, no que fui ignorada.


- Sente-se – apontou para a cadeira atrás de mim – Bom, aqui diz que você cursa jornalismo há dois anos, certo?


-Exatamente.


-E que a única experiência no ramo foi no jornal da escola, certo?


- Sim – respondi, constrangida.


- E também diz que os outros trabalhos que teve não tinham nada a ver com a área?


Achei a pergunta desnecessária. Aquele cara estava querendo me humilhar, não gosto disso. Vendo que não respondi, continuou:


- Pelo seu currículo, você não  teria  a menor chance em um jornal com nossa amplitude, mas confesso que a opinião da equipe alterou-se assim que lemos o artigo que a senhorita teve a ousadia de nos mandar acompanhando-o. Um jornalista precisa ser ousado, ter opinião. Seu texto comprovou que você tem talento para isso, embora sempre possamos melhorar.


- Artigo?


- Claro garota,  o artigo sobre o governo, os costumes, o bom senso - ele entregou-me o tal artigo. Sim, eu o reconhecia. Havia o feito há alguns anos para ajudar Sirius em alguma matéria. Mas como foi parar ali?


Sirius. Ele esteve em casa três dias antes, quando eu terminava de imprimir o currículo. Tentei me lembrar. Estávamos mexendo em algumas pastas. Ele sabia o destino do papél sendo impresso.


-McKinnon? Me ouviu?


- Desculpe senhor, como disse?


- Outra característica de escritores e colunistas: o mundo da lua... Estava dizendo que seria um prazer tê-la em nossa equipe.


- O senhor está me, me contratando?


- A senhorita realmente consegue ser um caso raro - olhou para algum ponto e em seguida novamente em meus olhos – como consegue ser tão talentosa e tão lerda ao mesmo tempo?


 


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N/A: Olá!!


Bom, eu sei  que dei  uma sumida, mas além de explicações clichês como a escola, teve o carnaval,  viagem, umas coisas por aqui e enfim... O chapter estava pronto faz tempo,  só demorei para postar  por conta desses  empecilhos.


Miiih McKinnon: Oie!! Kkkkkkkkkkkkk’  Obrigado  *----* Bom, aqui está, vou tentar postar o próximo o mais rápido possível. A credite, também aceitaria minhas férias de volta =/ Beijo!


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