Capítulo XII



 


Marlene McKinnon




Eu já não me aguentava de vontade de viajar. A ansiedade era enorme. Mas para a minha felicidade o sábado chegara e dentro de algumas horas estaríamos indo para o Brasil.


Eu mal consegui dormir de tanta euforia, antes das seis eu já estava de banho tomado e desci para o salão comunal. Eu imaginava que o lugar estaria vázio, mas me enganei. Remus estava sentado no sofá de frente para a lareira, parecia meio pensativo.


-OIIIE!- gritei e ele deu um pulo do sofá.


- Puta que pariu, Lene! Que susto!


Eu gargalhei e ele também. Me acomodei em uma poltrona.


- Por que acordou tão cedo?- ele me perguntou.


- Perdi o sono, acho que é a ansiedade de viajar. E você?


Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos. Acho que essa mania é um pré-requisito básico para se tornar um maroto, todos eles fazem isso quando estão nervosos ou preocupados.


- Não é nada demais.- ele sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos.


- É sério que você acha que me engana? Trate de falar logo o que está te deixando assim.


- Acho que cometi um erro grave e não consigo pensar em uma forma de consertar.- Ele não me encarava, falava olhando para a lareira.


- Como assim do que você está falando?


- Da Dorcas.


- Peraí! O que vocês está tentando dizer? Você se arrependeu de pedi-lá em namoro?


Eu não estava entendendo. Os dois pareciam tão felizes essa semana. O que teria feito com que ele mudasse de idéia?


- Não é isso.- ele se apressou em explicar.- Sinto como se tivesse traindo-a.


O entendimento se aponderou de mim.


- Você não contou pra ela sobre a licantropia, não é?


Isso explicava o porque da Dorcas não ter comentado comigo nada sobre o assunto. Até então eu associava isso ao fato da Lily estar sempre por perto.


- Não.- ele confirmou minhas suspeitas. - E antes que você diga qualquer coisa, eu sei que estou errado.


- É realmente está. Quanto antes você falar pra ela melhor, Remus.


- Sei disso, mas simplesmente não consigo. Quando eu vou falar perco toda a coragem.


- E o leão grifinório, como fica?- tentei descontrair o ambiente.


Ele sorriu fracamente.


- Estou começando a achar que esse lobo aqui não tem nada de grifinório.


- Não fala assim! Eu estava brincando.- me arrependi de ter feito a brincadeira.- Não tem porque você ficar tão preocupado. Pode ter certeza que ela não vai dar importância pra o seu probleminha peludo, ela vai querer fazer de tudo pra te ajudar e tentar amenizar a sua dor.


- Eu não acho que ela vá me virar as costas ou algo assim. Mas não me sinto preparado pra contar, entende?


- Sinceramente? Não, eu não entendo. Se você quiser meu conselho, acho que quanto antes você falar pra ela melhor.- ele assentiu tristemente com a cabeça.- Mas independente de quando você decidir contar, saiba que vai ter o meu apoio.


- Obrigado.- ele agradeceu sincero.


- Conte comigo sempre.


- Eu tenho contado e até demais! Ando explorando você.


-Não seja bobo!


- Você sabe que quando precisar eu também vou estar aqui, né? A não ser nas noites de lua cheia, eu tenho um compromisso meio inadiável nessas datas. Mas fora isso vou estar sempre pronto pra te ajudar.


Eu ri e agradeci de coração.


- Já arrumou as malas? - eu perguntei, depois de termos ficado um tempinho em silêncio.


-Não!- ele deu um tapa na própria testa.- Meu Merlim, como pude esquecer disso?- eu tive que rir.- Sabe, Lene, rir da desgraça dos outros é errado.- eu gargalhei.


- Me desculpa, mas sua cara de desespero foi hilária.- ele revirou os olhos.


- Quer subir comigo ou vai ficar aí rindo da minha cara?


- Vou contigo.


Nós subimos e ele foi em direção ao malão dele arrumar as coisas. Eu me sentei na cama do Sirius usando o próprio como apoio para as minhas costas. Ele resmungou, mas eu não sai. Ele abriu apenas um pouquinho os olhos e voltou a fechá-los.


- O que faz aqui, hein, McKinnon? Não tem sua cama, não?- reclamou o dorminhoco.


- Ter eu até tenho, mas a sua é mais confortável.-  eu me espreguicei e me ajeite na cama, apenas para incomodá-lo.


E consegui. Ele bufou e desistiu de tentar dormir de novo.


- Parabéns, conseguiram me acordar. Mas e você , lobinho, o que está fazendo?- ele quis saber.


- Arrumando as malas para a viagem.


- Iiih, é hoje que nós vamos, né? Não arrumei nada ainda também.


- Então vai arrumar, ué. Eu aproveito e fico com a cama só pra mim.- falei.


-  Agora não. Tô dormindo ainda.


Eu tive que rir. Mas preciso confessar que o meu riso, não é o riso de uma dama delicada. Na verdade é uma risada beeeem escândalosa. Eu acabei conseguindo acordar os marotos que ainda dormiam.


- Porra, gente, ainda está de madrugada. Que animação toda é essa?- James sempre acordava "bem-humorado".


- Deixa de ser preguiçoso! Já está na hora de acordar.- Remus disse.


-  Pra mim a hora de acordar é só depois que o café da manhã ja foi servido. Por um acaso ele já foi? - Peter entrou na conversa.


- Provavelmente já.- eu informei.


- Bom, hora de levantar então. - ele deu um pulo da cama e foi em direção ao banheiro.


- Eu vou sair pra que vocês possam se trocar em paz.- eu avisei.- Até daqui a pouco.


- Até. - Remus me respondeu.


James resmungou um tchau com a cara enfiada no travesseiro.


- Não pense que não vou me vingar por você ter me acordado.- me alertou, ou melhor, me ameaçou Sirius.


Dei lingua pra ele e fui para o meu dormitório.


Entrei no meu quarto cantando, ou melhor, tentando cantar:


 - Já é Natal na Leader Magazine...


- Ah, não! Você já começou com essa música?- Lily reclamou, enquanto esfregava os olhos e se sentava na cama.


Por passar quase todos os meu natais no Brasil a musiquinha da Leader é uma parte essencial dessa festa, que é a minha favorita. Mesmo estando em Hogwarts sempre a cantava. Nunca mais vou esquecer a primeira vez que cantei essa música perto das meninas.


Nós estavamos sentadas na sala comunal e eu comecei a cantar.


- Que música é essa, Lene?- Dorcas perguntou me olhando como se eu fosse  um alienígena.


Eu não pude conter o riso.


- Lá no Brasil tem uma loja de departamento chamada Leader Magazine e todo Natal essa música toca na propaganda deles na televisão.


- Televisão? - ela continuava sem entender.


Por ser sangue-puro não conhecia essa magnífica invenção. Lily e eu tentamos explicar a ela o que era uma televisão. Depois das explicações continuei cantando e quando Sirius passou pelo buraco do retrato fez coro comigo. Faz tempo que ele me conhece o que significca que faz tempo que me atura cantaqdo essa música.


- Bom dia pra você também, Rainha da Simpatia!


Ela riu e respondeu:


- Bom dia, cantora-compulsiva-de-jingles-natalinos!


Dorcas também acordou e fez o seu ritual matinal. Bocejou, se espreguiçou, piscou os olhios três vezes e só então levantou. Enquanto isso Alice continuava dormindo.


- Bom dia!- ela nos disse.


- Bom dia!- respondemos em coro.


- Se incomondam se eu for tomar banho primeiro?- a Dorcas perguntou.


- Eu já estou pronta.- dei de ombros.


- Vai lá. Tô cheia de preguiça.- Lily falou.


Me deitei pra esperar as duas se arrumarem. Estava quase dormindo quando uma coruja das torres castanha bateu na janela. Eu a reconheci de cara, era a coruja de Hagrid, a Juju.


Fui até ela e peguei o bilhete que estava amarrado a sua pata. Lhe fiz um afago e logo depois Juju voou. Abri o papel e lá estava a letra de Hagrid, que mais parecia um hieróglifo. Mas eu já estava acostumada com aquele garrancho.


Oi Lene,


       Depois do café da manhã venha até a minha casa.


                                                                                    Hagrid.


Eu era a curiosidade em pessoa.O que será que meu pequeno amigo queria?


Ser curiosa sempre foi minha maior qualidade, ou meu maior defeito. Ainda não descobri. De qualquer forma essa era uma das minha características mais marcantes.


Apressei as meninas e fomos para o salão principal. Os marotos já estavam lá. Eu nunca tomei um café da manhã tão rápido na minha vida. Comi tudo correndo, enfiei um pedaço de bolo de chocolate na boca e empurrei com suco de abóbora.


Me levantei e avisei que iria me encontrar com o Hagrid. Combinamos que todos nós nos encontraríamos de novo na hora do almoço.


Corri pelos terrenos da escola em direção à cabana de Hagrid. Bati desesperadamente na porta.


- Hagird, sou eu!


Ele abriu a porta com um imenso sorriso.


- Oi, Lene! Chegou rápido, hein?


- Não sabe como foi torturante ter que esperar até depois do café.- nós dois rimos.


- Eu te oferecer um chá primeiro, mas já que é assim vamos logo lá atrás.


Eu o segui, nós contornamos a casa dele. Perto da plantação de abóboras estava amarrado um filhote de cavalo alado da raça Etoniana. Ele era castanho, mas tinha uma mancha branca na testa e sua crina era dourada assim como suas asas. Além disso tinha um imenso laçarote vermelho no pescoço.


- Hagrid?


- Feliz Natal, Lene!  Espero que goste do seu presente.


- Você tá brincando? Ele é o meu presente?- a euforia estampada em cada sílaba que eu pronunciava.


- Sim. Você gostou?- ele perguntou sorrindo em expectativa.


- É claro que sim! - eu lhe dei um abraço apertado e ele retribuiu.


- Achei melhor te entregar logo, porque você vai viajar e ia ser meio difícil ele chegar no Brasil via coruja.


- Muito, muito, muito obrigada!


Eu estava tão contente simplesmente não consegui expressar em palavras minha alegria. Corri na direção do meu presente. Eu fiz carinho na cabeça dele e ele trouxe a cabeça para mais perto de mim como se dissesse que estava gostando. Me virei para Hagrid e perguntei:


-Ele já tem nome?


- Não, ainda não.Você escolhe.


Pensei por um minuto apenas.


- Pégasus. - meu presente relinchou, mostrando que havia gostado de seu nome.- O que você acha, Hagrid?


O meio-gigante se aproximou de nós e acariciou atrás da orelha do Pégasus, que relinchou em aprovação.


- Gostei!


- Rúbeo? - A prof.ª  MacGonagall veio andando com passos apressados em nossa direção.


- Pois não, professora?


-Olá, Srta. McKinnon.- ela disse pra mim e eu sorri em saudação.- Rúbeo, Albus está te procurando.


- Já estou indo lá no escritório dele, professora.


Ela assentiu com a cabeça. Depois  se despediu e foi embora.


- Hagrid, posso ficar aqui brincando com o Pégasus?


- Mas é claro, Lene. Devo demorar um pouco lá no escritório do Prof. Dumbledore, mas fique a vontade. A porta de casa está aberta, pode pegar o que quiser lá. E naqueles baldes - ele apontou para os objetos escorado na parede da cabana.- têm cenoura  e maçã pra ele. - deu um último afago em Pégasus e foi encontrar com o diretor.


Passei a manhã inteira brincando e alimentando o meu novo amigo. Descobri que assim como eu ele preferia maçã à cenoura. E o lugar que ele mas gostava  de receber carinho era atrás da olheira. Quando olhei pro relógio já eram meio dia e meia. Com um aperto enorme no peito me despedi de Pégasus. Prometi a ele que não tardaria a voltar.


Corri  para o salão principal para encontrar com a Lily, Dorcas e os marotos.

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Comentários (1)

  • Miiih McKinnon

    EU QUERO MAAAAIS!!!!!Por favor, posta logo!!!!!!'To muito curiosa!!!!!Achei muito fofo o presente da Lene *- -*E o Remus e a Dorcas juntos também *- -*Posta logo o proximo cap., hein??Bjs!!!

    2011-12-26
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