À Caminho do Desconhecido

À Caminho do Desconhecido



Quando somos crianças, conselhos chovem na nossa vida. Coisas como “não mexa no fogão”, “olhe para os dois lados da rua”, e, angustiada recordei-me: “nunca fale com estranhos”. Quando a gente cresce, porém, esquece-se disso tudo, e não ligamos em brincar com fogo, atravessar fora da faixa, e no meu caso, falar com estranhos. O meu grande mal foi ter sido curiosa além do limite, e ter tido certa dose de ingenuidade, talvez.

O dia estava ótimo para um pic-nic na praça central, um passeio pela orla nos navios fretados diariamente, e estava perfeito para se descobrir sobre o passado da sua vida. Mas tudo isso deixa de ser tão alegre e possivelmente empolgante quando se está cercado por quatro indivíduos, ainda que um esteja paralisado ou algo do tipo, e, a julgar pelas suas expressões, não estavam satisfeitos, não iriam me ignorar e com certeza não iriam me deixar ir para casa. Nessas ocasiões, me torno introspectiva por completo e tento resolver tudo sob uma análise básica do acontecido. Na verdade, todas as minhas noções de como proceder diante daquele balburdio se esvaíram por causa da minha boca grande e minha queda pelo latim. “Immobilus” foi o que eu disse em alto e bom som, quase com raiva por ter sido anteriormente contrariada pelo garoto desengonçado. Eu sabia que se tratava de um feitiço de imobilização. Eu sabia que precisaria de uma varinha para realizar tal feito. Eu sabia disso tudo porque sempre ia atrás de conhecimento, porque jamais deixara de saber sobre algo que pudesse ter relevância para mim, especialmente quando se referia às situações que eu estava envolvida. Ou seja, eu lia tudo o que pudesse alcançar a respeito de ser uma bruxa. Ainda assim, me mantia incrédula em relação a este assunto. Mesmo assim, eu precisava saber se iria funcionar.


Ao lançar o feitiço, percebi que não propositalmente me ausentei daquele lugar. Estava em choque, pelo garoto que ainda estava imobilizado, pela real eficiência do feitiço, pela realidade sentida através do toque de uma varinha de verdade, e não obstante, pelo fato principal: se o feitiço funciona, então eu sou o que dizem que sou. Bom, ao menos era o que eu pensava tentando afastar o medo real que sentia enquanto tremia o galhinho de uns 28 centímetros na minha mão. “Accio!” e meus olhos piscaram quando um empurrão forte atingiu meus dedos que insistiam em segurar a recém-perdida varinha. E então, no instante seguinte, ela não estava mais lá.


Gina enrijeceu sua expressão e caminhou em direção a mim, me empurrando para a cabine telefônica próxima. Logo em seguida, murmurando “Finiti encantartem” sobre Rony, ela o segurou pelo braço e lhe direcionou rapidamente também à cabine. Harry, assistindo a agitação que começava a se formar sob olhares curiosos de pessoas que entravam na estação de King’s Cross, estava aborrecido e agitado. Após haver proferido Accio e apanhado a varinha, entregando-a em seguida a Neville, estendeu a sua própria dizendo “jus obliviate”, e tudo parou. O senhor que lia The Guardian próximo a um banquinho onde há pouco eu sentara, cessou o movimento da sua perna cruzada. Uma bonita senhora loira não terminou de embalar seu bebê, estando entre o movimento. Até o vento pareceu ter parado de soprar.


- Quem é você realmente e o que quer de nós? Diga imediatamente! – Harry não pareceu tão solidário quanto antes ao falar comigo desta vez. Constatei isto ao olhá-lo intensamente, na esperança de que ele entendesse o hiato que saia de mim. Eu não fazia ideia do que fazer. – Estamos em tempos complicados senhorita, e não temos tempo a perder. Vou perguntar apenas mais uma vez, o-que-você-quer-de-nós? – E neste momento, não pude desviar-me desta quase ameaça.


- Eu... Desculpem-me! – Tive que me recompor para parecer convincente, fechando o zíper da minha bolsa-carteiro e tendo a precaução de não mover um músculo bruscamente, ao invés de me mostrar apavorada por estar cercada por jovens bruxos (ainda duvidando que coisas do tipo existiam) que não pareciam nem um pouco preocupados por estarem atrasados - Eu encontrei isto nas minhas coisas, - apontei em direção à varinha que pertencia a Neville, ainda tremula - então me lembrei de alguns feitiços que tinha lido em uns livros da biblioteca central, mas não sabia que isto realmente funcionava! Nunca acreditei em magia e as coisas só ficaram mais confusas desde que neguei estudar em Hogwarts, mas não imaginei que tudo isto poderia acontecer de verdade! Eu sinto muito mesmo! – Metralhei as palavras antes de ter um acesso ou qualquer vestígio de choro. Mas estes sentimentos estavam chegando antes que eu pudesse recorrer novamente ao meu celular e dizer aos meus pais que eu estava em uma encrenca daquelas.


- Granger, o que você pensa que é? – Acrescentou Harry, com uma calma que intensificava minha insegurança - Ou melhor, quem você acha que é? Não finja ser ignorante sobre seu passado, sua história e o que acontece com você desde seu nascimento. Você é o que a carta lhe diz que é, e não se pode tirar uma vírgula disso! Você é uma bruxa Hermione, e você não pode ignorar isto.


Ao mencionar meu primeiro nome, senti um solavanco no estômago. Tudo o que havia passado nestes últimos dez minutos resumiam as estranhezas que me aconteciam nos últimos 19 anos, e eu não estava mais disposta a fingir que nada aconteceu. Ao contrário do que eu deveria fazer, segurei com firmeza o braço de Gina, que ainda me empurrava com rispidez à cabine telefônica e fiz o que eu deveria ter feito há muito tempo. Abruptamente, tornei meu corpo para o lado, desvencilhando-me da força de Gina, e quase gritando, insisti para que me dessem a atenção que eu precisava no momento.


- Por que as pessoas estão paradas deste modo? O que você fez? – Eu andava em círculos, acenando às pessoas comuns em volta, que nem ao menos piscavam com meus gestos frenéticos – O que está acontecendo? Como vocês chegarão a Hogwarts se a Plataforma 9 ½ nem ao menos existe?!


Percebendo que eu estava à beira de um surto, Gina segurou-me forte mais uma vez e me guiou novamente à Plataforma 9, adentrando na Estação. Olhando para trás, percebi que Rony já estava recomposto, e novamente com as mãos cruzadas. Neville deu alguns passos para seguir Gina, mas parou quando Harry tocou seu ombro, balançando a cabeça negativamente


– AONDE você está me levando? Quem são vocês afinal?! Solte-me AGORA! – Pude contemplar ligeiramente o olhar abatido de Gina, como se estivesse contendo sua vontade de me dar uns tapas, que eu deveria estar merecendo, enquanto me debatia para que ela me soltasse. Senti uma lufada de vento e paralizei novamente.

– Mas o que... é... isso?


- Isto é a Plataforma 9 ½, do ponto de vista do Expresso de Hogwarts. Acabamos de atravessar entre a Plataforma 9 e 10, da Estação de King’s Cross, por isso ela é intermediária, entende Granger? – Ela colocou suas mãos nos bolsos do casaco verde-musgo, e admirou o sol ao longo dos caminhos dos trilhos, ainda um pouco cobertos de fumaça, provavelmente do trem que partira há alguns minutos. – Magia existe, e você faz parte dela. Não há como negar isto.


- Deixe-me ver se entendi... Passamos... Pelas paredes da Estação?! – Meu coração acelerou tão rápido quanto atravessamos a parede. Minhas mãos suavam, e estava empolgada para saber mais, o quanto pudesse descobrir de tudo aquilo. Descobrir a história das poucas pessoas que ainda estavam ali também olhando o horizonte. Era um outro mundo, e, ao inspirar demoradamente, senti que pertencia àquele lugar. – Isto faz sentido para mim agora...


Gina me encarou por dois segundos e pendeu sua cabeça para trás, deixando o som da sua risada solta me contagiar, fazendo-me esquecer da tensão aguda de antes. Ela sorriu amigável, e abaixou a cabeça andando de volta à plataforma. Compreendi que deveria segui-la.


Voltando à Estação de King’s Cross, as pessoas já tinham voltado à normalidade. Gina limitou-se a dizer que se houvesse alguém que viu o acontecido, elas não se lembrariam daquele momento. Muito reconfortante. “jus obliviate”, “finite encantartem”, “accio”, não posso esquecer. Só não compreendo exatamente quais os seus efeitos, mas já adianta conhecer mais um pouco.


Os outros rapazes estavam encostados na cabine, mas apresentavam diferentes reações ao nos verem aproximar deles. Harry aproximou-se aliviado, e tocou-me nos ombros, tranqüilizando qualquer animosidade que ainda houvesse em mim, e pudesse forçá-lo a usar outro feitiço. Neville voltou a apressar o grupo, andando de um lado para outro, beirando a histeria. No entanto, Rony praticamente me ignorou. Mas já era de se esperar, eu não tinha lhe feito uma boa recepção. Para meu alento, Gina não permitiu que outro momento desconfortável se instalasse, então tratou de apressar amenidades.


- Bom, sou Gina Weasley. Muito prazer – Ela parou ao lado de Harry e apresentou os rapazes gesticulando nas suas respectivas direções. Estes, acenaram educadamente se identificando. – Eles são tão bruxos quanto eu, Granger. – disse sorridente - Ah... Lamento, esqueci o seu primeiro nome.


- É Hermione. Estou muito desconcertada por tudo o que aconteceu. – Olhei demoradamente para Rony, tentando encontrar uma maneira de desculpar-me, porém outra coisa me chamou a atenção – Rony, o que é isto no seu nariz? Tem uma coisa muito estranha e...


- Okay! Então precisamos ir realmente! Estamos atrasados Gina – Rony bufou tão logo me ouviu dizer sobre o que havia no seu nariz, e em seguida, passou o polegar ligeiramente no lugar correspondente e entrou na cabine telefônica que ficava escondido em relação à qualquer outra cabine da cidade. No outro segundo, ele já havia sumido.


- Qual o problema dele Harry? – Franzindo a testa, Gina perguntou meio constrangida pela atitude de Rony, caminhando pelo mesmo que ele percorreu. – Ah, tudo bem. Deixa pra lá! Você está bem Neville?


O rapaz olhava da sua varinha para mim, com um olhar pesado. Sem saber como reagir, não me equivoquei ao notar que a varinha de Neville estava rachada. Devo ter usado muita força, pensei imediatamente.


- Não se preocupe Neville – veio Harry ao meu socorro – Temos que ir ao Olivaras de qualquer maneira – Dirigindo-me um sorriso sincero – Você tem absoluta certeza de que gostaria de nos acompanhar?


Gina deu uma cotovelada forte em Neville, que estava pronto a dizer algo indesejável naquele momento. Olhou-o significativamente, e o fez desistir de acrescentar qualquer coisa ao que Harry disse, rindo amarelo para mim. Pude sentir pena dele, entretanto sabia que eram bons amigos, e não havia ali nenhuma relação de servidão ao algo parecido. Ele então tomou o lugar de Gina na cabine e deu o fora antes dela, preservando-o de mais agressões.


- Olhe Hermione – Harry continuou – Você precisa falar com alguém antes de tudo. – Ele não deteve Gina, que fez sinal de ir à frente, e sumir logo após entrar na cabine. – Eu tive a oportunidade de conhecer uma pessoa que pôde muito me ajudar quando eu estive na mesma situação que você – Ele fixou seu olhar ao meu, talvez transmitindo a confiança que eu precisava para aceitar sua oferta – Talvez você não esteja compreendendo bem o que está lhe acontecendo ainda, mas o único que pode realmente te ajudar será o diretor da nossa escola. Eu sei, é difícil acreditar, mas ele é mais que só um diretor de escola. Ele é compreensível e vai te escutar. – Harry pensou um pouco, olhou para os lados, como se para ter certeza de que ninguém os ouvia - Ele é Alvo Dumbledore.


- Tudo bem. Eu compreendo – Na verdade, não compreendendo tão bem assim. – O que eu preciso para ir ao mundo que vocês vivem? - Temia não sobreviver neste mundo desconhecido, e sem fazer ideia de como me manter lá. Suspeitava que as habilidades que eu conservava desde pequena não teriam a menor utilidade neste outro patamar - Harry, quem vou ser neste outro mundo? Eu tenho uma vida aqui. Sei que eu disse que iria com vocês, mas, agora não tenho tanta certeza.


Harry me analisou por uns segundos antes de relaxar sua postura e lançar-me uma expressão de conforto. Talvez ele tenha percebido minhas aflições, pois esboçou um sorriso e me guiou pelos ombros à cabine – Não esquenta Hermione. Ele tem as respostas mais incríveis que você pode imaginar. Além disso, – Ainda mantendo seu sorriso, ele entrou na cabine, passando seu braço pelo meu, segurando firme, transmitindo a segurança acolhedora que desejava, varrendo minhas incertezas. – Dumbledore deixou claro de que você reagiria assim ao nos encontrar. Ele nos conhece mais do que nós mesmos. Vai ficar tudo bem. – Terminando seu discurso.


Num piscar de olhos, não via mais a Estação agitada de King’s Cross, mas visualizava uma rua estreita (ou seria a quantidade gigante de pessoas que abarrotavam até as calçadas que deixava o lugar menor?), duas cabeças ruivas, andando em nossa direção e meu coração acelerando de expectativas.


- Olá Hermione! – disse-me Gina, com um gato laranja no colo, radiante. - Fiquei imaginando se vocês não teriam se transportado para outro lugar.


- Na verdade, temos que falar com Dumbledore – Naquele lugar, Harry não pareceu se preocupar em falar claramente o nome de Dumbledore. Imaginei quem seria. Um senhor de meia idade, de óculos com espessas lentes amareladas, vestindo um blazer marrom amarrotado, como um psiquiatra de segunda categoria que vira em alguns filmes dos anos 80. – Oi Pumpks – Acariciou o gato demoradamente. Este o ignorou como só os gatos sabem fazer.


- Esse gato fedorento da Gina é um ingrato! – Exclamou Rony ao ver a indiferença do gato a Harry - Comprei alguns scones com a Sra. McBill e esse bicho me arranhou até que eu desse um pedaço a ele. Depois que tirei um pedaço considerável para dar a ele, o troço ficou lá no chão, porque o gato não comeu! Ao contrário de Perebas, - ele tirou um rato marrom-amarelado do seu bolso, e com orgulho o ergueu como um troféu - esse seu gato não é um bom companheiro.


- Não seja obtuso Rony! – Gina dirigiu-se a Rony, acariciando Pumpks, que continuou indiferente às carícias – Os scones da Sra. McBill são horríveis! E se meu gato é um ingrato, o seu rato é um imprestável!


- Eles são irmãos – Harry cochichou a mim. Não demorou muito para que eu percebesse as semelhanças, bastante visíveis. Ou seja, sabia que eu não deveria interromper – Então, temos de levá-la a Dumbledore – continuou, ainda que tenha sido interrompido antes - Onde está Neville?


- Olivaras – Disse Gina e Rony ao mesmo tempo.


- Eu gostaria muito de falar com quem for necessário, para esclarecer sobre... Digamos, tudo. – Eu disse apressadamente, receosa em dizer algo que não fosse condizente com o que eles mesmos já sabiam.


No instante em que comecei a falar, o gato no colo de Gina ronronou alto, desvencilhando dos braços da dona, dando pequenos círculos em minha volta, descansando sobre meu sapato manchado de cappuccino. Estranho e fofo, pensei de imediato. Apanhei-o do chão e ele repousou no meu próprio colo. Gina pareceu ofendida, mas depois riu da própria sorte, escovando os pêlos do gato com os dedos.


- Pumpks é um gato especial. Encontrou em nossa casa há alguns dias, e não saiu de lá, apesar de não ser tão carinhoso quanto gostaria – Gina se mostrou conformada com a troca, mas não pareceu ceder a posse do gato naquele momento. – Você pode segurá-lo por um instante, eu deixo.


Juntas, sorrimos uma à outra. Você deve compreender como é sentir que encontrou o início de uma amizade pura e simples? Foi assim que eu me senti naquele momento. Por estarmos interditando a passagem de alguns pedestres, saímos de uma bifurcação e paramos próximo à uma loja cujo nome, pude ler rapidamente, expunha em letras cursivas e bem desenhadas “Olivaras”. Dei uma olhada no interior da loja, onde reconheci as roupas azul-marinho de Neville. Ele estava acompanhado de um senhor idoso que lhe empurrava uma coluna de caixinhas empilhadas.


- Ei, você quer experimentar estes scones de framboesa? São excelentes – Rony perguntou a mim casualmente, estendendo uma pequena cesta branca, com alguns scones avermelhados cobertos de açúcar. Meio exasperada por ter sido tirada dos meus pensamentos de imediato, estranhei aquele gesto, por não ter tido uma primeira impressão feliz de Rony. Mas tentei afastar aquelas impressões ruins. Ainda não conhecia nenhum deles tão bem para julgá-los. – Não sei se você já experimentou algo parecido de onde você veio. Considere-os uma espécie de pedido de desculpas pelo meu mau-humor hoje mais cedo.


Harry tossiu imediatamente, saindo de nossa companhia para abafar seu acesso. Rindo, se afastou mais um pouco, limpando seus olhos. Ao se recuperar, Gina lançou um olhar fulminante a Harry e Rony. Este último nem se deu o trabalho de olhá-la. Ao invés, ele encarou-me com a vista cintilante, cheio de expectativa pela minha resposta.


- Ah, tudo bem. Bichento, você terá que voltar a Gina um instantinho – Eu disse ao gato, e como se entendesse cada palavra, este levantou sua cabeça e pulou do meu colo, sentando aos pés de Gina. Quando estendi minhas mãos para pegar a cesta com scones, Gina interrompeu-me.


- COMO ASSIM? Você fez “Bichento” te obedecer?! Desde quando ele faz algo que pedimos? Ai! – Ela tentou segurá-lo novamente no colo, mas este foi teimoso e mais implicante. Soltou-se dos braços de Gina e voltou a sentar-se nos pés da jovem – E desde quando ele atende por “Bichento”? – Disse amarga, massageando os pequenos arranhões que o gato deixara nos seus antebraços - O nome que demos a ele foi Pumpks!


- Eu só o chamei de Bichento porque foi o primeiro nome que me veio à cabeça. Olhe para ele, a cara amassada dele é de Bichento! É o que eu penso – Então o segurei novamente mostrando-o a Gina, e em seguida, pondo-o de volta no chão, peguei a cesta de Rony. –Obrigada Rony.


 Não comecei a comê-los tão logo os segurei. Levei alguns segundos para processar o sentimento de dejàvú que se instalara em mim, e consumia meus sentidos. Ao estender a mão para pegar a cesta de Rony, Harry tentou impedir tal ato, e por um milésimo de segundo a mão dos três se encontraram. Um calafrio perpassava pela minha espinha, e subia à nuca, me fazendo encolher os dedos dos pés e evidenciando o frizz dos meus cabelos. Num piscar de olhos eu fitava Harry que ao mesmo tempo estancou seu riso, e olhou para Rony. Gina sem compreender, tocou-me o braço, me fazendo acordar do instante de transe.


- Ei pessoal, olha o que Olivaras me indicou! Cerejeira, 30cm, acreditam? Fio de unicórnio! Mal posso acreditar que... O que aconteceu? – Neville, que acabara de sair com sua nova varinha, estava atônito à cena.


Deixei a cesta de scones caírem, e uma poção de líquido azul vazou dos bolinhos. O baque insignificante da cesta tomou a atenção de Bichento, mas ninguém ali pareceu se importar. Rony arregalava seus olhos assim como Harry os fazia a mim, enquanto Gina movia seus lábios, perguntando a mim o que estava acontecendo.


- Oculus reparo... – foi o que consegui dizer enquanto fitava incessantemente os óculos emendados de Harry.

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