Oclumência



Depois de tomar um banho rápido no dormitório saí correndo das masmorras e fui para a biblioteca, afinal eu não tinha muito tempo. Precisava pesquisar sobre a tal oclu-alguma-coisa antes do encontro com o Professor Snape depois do jantar... Passou pela minha cabeça o pensamento – que Draco certamente definiria como um pensamento-grifinório – de que ele não tentaria invadir minha mente por ser um professor, mas eu percebi que ele era um sonserino, e talvez não tivesse problema em fazer isso.


– Olá Madame Pince


– Senhorita Rosier. Como foi o jogo de quadribol?


– Nós perdemos... Potter apanhou o pomo, ou melhor: quase engoliu! Mas pelo menos eu marquei muitos gols....


– Fico feliz que a senhorita tenha marcado gols. Posso ajudá-la em alguma coisa?


– Na verdade sim... Eu estava lendo um material extra pra aula de defesa contra as artes das trevas e li alguma coisa sobre legitimencia...A senhora poderia me indicar algum livro para que eu estude isso melhor?


– Claro, claro... Venha comigo.


Esperei Madame Pince se levantar e a segui. Eu gosto dela, parece uma daquelas senhoras fofinhas dos filmes trouxas...E ela realmente sempre me ajuda quando eu preciso encontrar algum livro mais específico. Ela ergueu a varinha e um livro com uma capa azul marinho flutuou em nossa direção...


– Tome. Sei que a senhorita não gosta de livros básicos e simples, então este é uma boa pedida.


– Obrigada Madame Pince.


Peguei o livro com as duas mãos, pois era muito pesado. A arte de explorar o outro – e como se defender. Me joguei em uma das mesas de estudo e abri o livro.


Prefácio da 1209ª edição


Os trouxas usam a expressão “ler mentes” para tentar definir o que um verdadeiro legitimens faz. Mas há séculos sabemos que não é desta forma que funciona. O cérebro humano, bruxo ou trouxa, não é como um livro.


É de conhecimento geral de que armazenamos memórias, mas poucos sabem que podemos dividir a memória em dois grupos distintos: as declarativas e as não-declarativas. Esta última é a responsável por situações como: nunca esquecer como se segura uma varinha; uma vez sabendo montar uma vassoura, você sempre saberá montá-la e outras situações.


Já a declarativa corresponde àquilo que chamamos no quotidiano de memória. É conseguir se lembrar de datas, pessoas e eventos. Muitas vezes nos esquecemos de determinados fatos e podemos afirmar com certeza de que aquilo não aconteceu, ou que você nunca viu aquela pessoa antes na sua vida. Mas não é assim. Todos os acontecimentos da sua vida, todas as pessoas que conheceu, todas as emoções que viveu estão armazenadas em seu cérebro.


Um legitimens consegue explorar o seu cérebro. Ele é capaz de romper a barreira natural e vasculhar suas memórias, coletando informações que você sequer sabia que possuía, uma vez que simplesmente não se recordava daquilo.


Há aqueles que acreditam que a legitimencia deveria ser proibida, ou controlada pelo Ministério da Magia. Normalmente estes que reclamam não são legitimens e tão pouco conseguiram se tornar bons oclumentes para se defender.


A oclumência é o contra-feitiço ou, como eu prefiro: a contra-defesa da legitimencia. Prefiro este termo, pois um legitimens eficiente não precisa de varinha para explorar a mente de outro, e um oclumente não precisa da mesma para se defender. Um oclumente não retira suas memórias de si – como muitos pensam – ele apenas as afasta e transforma sua mente em um grande abismo, impossibilitando o legitimens de explorá-la livremente uma vez que encontrará barreiras para as memórias.


O livro conta a história da legitimencia e da oclumência através dos séculos, histórias dos grandes bruxos que utilizaram estes artifícios em seu favor, casos do ministério, e obviamente instruções para a prática de ambos os temas.


É com muito prazer, que Alvo Percival Wilfrico Brian Dumbledore, indico este livro à todos aquele que desejam adquirir conhecimento para explorar ou defender mentes.



Uou. Esse livro realmente parecia muito bom, mas infelizmente a parte histórica e os casos do Ministério teriam que ficar pra depois. Corri meus dedos pelo índice procurando a página de oclumência. 579. E o capítulo seguinte começava na 634, isso significava apenas uma coisa: eu tinha que ler E entender 55 páginas sobre algo extremamente avançado em apenas...30 minutos. Que maravilha. Abri na página e fiquei um pouco mais tranqüila, havia um quadro que mostrava os passos para a oclumência. Obviamente os passos seriam explicados detalhadamente ao longo do capítulo. Comecei a devorar o livro...


Nos últimos cinco minutos do meu tempo resolvi fazer o que meu pai chama de uma leitura-diagonal. Você lê de forma não linear, vai só passando os olhos e tentando pegar a essência do texto. Eu comecei a fazer isso assim que aprendi a ler, com histórias em quadrinhos do Tio Patinhas (uma história trouxa de um pato que é o mais rico do mundo e vive numa cidade imaginária chamada Patópolis. Talvez até exista né? Os trouxas acham que nós bruxos somos apenas historinha...). Acho que consegui reunir um conhecimento básico, talvez eu conseguisse, por que pelo o que eu tinha entendido do livro é bem mais fácil esconder só uma determinada memória. E eu queria esconder os meus flashes doidos que eu não sabia da onde surgiam...


Deixei o livro reservado com Madame Pince, pois iria direto para o jantar, e não queria ter que ir até as masmorras para deixar o livro nem aparecer com ele na frente do Professor Snape. Desci as escadas, pulei o degrau defeituoso do quarto andar e entrei no salão...


Draco e Blás tinham guardado um lugar pra mim, logo que me juntei a eles reparei ao meu redor: Flinch estava com uma cara de revoltado, parecia que ia bater em alguém a qualquer momento... Terêncio tinha se sentado afastado do capitão, eu teria feito o mesmo se tivesse perdido o pomo. A mesa da grifinória comemorava de forma irritante, sacudiam leões pra lá e pra cá, gritavam o nome do Potter. Os alunos da Corvinal e da Lufa-Lufa sorriam com a vitória dos leões, Suzana me encarou como se pedisse desculpas por estar feliz pela vitória deles, eu simplesmente dei de ombros. Era só um jogo de quadribol, não definiria nada para a Sonserina, nós continuávamos na frente da disputa das casas e os próximos jogos seriam contra as outras duas casas, que não tinham times exatamente bons. Além de tudo, eu tinha aprendido na minha escola trouxa que o importante não é ganhar, mas participar. Tudo bem, que eu preferia ganhar, sempre, e fazia todo o esforço pra isso... Mas de que adiantaria o esforço se eu só me importasse com a vitória, teria sido perda de tempo? Não! Nada do que eu fazia era perda de tempo. Foi nessa hora que eu decidi, me levantei e fui até a mesa mais agitada. Parei na frente de Olívio Wood.


– Wood.


– Rosier?


Senti a atenção de todo o salão se voltar pra mim.


– Só queria parabenizá-los pelo resultado. E saber – encarei os olhos verdes por trás dos óculos redondos – se o Potter tá bem...


Um burburinho tomou conta do salão. Uma sonserina, parte do time, dando parabéns pela vitória e perguntando se o jogador que levou o time à vitória estava bem?! O silêncio novamente pairou sobre o castelo, nem mesmo os professores conversavam entre si.


– Obrigado Rosier. Devo dizer que você jogou incrivelmente bem. Algo que eu não esperava na realidade, me surpreendeu imensamente. – ele sorriu, certamente se lembrando do treino fajuto que eu fiz com eles – Aliás, estou feliz que você seja artilheira e não apanhadora...


Eu simplesmente sorri e voltei a encarar o Potter.


– Estou bem sim Rosier. Ainda que você tenha marcado alguns gols enquanto eu sacudia na vassoura, obrigado por se preocupar comigo.


– Ei! Quero meus adversários inteiros... – eles sorriram – se não, qual é a graça?! Bom, vou voltar pra minha mesa. Potter, Wood, Weasleys. Granger.


Encarei a última por um tempo maior, ela assentiu com a cabeça, acho que isso significou que ela não ia contar a ninguém que fora eu que tinha avisado à ela da azaração... Certamente Flinch não ficaria feliz se isso chegasse aos seus ouvidos. Aliás, ele não parecia nada feliz naquele momento...


– O que foi isso Giulia?


– Quis deixar bem claro que não temos medo deles, e que uma derrota não significava que iríamos deixar barato. – uma resposta arrogante, bem sonserina...imagina? falar na mesa das serpentes “ah, o importante é participar gente!”...Acho que mandavam Dumbledore pegar o chapéu seletor e me re-selecionar – E se você ouviu, parece que o Wood não ficou nem um pouco satisfeito comigo como artilheira, e realmente eu prefiro derrotar um Potter por inteiro à derrotar um Potter já pisado.


– Hunf.


Foi o único som emitido pelo meu capitão. É, essa história estar na sonserina te faz fazer coisas que você nunca imaginou, mas é um tanto divertido...


– Realmente Giulia, uma coisa o Wood tem razão, se você fosse apanhadora teria derrotado eles em um minuto, o Potter não teria chance.


– Não sei Blás... Acho que minha visão não é tão boa assim...Não sei se eu conseguiria achar o pomo tão facilmente.


– Ah Rosier, não deve ser tão difícil...E você realmente mostrou talento voando hoje. Mesmo se não tivesse marcado nada teria ido bem, você voa muito.


– ‘Gada – falei surpresa com o elogio ainda com a boca meio cheia de doce de abóbora – Draco. – engoli – Sabe? Acho que você daria um bom apanhador...


– É?! Por que?


– Sei lá...Você é magro, voa bem e rápido... E pelo o que eu me lembre você tem um tipo de sexto sentido fantástico pra detectar as coisas. Lembra aquele dia a gente tava sentado perto do lago e você do nada jogou a mim e o Blás na grama, por que você achou que tinha alguma coisa errada e logo em seguida aquele frisbe cortante passou exatamente onde nós estávamos antes?


– É..verdade. Será que eu seria um bom apanhador?


– Claro que sim Draco! – soou a voz irritante da Pansy – Você seria um apanhador maravilhoso. E seu cabelo ia ficar bonito com o uniforme de quadribol.


– Isso Pansy, o Draco quer jogar quadribol pra ficar bonito de uniforme! Foi por isso que a Giu entrou no time, né Giu?


– Claroooo Blás. Só pra usar o uniforme!


Nós 3 começamos a rir enquanto a Pansy fechava a cara. Gente, que menina pentelha, se metendo na conversa dos outros. Todos já começavam a se levantar para irem aos seus dormitórios, inclusive a minha mesa.


– Rosier...Você não vem?


– É...eu vou depois. O professor Snape quer falar comigo sobre uma poção que eu fiz e mostrei pra ele. Pediu pra eu falar com ele depois do jantar.


– Ah, ok então. Te vejo no salão comunal.


– E Giu! Lembra que mudaram a senha...- Blás baixou um pouco a voz – agora é Barão Sangrento.


Levantei junto com eles e fui até a mesa dos professores. O professor Snape não tinha marcado onde eu deveria encontrar com ele depois do jantar, então achei melhor ir até lá descobrir. Apenas McGonnagal, Snape e Dumbledore estavam na mesa, os outros professores já tinham se retirado.


– Profª McGonnagal, Profº Snape, Diretor... Boa noite.


– Senhorita Rosier, me acompanhe por favor até as masmorras para debatermos a poção.


– Severo – a voz gentil de Dumbledore falou – posso dar uma palavra com a Senhorita Rosier antes de vocês irem discutir a poção? Você pode ir na frente, ela certamente sabe o caminho para as masmorras.


– Claro diretor. Só por favor, tente não demorar, pois ainda tenho que terminar de preparar algumas aulas hoje a noite.


Ele se levantou, apenas encarou McGonnagall e a mim, e girou sua capa se retirando rapidamente das nossas vistas.


– Senhorita Rosier...


– Sim Diretor.


– Quero apenas lhe dar os parabéns – seus olhos azuis brilharam – pela sua atitude durante o jantar. Acho que conseguiu mostrar à todos que não necessariamente os Sonserinos são como muitos retratam.


– Obrigada Diretor. Acho estranho receber parabéns por algo que deveria ser normal – fiquei vermelha por estar falando assim com o maior bruxo vivo no mundo – afinal, o importante é competir e não vencer...


– Um ensinamento trouxa muito válido... Só por curiosidade, que poção é essa que a senhorita e o Profº Snape vão discutir?


– Eu aprimorei a poção curativa. A que serve para machucados e feridas feitas por meios não mágicos. Diminui o tempo de cura e a ardência. Mostrei para o professor Snape, pois foi com as aulas dele que eu aprendi a fazer a base e extrair conhecimento para aprimorá-la.


– Incrível, realmente incrível. Tão jovem e com tanto talento, os professores são só elogios quando se trata da senhorita. Podemos esperar grandes coisas vindas das suas mãos. – novamente corei - É melhor correr, Severo realmente não gosta de esperar muito tempo. – dito isso ele se levantou - Boa noite senhorita Rosier.


Conforme ordenado pelo Diretor, saí correndo para as masmorras. Eu sabia muito bem que o professor Snape não era a pessoa mais paciente do mundo quando se tratava de horários. Enquanto corria repassava mentalmente os detalhes do livro sobre oclumência. Parei na frente da porta da sua sala e ergui minha mão para bater na porta quando ouvi.


– Entre Senhorita Rosier.


– Licença professor Snape. Boa noite.


– Sente-se.


Imediatamente me sentei. Ele pegou o frasco da minha poção e colocou na mesa diante de nós dois. Ainda estava cheio. Ele não havia usado a poção... por que me chamou aqui então?


– Lhe chamei aqui Senhorita Rosier – droga, ele devia ter lido minha mente – para testar sua poção. Não o fiz antes, pois desejava que a senhorita estivesse presente no caso de algo dar errado. – arregalei meus olhos – Observar um erro torna mais fácil a sua correção Senhorita Rosier, já deveria saber disso.


– Claro senhor.


Ele abriu o frasco com o líquido azul marinho, pegou um conta-gotas e mergulhou na mistura. Naquele momento em que ele direcionou o conta-gotas para sua própria perna meus pensamentos sobre oclumência e qualquer outra coisa desapareceram, o que importava agora era a minha poção...Eu havia testado em mim, mas era apenas um pequeno corte...nada comparado a uma mordida de cachorro gigante com 3 cabeças. As gotas caíram e eu prendi minha respiração. Observei a ferida diminuir substancialmente em pouco tempo, mirei o rosto do meu professor realmente parecia não estar ardendo tanto (mas tive a impressão de que mesmo se estivesse ardendo muitooooo ele estaria impassível). Dois minutos se passaram e a ferida se fechara completamente, não pude conter um sorriso que brotou nos meus lábios.


– 50 pontos para a Sonserina Senhorita Rosier. Meus parabéns. Dificilmente um aluno do sétimo ano conseguiria aprimorar uma poção como a senhorita aprimorou esta.


– Obrigada senhor. Devo essa capacidade ao senhor, certamente o melhor professor desta escola.


– Fico lisonjeado senhorita Rosier, tenho certeza que poucos alunos me consideram desta maneira. Posso lhe perguntar uma coisa?


– Claro senhor.


– A senhorita gostaria de patentear esta poção? – acho que meu rosto entrou em choque – Tornar essa poção pública, colocá-la em livros para que outros possam ter um processo de cura mais rápido e com menos ardência?


Não consegui falar. Patentear a poção? Publicá-la? Em um livro?! Eu tenho 11 anos! Quem vai querer patentear uma poção de uma criança? Claro que eu quero! Obvio! Mas será? Me levantei, andava de um lado para o outro na sala.


– Senhorita Rosier... – encarei seus olhos negros – Eu me ofereço a auxiliar no processo da patente, serei eu a recomendá-la para o Ministério. Claro, temos que falar com seus pais, pois você é menor de idade... Mas acredito que essa poção será de grande utilidade para o mundo mágico.


– Professor Snape...desculpe. – sua sobrancelha se ergueu automaticamente – Eu estou sem palavras. É claro que eu gostaria de patentear e publicar minha poção. É só que..eu não esperava isso. Não tão cedo.


– Enviarei uma carta aos seus pais explicando a situação e marcarei com eles de nos encontrarmos para que eu possa esclarecer como se dá o procedimento.


– Obrigada professor. Obrigada mesmo. – quando vi já estava abraçando o professor. – Desculpa. – Me soltei imediatamente com o rosto vermelho.


– Sem problemas senhorita. Percebe-se que a senhorita mantém certas características corvinais advindas de sua mãe.


Acho que ninguém em sã consciência teria a coragem de abraçar o Snape, ele fazia questão de ser sempre tão super assustador. Mas eu não estava em sã consciência naquele momento. Pô! Eu tenho 11 anos e ele vem me dizer que acha que eu deveria patentear minha poção! Não tinha como eu estar consciente do que eu estava fazendo...e além de tudo..eu não tenho medo do profº Snape, eu tenho respeito por ele.


– Senhorita Rosier. Sobre a partida de quadribol....


– Eu fiz o meu melhor senhor. Marquei praticamente todos os gols da sonserina...


– Eu sei que a senhorita deu o melhor de si, não esperava menos de você. Mas não é sobre isso que quero falar... e a senhorita sabe que não é sobre isso.


– O fogo senhor. Me desculpe por ter apagado, não sabia que tinha feito para se aquecer. – será que ia colar essa história? Claro que não, nós dois sabíamos que ele não tinha feito fogo nenhum.


– Senhorita Rosier... Nós dois sabemos muito bem que eu não criei aquele fogo e que a senhorita não tentou apagar fogo nenhum. Por favor, me explique o que aconteceu.


– Então senhor. O Potter começou a sacudir loucamente naquela vassoura durante a partida, ninguém sabia o que estava acontecendo. Eu vi o senhor e o profº Quirrel olhando fixamente para o Potter enquanto murmuravam alguma coisa. Naquela hora eu percebi que era uma azaração que estava fazendo a vassoura do Potter enlouquecer. Me meti na frente do binóculo da Granger, que tava olhando pro Potter desesperadamente... Apontei pra bancada dos professores, pois sabia que ela também seria capaz de reconhecer uma azaração. Ela saiu correndo pra arquibancada e colocou fogo na sua capa. Obviamente ela nem tinha olhado pro profº Quirrel, afinal ela tinha te visto – novamente a sobrancelha se ergueu - e você claramente odeia o Potter e é da Sonserina. Mas eu sei que o senhor não tentaria derrubar um aluno da vassoura, mesmo odiando ele por qualquer motivo. Eu sabia que era o senhor que murmurava a contra-azaração e não a azaração, e como o professor Quirrel não seria atingido pelo fogo logo você perderia contato visual com o Potter quando sentisse sua capa queimar e o Potter iria cair da vassoura. Eu decidi que precisava derrubar o profº Quirrel pra interromper o contato visual dele com o Potter, e a desculpa de apagar o fogo me pareceu razoável naquele momento.


– Novamente senhorita Rosier mostra não confiar em Quirrel e confiar em mim. Obrigado. Há algo que a senhorita não está me contando.


Não era uma pergunta... Ele apenas afirmava que sabia que eu estava escondendo algo. Eu deveria contar pra ele? Decidi deixar a minha tentativa fraca de oclumência de lado...Sabia que ele conseguiria derrubar qualquer barreira se quisesse...


– Professor... É algo estranho.


– Continue.


– É como se eu tivesse flashes de coisas que vão acontecer... Como se eu já tivesse visto aquilo antes, no mundo trouxa chamam isso de deja vu, mas não é a mesma coisa que eu tenho.


– A senhorita teria o dom da adivinhação talvez?


– Acho que não professor. Já li sobre adivinhação pra tentar entender o que estava acontecendo comigo e não parece nada com aquilo. São coisas específicas, com pessoas específicas. São acontecimentos que parecem ter acontecido nesse ano e no futuro. Não sei te explicar direito professor. É como se eu já tivesse vivido e fossem memórias minhas, mas que só surgem de vez em quando...


– Me dê um exemplo.


– Bom, quando eu estava na plataforma 9 ½ a Suzana, Bones da Lufa-Lufa estava comigo, por que sua tia Amélia Bones é amiga do meu pai da época de escola. Eu a vi num tribunal julgando Potter por alguma coisa, - um sorriso apareceu rapidamente nos lábios de Snape - ajudando a inocentá-lo e depois eu ouvi o Ministro da Magia falando com o primeiro ministro trouxa “ainda por cima perdemos Amélia Bones”. Mas o mais estranho é que Fudge parecia mais velho do que é hoje, e o primeiro ministro trouxa não era o atual, mas um homem que faz parte da câmara dos lordes hoje. Já ouviu falar em algo desse tipo senhor?


– Não. Acho que deveria contar isso para o diretor. Ele provavelmente saberá alguma coisa senhorita.


– Professor... Posso pedir para o senhor não contar nada para o diretor por enquanto? Quero tentar entender isso melhor.


– Sim senhorita. Não irei comentar com o diretor, embora ache que isso é o recomendável a se fazer.


– Obrigada senhor.


– Com o profº Quirrel foi isso que aconteceu?


– Sim senhor. Nas duas vezes. Mas mesmo que não tivesse acontecido isso, eu sabia que não seria o senhor a azarar um aluno.


– Obrigado senhorita Rosier. Boa noite.


– Boa noite professor.


Já estava na porta quando resolvi perguntar.


– Senhor...


– Sim?


– O senhor poderia me ensinar oclumência?


Seus olhos se arregalaram, mas logo voltaram ao normal.


– Da onde a senhorita tirou essa idéia?


– O senhor vai dar aulas para o Potter quando ele for mais velho. Mais um dos flashes. Eu achei interessante e fui ler sobre o assunto, e vi que era mais fácil aprender ser uma oclumente se tiver um legitimens para lhe treinar...e eu vi que o senhor é um legitimens...


– Terei que pedir autorização ao diretor, pois é uma magia muito avançada para uma aluna do primeiro ano.


– Obrigada. Boa noite.


 


 


 

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