Acordos, uma história



No Ministério Patrick tirou o casaco para cobrir Hermione; ela tinha esquecido completamente que ainda usava as roupas que Heckett havia dado a ela.


–       Eu ia entrar no portal que McGonagall produziu, mas você sabe como Harry é... Tudo tem de ser ele...


–       Tudo bem. É uma pena Deanna não ter conseguido. – suspirou Hermione.


–       Foi uma sorte vocês terem conseguido. – disse Kingsley.


–       Imagine a mãe dela, uma ex-conselheira, uma bruxa das Trevas? Deanna andava estranha ultimamente. – comentou Patrick.


–       Nervosa? Ansiosa? – perguntou Kingsley irritado com o cinismo de Patrick.


–       Sim! Quem diria, mas nunca pensaríamos nisso, não é mesmo? Numa coisa tão grave...


–       Verdade...


–       O menino para onde vai? O mesmo lugar que está Wulbur, o filho de Duralumínio? Posso levá-lo se quiser.


–       Ainda não me decidi Patrick. Por hora vá verificar as mulheres que prendemos; converse com elas...


–       Agora?


–       Sim, agora.


–       Claro senhor... – respondeu Patrick se retirando.


–       Hermione, fale com Grimwig antes de o levarmos. – disse Kingsley. – Harry está com ele agora.


Hermione os encontrou conversando sobre quadribol. Harry deixou os dois para se despedirem; deu uma boa olhada no garoto enquanto apertavam as mãos. Sem duvida era muito bonito assim como Tom Riddle fora um dia. Impedir os planos daquelas pessoas não livrou só o garoto de um futuro sombrio, mas com certeza salvou dezenas ou até centenas de muitos outros garotos no futuro.


–       Vou ver minha mãe de novo? – perguntou Grimwig a Hermione.


–       Não por um bom tempo, mas ela está bem.


–       Não vou contar nada a ninguém sobe aquela sua amiga...


–       Obrigada. Não se preocupe com nada; estará seguro em Hogwarts. Ficara lá por algum tempo; tem muito chocolate lá.


–       Você sabe alguma coisa sobre meu pai?


–       Pouca coisa, mas acho que você mesmo poderá descobrir sobre a outra parte de sua família um dia, se realmente quiser.


–       Eu quero.


O garoto abraçou Hermione.


–       Não deixe aqueles dois lá fora verem isso. – disse Kingsley entrando na sala acompanhado de McGonagall.


–       Eu o verei em breve. Prometo. – disse Hermione o beijando na bochecha.


 


Das bruxas que estavam no prédio vinte morreram em meio ao incêndio; o restante foi mandado direto à Azkaban junto com Heckett. Ainda haveria um julgamento que prometia ser longo e torturante.


Os nomes das bruxas envolvidas não foram divulgados oficialmente, mas todos nas ruas já sabiam. Hermione esclareceu a historia de Ramona de Luchero e insistiu que fosse incluído aos crimes da Sra. Kessler sua participação na morte dos três rapazes que tomaram a poção Siempre Viva de maneira errada. Acrescentou que provavelmente Lena Kessler sabia o modo correto da poção ser usada e omitiu esse detalhe por pura maldade. Embora ninguém visse sentido no que isso mudaria no histórico de ambas as bruxas Hermione sentiu que fizera a coisa certa.


Três dias depois Harry a acompanhou com Grimwig a Azkaban para que o garoto se despedisse da mãe; para sua segurança ele não poderia se comunicar com Heckett por um longo tempo.


–       Um dia Hermione você sentirá o que estou sentindo agora... – murmurou Heckett voltando à escuridão da cela.


–       Não ligue para ela! Um dragão cuida melhor de sua ninhada do que esse grupo de mulheres de seus filhos.


Estavam saindo da área das celas quando Harry viu passar Twain. O Revistador passou os olhos lentamente sobre ele e continuou a caminhar


–       Esse cara não tira folga mesmo...


–       Harry...


–       O que?


–       Tenho que falar com Kingsley. Não quero que destruam a biblioteca. Sou a herdeira de tudo! A Sra. Kessler deixou tudo para mim! Você mesmo leu o testamento.


–       Ela sabia que você não ia deixar que destruíssem livros!


–       É conhecimento Harry! Anos e anos de registros sobre Artes das Trevas.


–       Pode ser perigoso se seguidoras daquela doida vieram atrás de você! Alem disso é contra a lei! Artefatos das Trevas tem de ser destruídos! Por favor, Hermione deixe aquilo queimar... Esqueça aqueles livros!


–       Vou passar uns dias com seus pais... – comentou Hermione.


–       Se quiser pode ir agora! Eu mando suas coisas!


–       Você avisa Patrick! Quase não nos falamos nos últimos dias; ele tem estado tão ocupado!


–       Claro...


–       O que você vai fazer?


–       Trabalhar. Kingsley precisa de ajuda agora que perdeu outro Conselheiro e acho que posso colaborar.


 


A semana que antecedeu o natal foi bem movimentada. O Ministério estava sob a ameaça de uma intervenção de outros Ministérios preocupados com o número de mortes entre os Conselheiros. Perante a lei bruxa deveria haver um numero mínimo para o Ministro se manter no cargo. Havia um clima de desconfiança no ar; os outros Conselheiros estavam começando a achar que ser membro daquele conselho estava se tornando perigoso. Kingsley se mantinha no cargo apenas pela admiração e confiança de outros Ministros de países. O governo trouxa começava a ceder frente à diplomacia de Ferdinanda Twitch e também deu um voto de confiança na recuperação do Ministério da Magia.


Com muito jogo de cintura Kingsley suspendeu qualquer decisão política, administrativa ou qualquer coisa que envolvesse uma reunião do Conselho; só depois das festas de fim de ano o futuro do Ministro e do Ministério seria decidido. Um risco muito grande caso algo de mais serio acontecesse, mas uma manobra política necessária. Foi feito um minuto de silencio em homenagem a Conselheira Troy. Ao final da ultima reunião do ano Kingsley fez aparecer à frente de cada um dos Conselheiros convites com um Papai Noel fazendo uma saudação.


–       Haverá no teatro dos bruxos uma apresentação especial; uma noite oferecida aos membros do Ministério. Será na véspera de natal!


Os Conselheiros deixaram a sala comentando o evento. Muitos dizendo que o minuto de silencio era para o próprio Ministro que logo enterraria sua carreira. Patrick ficou sentado olhando o Papai Noel repetir a saudação.


–       Espero que vá Patrick. – disse Kingsley estranhando o modo como Patrick encarava o convite.


–       Não sei. Acho que vou descansar nesses dias.


–       Você e Deanna foram muito ligados...


–       Sim, o Mapa que ela fez não funciona mais. Perdemos muito com isso... E o tempo que passamos juntos tentando dialogar com aquele pedaço de bosta que era Duke Duralumínio... Se ela tivesse me contado sobre o que estava passando...


–       O que faria?


–       Ajudaria, é claro. – respondeu Patrick cutucando o Papai Noel pra que recomeçasse a saudação ao som de uma irritante musica de natal.


–       Ainda sim ela morreu de forma honrosa. Pensarei em alguma forma de homenageá-la.


–       Faça um discurso antes da peça começar; dedique à memória dela. Ela gostava de artes... não das Trevas deixe isso bem claro.


Kingsley deu um leve sorriso.


–       Você sempre deu grandes idéias Patrick. Sua carreira...


–       Eu conheço minha carreira. E sei que o senhor também conhece.


Patrick se aproximou e estendeu a mão a Kingsley.


–       Tenha boas férias de fim de ano senhor; deseje a Srta. Dale e seu filho também.


–       Obrigado...
 


–       Nariz quebrado você disse? – comentou Harry tomando chá em sua casa. O homem que lhe enviara o bilhete na noite que Hermione estava com Lena Kessler ocupava o outro lado da mesa. Guiso, o elfo da casa lhe serviu uma xícara de chá.


–       Não tem algo mais forte?


–       Guiso nos traga uma garrafa de uísque de fogo.


–       Mais que obrigado Sr. Potter.


Harry tirou o par de alianças que mandou fazer para ele e Gina e arremessou a que tinha seu nome gravado pela mesa.


–       Entre em contato com essas pessoas que lhe falei. Mostre a aliança e terão certeza que diz a verdade. Diga que podem ficar com a aliança.


–       E quanto a mim?


–       Terá sua recompensa... Agora vá! Tenho pressa em resolver certos assuntos.  – disse Harry se levantando.


–       Posso levar a garrafa?


–       Sim pode! Apenas vá!


No dia seguinte Harry se encontrou com a Srta. Dale em sua sala.


–       Não precisava deixar sua sala; eu iria até lá... Desculpe pela minha sala; não é muito cômoda.


–       Sei que não gosta de ir a minha sala e quando vai é para me pedir favores muito difíceis.


–       Bem, dessa vez a senhorita ficou na mesma! Tenho uma serie de favores difíceis a lhe pedir; a senhorita vai me ajudar a convencer Kingsley em alguns assuntos delicados, mas pode pedir ajuda a Percy.


–       Por que eu pediria ajuda a Percy?


–       Percy lhe conta tudo o que eu faço.


–       Como pode saber isso?


–       Ora, é Percy! Eu o conheço desde Hogwarts e a fama dele no Ministério não é melhor da que tinha lá! A Conselheira Hayes o apoiou para ocupar o cargo dela e sei que vocês eram amigas, assim como a senhorita é amiga da Sra. Weasley!


–       Mesmo assim...


–       Só mães saberiam o que Percy passa aqui. Só mães teriam a sensibilidade de compreendê-lo e, por fim, tentar ajudá-lo.


A Srta. Dale deu um largo sorriso.


–       O que quer afinal?


–       Preciso que convença Kingsley a tomar algumas decisões importantes. Todas por escrito, com selo do Ministro e tudo mais!


–       Muito simples até agora. Isso está me preocupando.


–       Espere até saber o conteúdo das cartas que quero que Kingsley assine!  Aí sim ficará preocupada, mas ele tem que confiar em mim. Recebi alguns avisos sobre um grupo que voltou a cobrar a taxa de proteção no Beco Diagonal, mas dessa vez Patrick não está diretamente envolvido; não sei exatamente porque, mas ele está longe dessas pessoas dessa vez. E tem mais...


–       Estou ficando interessada.


–       Nariz quebrado!


–       E?


–       O homem do grupo Zeelen que atacou o casal Weasley acabou com o nariz quebrado; o homem que encontraram morto pela cabeça de dragão era um ladrão conhecido no Beco Diagonal e também estava de nariz quebrado.


–       O que isso tem...


–       Rony. – disse Harry animado. – Não sei o motivo que ele resolveu quebrar o nariz das pessoas, mas ele quebrou o de Córmaco também. Durante esses últimos meses todos vimos coisas... Rony nos deixou uma vez, mas voltou; só que dessa vez ele não pode voltar!


–       Acha que ele está por perto?


Harry fez uma pausa.


–       Espero que ele me perdoe. Enfim, peça a Kingsley que escreva e assine essas cartas até amanha. Preciso da permissão do Ministro da Magia para endossar algumas ações que pretendo fazer no Beco Diagonal.


–       Cuidarei disso. Aonde vai?


–       Visitar uma pessoa que odeio! Pode pedir a Percy que...


–       O cubra de novo, eu sei...


A Srta. Dale sem cerimônia puxou Harry para um abraço. Era o tipo de consolo que sempre faltou aquele rapaz de vinte anos que já arriscara a própria vida mais de uma vez. O conforto que a Srta. Dale lhe transmitia era o mesmo que ele esperaria da Sra. Weasley ou de sua mãe. A confiança e o apoio que Harry precisava para começar a se redimir.


As finas e longas unhas batendo da mesa tentavam deixar Harry nervoso, mas ele estava determinado a ignorar a pose arrogante de Rita Skeeter.


–       Você, Harry Potter, quer informações. Quer que eu o ajude?


–       Preciso de informação sobre uma pessoa que você conhece. Só isso.


–       E eu ganho o que com isso?


–       Se eu estiver certo ganha a historia e se eu estiver errado pode escrever um artigo qualquer sobre mim; um que ainda não tenha escrito. Tem minha palavra. Sei que não vale muito para você, mas vale muito para mim.


–       O que quer saber?


–       Primeiro – disse Harry apontando a varinha para o bloco e pena de repetição na mesa de Rita – quero registrar nossa conversa. O bloco foi para o lado de Harry a apena apontando para Rita.


–       É estranho. – comentou Rita.


–       Por favor, seja sincera.


–       Isso é mais estranho ainda. Comece antes que eu me arrependa!


–       A garota que a acompanhava; Emily como a conheceu? Como ela chegou até você?


–       A traidora? É assim que eu a chamei nas reportagens que escrevi sobre ela! Uma traidora, egoísta, sem coração!


–       Achei que não simpatizasse com Hermione.


–       Eu me referi a mim! Ela me traiu: tinha um caso com o Rony Weasley e não contou aquela...


–       Ok, falamos sobre isso depois... Então como a conheceu?


–       Ela veio da França tentar a sorte como repórter aqui; a família é maioria trouxa. Recebi boas recomendações sobre ela de alguns colegas: esperta, escreve bem, excelente fotografa. Ela tirou algumas ótimas fotos de alguns jogos de quadribol.


–       Quero vê-las. Quero ver tudo que ela escreveu.


–       Não publiquei quase nada, mas ela insistia.


–       A primeira vez que a vi ela estava do lado de fora de um pub. Foi quando aquelas criaturas foram soltas no Beco Diagonal.


–       Ela investigava o desaparecimento de um homem e dos elfos. Ei disse a ela que era caso sem importância e no fim a matéria foi capa; ela tirou ótimas fotos daquela coisa que vocês dominaram no Beco Diagonal.


–       Tirou fotos nossas também no teste de Elvira na minha casa e eu a vi no Ministério. Ela tinha contatos lá.


–       Quando a vi na festa de abertura da convenção eu quase a esganei! – disse Rita apertando as mãos. – Ela estava na lista de acompanhantes junto com aquele conselheiro fedorento que morreu no bordel. O que reforça mais minha opinião sobre ela ser...


–       Você a mandou seguir Patrick.


–       Sim, ele é jovem e bonito. Queria pegá-lo em algum escândalo. A mandei porque podia passar despercebida não sendo tão famosa quanto eu.


–       Certo... Sabe o que ela descobriu?


–       Só que ele tinha muito a esconder, mas não chegamos a conversar mais sobre o assunto; Kingsley a mandou parar de segui-lo e ela entregou o que descobriu a ele sem passar a mim primeiro!


–       Provavelmente ela achou mais importantes Kingsley saber sobre Patrick do que você.


–       Depois disso a ingrata aparece grávida de Rony Weasley e nem me dá uma exclusiva!


–       Emily, o nome dela é Emily. – disse Harry pegando todo o material da jovem repórter que ele também esperava que o perdoasse um dia. – Obrigado!


–       Não esqueça sua promessa Sr. Potter...


–       Não esquecerei.


Harry foi até a Gemialidades Weasley. Fazia tempo que não entrava e sentiu como se visse as caixas coloridas que os gêmeos começaram a testar em Hogwarts pela primeira vez. Respirou fundo sentindo uma espécie de quase felicidade em estar ali. Jorge e ele conversaram por um bom tempo.


–       Eu disse a Hermione: era estranho ver Rony com uma garota; outra garota! Os dois no escritório conversando e mostrando papéis um para o outro.


–       Guiso, o elfo que trabalha pra nós disse que Hermione procurou por algumas anotações e fotos que estavam na mesa dela. Acho que era sobre isso que conversavam.


Jorge contou sobre o contato da família com Rony; do caderno que receberam transfigurado em cartão de natal.


–       Fizemos uma grande besteira, não? – perguntou Jorge retribuindo o abraço de Harry.


–       Sim. Principalmente eu...


–       Ei! É o Rony! O Roniquinho da mamãe! Ele é um cara legal!


–       Sim, acho que agora ele é mais do que isso.


Na sala de Kingsley com a presença da Srta. Dale; Harry mostrou os artigos escritos por Emily.


–       Ela é nascida trouxa, apóia o FALE e foi a única pessoa a mencionar a morte dos elfos no ataque daquelas criaturas no Beco Diagonal. Por que ela sacanearia tanto Hermione se as duas na real têm muito em comum?


–       Interessante! – disse a Srta. Dale.


–       Emily se aproximou de Rony porque achou que se aproximar de mim aquela altura era perigoso por eu ser amigo de Patrick.


–       Ela começou tudo... – disse Kingsley. – Não sei o que fazer para compensar a todos pelas coisas que eu...


–       Nós fizemos! – disse Harry. – Como pude desconfiar do meu melhor amigo? Tudo bem quem ele realmente não era o namorado perfeito e fez muita bobagem, mas trair Hermione nesse nível...


–       Se fosse verdade como você imaginou Harry; você nunca o perdoaria! Era essa a idéia! E se fosse verdade você estaria certo em apoiar Hermione! – disse a Srta Dale o consolando.


–       O pai desse bebê deve ter ficado tão miserável quanto você e a Srta. Granger. – comentou Kingsley.


–       Rita me disse que Emily tirou fotos de jogos de quadribol – Harry apontou as fotos – só que ela não reparou que eram sempre dos jogos de Córmaco McLaggen. Rony foi vê-lo e disse que ele estava ótimo, feliz da vida. Ele sabia que ia ser pai.


–       Vai contar a ele?


–       Já contei. Digamos que ele ficou feliz, mas os pais tiverem que segurá-lo para não sair procurando a mulher e o bebê feito louco!


–       Muito bem. Sobre os outros assuntos... – começou Kingsley – você tem certeza?


–       Absoluta.


–       Muito bem! Vá em frente! Você tem poderes para negociar com quem quiser em meu nome e em nome do Ministério.


–       Ele leu todas as cartas? – perguntou Harry a Srta. Dale.


–       Todas!


–       De o fora daqui! – mandou Kingsley nem olhando Harry pegar o que precisava e sair.


De certo modo o lugar onde Harry quase morrera meses atrás lembrava os escombros de Hogwarts, mas ali nada seria reconstruído; continuaria deprimente, vazio e cheirando a madeira queimada. Chutando o chão enegrecido Harry ficou um bom tempo parado olhando em volta. A noite que entrou no galpão erguido sobre aquele espaço e aberto aqueles baús havia mudado mais uma vez sua vida. Antes de anoitecer Harry entrou no o pub que Urda, o homem morto pelo Revistador, fora o dono.


–       Sr. Potter... – disse Uriach o encontrando sentado no balcão – disseram que quer falar comigo.


–       Nos ajudou aquela noite.


–       Eu os vi voando em meio toda aquela magia das Trevas. Corajosos ou estúpidos demais eu pensei, mas era você e Kingsley. Eu admirava Kingsley. E você nos livrou daquela praga chamada Voldemort, depois a mulher com aqueles fantasmas barulhentos e por fim Solomon. E lhe devia uma caixa do Velho Dragão...


–       Um contêiner.


–       Estou quase falindo Sr. Potter.


–       Sei que não estão seguros.


–       Essa conversa é perigosa para todos nós. Inclusive para o senhor.


–       Não mais. As pessoas que tomaram o lugar de Solomon não têm nada a ver com a pessoa anterior. Não tem a proteção que pensam que tem.


–       Como sabe?


–       Eu sei.


–       Solomon era um assassino, mas estava preso na sua parte do Beco Diagonal; cercado de bruxos tão asquerosos quanto ele. Então, um dia ele encontrou o parceiro perfeito. Um homem com todas as portas abertas. Poderoso com as palavras e como bruxo.


Harry ouviu Uriach contar sobre os Lancey.


–       Um morreu. São idiotas, mas seus novos amigos... Um é assassino se possível ainda mais cruel.


–       Vi o que ele fez.


–       Estão divididos em grupos; há um vivendo no Solar Benbow. Dois homens e uma mulher. Se quiser ajuda para pegá-los pode esquecer. Já houve quem estivesse disposto a falar, como meu primo, mas não há garantias. Temem que suas famílias sejam assassinadas antes mesmo de voltarem para casa!


–       Não preciso que ninguém se arrisque falando alguma coisa do homem que os extorquia nem sobre o grupo que tomou o lugar dele agora.


–       Não?


–       Não. Bem, no momento só posso dizer que continuem a pagar a taxa de proteção.


Harry entregou uma das cartas com o símbolo do Ministério a um curioso Uriach.


–       Deixe-me dizer o que está escrito: o Ministério vai repor todo o dinheiro que perderam nos últimos quatro anos. E estarão livres de novos impostos pelos próximos quatro anos!


–       Está brincando comigo garoto?


–       Não. Vou deixar com você as outras. Você sabe a quem entregar! Ah, e cada comerciante que contratar dois elfos terá um desconto de dez galeões por elfo!


–       Para o salário do elfo! Que bonito! Que gentileza do Ministério!


–       Estou falando serio! Tem o endereço do FALE logo abaixo...


–       Eu sei onde fica o FALE!


–       Legal! Entregue as cartas e mandem continuar a fazer o que esses vermes mandam por enquanto. Entregue as cartas! São oficiais com o selo do Ministério e de seu Ministro: Kingsley Shacklebolt. Pode dizer que Harry Potter a entregou a primeira a você!


Depois que Harry saiu Uriach chamou um elfo e entregou as cartas.


–       Entregue primeiro no Solar Benbow. Diga para não matarem o grupo que mora lá hoje à noite. Por incrível que pareça acho que temos uma esperança.


–       Eles continuam pagando para viver lá... meus amigos disseram que até são gentis com os elfos. Com exceção de um... Não é estranho?


–       Tudo é estranho nesse momento. Vá, vá!


Visitar Gringotes diariamente não era problema para Harry o problema era quando precisa falar com Bunko o líder dos duendes responsável pelo banco. Bunko sempre fazia questão de fazê-lo esperar. Como todo duende tinha uma natural desconfiança dos bruxos e evitava contato desnecessário, mas Harry estava com toda a paciência do mundo para agradar Bunko naquela tarde.


–       Primeiro quero saber sobre os cofres que eu e meu amigo estivemos visitando. As pessoas morreram recentemente e deixaram o conteúdo para o Ministério.


–       E daí?


–       Uma pessoa veio e saqueou dois cofres antes que fizéssemos a contagem.


–       Se a pessoa estava de posse da chave eu não podia fazer nada.


–       Você não dá mínima pra o que tem nesses cofres não é?


–       Bruxos escondem ouro, seu passado, seus medos atrás dessas paredes... Não é minha tarefa me importar com esses detalhes.


–       Se você realmente não se importasse não estaria nessa situação. Em relação ao ouro, é claro.


–       Como se atreve!


–       O ouro que usa para fabricar suas peças fabulosas – disse Harry com pompa – você é um artesão reconhecido. Ficar perto do ouro era o real motivo de você querer ser o líder de seu povo! Queria o ouro desses cofres. Por isso está de tão mau humor Bunko. Seus dias aqui estão contados e pela lei dos duendes além de ser deposto em breve... provavelmente será executado. Eu vi a gema de ouro que Patrick roubou de você!


–       Meu antecessor foi morto por mim... por ter permitido que você entrasse em um cofre que não era seu; para pegar uma coisa que não era sua!


–       Meus motivos eram mais nobres


–       Todos os bruxos dizem isso! A gema de ouro que Patrick roubou é para dar à fêmea aposto. – disse Bunko com desprezo.


–       O nome dela é Hermione e ela acha que você e os seus merecem respeito. Embora eu ache que você mereça morrer pelo que fez vou lhe dar uma chance.


–       Chance de que bruxo?


–       Suas peças! Eu e Kingsley protegeremos seu legado. Não quer ser lembrado apenas por ser passado para trás por um bruxo! Conte-me sobre Patrick! Você é o único que pode morrer sem conseqüências e já que vai mesmo morrer...


Bunko deu uma risada estranha.


–       Minhas palavras usadas por bruxos? Como vou confiar no que diz e principalmente: como seu povo vai confiar no que eu disser? E ele não me passou para trás! Tínhamos um acordo!


–       Então conte a verdade! Nesse documento tem a assinatura de Kingsley se comprometendo a manter suas peças e eu vou lhe devolver a aliança que fez para mim. Eu, Harry Potter, um bruxo devolvo de livre e espontânea vontade uma peça feita por um duende; um sinal de respeito a você e a sua arte.


–       Onde está a outra?


–       Tive que emprestar...


–       Está mesmo desesperado Sr. Potter.


–       Você não tem mais nada a perder e por que não entregar Patrick? Ele o roubou, o humilhou...


–       Já entendi! Tudo que eu disser será repetido por você palavra por palavra?


–       Sim!


–       Entrará para a História da Magia?


–       Sim! – confirmou Harry.


–       A oficial? Dos bruxos?


–       A real!


–       Muito bem. Eu contarei como seu povo é ganancioso, mentiroso e covarde.


–       Acho que estamos meio empatados aqui... Ainda assim preciso de uma prova sua que dirá a verdade. – disse Harry.


Bunko respirou fundo e puxou a flecha fincada em seu ombro e a colocou sobre a mesa; o cheiro não era nada agradável, mas ele pegou o pergaminho em branco que Harry lhe passara e molhou a pena em seu próprio sangue.


–       Ok... – disse Harry meio espantado – mas primeiro temos de cuidar desse ferimento; não quero que morra no meio da historia.


–       Não, não vou morrer nas próximas horas. Não me ajude. É meu destino e o cumprirei com honra, pelo menos agora no final.


Bunko apontou para a pena pronta a começar a escrever. Harry havia registrado a devolução da aliança e o compromisso de Kingsley com as peças feitas pelo duende.


–       Ninguém poderá comprá-las. São suas. Então... Como conheceu nosso querido Patrick?


–       Ah, meu caro Sr. Potter a historia começa bem antes! Mais precisamente no meio de uma reunião aqui em Gringotes durante a madrugada. A notícia que Harry Potter derrotara Voldemort de uma vez por todas começava a se espalhar...


–       Mais uma guerra entre bruxos acabou. – disse um velho duende olhando para o grupo que se aglomerava no que antes era o hall do banco. – O menino que sobreviveu derrotou mais uma vez...


–       Isso não importa! – disse um duende se aproximando.



–       Esse duende era eu – disse Bunko.


–       Legal... Continue...



–       Ele invadiu Gringotes, profanou um território nosso. Com certeza a morte de muitos de nosso povo passará despercebida entre os bruxos.


–       Não duvido! – respondeu o velho duende.


–       Você sabe o que acontece quando uma revolução ou guerra atinge o mundo dos bruxos! Uma corrida a Gringotes para retirar ouro, trabalhamos em dobro para bruxos! As moedas que usam para comprar capas finas de viagem e o melhor uísque de fogo saem de nosso esforço!


–       Os bruxos... – tentou rebater o velho duende.


–       Os bruxos! Você repete muito sobre eles! Espera entregar o ouro a eles assim que baterem na porta do banco! Assim que amanhecer! Sem nenhum acordo que nos beneficie! A lei diz que se Gringotes for violado o líder dos duendes responsável pelo banco deve ser tirado imediatamente do poder!


–       Muito bem Bunko, me tire do poder e o que fará? Uma guerra com os bruxos? É o que você quer?


–       Não. Sou o melhor com ouro; minhas mãos fabricaram mais peças que todos vocês juntos! Não vou me arrastar e pedir a um bruxo para trabalhar na minha arte! Comigo como líder nenhum duende se arrastará aos pés de um bruxo!


 


–       Eu era um idealista até ali... Então uma flecha partiu de algum lugar e me acertou no ombro.


–       Deve ter doido a beça. – comentou Harry.


–       Só depois. Mesmo cambaleante me virei para os outros duendes com a expressão vitoriosa. Pequei uma linda faca brilhante feita por mim e mostrei para a multidão. Matei o duende mais velho e a multidão fez referência ao seu novo líder: eu!


–       E o que mais?


Bunko contou em detalhes que com a euforia da derrota de Voldemort e a posse de Kingsley de imediato sua a ascensão passou despercebida e que no inicio ele foi muito colaborador com o novo Ministério que se formava. No primeiro encontro oficial dele com Kingsley se comprometeu a pensar (sob a ótica dos duendes) em um dos pontos mais delicados na relação Gringotes-Ministério da Magia: o sigilo dos cofres.


–       Kingsley se dirigiu a mim, o líder dos duendes, como quem fala a um elfo... – gritou Bunko tentando se levantar da cadeira. – Registre isso!


–       Será registrado! – respondeu Harry.


 


–       Quero saber apenas se há objetos de magia negra. – disse Kingsley.


–       É um direto a família seguir as Artes das Trevas se assim desejar.


–       Enviarei um grupo do Ministério para abrir cada cofre de cada família envolvida com Voldemort.


–       Não costumo quebrar regras Sr. Ministro.


–       Quero saber o que cada miserável assassino Comensal da Morte guarda nesses cofres! Desde sua primeira vassoura, urso de pelúcia, livro ou amuleto de magia negra.


–       Sem a chave...


–       Como Ministro posso conjurar uma chave que será destruída após ser usada; tenho uma lista de nomes. Quero tudo desses cofres fora para ser conferido, analisado e, o mais rápido possível, destruído.


–       E o ouro? Ficará com o Ministério como paga pelos danos causados aos bruxos... Muito justo. – comentou Bunko irônico.


–       Darei um destino a esse ouro; as famílias atingidas pelo horror dessa guerra. Um fundo para órfãos, para recuperação...


–       Guarde seu discurso para seus iguais. Eu cuido dos cofres. – disse Bunko friamente.


–       Então trate de abri-los quando meus iguais chegarem com a chave número zero, a chave conjurada por mim! Kingsley Shacklebolt, o novo Ministro da Magia!


 


–       Ele falava como um verdadeiro Ministro!


–       A voz dele soa longe quando está nervoso. Eu sei... – comentou Harry – vou registrar isso também.


Bunko continuou a historia.


As novas ordens de Kingsley começaram a serem seguidas e, como era de se esperar geraram conseqüências. Felizmente os novos compromissos do novo Ministro não o permitiram acompanhar de perto todos os cofres serem esvaziados. Os homens encarregados de revistar os cofres foram formalmente chamados Revistadores e passaram a ser uma espécie de guarda fora e dentro do Ministério. Desobedecer a um Revistador equivalia a desacato a uma autoridade.


–       Comecei a ser procurado por algumas famílias temendo serem expostas e passei a tomar providencias. – contou Bunko.


–       Como seu objetivo desde o começo era acumular ouro para você mesmo... O que começou a fazer?


–       Exigir pagamento para repassar aos grupos de Revistadores que todos os dias chegavam a Gringotes com a chave conjurada por Kingsley. Logo um dos mais velhos chamado Raiker passou a me ajudar.


–       Gregory Raiker. Raiker era amigo dos Weasley e noivo de Deanna Troy, a Conselheira que morreu.


–       Era um perdedor, mas um Revistador de nível mais alto e os outros o obedeciam. A cada semana Raiker mostrava aos companheiros uma saca de ouro; o ouro que eu mesmo cunhava e que me deu fama entre os meus. Registre isso!


–       Com prazer... – concordou Harry.


A pena escreveu a ultima parte e parou.


–       Continuando... Raiker era bom e convencer os mais jovens.


 


–       Um galeão perfeito sempre impressiona uma garota! Então uma saca de dez galeões para cada um que der meia volta e mais se ficarem de bico calado.


 


–       Conforme os relatórios começaram a ser entregues sem nada a acrescentar; a segurança relaxou, mas não por completo. Não havia como evitar que os cofres fossem abertos se alguém ligado diretamente a Kingsley estivesse presente. Depois de muito prejuízo para as famílias tradicionais comecei a perder apoio e ouro. Então Raiker me veio com outra idéia...


 


–       Você tem que dar um jeito de guardar os tesouros dessas pessoas!


–       Não posso abrir novos cofres para todos parentes dessas famílias! Isso seria suspeito demais; Kingsley é esperto sabe que as famílias estão desesperadas!


 


–       Então Raiker abaixou a voz andando ao meu lado de no hall do banco.  E me falou do tio.


–       Solomon Bluter. – disse Harry.


–       O próprio! Ele falou do pub que era freqüentado por algumas pessoas do Ministério que o ajudavam com certos problemas.


–       O Ministério sempre quis saber como Solomon ganhava tanto dinheiro com um simples pub. – comentou Harry. – Jogos, lutas entres criaturas, mulheres se vendendo...


–       Soube da sua luta com o ciclope.


–       Sim, foi um momento marcante... Continue!


–       Raiker disse que Solomon escondia a maior parte do ouro que ganhava em outro lugar e eu poderia esconder artefatos das Trevas tão preciosos no mesmo lugar.


–       Sei onde ficava esse lugar! Queimou comigo dentro!


–       As próprias famílias procuravam por esse galpão! Solomon disse a mim quando nos conhecemos.


 


–       Os mais jovens não sabem, mas os velhos bruxos das Trevas simpáticos velhinhos sabem. Matei um que por acaso tinha a localização escondida na sola do sapato.


–       Velhos também procuram seu pub?


–       Diversão é para todas as idades. Inclusive para você se quiser variar... temos Veelas...


–       Não obrigado. O que quer de mim em troca?


–       Fale sobre esse galpão a seus clientes preocupados e dividiremos o dinheiro. Há um Guardião, mas não haverá problemas. Aquele lugar está lá há séculos cravado no Beco Diagonal.


 


–       O galpão serviu de esconderijo para os mais variados artigos de Artes das Trevas. O Ministério continuava a tentar pegar Solomon por jogos e lutas ilegais, mas todos que entravam no pub assinavam um termo em que concordavam perder todo seu dinheiro sem reclamar. O Ministério começava a aumentar o cerco a Solomon e também a desconfiar de mim; então tivemos a idéia de infiltrar alguém para nos manter informados dos passos de Kingsley!


–       Patrick!


–       Já havia Raiker cuidando da guarda do Ministério. Precisavam de outra pessoa, mais jovem para que chegasse a um nível mais alto. Fizemos testes com vários rapazes e quando estávamos à beira desistir... Ele apareceu! Muito claro usando roupas que pareciam de outra época, mesmo para os padrões dos bruxos; entrou em Gringotes com uma chave da filial do banco na França. Uma chave usada pela ultima vez havia anos. O duende que se negou a ajudá-lo foi arremessado contra a parede. A partir daí encontramos o informante que tanto queríamos. Patrick era o que as fêmeas do seu povo chamam de atraente; era até educado se não fosse contrariado e muito, muito inteligente. Com ajuda de um dos freqüentadores do pub, responsável pelos arquivos do Ministério; mudaram seu sobrenome e forjaram suas referencias! Também o ensinaram sobre as regras do banco e as leis da magia. Só havia um pequeno detalhe...


–       O que é? – perguntou Harry mais curioso do que nunca. Saber algum detalhe de Patrick que fosse embaraçoso parecia ser mais importante e interessante do que tudo que Bunko tinha dito até aquele momento.


–       Patrick saíra de uma floresta onde ficou por anos até a mãe, uma bruxa ligada as Artes das Trevas sucumbir...


–       Morrer?


–       Mesma coisa. Ele nos contou que tinha sido amaldiçoado pelo pai.


–       Isso é grande...


–       Uma fêmea foi escondida na tal floresta pela mãe, que foi uma mestra de poções, e conseguiu fazer uma poção Polissuco que o deixou com a aparência que tem hoje por mais tempo! A aparência que tinha quando fui amaldiçoado!


–       Eu conheci a fêmea! A garota... Rebecca!


–       Deve ser essa mesmo. Quando ouvi a historia dele...


–       O que tem?


–       Achei que o pai devia tê-lo matado logo de uma vez.


–       Seria muito fácil para todos nós... Não registre isso!


A pena rabiscou a frase.


–       Eu tinha que sair daquela floresta... Precisava ver um jogo de quadribol, voar numa vassoura nova... Conhecer o Beco Diagonal!


–       Comovente. – disse Solomon.


–       Mas se não tomar a poção... volto a ser um pouco diferente de um ser humano normal e quem não me conhece pode se assustar.


–       Realmente comovente – repetiu Solomon. – Um mês você disse...


–       A poção dura exatamente um mês.


–       Vou ajudá-lo, mas você será nosso... será uma espécie de sócio. Tenho muitos contatos e acharei os ingredientes para essa poção.


–       Eu sei prepará-la sozinho!


–       Ótimo! Além de poder conhecer as garotas... fará o que mandarmos. Estamos de acordo Sr. Louer, ou melhor, Sr. Rent?


 


–       Claro que ele estava. – disse Harry.


–       Quis uma garota para aquela noite mesmo.


–       Anos em uma floresta. Qualquer um pode entender essa parte...


–       Solomon o deixou se divertir um pouco. Uma, duas, três... Veelas depois...


 


–       Sossegue rapaz! Tenho outras pessoas no Ministério, mas você será grande lá dentro! Será meus olhos. Avisando das batidas e as inspeções ou até mesmo as marcando! Dividiremos os galeões da taxa de proteção. Os comerciantes saberão que tem alguém poderoso com quem não poderão se meter. Tudo será destruído no meio do caminho. Não terão ajuda!  Você tem algum problema em matar pessoas?


–       Nem, um pouco. Ainda penso em matar o duende que me atendeu no banco.


–       Ótimo, mas agora não! Precisa saber quem são as pessoas importantes no Ministério que são corruptas; as com que pode contar e as que deve apenas manter um relacionamento cordial...


 


–       Por acaso você se lembra dos nomes que Solomon citou naquela noite?


–       Não, eu me retirei antes. Os dois tinham planos para mim; as coisas que eu teria que fazer para ajudar Patrick. Dizer que só trouxas sujavam mais meu ouro do que o toque de bruxos... insultos desse tipo.


–       Criar problemas que só Patrick conseguiria resolver.


–       Correto. Patrick se tornou um funcionário prestigiado e finalmente recomendado a Kingsley. Foi convidado a trabalhar perto de outros funcionários importantes.


–       Mas por fora visitava os comerciantes em nome de Solomon para forçá-los a pagar para continuar com as portas de seus comércios abertas.


–       Patrick se tornou respeitado no Ministério e extremamente temido no Beco Diagonal. – disse Bunko tossindo e Harry lhe serviu um pouco de água.


–       Foi quando nos conhecemos. Quando alguma coisa começou a dar errada...


–       Algumas famílias pararam de pagar para manter seus tesouros escondidos; para se livrarem de Azkaban qualquer um poderia entregar Solomon de uma hora para outra. Alguns mudaram de nome...


–       Como Roman Young. – comentou Harry.


–       E passaram a ser o principal problema de Solomon. O secretário de Solomon chamado Naylon...


–       O narigudo, eu me lembro dele.


–       Esse mesmo! Ele ouviu no pub que Draco Malfoy andava pelas ruas da Travessa do Tranco feito um zumbi gritando que pretendia se vingar dos pais terem sido mandados a Azkaban. Solomon mandou Patrick procurar Draco e o convencer que podiam se unir para acharem o galpão e seus valiosos pertences para se vingarem do Ministério. Solomon não contou a Patrick a exata localização. O deixou procurar por conta própria


–       Ele não confiava em Patrick?


–       Nem de longe! – riu Bunko.


 


–       Confia que não pegarão coisas para eles próprios? – perguntou Naylon a Solomon.


–       Claro que pegarão! Acha que Patrick gosta de ser mandado? Obviamente pensa em achar alguma coisa para usar em beneficio próprio; se aproveitará de Draco Malfoy e tentará me passar para trás! Mas no momento é mais importante que destrua tudo o que está lá dentro!


 


–       Eu estava lá dentro! – disse Harry com raiva.


–       Você entrou lá por quê?


–       Encontrei o guardião por acaso. Me deixar trancado lá para queimar não foi legal e me enganar todo esse tempo posando de amigo quando na verdade ele armou pra afastar de Rony de mim e de Hermione. Acabou me separando da mulher que eu amo, Gina! E agora quer ficar com Hermione! Não registre isso!


–       Ainda acho mais serio ele querer queimá-lo vivo.


–       Você não tem amigos, tem?


–       Não.


Bunko se ajeitou na cadeira e fechou os olhos. Uma flecha fincada no ombro devia mesmo ser um incomodo pensou Harry sem contar a dor que ele preferiu nem imaginar.


–       Patrick fez o que Solomon esperava – continuou o duende –colocou fogo no galpão e acabou com todas as provas da ligação de famílias tradicionais com Artes das Trevas.


–       E comigo lá dentro... – continuou Harry inconformado. – Ele realmente pegou algumas coisinhas de lá. Fizeram um grande estrago depois...


–       Ele ainda tentou passar Solomon mais uma vez para trás com seu plano de controlar aquela mulher.


–       Elvira.


–       Fora suas tentativas de conseguir os ingredientes para a poção sozinho, mas Solomon deu ordens para quem trabalhava na tal loja de ingredientes, e ao velho que forneciam os ingredientes proibidos que se dessem um grão sequer a Patrick... só saberiam que estavam mortos quando dessem de cara com o Lorde das Trevas.


–       O velho que mataram no Beco Diagonal... Por isso que ele se jogou em chamas naquelas tralhas que tinha no apartamento! Pra acabar de ferrar Patrick! Já que iam matá-lo mesmo...


–       Como disse? – perguntou o duende achando graça.


–       Ferrar.


–       Ninguém ferra Patrick! Raiker queria matá-lo, mas Solomon não! Ele dizia a Gregory que ele só havia saído do posto que ocupava porque a namorada o ajudou a inventar uma coisa que ele nem sonhou que fosse possível!


–       O Mapa da Magia...


–       Solomon humilhava Raiker sobre isso e dizia que Patrick seria maior do que qualquer um que tivesse colocado no Ministério! Achava que ele poderia ser...


–       Ministro da Magia!


–       Patrick nunca pensou pequeno! – disse o duende rindo.


–       Você disse que ele se transforma em alguma coisa.


–       Não, a coisa se transforma nele. Fiz um esboço uma vez quando ele se transformou aqui; para sabermos se o que dizia era verdade... Espere um pouco vou achar...


–       Diga onde está eu pego para você.


Bunko mostrou a Harry um desenho que ele mesmo fizera. Harry demorou a entender que aquela figura era Patrick.


–       Patrick anda muito estranho ultimamente esquivo, parece estar se escondendo. O velho que o abastecia foi morto pelos seus novos cobradores.  Isso é muito... bom!


–       Como você disse ele ferrar Patrick colocando fogo nos ingredientes proibidos.


–       Finalmente vamos pegá-lo... – disse Harry com a mesma expressão de alivio de Bunko; como se alguma coisa espinhosa saísse de suas costas.


–       Não, não vão. Patrick está sempre um passo de quem quer que seja. Acha que ele não sabia que esse momento chegaria? O momento que seria descoberto?


Harry apertou a mão do duende. A pena que Bunko comandava parou de escrever; ele tornou a encostar na cadeira e fechou os olhos com uma expressão de alivio.


–       Finalmente... dormir...


 


–       Conseguimos! – disse a Srta. Dale abraçando Harry. O pegamos Kingsley!


–       Mais ou menos...


–       O que? Temos a transcrição de toda a conversa de Bunko e Harry! Do que está falando Kingsley?


–       O recesso de fim de ano que fui obrigado a declarar. Se alguém for preso terá de ser julgado pelo Conselho. Se Patrick se achar ameaçado ele entrega o cargo e o Ministério sofre imediatamente uma interdição. Os outros Ministérios vão enviar seus próprios Conselheiros! Sabe-se lá o que ele pode fazer nesse meio tempo! Pode ameaçar os outros Conselheiros a apoiá-lo e tentar ser Ministro da Magia!


Harry mostrou aos amigos o desenho feito por Bunko. Era de se esperar a surpresa de ambos. Nem Kingsley acostumado com criatura das Trevas soube identificar aquela forma. A Srta. Dale pareceu se assustar apenas com aquele simples esboço e empurrou o papel com o desenho para Harry com as pontas dos dedos. Seu desanimo era contagiante. Harry não teve como não concordar com Kingsley.


–       Se o Conselho se reúne; ele renuncia e sem conselho não há Ministro nem Ministério. Não há prisões ou julgamentos. Aposto que ele ainda mata os cobradores do Beco Diagonal e os apresenta como troféus.


–       Ninguém de fora se oporia a ele! Não com todos os problemas que estamos passando e nem com todas as garantias que oferecemos... – disse Kingsley. – As pessoas preferem viver e ver suas famílias vivas!


–       Mas essa coisa que ele se transforma? – disse a Srta Dale quase as lágrimas.


–       Estaríamos sendo contraditórios. Apoiamos lobisomens... Antes de tudo são pessoas também desafortunadas. Patrick pode ser um demônio e ainda assim tomar posse. Isso não impediria de trabalhar no Ministério se ele me contasse e eu não soubesse o grande miserável que ele é! Bunko está certo! Ele venceu!


–       Não! – disse Harry sorrindo. – Patrick não vai tomar seu lugar desse jeito! Não é o estilo dele! Ele gosta de manipular; de ter as pessoas nas mãos dele! Seria muito fácil e ele não humilharia ninguém! Além disso Hermione não ficaria com ele se soubesse que ele quer prejudicar você! É isso Kingsley, ele vai fazê-lo renunciar!



Ao contrario do que combinara com Harry; Hermione passou primeiro no apartamento de Patrick antes de retornar ao Lago Grimmauld.


–       Já resolveu o que vai fazer com sua gema de ouro? – perguntou Patrick servindo vinho a ela.


–       Ainda não. Se alguém me perguntasse o que eu faria antes de ter uma eu diria uma porção de coisas, mas agora não sei! Não consigo pensar em nada, e você?


–       Também não sei.


–       Talvez eu só a guarde; foi um presente incrível Patrick.


Hermione mexeu na bolsa.


–       Não é certo trocarmos presentes antes do natal, mas trouxe um para você: Hogwarts, uma historia. É um exemplar original! Sei que você leu até o que eu escrevi, mas esse é diferente. Esse tem uma dedicatória... A enfeiticei para outras pessoas não lerem... É pessoal. – disse Hermione corando.


Patrick leu mais de uma vez e olhou para Hermione muito surpreso.


–       Acha isso mesmo de mim?


–       Sim. Por que a surpresa?


–       Não, sei... Nunca ninguém me disse coisas como você diz. Nunca ninguém havia me perguntado o dia do meu aniversário.  É estranho ter uma pessoa que gosta de... livros como eu!


–       Ou de você? – comentou Hermione achando a expressão de Patrick tanto estranha como uma graça. – Tenho certeza que muita gente gosta de você.


–       Não tenho tanta certeza. Obrigado isso foi muito... legal.


Os dois continuaram a conversar e a rir.


–       Eu tinha dentes enormes. – disse Hermione colocando os dedos na frente da boca.


–       Eu tinha orelhas de elfos. Eu admito! Minha mãe as diminuiu com um feitiço.


–       Madame Pomfrey fez isso para mim no quarto ano!


–       Tenho uma coisa para lhe mostra também! Estava quase esquecendo! Preste atenção e não me desconcentre!


–       Está bem!


Patrick respirou fundo fechou os olhos e exclamou com a voz grave:


–       Expecto Patrono!


Um feixe não prateado, mas azulado muito claro saiu da varinha.


–       Não está perfeito ainda... e não sei a forma; parece uma borra de tinta correndo. – disse ele meio decepcionado.


–       Parece um felino.


–       Não parece com nada, mas ainda estou praticando!


–       Em breve terá uma forma definitiva e até conseguirá fazê-lo falar!


–       Verdade?


–       Veja: Expecto Patrono!


A lontra que saltou da varinha de Hermione deu uma volta pelas pernas de Patrick. Ele se ajoelhou e tentou tocar o patrono.


–       Quer mesmo namorar comigo? – perguntou ele se levantando e se virando para Hermione. – Não estava falando da lontra. É com você a dona da lontra... do patrono. Gostaria de oficializar... Quero dizer... Gostaria?


Hermione recolheu o patrono e segurou a varinha entre os dedos; Patrick estava ansioso por uma resposta. Hermione o achou mais que adorável, mas não o amava.


–       Posso pensar?


–       Ah...


–       É uma coisa que Harry disse e ele tem razão. Gosto muito de você Patrick; até mais do que imaginei que gostaria. Sei que sou uma idiota, mas tenho que resolver isso na minha cabeça primeiro. Eu darei uma resposta. Eu prometo.


–       Você já deu...


–       Eu não disse nada... Nada definitivo. Por favor, não fique chateado. Não quero usá-lo para esquecer Rony. Não seria justo...


–       Você não se importa de eu não ir a esse espetáculo, não é? Vou ser honesto: a hora que ouvir Kingsley oferecendo a peça a Deanna... Isso vai me deixar pior...


Hermione deixou Patrick sozinho e por algumas horas ele desejou nunca tê-la conhecido. Não havia muito que fazer; pegou o exemplar que Hermione lhe dera e a foto que guardara da mãe.


–       Eu realmente tinha orelhas de elfo! – disse rindo muito.


Naquela noite Patrick chamou Twain e seu novo colaborador Pieback.


–       Vamos repassar o plano para pegar a mulher e o filho de Kingsley? – perguntou Twain animado. – Bem debaixo de todos no Ministério.


–       Não. Eu e Pieback vamos atrás do filho de Duralumínio. Você Twain... quero que vigie a Srta. Granger.


–       Mas senhor... o plano é incrível. Pegamos a mulher e o filho e obrigamos a Kingsley a renunciar!


–       Guarde esse plano para mais tarde! Agora quero que vigie a Srta. Granger! Ela voltou a viver com Harry Potter!


–       Mas senhor!


–       Faça o que estou dizendo! – disse Patrick com firmeza e Twain acabou recuando e concordando.


–       Continuamos vigiando os Weasley?


–       Sim! Quero saber tudo sobre todos! Os Weasley, Deanna...


–       Ela morreu senhor... a ex-Conselheira.


–       Ah, é sim! Força do habito! Aquela vaca acabou com o Mapa da Magia!


–       Senhor, a Srta. Granger mora na casa do Potter; uma casa enfeitiçada para ninguém ver.


–       Eles aparatam em frente a casa. Siga-os se estiverem juntos e a Srta. Granger se estiver sozinha! Quero saber tudo sobre ela. Aonde vai e com que conversa!


–       Sim. Certo senhor... mas o plano em fazer Kingsley renunciar é tão bom!


–       Não vou repetir o que mandei você fazer Twain... Vamos Pieback, temos uma missão de caridade.


O prédio onde o filho de Duralumínio morava era bem protegido, mas Patrick tinha uma idéia de como mandar uma mensagem ao garoto. Concentrou-se em produzir um patrono e mais ainda para fazê-lo falar e conseguiu mandar uma mensagem ao rapaz dizendo que queria apenas conversar e que lhe devia um favor por Wulbur não tê-lo denunciado ao Ministério. Quando Wulbur Duralumínio saiu apontando a varinha Patrick segurou a vontade de rir. Havia Revistadores o acompanhando. Patrick deu dinheiro a eles e mandou darem uma volta com Pieback.


–       Vão até o Bocadio. Ouvi dizer que as Veelas estão de volta! Vão! Por minha conta!


–       Quero ir também! – disse Wulbur.


–       Não, não é seguro para você – disse Patrick serio – deve ser chato ficar preso ai dentro com todo esse ouro, sem a possibilidade de mandar em ninguém ou conhecer garotas muitas garotas...


Não demorou para Pieback voltar (sozinho) enquanto Patrick convencia Wulbur a voltar para o condado que era herdeiro.


–       Pieback irá com você e o protegerá; o ensinará a se manter longe de traidores e inimigos. Em breve você será respeitado como seu pai foi.


–       Eu odiava meu pai. – disse Wulbur com raiva.


–       Eu odiava meu pai também, mas se aquele covarde me deixasse uma herança como o seu pai deixou para você... E o Ministério está tentando tirar...


–       Foi você que me obrigou a entregar metade...


–       O ouro que você tem em suas terras é praticamente infinito! – interrompeu Patrick simpático. – Vamos! Vá viver sua bela vida! Garotas! Boa comida e gente fazendo tudo o que você quer! O ouro é seu...


Uma vez convencido o garoto fez as malas e Pieback o acompanhou. Com a experiência e o desequilíbrio mental de seu novo protetor Wulbur de um rapaz desengonçado se tornaria anos mais tarde um bruxo frio e cruel.


Na manhã da véspera de natal Patrick voltou depois de muito tempo ao Bocadio. Vesúvia Lancey estava de luto pelo filho.


–       Onde está seu outro filho, Don?


–       Bêbado por aí. Os negócios não vão bem; poucos entram e temos que manter as Veelas e os elfos trancados lá embaixo. Eles dão despesas mesmo comendo uma vez só por dia. Que dia é hoje falando nisso?


–       Véspera de natal.


–       Ah, semana passou voando! Sabia que tinha me esquecido de alguma coisa!


Patrick olhou para terra mais escura no centro da antiga arena de lutas.


–       Não me diga que ninguém percebeu isso?


Vesúsvia deu de ombros.


–       Esqueça. Vim até aqui para justamente dizer que deixe as Veelas e o os elfos irem embora. Caso não perceba Vesúvia você está falida.


–       Eu sei... Esse Twain e os meus filhos são uns inúteis. O que? O que você sabe?


–       Kingsley e Harry já sabem sobre mim. Eu disse a Harry em seu primeiro dia que as paredes do Ministério tinham ouvidos; ele achou que eu estava brincando.


Patrick e Vesúvia conversaram enquanto a bruxa arrumava as malas.


–       Mamãe... – disse Don cambaleando pela arena.


–       Ah, querido mamãe vai passar alguns anos fora, mas no veremos em breve. Tenho outro filho vivendo perto de Hogsmeade – ela acrescentou a Patrick – expulso minha nora e passo a morar com ele por um tempo. Falo com minha irmã no caminho. Eu estava pensando Patrick: por que você não matou Twain ainda! Aquele imbecil estragou seus planos! Matou o velho!


Patrick encolheu os ombros.


–       Ele não sabia de quem se tratava. E é um maluco, mas foi muito útil pra mim. Talvez o mate só mais tarde quando for mais conveniente.


–       Ele sempre foi um chato! Ainda procura o cara que deu uma surra nele. Ficou muito pior depois disso!


–       Nunca entendi como ele conseguiu ser Revistador.


–       Tenho uma coisa para você! – disse Vesúvia conjurando uma caixa.


–       Presente para mim!


–       Alguns frascos de poção Polissuco normal.  Dura pouco mais de uma hora... Fiquei chateada com que aconteceu com você... Sabe que Solomon nos proibiu de dizer a você; ele queria...


–       Manter-me preso... Como os elfos, as Veelas e os bruxos que deviam a ele... Bruxos que eu o ajudei a extorquir. Agora tudo está acabado e ele deve estar enterrado no meio da arena.


Vesúvia abriu uma garrafa de uísque de fogo e os dois jogaram os copos sobre o lugar onde Solomon estava realmente enterrado. Morto pelas mãos de quem ele escravizou por longos anos.


–       Eu sempre disse que a senhora era mais importante para mim do que ele. – disse Patrick pegando sua caixa cheia de frascos de poção Polissuco normal, comum. Duraria no máximo dois dias.


–       Sempre quis que meus filhos fossem decididos como você Patrick. As pessoas pensam que nós não temos laços, mas estão enganadas.


–       Se ninguém se meter em nossos planos vivemos muito bem com todo mundo. Infelizmente nossos planos na maioria das vezes é pegar o que não é nosso, mas deveria.


–       Foi um prazer conhecê-lo. Trate de arrumar uma mulher decente.


A bruxa fechou pequena porta com a varinha. Patrick deu as costas a ela e ao o Bocadio. O pub nunca mais foi reaberto.

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