Capitulo 19



Capitulo 19

A prisão em Newgate não estava sendo uma experiência tão monstruosa como Thiago imaginara. Havia alguns conhecidos, e ele passou os dois primeiros dias sabendo como cada um estava, embora lhe fossem permitidas apenas algumas horas na área comum para os prisioneiros. O resto do tempo passava em uma pequena cela, pois era considerado muito perigoso para ficar junto com outros homens. Sendo assim, Thiago ficava praticamente o dia todo sentado ou andando de um lado para o outro no cubículo escuro, na companhia de seus pensamentos e arrependimentos.
Na verdade, não estava bem sozinho. Durante a primeira hora de confinamento, ele enfiou a mão no bolso e, para sua surpresa notou que a pedra brilhante tinha companhia. A rainha de xadrez, que não tinha estado em seu poder até então, encontrava-se em seu bolso.
- Como você apareceu aqui? – perguntou ele, olhando para a peça com a ajuda da pedra brilhante. A rainha respondeu com um brilho em seus olhos dourados. – Não foi uma atitude sábia, milady. Se os guardas descobrirem, bem como à pedra, eles a levarão, e não terei como salvá-la. Mas torçamos para que isso não aconteça, pois admito que estou bastante feliz por tê-la outra vez comigo.
Os olhos dela mudaram do dourado para o azul, e Thiago sorriu.
- Também precisamos torcer para que Daman volte o mais depressa possível para Londres, assim posso devolvê-la a ele e então ao mestre Culain. Você não vê a hora de estar com seu senhor, não?
O azul se intensificou, o que indicava estado de alegria, característica que Thiago percebera havia algum tempo.
- Sim, sei muito em como você se sente. Também sinto muito a falta da srta. Lílian.- Ele passou o dedo na cabeça da rainha. – Você acha que ela esta bem? E a salvo? Que besteira dela tentar vir ao meu socorro! Mas Líly é assim, uma mulher muito corajosa, porém tola.
Os olhos azuis voltaram para o dourado.
- Acha que estou sendo duro demais? – perguntou ele, estendendo as pernas no estrado sujo que lhe servia de cama. – Não foi a minha intenção , mas você deve admitir que Lílian e eu fomos tolos em acreditar que um dia pudéssemos ficar juntos. Mesmo assim foi um belo sonho, não? Se for o ultimo da minha vida, ficarem bastante contente.
Cansado, Thiago recostou a cabeça na parede, tentando encontrar uma posição um pouco mais confortável.Não se atrevia a deitar-se, temendo que os ratos e outros animais daquela prisão imunda passeassem sobre seu corpo durante a noite. Não que fosse conseguir descansar caso tentasse pegar no sono. O barulho da prisão era infernal. Homens, mulheres, crianças gritando, resmungando, chorando, apertados em celas fétidas e minúsculas. Guardas raspando seus bastões nas grades, trocando de turno ou bebendo pelas escadarias.
Alem disso, o pensamento de que seria executado não lhe saia da cabeça, por mais que tentasse esquecer o assunto.Havia poucas chances de sair dali, de ser resgatado por Lílian. A família dela com certeza estaria furiosa com o rapto e, portanto, pressionaria todas as autoridades possíveis para que pagasse com a vida por aquele crime.Sim, Thiago sabia que merecia a punição, principalmente por todos os delitos que cometera, mas não podia negar que temia o laço da forca ou o machado do carrasco. Ele torcia, porem, para que seu comportamento fosse mais digno no momento de sua morte, para não causar mais nenhum tipo de constrangimento para sua família, e também para Lily.
- Preciso me certificar de que você volte para as mãos do seu senhor antes de a minha hora chegar. – repetiu ele para a rainha, que parecia observá-lo com atenção através de seus olhos reluzentes. Ele não gostaria de saber que conseguiu recuperá-la de Caswalan apenas para perdê-la em um lugar tão repugnante quanto Newgate. Mas não precisa ter medo, Milady. Vou pensar em uma maneira de tirá-la daqui, se tiver tempo suficiente. Se Deus me ajudar, eu terei.
Os olhos dourados, brilharam mais uma vez. Thiago bocejou e enfiou-a em seu bolso, procurando mantê-la a salvo.
- Eu teria o maior prazer em ficar a noite inteira na sua companhia – disse ele, dessa vez dirigindo-se a pedra da luz – porém receio que os guardas vejam o seu brilho e a levem embora. Não precisa ter medo. Quando eu encontrar uma maneira de tirar a rainha daqui, você também irá embora.
A pedra parou de brilhar naquele exato momento, e Thiago alisou a fria superfície por alguns segundos antes de colocá-la no bolso ao lado da rainha.
Ele bocejou outra vez. Então fechou os olhos e concentrou seus pensamento em Lily para manter o desespero afastado. Como todo mundo, não gostava de estar preso. Aquela era sua mais longa temporada na prisão, mas antes sempre houvera a companhia de Sirius. A lembrança do amigo lhe trouxe uma série de novas preocupações a mente. Estaria bem sozinho? Fazia tantos anos que os dois viviam juntos em uma vida de falcatruas.Um completava o outro, porém havia ocasiões, com certa freqüência, em que a educação e criação de Thiago serviam para serenar situações em que o comportamento de Sirius não lhe permitia agir da melhor maneira. Em todos os negócios deles, Thiago era o responsável, comandando as ações, investindo o dinheiro e... Ele abriu os olhos e se levantou. Sirius não saberia como pegar seu dinheiro. O que seria daquele homem?
Thiago ficou com os lhos abertos, fitando a escuridão durante um longo tempo, tomado pelo medo incontrolável de que Sirius ficasse perdido sem sua ajuda, até que conseguiu raciocinar com mais clareza e admitir que seu amigos era uma pessoa extremamente capaz. Era melhora ladrão e muito mais malandro do que ele. Na verdade, a situação era bem diferente. Thiago precisava de Sirius, e não Sirius de Thiago. Se Sirius Black quisesse tomar posse de seu dinheiro, ele simplesmente entraria no banco e o roubaria.E depois, pensou Thiago. Fechando os olhos outra vez, ele se estabeleceria em alguma parte distante da Inglaterra e construiria uma bela casa. Sim, Sirius tinha extremo bom gosto e saberia fazer uma bela mansão para viver com a esposa. Então os dois viveriam na mais perfeita paz, criando pequenos moleques, todos parecidos com o pai. Talvez um até se chamasse Thiago. A idéia o fez sorrir. Ele virou a cabeça para o lado, procurando uma posição mais confortável e adormeceu alguns minutos mais tarde.
Thiago se enganara ao achar que não conseguiria dormir. Ele dormiu profundamente. Até sonhou. E foi um sonhos bastante agradável.
Lílian e ele estavam casados, vivendo em uma bela propriedade localizada no topo de uma montanha com vista para o mar. Tinham dois filhos, um menino e uma menina, lindos, ela com cabelos ruivos e ele com cabelos escuros, como os pai. Ambos corriam de um lado para outro, brincando sem parar. De repente, a rainha de xadrez surgiu, e todo o resto desapareceu. Estava vela e majestosa... e lhe fez uma mesura, chamando- pelo nome que Lílian lhe dissera, Lorde Potter. Ela apontou para o mar, porém não havia mais água mas sim uma multidão de pessoas. Seus filhos com Lílian, Thiago quase não acreditava no que via, uma série de seus descendentes. A visão lhe proporcionou um grande orgulho.
Ao nascer do sol, Thiago despertou, notando que estava deitado. Olhou para o teto por alguns instantes, tentando compreender o sonho.
- O que foi isso? Um sonho de Abraão? Devo estar ficando louco.
- É mesmo? – disse uma outra voz – O que é isso? Abraão?
Thiago abriu os olhos e viu que era observado por alguém. O rosto tinha olhos azuis extremamente brilhantes e uma longa barba branca. E sorria.
Ele esfregou os olhos e sentou-se.
-Quem é você?
O homem se endireitou e continuou a fitá-lo com um sorriso nos lábios. Era alto e magro, com feições delicadas, e vestia um elegante manto púrpura.
- Sou Alvo Dumbledore Evans - disse ele - E você é Thiago James Potter, e não Abraão.
- Alvo Dumbledore Evans – repetiu Thiago, imaginando se havia algo de errado com sua mente. Com certeza não escutara direito. - Lílian está bem? A salvo? Onde ela está, em Londres?
- Ainda não – respondeu Alvo, sempre sorrindo. – Entretanto, eu vim buscá-lo a pedido dela. Você deve voltar comigo para Metolius.
- Não, eu serei enforcado – contou Thiago.- Ou executado de qualquer outra maneira. Eu a seqüestrei. Todavia, fico contente por tê-lo encontrado, pois tenho algo que pertence ao seu irmão, tio de Lílian. – Ele enfiou a mão no bolso e tirou a rainha estendendo-a para o homem – Está em perfeito estado. Cuidamos muito bem dessa preciosidade.
- Muito bem – Disse Dumbledore, satisfeito. – Culain ficará muito contente quando você lhe devolver a rainha. Mas você precisa entregá-la pessoalmente para que ele possa lhe agradecer. Agora, vamos James, pois deixei minha sobrinha, a srta. Petúnia, me esperando na sala de guarda. Só deus sabe os problemas que ela pode causar se ficar muito tempo sozinha. – Ele virou-se e saiu da cela, fazendo um sinal para os dois guardas que o aguardavam do lado de fora.
Tentando compreender o que acontecia, Thiago balançou a cabeça, depois se levantou e Seguiu Dumbledore.
- Milorde, temo que o senhor não tenha compreendido direito. – Ele colocou a mão no braço de Alvo para fazer com que parasse e o escutasse. – Eu seqüestrei Lílian, sua sobrinha. Eu a levei contra sua vontade e a mantive prisioneira. É um crime passível de pena de morte.
- Sim, é verdade – concordou o homem, afagando-lhe a mão – mas sei que Lílian ficará muito brava comigo se eu permitir que algo tão cruel lhe aconteça. E não se preocupe, porque o que aconteceu entre vocês dois era para ter acontecido. Nós sabíamos de tudo desde o principio. E agora que finalmente o encontrei, pretendo levá-lo a Metolius. Eu juro, minhas irmãs não vêem a hora de conhecê-lo. Não imagina como foi difícil convencê-las a não vir buscá-lo sozinhas. Tínhamos, porem, que esperar pela carta de Lilian – disse ele, em tom mais confidencial – Precisamos tomar muito cuidado para que ela pense que foi tudo idéia dela. Lílian não gosta de saber que descobrimos as coisas antes de acontecerem. Tenho certeza que você concorda, conhecendo-a tão bem.
- Ah... sim – balbuciou Thiago, ainda confuso – Com certeza.
- Muito bem. Agora vamos subir para tentar tirá-lo daqui. Imagino que Petúnia já tenha cuidado de tudo sozinha. – Ao pisar no primeiro degrau da escada, ele olhou para trás – Ela é muito parecida com Lílian. Tem um bom coração, mas gosta de resolver tudo sozinha.
- Obrigado pelo aviso, senhor. – disse Thiago, rindo.
Os dois seguiram até o salão de guarda, onde, ao avistar a Srta. Petúnia, Thiago teve a certeza de que, se havia alguém que pudesse convencer o diretor de Newgate a libertar um prisioneiro, essa pessoa era aquela mulher.
Loira, com os olhos verdes brilhando e toda vestida de preto, Petúnia era o tipo de mulher difícil de não se olhar. O tipo de mulher estonteante, e tinha plena consciência dessa qualidade. O tipo de mulher que exalava sensualidade com grande convicção. Os olhos verdes eram cativantes, mal escondendo a promessa de prazer. Thiago, menos suscetível ao poder que algumas mulheres exerciam sobre os homens, conseguiu se libertar daquele olhar hipnotizante. Os outros homens do salão, com exceção ed Alvo Dumbledore Evans, não tiveram a mesma sorte. Rodeavam-na como um bando de idiotas, boquiabertos, prontos a fazer tudo que lhes fosse ordenado.
Ignorando-os, a Srta. Petúnia puxou sua elegante capa preta, fechando-a sobre o peito, e caminhou para frente, movendo-se como se estivesse flutuando e não andando.
- Aqui esta você, mestre James. Eu estava pensando que não viria mais. Sargento – chamou ela, dirigindo-se a um dos homens que a atendeu prontamente. – Meu tio assinará a documentação necessária. Depressa, por favor.
Tudo foi feita com tamanha facilidade que Thiago, tendo vivido uma série de escapadas em sua vida, não conseguia acreditar que, momentos depois, encontrava-se dentro da mesma carruagem de onde seqüestrara Lílian .

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N/A : Ai gente, mil perdões, esse capitulo já tava a uma década salvo no pc.. eu atualizei no fanfiction mas não na FB... Oh Deus.. desculpa... e o fato de eu não estar att ela.. é pq eu perdi os papeis onde a historia estava escrita... completa... >.< , mas eu vou procurar e atualizar o mais rápido possível..

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