Capitulo 5



Capitulo 5



O quarto era bem melhor do que Tiago esperava. Jamais poderia imaginar que Bostwick tivesse um aposento tão limpo e bem-cuidado em sua taverna, e tão escondido. Ficava do outro lado do salão principal, e quase não se conseguia escutar a gritaria.



Era um dormitório pequeno, porem limpo e preparado para a chegada de duas mulheres, com duas camas, duas cadeiras, uma mesa e três velas, que Bostwick acendeu depressa. A lareira, que ficava do lado da janela, brilhava, afastando o frio da noite.



- Esse fogo não as aquecerá tanto quando o fogo da taverna – disse Bostwick, observando as duas tremendo-, mas há algumas mantas na cama. Você podem tirar a roupa e se aquecerem como quiserem.



Ammy arregalou os olhos.



- Coloque as roupas perto da lareira que elas estarão um pouco mais secas ao amanhecer. Entretanto, seria mais interessante se você o fizessem na taverna.



Tiago olhou para Lílian a fim de testemunhar a reação da jovem diante daquele comentário, e não se desapontou com o que viu.



O rosto dela, pálido de cansaço, frio e fome, se iluminou com duas manchas vermelhas.



- Nos preferiríamos nos jogar no fogo a entregar nossas roupas a vilões tão vergonhosos, ainda mais neste estabelecimento horroroso. – disse ela, com o tom de voz digno de uma rainha – No caso, o seu estabelecimento, sr. Bostwick, não nos agrada nem um pouco.



As ultimas três palavras foram tão frisadas que não restou nenhuma duvida sobre a desaprovação de LÍLIAN.



- Alem disso , sr. Bostwick, nossas roupas estariam defumadas pela manha, o que nos impediria de usá-las. Não tenho a menor duvida, entretanto, de você e seu povo não se importam com o odor. – disse ela finalizando a frase com um olhar de desdém.



Tiago teve de segurar o riso ao ver a expressão de espanto no rosto de seu amigo. Por Dês, que língua afiada! O pobre Bostwick decerto jamais escutara algo parecido.



- Pelo amor de deus, Tiago – murmurou ele, olhando espantado para Lílian , como se ela realmente fosse uma rainha – você trouxe verdadeiras damas para minha humilde taverna. Nos nunca tivemos hospedes tão ilustres – Bostwick esfregou o queixo, pensativo – Então milady você terá de se contentar em usar roupas milhadas pela manha se esse é o seu desejo.



- é sim – respondeu LÍLIAN, com indiferença.



Bostwick ficou ainda mais impressionado. Ele se afastou e fez uma mesura.



- Eua as deixarei em paz, milady. Pedirei a uma das garotas para lhes trazer comida e bebida. Eu garanto que lhes será servido o melhor que temos aqui – Agora Bostwick parecia querer ganhar a aprovação de Lílian – E nenhum dos homens, a não ser Tiago e Sirius, entrarão neste quarto sem permissão. Não admitirei que ninguém moleste damas tão finas na minha taverna. Pode descansar sossegada milady.



Tendo dito essas palavras, Bostwick fez mais uma mesura e se retirou, batendo na parede antes de encontrar a porta.



- Olhe como você assustou o pobre Bostwick srta. Lílian – brincou Tiago – que vergonha!



- Por favor, saia Potter – pediu ela , ignorando a brincadeira – E leve seu amigo junto. Nos estamos cansada, e vocês querem a companhia de seus amigos. E das amigas....



Tiago assentiu, sabendo que era a verdade. As duas estavam exaustas.



- Vocês estarão a salvo, como Bostwick prometeu. Não permitirei que nenhum homem entre neste quarto, a não ser nós. Você e a srta. Ammy podem descansar sossegadas.



- Não haverá necessidade de vocês entrarem – disse ela, soltando Ammy, que sentou-se na cama.



Sirius desamarrou sua capa e ofereceu-a a jovem, que tremia sem parar. Ammy, recusou claramente não querendo aceitar a ajuda de um dos seqüestradores.



- Eu já lhe prometi que não tentaremos escapar durante a noite.



Tiago colocou as mãos no encosto de uma das cadeiras a fim de determinar a resistência das mesmas.



- Nos também precisamos dormir – disse ele- você não nos negaria conforto dessas camas, que foram preparadas para nós.



Com habilidade Tiago levantou ligeiramente o olhar no momento em que proferiu a ultima palavra, tornando sua expressão perfeita. Durante muito anos, ele tinha praticado os melhores métodos de derrete o coração de uma mulher. A srta. Lílian poderia provar ser uma de seus presas mais difíceis, porem não resistiria aquele olhar sensual. Tiago usou seu melhor tom de voz. Uma mistura de inocência e malicia, que conquistara a maioria dos corações femininos na Inglaterra e na França. Mesmo sua mãe uma mulher bem-nascida e elegante como sua prisioneira, não conseguia resistir.



Entretanto, a srta. Lílian Evans resistiu.



Para consternação de Tiago James Potter, ela franziu o nariz como se estivesse diante do ser mais desprezível da face da terra, ignorando-o completamente.



- Não vejo motivo para você não ficar na taverna com os seus amigos, seja divertindo-se , seja dormindo. Aposto como daqui a algumas horas eles se acalmarão. E duvido que as mulheres permitam que você as deixe tão cedo, ainda mais para dormir. Você e seu amigo estão muito ocupados esta noite para voltarem a um quarto humilde como este, Tiago James Potter. Saiba que aqui você não fará nada alem de dormir.



Pela primeira vez depois de muito anos, Tiago experimentou uma sensação de irritação na presença de uma mulher. Era algo alem de raiva ou derrota. Ele sentiu-se.. Feio. Sem atrativos. Desprezado. Tais emoções não lhe eram desconhecidas. Longe disso. Desde o dia de seu nascimento, Tiago soube como não fora desejado, o único bastardo em uma família de filhos legalmente reconhecidos, apenas de todo o amor que seus pais demonstravam. Mesmo seu sobrenome era diferente do dos irmãos: James Potter e não apenas Potter. Estava alem de suas forças mudar ou controlar aquela situação.



Por outro lado, com as mulheres... Se nunca conseguira controlar nada em sua vida, Tiago pelo menos conseguia controlas as mulheres.



Menos Aquela.



- Você tem uma língua bem afiada srta. Lílian – disse ele antes de se dar conta, tão irritado que nem sabia direito que falava - , e a usa demais. Não é de se espantar que ainda seja solteira. E não tenho a menor sombra de duvida que continuará assim por muito tempo.



Foram as palavras mais cruéis que ele poderia ter dito a uma mulher. Mais dolorosas do que qualquer golpe de adaga. Tiago se arrependeu de sua grosseria no mesmo instante.



Ele olhou para a srta. Lílian que tinha os olhos arregalados e a face pálida. Sirius, ajudando a srta. Ammy, virou-se para Tiago, incrédulo.



- Milórde! – exclamou o amigo, incapaz de se conter, revelando todo o seu espanto. Sirius era um órfão que fora educado pelos mais cruéis bandidos e assassinos que existiam na terra, portanto não tinha sentimentos a não ser no raros momentos em que Tiago exagerava.



Como ele acabara de fazer, atacando uma mulher vulnerável. E não importava que a jovem fosse briguenta e adorasse discutir.



- Perdão – desculpou-se Tiago, incapaz de encará-la – Eu não deveria ter sido tão ... – Ele blasfemou, sabendo que não havia como se desculpar por seu péssimo comportamento. – Boa noite – foi tudo que Tiago disse antes de se retirar.



Sirius saiu correndo atrás, e segurou seu mestre e amigo pelo braço antes que ele alcançasse a escada que os levaria de volta á taverna.



- Pelo amor de Deus! O que foi aquilo? – ordenou ele.



- Nada! – resmungou Tiago soltando-se – Ela me irritou . Você escutou muito bem a nossa conversa.



- Eu escutei o que você disse.



- Então. Ela me irritou.



- As mulheres não costumam irritá-lo – comentou Sirius – Nunca. Você não se incomoda com o que elas dizem, a não ser quando se trará de sua mãe ou irmãs. Entretanto, um dia na companhia da srta. Lílian Evans alterou completamente seu comportamento. Não estou gostando nada disso. Nem um pouco.



Tiago passou as mão pelos cabelos, exasperado.



- Nem eu. Não estou acostumada a lidar com mulheres perspicazes. –admitiu ele – Vamos descer. Quero uma bebida.



- Eu preciso de uma – falou Sirius seguindo-o.



No quarto, Ammy olhava para sua amiga com os olhos arregalados.



- Ele não sabe o que diz – comentou ela- Pelo visto, Tiago James Potter esta acostumado a ter as mulheres a seus pés.



- Também acho – respondeu Lílian , engolindo a dor que as palavras haviam lhe causado. Mas era tolice se magoar. Ela sabia que não possuía nenhum atrativo. E também não se importava com o que Tiago James Potter pensava a seu respeito. Ele era um bandido, mau-caráter e canalha. Nenhuma pessoa de calor se preocuparia com as palavras ou pensamentos de um homem como aquele.



Os tremores de Ammy trouxeram de volta a realidade, e ela começou a tirar sua capa ensopada.



- Tire sua roupa. Depressa. – ordenou ela – A porta não tem chave, mas eu ficarei de guarda até que você tenha se enrolado na anta- com um movimento rápido Lílian jogou a capa em cima da cadeira e encostou-se contra a pesada porta do quarto.



Ammy levantou-se e começou a desamarrar sua capa, que colocou em cima da outra cadeira.



- Essa pequena lareira jamais secará nossas roupas ate o amanhecer – disse ela abrindo os botões de seu vestido com os dedos gelados – O sr. Bostwick tem razão. Ah meu Deus, eu não consigo tirar o vestido. Esta muito molhado e pesado.



- Venha ate aqui para que eu a ajude – instruiu Lílian – Precisamos ser rápidas, antes que nos tragam a comida e bebida que prometeram. Juro que não conseguirei comer enquanto não estivemos secas e um pouco aquecidas – Ela auxiliou a amiga a abaixar as mangas compridas do vestido liberando-lhes os braços.



- Que frio! – reclamou Ammy, arrepiada – Com vamos conseguir nos aquecer?



Lílian apontou para uma das camas.



- Tire suas roupas intimas, depressa, e enrole-se em uma das mantas. Vou secar suas roupas primeiro, e quando você estiver vestida de novo, será a minha vez.



- Mas como nos aqueceremos Milady? – perguntou Ammy, despindo-se o mais rápido possível e envolvendo-se com a manta.



- Espero que isso funcione- murmurou Lílian, desamarrando a pequena bolsa de couro presa em sua cintura – Eu vi meu tio usando este pó em uma situação parecida, embora admita que gostaria ter prestado mais atenção. Não sei ao certo quanto usar , nem se adiantará, mas precisamos tentar. Estenda suas roupas aqui no chão. Depressa Ammy!



- Acho que só uma pitada – falou ela, momentos depois, enfiando a mão na bolsa para pegar uma pequena quantidade de grãos brilhantes.



Inspirando devagar, ela abriu a palma da mão sobre as roupas a sua frente e soprou com calma. Os grânulos fora caindo, brilhantes, como se estivessem vivos. Lílian sabia que se tratava apenas de ilusão. Logo uma fumaça púrpura se formou e se espalhou pelo quarto.



- Esta seco!



Ammy abaixou-se no mesmo instante para confirmar.



- é mesmo! – exclamou ela, verificando suas roupas intimas e sapatos – Esta tudo seco! Funcionou! Que deus e seu tio sejam louvados! Eu sempre soube que a magia dele era poderosa, mas é bem mais do que eu imaginava.



- Não é magia Ammy – falou Lílian – é alquimia, uma combinação benéfica de alguns elementos da natureza. Não há nenhum tipo de mágica.



- É o que a senhora diz, milady – respondeu Ammy, levantando-se com suas roupas - , mas é a única a pensar assim.



Lílian não se incomodou em discutir. Estava com muito frio e molhada para se preocupar naquele momento sobre a opinião do mundo a respeito de magia.



- Eu nem acredito – murmurou ela, aliviada dez minutos depois, terminando de abotoar seu vestido – Juro que nunca mais brigarei com Tio Albus por passar tanto tempo em sua sala de trabalho.



Uma batida na porta anunciou a chagada da comida que o sr. Bostwick prometera. Era simples, porem quente e vem preparada. Lílian teve a impressão de que jamais comera algo tão saboroso m toda a vida. Havia pão quente com semente de erva-doce, uma sopa rala de legumes, fatias de queijo forte e, o mais surpreendente em uma taverna tão tosca quanto aquela, deliciosos bolinhos de amêndoas. O vinho que acompanhava a comida estava um pouco acido, mas a jovem também lhes trouxera cerveja. E embora não estivessem acostumadas a beber, Lílian e Ammy secaram suas canecas.



Pouco depois, as duas decidiram se deitar, contentes e aconchegadas. Lílian se esqueceu completamente da pedra brilhante e da peça de xadrez em sua capa, agora seca, pendurada na cadeira. Ela pegou no sono assim que se deitou e nem se mexeu quando Tiago, entrou mo quarto, minutos depois da meia-noite.



- Santo Deus! – murmurou ele- Acho que bebi demais.



Ele fechou os olhos e balançou a cabeça, mas não adiantou nada. Quando reabriu os olhos, a capa continuava a brilhar com menor intensidade.



- Mas o que significa isso? – Tiago foi até a capa e tocou-a com cuidado- Esta seca! Como pode ser? É impossível!



Olhando depressa para a cama onde Lílian dormia, Tiago pegou a capa e enfiou a mão nos bolsos. Não demorou muito para encontrar alguns objetos, afinal de contas era um excelente ladrão.



- Minha nossa! -Sussurrou Tiago, olhando para sua mão.A pequena pedra que Coll roubara de Lílian , aquela pequena e insignificante pedra, brilhava mais do que a lua. E brilhava tanto que todo o quarto estava iluminado. Entretanto, a pedra estava tão fria quanto ante, reluzindo sem emanar calor.



Feitiçaria.



Só podia ser feitiçaria.



Sir Tom comentara que os rumores sobre a família Evans eram falsos, e Lílian dissera o mesmo, mas com certeza aquilo era magia. Com cuidado, ele encostou a peça de xadrez ao lado da pedra, imaginando qual seria o poder daquele objeto. Talvez a rainha falasse, ou fizesse profecias. A simples idéia o arrepiou todo.



- Ladrão!



De repente a pedra e a peça de xadrez não estavam mais em sua mão. Tiago sentiu um golpe no ombro e se virou para deparar-se com a srta. Lílian . O golpe doeu mais nela, o que a enfureceu ainda mais.



- Como você se atreve a mexer nas minhas coisas? – berrou ela, alto o suficiente para que toda a taverna escutasse, mesmo com a barulheira.



Tiago levou o dedo aos lábios.



- Fale baixo para não acordar sua amiga.



- Eu não me importo se ela acordar! – exclamou Lílian segurando a pedra e a rainha contra seu peito. – O que quer com as minhas coisas? Você me deu sua palavra de honra, jurou que estaríamos a salvo neste quarto, que não havia o que temer.



- E é verdade 0 respondeu Tiago, irritado por ter sua honra questionada. Era um bandido, mas mantinha seus juramentos como qualquer cavalheiro da realeza o faria – Eu não roubei nada, e só vim ate aqui para ver se vocês estavam bem e confortáveis – Ele chegou mais perto encontrando o olhar furiosa de Lílian - E quando abri a porta, deparei-me com sua capa brilhando, por causa da pedra que lhe tinha sido roubada. Pensando bem, agora compreendo o motivo do seu nervosismo naquele momento, Não era fraqueza que fazia sua mão tremer quando eu lhe devolvi a pedra, mas o pavor de ter um objeto tão precioso roubado.



- Não, foi a alegria de recebê-lo de volta. – Ela abriu a palma da mão estendendo-a – Você queria que alguém encontrasse isto? Uma pedra brilhante? Queria?



Não, não queria, admitiu Tiago em silêncio , porém em sua família não havia feiticeiros.



- é algum tipo de mágica- disse ele – Não há como negar.



- Nego. E com veemência . Essa pedra brilha apenas por possuir os elementos certos. Não é diferente do carvão que brilha com o fogo, ou de diamante, que reflete luz colorida.



Tiago balançou a cabeça.



- Não é só isso – disse ele, esfregando um pedaço de tecido da capa de Lílian entre os dedos – Suas roupas estão secas. Sua capa esta seca . E não faz em duas horas que você estava ensopada. – Tiago tocou-lhe os cabelos – Seus cabelos ainda estão molhados. Eu ainda estou molhado, apesar de ter ficado na frente da lareira. E aposto com as roupas da srta. Ammy também estão secas. Se não se trata de magia, srta. Lílian, então peço que me explique o que é.



A face expressiva de Lílian, iluminada pela pedra brilhosa, encheu-se de desdém que o deixara nervoso horas atrás.



- Eu sou sua prisioneira, Tiago James Potter. A não se que você ameace me bater, não pretendo lhe dar nenhum tipo de explicação.



Ela se abaixou, pegou a capa no chão, e enfiou imediatamente a pedra brilhante e a rainha de volta em um dos bolsos. A iluminação no quarto diminui, e a capa voltou a reluzir.



Lílian levou-a consigo para a cama e não disse mais nenhuma palavra a Tiago.



Ele ficou parado dentro do quarto por mais alguns instantes, escutando o barulho da taverna, os gritos e risada. A srta. Lílian estava de costas , com o rosto virado para a parede, mas o brilho da pedra iluminava-lhe as feições.



Tiago suspirou, sabendo que enfrentaria grandes dificuldades nos meses seguintes. Lembrou-se da brincadeira de Sirius, que dissera que a srta. Lílian se apaixonaria no momento em que o visse, e ele concordara. Como tinham se enganado.... E agora tinham uma preocupação a mais com aquelas duas prisioneira. Uma pedra que brilhava e a misteriosa rainha de xadrez, alem de magia.



Ele não esperava por isso, o que o deixou confuso. Estava preparado para enfrentar a ira do irmão da srta. Lílian, mas como poderia se defender de feitiçaria?





N/A : como prometido eis o quinto capitulo... huehuee... essa capitulo foi mais para explicar a magia... e explicar como o Tiago viu a magia da família da Lílian...^^.. bem o próximo capitulo em segunda ou terça, mas eu sempre posto de noitezinha , o próximo capitulo é o que eu mais gosto.. um dos.. heuehueu é muito engraçado.... Bem.. hm.... Uma autora de fanfic espera comentários heuheuheue... bjoksss.

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