St. Mungus



 | Do Nosso Jeito |




Capítulo Sete - St. Mungus Doenças e Acidentes Mágicos




"Duas luas sobre a Terra
Apoiadas nos meus ombros
Iluminam os escombros
Da nossa última guerra
"


 


 


    Ron continuava estranho. Não falava muito, passava bastante tempo pensando. Harry não sabia mais o que fazer. Eles tinham destruído o Medalhão de Slytherin juntos, mas Harry supunha que a visão do beijo com Hermione perturbava Ron muito mais do que a ele mesmo.


Ele se pegara pensando nisso algumas vezes.


No beijo.


Não tinha como não pensar. Via Hermione todos os dias, e, de uma forma ou de outra, era obrigado a encará-la.


Harry dissera a Ron que a amava como uma irmã. Bem, ele não sabia disso, pois nunca tivera uma irmã, mas sabia que era a primeira vez que admitia que realmente amava alguém.


Hermione permanecia brava com Ron, totalmente alheia aos acontecimentos, totalmente alheia ao beijo fantasioso em seu melhor amigo, e o ciúme do seu amado. Nem pareceu notar quando Harry usou o “Engorgio” na chama de uma vela, e quase incendiou a tenda onde eles estavam vivendo.


E Ron, permanecia silencioso, por mais que Harry estivesse mais do que feliz pelo fato de o amigo ter voltado.


Era o começo de Janeiro, e as coisas pareciam mais nubladas do que normalmente. O turno de ronda de Harry – que durara a madrugada inteira, pois ele não quis acordar Hermione – acabara, e ele foi substituído pela amiga.


Entrou na barraca, e esticou as costas, quase gemendo de dor, seus músculos duros por terem permanecido na mesma posição durante muito tempo.


O Weasley estava sentado na mesa de madeira, rabiscando em um pergaminho. Harry o observou de longe, riscar algumas palavras, parar, depois escrever durante minutos a fio. Estranhando, Harry chegou perto.


Ron se sobressaltou, colocando propositalmente os braços em cima das letras que escrevera.


–Ei! Harry!


–O que você está fazendo? – Perguntou, desconfiado.


–Eu? – Ron riu, parecendo nervoso. – Nada! Onde está Hermione? – Acrescentou, querendo mudar de assunto.


–Fazendo vigia – respondeu Harry, cerrando os olhos. – Você está aprontando alguma coisa... Não está pensando titica por causa do... – Ele baixou a voz, e revirou o cômodo com os olhos, mesmo sabendo que Hermione não estaria ali. – Bem, por causa do que vimos naquela Horcrux.


Ron ficou rígido, demonstrando o quanto aquele assunto o irritava.


–Não é nada – respondeu, depois de um momento, agora muito sem graça.


Harry, ainda não convencido, tentou ver o que Ron escrevia, mas o ruivo foi mais rápido, puxando o pergaminho das vistas do amigo. A única coisa que conseguiu ler, foi:


“Harry, se você estiver lendo isso...”


–Se você diz que não há nada entre você e Hermione, eu acredito – dizendo isso, Ron se levantou rapidamente, guardando suas coisas nos bolsos. – Eu vou atrás dela, e tentar fazer com que ela coma alguma coisa.


E saiu, deixando Harry sozinho.


 


*


 


Harry desejou que sua Capa da Invisibilidade tivesse também o poder de lhe proteger do frio. Ele se encolheu, embora ela fosse grande o suficiente para cobrir-lhe toda. Tinha uns vinte minutos que ele seguia três trouxas de perto, esperando que eles finalmente parassem em algum lugar e permanecessem a tempo de permitir que ele realizasse seu plano.


Finalmente os três trouxas, empacotados com suas roupas de frio e entalados de tantos doces e guloseimas natalinas, pararam em uma das vitrines luminosa – embora fechada – de uma loja de roupas e depois de dirigiram à uma sorveteria.


Harry se impacientou, pois estava muito frio para aquelas pessoas tomarem sorvete, embora aquele fosse o único estabelecimento aparentemente aberto naquele dia de natal.


Os três trouxas sentaram-se à mesa perto da calçada, o que facilitava a vida do bruxo. Ele se esgueirou de seu esconderijo, tendo o cuidado de colar a Capa ao corpo, e se aproximou da sorveteria a passos pequenos.


Se fosse rápido, conseguiria o que queria e aparatava dali antes de se formar um estardalhaço muito grande.


Chegou perto do homem, pois pensou que ele talvez não fizesse escândalo. Aproximou-se e puxou um fio de cabelo do rapaz, tirando e enfiando a mão na Capa com rapidez. O homem coçou a cabeça, mas nada falou, como se tivesse imagino ter sentido alguma coisa.


As duas outras pessoas não reagiram tão bem à dor, mas Harry foi mais rápido, arrancando mais dois fios de cabelo e fugindo para um beco. Tirou a capa por um segundo e aparatou, segurando os fios com firmeza.


Quando se materializou de volta ao acampamento, Hermione estava do lado de fora, os braços cruzados e uma expressão preocupada, e Draco estava sentado na árvore, abraçando os joelhos e o olhar perdido.


Assim que viram Harry, os dois se sobressaltaram. Draco se ergueu na mesma hora, o rosto apreensivo, e Hermione simplesmente se jogou nos seus braços, murmurando um “Graças a Deus”.


Harry retribuiu o abraço, sentindo-se ligeiramente leve.


Ela o largou com o rosto afobado, e mordeu o lábio. Malfoy se aproximou timidamente.


–Conseguiu? – Ele perguntou, sem conseguir conter a curiosidade.


–Sim.


Hermione deu um sorriso confiante, e Harry sentiu seu coração se aquecer. Ele abriu a mão e mostrou os três fios de cabelo de diferentes tamanhos e tonalidades. Deu o maior para Hermione, e um outro para Malfoy, ficando com o último. Hermione correu para pegar sua bolsa extensiva e pegou um enorme frasco de Poção Polissuco. Distribuiu em três copinhos descartáveis e entregou aos dois garotos.


–Parece até que você roubou o estoque do velho Olho-Tonto Moody – comentou Draco, observando com asco sua poção borbulhar assim que colocou o fio de cabelo.


–Ah, cale a boca! – Reclamou Hermione, com irritação na voz. Harry olhou para ela, curioso, e pôde ver um rubor subir pelo seu pescoço.


–Vamos logo com isso – falou, e virou a frasco, bebendo todo o líquido em um único gole. Fez careta, embora a poção não tivesse gosto tão ruim como as de Crabble e Goyle, por exemplo.


Quase que instantaneamente, ele cresceu alguns poucos centímetros, os cabelos ganhando um tom loiro e os músculos, massa muscular. Hermione fez um aceno com a varinha, e suas roupas iam se adequando ao seu corpo de acordo com a nova forma. Após toda a transformação, Harry agora era um trouxa alto e forte, com cabelos em corte militar e visão perfeita, o que o obrigou a deixar os óculos de lado.


Hermione virou a sua poção, e Harry fez o mesmo aceno na varinha, ao passo que Draco olhava para tudo, muito desconfiado.


A garota também ganhou alguns centímetros, mas ainda assim permanecia bem mais baixa que Harry e Draco. Seu nariz cresceu, e seus cabelos foram estirados, batendo agora quase na cintura.


–Como se sente sendo bonita pela primeira vez, Granger? – Perguntou Malfoy, debochando, tentando esconder o nervosismo.


–Não me faça quebrar o seu nariz a socos – rosnou Harry, mostrando os músculos recém-adquiridos.


Draco engoliu a seco, olhando para a poção em sua mão pela décima vez. Estava suando frio.


–Escute, Potter, se você estiver armando para me envenenar...


–Se eu fosse te matar, Malfoy, pode ter certeza que eu iria fazer questão de ser com minhas próprias mãos – ele fingiu estar torcendo um pescoço. – E que houvesse muito sangue envolvido.


–Pare com isso, Harry – pediu Mione, vendo a cor sumir do rosto do loiro. – Tome logo essa Poção, Draco, o tempo está passando!


Sem hesitar nenhum segundo mais, Draco Malfoy virou o líquido na boca, bebendo até a última gota da Poção de gosto doce.


–Pensei que vocês eram amigos – comentou Harry, olhando para Hermione.


Ela revirou os olhos.


–Essa é a noção que ele tem de amizade. Principalmente quando está perto de você.


O rosto de Malfoy ainda se contorceu de raiva, antes de tomar outras diferentes feições. Seus cabelos loiros cresceram e encaracolaram. Seu olho ganhou um tom azul, e sua estatura diminuiu quase 50 centímetros. Seu nariz afinou e diminuiu, suas sobrancelhas tornaram-se menos espeças, seu queixo arredondou, e seu corpo inteiro emagreceu, tornando-se esguio e pequeno.


Ele era agora uma linda garotinha de oito anos, loira e com um rosto angelical.


Hermione contraiu os lábios, mas não se conteve. A risada escapou alta, e não demorou para que seus olhos se enchessem de lágrimas e ela perdesse o fôlego. Ao seu lado, Harry também ria, mas tinha principalmente uma expressão de triunfo no rosto.


Draco ficou muito vermelho, olhando para os seus braços alvos e ainda rechonchudos. Seu corpo tremia tamanha a sua cólera.


Potter! – Ele berrou, se aproximando do homem. – Você-me-paga!


Hermione ainda estava rindo demais e Harry ainda estava a admirando para impedir o fato seguinte: Malfoy chegou perto o suficiente e largou um forte chute na canela de Harry, com a perninha pequena. Harry sentiu a pancada contra seu osso, doendo o tanto que um chute de uma criança pode doer.


–Seu idiota! – Disse, massageando a área. – Se ficar roxo, eu juro por Mérlin, Malfoy, você vai se arrepender de ter nascido!


Malfoy pegou impulso para avançar contra Harry de novo, mas este, agora preparado, segurou-o pela testa. O sonserino se debateu, tentando bater na barriga de Harry, mas estava longe de alcançar. Hermione, controlando a gana de cair na gargalhada novamente, limpou os olhos cheios de lágrimas e disse:


–Já chega, vocês dois! Temos pouco tempo antes de o efeito passar, e temos que achar nossos amigos!


A menção de Neville, Luna e Astória fez Harry soltar Draco. Este ainda tinha o rosto furioso, mas não avançou novamente, apenar ajeitou as vestes amarrotadas e virou-se de costas.


–Ok – disse Hermione, parecendo conformada, olhando a bizarra menininha. – Harry, qual é o plano?


–Bem – começou Harry, olhando de esgueira para as costas infantis de Malfoy, como se esperasse outro ataque repentino. – Nós somos um casal trouxa, eu e você. E aquela mocinha bonita – acrescentou, com escárnio, apontando para Draco. – É nossa filhinha. Anime-se, Malfoy. Tenho certeza que você receberá sua carta de Hogwarts, quando fizer 11 anos. Fiquei realmente impressionado com sua percepção mágica.


Hermione cutucou Harry, mas o rosto dela parecia muito divertido.


–Muito engraçado, Potter – retrucou Draco. – Quer um troféu?


–Aonde vamos primeiro? – Interrompeu Hermione, antes que Harry e Draco pudesse começar uma nova discussão.


–Eu pensei nos arredores da casa de Luna – falou Harry, esperançoso. – Mas, para ser sincero, esperava uma opinião do Malfoy sobre isso.


Os dois amigos dirigiram os olhos para o sonserino, que continuava de costas, os braços cruzados e a respiração pesada.


–Eu acho que você está sendo sentimental e tem uma esperançazinha de chegar perto da Toca – respondeu finalmente, virando-se e cerrando os olhos em direção a Harry. – Está esquecendo que seus amigos não estão mais lá e está se esquecendo de ser prático.


Harry olhou para Malfoy cheio de desprezo.


–Você mesmo disse que eles poderiam estar lá!


–Longbotton é muito ligado aos seus pais – explicou Malfoy. – Se eu fosse apostar alguns galeões, eu apostaria no St. Mungus.


–Muito bem, então – disse Harry, muito embora não estivesse convencido. Foi até o lado de Hermione e segurou sua mão, como de costume. – Vamos aparatar lá.


Draco não respondeu, e, com um estalo, sumiu. Harry apertou a mão de Hermione uma vez, antes de aparatar também.


Eles se materializaram numa rua do centro urbano de Londres. Antes, ela costumava ser movimentada e barulhenta, mas naquele dia, parecia desabitada e silenciosa.


–Você está bem? – Perguntou Harry, soando mais carinhoso do que ele pretendia.


–Sim – respondeu Hermione, sem largar a mão do amigo. – Somos um casal, certo?


–Certo.


Draco se esgueirou das sombras, na figura de uma menininha. Ele fez menção se segurar a outra mão livre de Hermione, mas Harry foi mais rápido, empurrando-o pelas costas para frente dos dois. Malfoy fuzilou-o com o olhar.


–Nem pensar.


Tropeçando nas pernas muito curtas, Draco foi à frente, e a julgar apenas pelo seu andar, Harry sabia que o sonserino estava aterrorizado. Eles andaram devagar e de modo desconfiado. Tudo parecia anormalmente quieto.


–É Natal – lembrou Hermione, sussurrando em seu ouvido, como se soubesse no que ele estava pensando.


–Sim.


Eles chegaram a uma loja de departamento com tijolos vermelhos e encardidos chamada Purga & Sonda Ltda. Havia uma placa de reforma na loja de aparência miserável e maltratada. Eles se aproximaram da vitrine, e pelo vidro, viram destroços de alguns manequins de perucas tortas e roupas que pareciam ter pelo menos uma década. Era à entrada do Hospital St. Mungus Doenças e Acidentes Mágicos. As vitrines pareciam tão antiquadas que os trouxas nem reparavam as pessoas que acabavam de desaparecer.


Hermione apertou mais a mão de Harry, pois, como ele, começava a lembrar dos momentos que os dois já viveram ali.


–Vamos dar uma volta ao redor – disse Malfoy, parando de andar para falar com os dois amigos. – Talvez encontraremos alguma coisa.


–Você não acha que eles podem estar ali dentro? – disse Hermione, apontando a vitrine com um aceno na cabeça.


–Talvez.


Eles deram umas voltas pelos quarteirões vazios de Londres. Para Harry, havia uma atmosfera estranha pairando pelo ar, com as ruas desertas e a neblina que se instalara sob os céus desde a época de Voldemort. O fato de ser Natal, na opinião dele, não justificava tamanha apatia.


–Não há nada aqui – Malfoy foi o primeiro a admitir em voz alta.


–O que faremos? – Perguntou Hermione, mordendo o lábio inferior em aflição.


Nessa mesma hora, as nuvens movimentaram-se um pouco para a direita, e um fraco raio de sol incidiu nos óculos de Harry. Ele piscou, e soltou a mão de Hermione imediatamente. A garota sentiu aquela liberdade e o olhou com estranheza.


Harry não falou, e se dirigiu novamente à vitrine da loja Purga & Sonda Ltda. Perto do feio manequim de peruca torta, um objeto redondo brilhava. Ele meteu a mão, que atravessou magicamente o vidro, dentro da loja, e sua mão fechou-se sob o objeto, trazendo-o para fora. Hermione e Draco se aproximaram curiosos.


Ele rodou o dispositivo mágico entre seus dedos, a fumacinha de dentro ganhando uma cor vermelha escarlate. Neville, Harry pensou, sempre esquecendo-se das coisas.


–É um Lembrol – disse Hermione, baixinho.


–Não é só um Lembrol – falou Harry, apertando o vidro da superfície na mão. Virou-se para Draco. – É o Lembrol de Neville. Ele ganhou de sua avó no nosso primeiro ano, e você o roubou durante a aula de vôo com Madame Hooch.


–Foi quando você se tornou apanhador da Grifinória! – Completou Hermione, animada.


Os olhos cinza de Malfoy ganharam um novo tom.


–Quer dizer que eles estão por aqui!


–Quer dizer que eles estão lá dentro – corrigiu Harry, o músculo de seu maxilar travando.


–Potter – Malfoy se aproximou. – É muito perigoso. E o efeito de nossas poções vão acabar em pouco tempo.


–Bem... – Harry jogou o Lembrol para cima, e ele rodopiou algumas vezes antes de cair novamente na mão do rapaz. – Você quer rever a sua namorada, não quer?


A frase de efeito foi o suficiente para fazer Draco mover-se. Ele aproximou-se do manequim feio, e falou:


–Vim visitar o Sr. Gilderoy Lockhart, que está na ala Jano Thickey, após ter levado uma pancada na cabeça, em 1992 – forçou a voz e um sorriso infantil. – Sou sua sobrinha.


O manequim ganhou vida, e pareceu observar os cabelos louros da menininha a sua frente por alguns segundos, antes de apontar a entrada do Hospital. Harry, Hermione e Draco deslizaram para dentro do prédio, como fazia na plataforma 9 ¾.


A primeira coisa que recaiu aos olhos de Harry foi o enorme símbolo do hospital, uma varinha e um osso cruzados pendurado na parede e estampados nos uniformes verdes dos funcionários. A recepção, que era normalmente tumultuada, com bruxos sentados em bancos de madeira por todos os lados , estava diferente. A aglomeração de gente passava do nível de tumulto, ficando difícil até de respirar, e estavam todos em pé, parecendo extremamente cansados e enfermos.


Atrás da mesa da recepção, uma bruxa gorda e loura tentava dar informações aos demais pacientes, mas ela estava sendo ocupada por um homem de dentes podres, que segurava uma mulher suja pelos cabelos.


–Eu quero que você dê um jeito nessa mulher – rosnava o homem, com uma voz estridente. – Eu não posso entregá-la assim! – Sacudiu os cabelos dela com força, fazendo-a soltar um gemido de dor. – Ela não se lembra de nada, como dará informações?


–Senhor, eu já lhe disse – explicou a bruxa, parecendo estar à beira da impaciência. – Não há como reverter feitiços de memória!


–Não é um feitiço de memória – disse o homem, entredentes. Ele ergueu a mulher dois centímetros do chão e Harry pôde ver, com horror, um profundo corte na cabeça dela emaranhando de sangue seus cabelos.


–Isso tampouco tem solução! – disse a bruxa, colérica. – Talvez, se o senhor tivesse mais cuidado...


O homem soltou uma risada.


–Não olhem – murmurava Draco, puxando a manga da camisa de Hermione. – É um Caçador, não olhem.


–Essa mulher vai morrer sangrando! – Exclamou Harry, olhando para Hermione com olhos de súplica. – Temos que fazer alguma coisa!


–Não, não temos não! – Disse Draco, com firmeza. – Nós todos vamos morrer, se nos metermos. É uma missão suicida!


Harry virou-se para Hermione, buscando apoio, e, para a sua surpresa, viu no olhar da amiga que ela concordava com Malfoy.


–Mione! – Ele disse, com a voz esganiçada.


–Não podemos, Harry – ela respondeu, com a voz fraquinha, olhando para os próprios sapatos.


–Tudo bem, Senhor, eu já entendi – disse a bruxa do balcão, alto demais, para chamar atenção. – Eu vou lhe encaminhar para um curandeiro estagiário chamado Augustus Pye. Ele usa um método diferente de “costurar ferimentos”. Talvez possa ele lhe ajudar.


Draco puxou Harry e Hermione para o lado, espremendo-se pelas pessoas, até que eles pudessem ver, na parede atrás da bruxa, um cartaz que mostrava onde exatamente o bruxo deve ir de acordo com o seu problema.


 


ACIDENTES COM ARTEFATOS – Térreo


Explosão de caldeirão, retroversão de feitiço, acidentes com vassouras e etc.


FERIMENTOS CAUSADOS POR BICHOS – 1º andar


Mordidas, picadas, queimaduras, espinhas encravadas etc.


VÍRUS MÁGICOS – 2º andar


Doenças contagiosas, tais como varíola dragonina, doenças efêmeras, escrofúngulos etc.


ENVENENAMENTO POR PLANTAS E POÇÕES – 3º andar


Urticárias, regurgitação, acessos contínuos de riso etc.


DANOS CAUSADOS POR FEITIÇOS – 4º andar


Azarações e feitiços irreversíveis, feitiços malfeitos etc.


SALÃO DE CHÁ DOS VISITANTES/LOJA DO HOSPITAL – 5º andar


 


"Se você não tem certeza aonde ir, possui incapacidade de conversar normalmente ou não consegue se lembrar porque está aqui, nossa recepção vai ter o prazer de ajudá-lo."


 


–Devemos ir ao quarto andar – concluiu Harry, após analisar o quadro. – É onde Frank e Alice Longbotton estão.


–Eu apostaria no terceiro andar, também – disse Hermione, apertando o braço de Harry. – Neville é obcecado por plantas.


–Tudo bem, checamos o quarto andar, e depois o terceiro – disse Draco, com energia. – Todos de acordo?


Eles concordaram, e demoraram um pouco a chegar ao seu destino, devido a enorme quantidade de gente ali presente. Harry tentou não notar muito as pessoas, pois certamente não queria observar a mazela de seu povo e sentir-se totalmente de mãos atadas.


O quarto andar não parecia diferente do que Harry lembrava, apesar de parecer levemente mais escuro e sujo. Havia uma planta feia cheia de tentáculos na cabeceira da cama de um homem chamado Broderico Bode, que enlouquecera ao tocar em uma profecia que não continha seu nome e, aparentemente, acreditava que era uma chaleira. Ao lado, deveria estar Gilderoy Lockhart, mas seu leito estava vazio, embora cheio de fotos autografadas deste.


–Nada aqui – disse Hermione, após a terceira volta pelo corredor.


Harry deu meia volta, já mirando a porta. Sua visão embaçou, e o efeito da Poção Polissuco passaria em alguns minutos. Ele se sentiu cansado, e eles recomeçaram a andar. Deveriam voltar ao terceiro andar e procurar seus amigos. Ele desejou com toda força que os encontrassem logo.


Então, ele viu. Uma mulher bonita, esguia e com olhos muito azuis acabara de virar o corredor, e andava com a cabeça baixa. Ela era como qualquer outra mulher, sem nada especial, se uma beleza estonteante, sem roupas caras ou aparência de poder, e, passaria por qualquer um sem chamar atenção.


Menos por ele.


Menos por Harry.


Ele acelerou os passos, soltando a mão de Hermione, e alcançando a mulher em questão de segundos. Segurou-a pelos ombros, e sacudiu-a. A mulher não expressou reação, os olhos se arregalando quando o homem estranho a imprensou contra a parede, fazendo força no seu corpo.


–Luna! – Ele falou, sacudindo-a, olhando-a profundamente nos olhos. – Luna!


–Eu... – gaguejou a mulher, embasbacada. – Senhor... Eu não sei do que está falando!


Harry sacudiu os ombros da mulher com mais força, os dentes trincados em urgência. Hermione, atrás dele, olhava-o horrorizada.


–Luna! Eu sei que é você! Sou eu! Sou eu, o Harry!


–Harry – guinchou Hermione, vendo a mulher sendo rebolada para os lados. – Pare com isso! Ela... Ela não é a Luna!


Harry lançou um olhar feroz à mulher.


–Luna, sou eu, Harry! Eu sei que é você!


Muito lentamente, com toda a calma do mundo e como se tivesse todo o tempo dele, a mulher ergueu os braços e segurou os punhos de Harry, tirando-os de cima de si. O efeito da poção começava a desaparecer, e o corpo do rapaz ficou pequeno demais para as roupas, que formavam folgas na bainha e nos braços. Sua visão ficou turva, mas ele não deixou de encarar aqueles olhos azuis.


A mulher sorriu.


–O que me denunciou? – Ela perguntou, por fim.


Harry se afastou dela, o coração dando saltos de felicidade. Conseguiu sorrir também, embora a adrenalina o impedisse de pensar direito.


–Os brincos de Rabanetes.


A mulher o abraçou, e Harry sentiu-se aliviado. Draco aproximou-se, assim como Hermione. Luna, para a surpresa de Harry, deu um abraço no loiro, que corou furiosamente, parecendo sem graça.


–Que bom revê-la! – Afirmou Hermione, apertando forte a amiga.


–Onde estão os outros? – Perguntou Draco, sequer conseguindo se conter.


–No segundo andar, na Enfermaria Daí Llewellyn para Acidentes Perigosos. É uma ala pequena e tem apenas uma janela, o que se torna mais fácil de se esconder.


–É onde o Sr. Weasley ficou quando foi atacado por Nagini – lembrou-se Harry. Os olhos de Luna brilharam, e ele achou que eles já começavam a parecer-se mais com os da amiga.


–Sim – confirmou Hermione, após ponderar. – Onde conseguiu uma Poção Polissuco? – Acrescentou, com um tom de curiosidade.


–Neville tem roubado o estoque de poções do quarto andar, e Astória preparando-as – respondeu Luna, olhando estranhamente para Draco se transformar de volta, as roupas rasgando em suas pernas e tórax.


Hermione deu um simples toque na varinha, e as roupas foram trocadas por outras, masculinas e em tamanho adequado.


–Obrigado – murmurou. Deu uma olhada nas vestes novas, e olhou para Luna. – Astória sempre foi excepcional em poções – acrescentou, com um assomo de orgulho.


–Ok, muito bom – disse Harry, com energia. – Luna, Draco, vão buscar Neville e Astória, meu rosto e o de Hermione são muito conhecidos para ficarmos zanzando pelo Hospital. Tragam-os até aqui. Nós iremos esperar escondidos pela Capa da Invisibilidade. Quinze minutos, e nós daremos o fora daqui.


Os dois louros sumiram da vista de Harry numa questão de segundos. Ele sentiu-se um pouquinho satisfeito, e tateando os bolsos das vestes atrás dos seus óculos, contemplou Hermione ao seu lado.


–Você sabe que o Draco não precisava ir junto, não sabe? – Ela disse.


–Não notou o quanto ele está ansioso para rever a tal Astória?


Hermione sorriu.


–Você, Harry Potter, sendo legal com Draco Malfoy. Bem, essa é nova!


Ela fez menção de ir até a janela, mas Harry a segurou pelo braço.


–Venha cá.


Puxou-a de leve, e envolveu-a em seus braços. Hermione retribuiu o abraço, ligeiramente surpresa pelo carinho inesperado de Harry.


–Você está bem? – Ele perguntou, com a voz preocupada.


–Sim, e você? Precisa descansar, Harry – ela fez um afago em seus cabelos. – Está com uma aparência doente.


Ele queria tocar sua mão e beijá-la. Fechou os olhos, extremamente entorpecido pelo toque e cheiro da garota. Soltou um suspiro.


–Hermione...


Mas o que quer que Harry fosse falar naquele momento, teria que ser deixado para depois, pois sua frase nunca chegou a ser concluída. Uma luz atravessou-lhe o peito, o fazendo voar alguns metros. Bateu a cabeça em uma viga de madeira, mas ainda pode ouvir Hermione gritar “Protego Maxima!”, antes de apagar.


 


*


 


N/A:


Trecho no início do caítulo = A Última Guerra, Shank


 

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Comentários (17)

  • Lalaisinhaa

    Jess, adorei o cápitulo Olhaa esse carta do Rony ai viu, deve ser alguma coisa relacionada com a morte dele ( pff.. obvio) Tudo muito suspeito ...  Achei tão fofo o modo como o Harry deixou Draco ver a namorada dele. hihihi E nossa... QUASE sai um beijo ali né? Agr essa última parte foi tbm muito suspeito huuuuum... Hermione sempre salvando o Harry auhsauh Nossa imagina se a Tia Jô matasse o Rony? Chances de Harry e Mione ficassem juntos? Olha isso comprova mais uma vez a minha teoria de que J.K mudou de idéia no meio dos livros de Mi e Harry ficassem juntos... CADA COISA SUSPEITAA... Continue assim que você vai longe. Não demora de atualizar viu sunshine? :D Blueberrykisses baby ;*

    2011-11-07
  • Amanda A.

    Vou adorar um cap. extra. Hm. *-*-*-*

    2011-11-07
  • Ta Granger

    Nossa,Nossa,Nossa.Adorei você escreve muito bem,por favor não deixe de postar 

    2011-11-05
  • matthew malfoy

    o que posso dizer? que vc escreve um capítulo melhor do que o outro, isso sem dúvida é uma verdade imensa, sua fic é maravilhosa. Adorei a vingança de harry sobre o draco. adorei o pequeno momento final de hermione e harry e quando pareceu que ele ia se declarar para ela vc me faz aquilo,mas espero q no próximo vc já faça ele se declarar para ela, por favor não demore, não aguentamos essa tortura de espera. Luna e seus rabanetes bem típico dela mesmo, quero ver como será Astória aí na sua fic,será como hein?? não ligue para aquela nota deve ser de uma pessoa que não conheçe muito esse universo. abraços e até o próximo, não demore ps: e pedindo de novo não demore com a declaração e o beijo dos dois.

    2011-11-04
  • Larry Black

    Tendo um mini infarto aqui. Mas fazer o que ja estou me acostumando, você sempre termina para na melhor parte :( Eu não vi a entrevista mais me falaram que a J.K. disse que tinha pensado em matar o Ron. Eu não o odeio, mais acho que só assim o meu casal preferido poderiam ficar juntos.  Mas fazer o que neah ?? Não demore a postar viu.  Bjuu  ♥

    2011-11-04
  • Amanda A.

    AH QUE ISSO, NÃO PODE TERMINAR UM CAP. COM UMA CENA TENSA. TÔ ANSIOSA AGORA. AUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHUAHUHAAUH. Que lindo essa expressão de carinho dele! Estou doida pra ver como você vai "descrever" Astoria. Principalmente na personalidade dela. Não vai demorar pra postar né? >.<' Bjsmil. *-*

    2011-11-04
  • PamyPotter

    Super fiel ao livro, o Draco tá tudo de bom! Adorei o cap, ficou um belo ar de mistério nesse final. Concordo com você sobre a morte do Ron, talvez (e eu esperava!) o Harry teria ficado com a Mione, além de que aquele beijo na câmara secreta foi meio estranho... Entendo que fim do ano é ruim de postar, mas se conguir fico muito feliz! Não liga para a nota 1, se a pessoa não leu sua fic, é ela quem está perdendo. E se for sobre o shipper, se ele fosse tão ruim assim, não teria tantos fãs. Também quero saber se o Voldemort morreu... Espero que consiga postar logo, beijo

    2011-11-04
  • Bárbara JR.

    Se uma pessoa vota "1" na sua fic, pode apostar que ela deve ter um puta mal gosto >< Eu amo de paixão o casal Harry/Gina, só pra você ter uma noção são poucas as fics Harry/Hermione que me chamam a atenção. Sua fic é perfeita cara, você tem muito talento. Parabéns (= (aliás, eu odeio quando você acaba nas melhores partes KKK)

    2011-11-04
  • Coveiro

    legal a fic, continua logo e capricha nos romances do proximo

    2011-11-04
  • Thomas Cale

    Não posso acreditar que voce parou justo AÍ!!! Quero saber o que aconteceu!! Nossa, me rachei de rir: Draco se tornando uma garotinha de oito anos?! KK'

    2011-11-04
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