Capítulo 19



- Olha o que a Senhora Malkins fez para nós!


Godric veio andando para dentro de uma sala, onde futuramente, quando já houvesse alunos, seria a sala dos professores.


A escola já estava pronta incluindo móveis, esculturas, quadros...


Rowena, inspirada por sua ideia da sala que sumia e se modificava, resolveu enfeitiçar o castelo para ter algo como um tipo de vida própria. Passagens, salas, portas que não existiam, poderiam, do nada, aparecer. Assim como escadas que mudavam de lugar ao seu bel prazer. As estátuas, também trabalhos feitos por duendes, haviam ganhado vida e cumprimentavam os fundadores. Logo que passavam, voltavam a discutir e fazer o que...estátuas fazem.


As meninas estavam passeando pelos corredores enquanto Salazar estava sentado em uma poltrona e Godric vinha sorrindo. Pulou nas costas do sofá, deu um tapa na cabeça de Salazar e riu.


- Olha só! – jogou um dos pacotes para ele.


- Que roupa é essa que você está usando?


- Gostou? Já vesti. – usava vestes todas pretas e uma longa capa de mesma cor. Na capa possuía detalhes vermelhos e fios de ouro.


- Finalmente vamos nos vestir diferente de trouxas? – as roupas de Salazar eram quase iguais que a de Godric, com a diferença dos detalhes serem verdes com fios prata.


- E tem mais. – mostrou as costas onde um grande leão tinha sido costurado. – No seu tem uma cobra. Das meninas também são personalizadas, mas é claro que são vestidos.


- Vou logo colocar! – levantou-se rapidamente abrindo uma porta que levava a outro cômodo.


- Ah! Pedi para fazer algo mais para mim. – Godric pôs um longo chapéu pontudo na cabeça. – Que tal estou? – sorria semelhante uma criança animada.


Salazar pôs a cabeça para fora e gargalhou.


- Ta...muito...legal! – e voltou para dentro.


- Hunf...não gostei do seu tom. Eu adorei isso, ta?


O amigo voltou já vestido e sentou-se novamente no sofá ao lado de Godric.


- Ficou mesmo muito bom. E esse chapéu ficou ridículo.


Godric o tirou da cabeça e ficou em silêncio acariciando o chapéu. Depois de um tempo, ainda sério, resolveu perguntar:


- Por que odeia tanto os...trouxas?


- Eles são ignorantes e prepotentes. Mesmo fracos se acham melhores que nós. – deu de ombros e o olhou com um ar perspicaz. – Eu sei que você deve achar que tem algum motivo pessoal. Não. Não tem. Eu simplesmente acho que o mundo seria melhor sem a presença deles.


- Por você, não seria só os trouxas que sumiriam... – murmurou ainda analisando o chapéu.


- O que disse?


- Nada. Só acho que esse não é um motivo muito bom para odiar algo. Quero dizer, olha só para a Helga. Se alguém tivesse que detestar os trouxas, esse alguém só poderia ser ela.


- O que quer dizer com isso? – ergueu uma sobrancelha, curioso.


- Hum...nada. Se ela não contou, não acho que devo ser eu a falar. – levantou-se e foi mirar-se em um grande espelho que ficava a um canto da sala.


- Meu amigo Godric. – Salazar também levantou-se e falou em direção a imagem refletida. – Você sabe o que significa uma pessoa que é Legilimens?


- Que consegue saber o que você pensa. "Ler pensamentos" de uma forma geral.


- Bom, sim. E se eu disser que eu sou um excelente legilimens?


Godric deu as costas para o espelho e novamente com o artefato na cabeça, mirou o homem.


- Então você...


- Não se preocupe. Não bisbilhoteio a mente de vocês. Consigo bloquear as imagens de quem é mais próximo de mim. Às vezes é melhor ficar sem saber das coisas. – sorriu voltando a se sentar.


- Então como sabia o que eu ia perguntar? – falou indo atrás dele. Salazar revirou os olhos.


- Isso não foi ler a mente. Foi dedução por conhecimento. Eu sabia que iria perguntar isso porque qualquer um perguntaria, oras.


- Hum...


- Então, se não quiser me contar o que sabe, tudo bem. Posso descobrir da pior forma. Mas aviso-lhe que fica mais difícil bloquear novamente aquilo que já foi aberto uma vez. E acho que seria melhor ouvir da sua boca do que do seu cérebro, não?


- Você não vai gostar disso... – fez cara de sofrimento, mas vendo a expressão decidida de Salazar, continuou. – Ta bem. Só não faça nenhuma besteira.


- Por que eu faria alguma besteira?


- Há! - ele riu forçosamente, pois conhecia o amigo impulsivo que tinha. - Em todo caso, ela morava no feudo onde o dono é um homem bem cruel, sabe. Ele descobriu sobre os poderes da Helga e deduziu que os pais dela também o tinham. Mas como já contamos, ela é nascida trouxa.


- Sim.


- Então ele mandou os trouxas para a Inquisição e bem...eles foram para a fogueira.


Salazar não parecia ter se abalado.


- Não se sente mal por fazerem isso com ela? – como ele nada disse, preferiu terminar. – E bem...ele tentou...bem...


- Diga logo! – perpassava por seus olhos a compreensão.


- Levou-a para o quarto, deu um tipo de erva que a deixou enfraquecida para que não usasse os poderes e tentou agarrá-la. Obviamente ia matá-la depois.


A transformação pela qual passou o rosto de Salazar foi incrível e assustadora. A última expressão foi de pura fúria.


- E ainda me pergunta por que odeio trouxas? – urrou.


- Olha, ela agora está aqui e bem, não é? Vamos esquecer isso.


Por um momento Godric achou que ele explodiria, entretanto, logo em seguida sentou-se com as mãos tapando o rosto.


- Tem razão. Tem toda a razão.




Alguns dias depois, Godric e as duas moças estavam reunidas no escritório do diretor.


Merlin não havia aceitado a vaga no governo que haviam lhe oferecido. Uma vaga como Ministro. Ele respondeu que sua parte estava feita e ficava satisfeito em ver seu trabalho concluído.


Os fundadores de Hogwarts então pediram para que aceitasse tornar-se o primeiro diretor do Colégio.


- Eu não sei. – dissera ele. – Já estou velho demais. Não sei quanto mais durarei...


- Não diga besteiras! Ainda vai durar muito. E isso não significa que não possa ser diretor, não? – Rowena sorria.


- E já decidiram as divisões de aulas que terão já que ainda não vão contratar ensinadores? – o bruxo perguntou olhando de um para o outro.


- Bem, eu pensei em ensinar algo que defenda os alunos de qualquer tipo de mal. - Godric foi o primeiro a se manifestar. - Uma vez me falaram das Artes das Trevas. - pensou em olhar para Salazar, mas lembrou que este não estava presente. - Então por que não ensinar contra isso?


- Brilhante ideia. – Merlin concordou.


- E também um Clube de Duelos.


- Clube de Duelos? – os três perguntaram.


- Sim, eu pensei nisso hoje de manhã. – sorriu. – Os trouxas têm seu exército e ensinam lutas. Por que não nós também? Pode ser útil um dia.


- Hum...muito bem. Contanto que não seja nada muito mortal. E vocês?


- Pensei em ensinar sobre plantas e animais. – Helga sorriu animada. – Duas matérias diferentes. Rowena me ajudou com os títulos. Herbologia e Trato das Criaturas Mágicas.


- Ótimo! Rowena?


- Feitiços e Runas. Ensinarei o que aprendi com meu povo na Irlanda.


- Excelente! E Salazar?


- Bem, ele escolheu Transfiguração. Ele é realmente bom nessas coisas. – Godric sorriu lembrando-se do tronco de árvore que virou o falso basilisco. – E Poções mágicas. Misturas feitas em caldeirão e com ingredientes sem muito uso das varinhas.


- Sim, sim. Estão mesmo preparados. – Merlin sorriu. – Mas onde é que Slytherin está?


Os três entreolharam-se. A realidade é que ninguém fazia ideia.




Salazar invadiu a fortaleza de varinha em punho.


Todos que apareciam em sua frente eram eliminados, não importava quem fosse.


Por fim, chegou um momento em que a única pessoa com vida que havia dentro dos muros, era um homem encolhido contra a parede, tentando esconder-se daqueles olhos infernais.


Quando Salazar aproximou-se sorrindo, o homem, em um último ato de bravura, puxou a espada que tremia em suas mãos.


- Você é o senhor desse lugar, não?


Como não respondesse, ele o pegou pelo pescoço e bateu com a cabeça de seu oponente na parede.


- Estou fazendo uma pergunta e gostaria de ser respondido. – sua voz era calma e sedosa.


- S-sim. – tremia incontrolavelmente.


Por uns instantes os dois encararam-se.


- Sabe, pensei em matar-lhe aqui mesmo com uma maldição... – ele o largou no chão e coçou uma parte da longa barba. – Mas mudei de ideia.


- Obrigado! Obrigado! – o homem arrastou-se beijando as botas enlameadas do outro.


- Não toque em mim! – ele chutou o rosto do homem. A boca começou a sangrar e Salazar apontou novamente a varinha. – Não vou ser eu a matar-lhe. Estupore!


Ele caiu no chão desacordado. Salazar o apanhou e jogou-o nas costas como um saco de batatas particularmente podres.


- Tenho um amiguinho que vai adorar conhecê-lo. - Helga já poderia se sentir vingada.




- Acho que deveríamos fazer isso junto com o Salazar. Ele faz parte do grupo.


- Mas ele não aparece! Amanhã será a primeira vez que receberemos alunos! Temos que selecioná-los. – Godric tomava uma bebida amarelada espumante. – Muito bom, heim Helga! – a garota agradeceu timidamente.


- Eu a chamo de cerveja amanteigada! – riu.


- Ok então. – Rowena suspirou e puxou sua varinha ignorando a conversa dos dois sobre bebidas. – Precisamos de um objeto. Um livro seria interessante.


- Um livro? Teriam que segurar um livro? Nãão. – Helga fez que não e olhou em volta. – Tenho uma ideia melhor. – olhou para o topo de cabeça de Godric.


Godric demorou para entender porque as duas meninas olhavam para ele e então virou os olhos para a aba do seu chapéu. Retirou-o e entregou a Rowena.


- Um chapéu?


- Isso! Perfeito! – Rowena riu. – O que melhor poderia entrar na mente de cada criança e descobrir o que pensam e como são suas personalidades para decidir a Casa deles?


Rowena girou a varinha e murmurou tão baixo suas palavras que Godric conseguiu apenas discernir as palavras "chapéu" e "cérebro".


Um rasgo na aba apareceu e uma grande respiração, de algo puxando fortemente o ar para dentro, fez todos ficarem em silêncio de expectativa.


- Bom dia, meus caros fundadores. Senhor Gryffindor, Senhoritas Ravenclaw e Hufflepuff e...onde está Senhor Slytherin?


- Ausente, Senhor Chapéu. – Rowena respondeu feliz com seu trabalho.


- Por favor, chamem-me de Chapéu Seletor.


***


Agora faltam apenas 5 capítulos para o término da fic. Vou sentir falta de postá-la aqui ^^


Neuzimar de Faria: Muito, muito obrigada *.* Bem, que poderiam haver mais leitores bondosos e solidários como você rsrsrs.

Agradeço grandemente por continuar me acompanhando. Não só você, mas todos que, mesmo não mandando reviews, leem e gostam ^^


Beijos e até semana que vem.

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Comentários (1)

  • Neuzimar de Faria

    Perfeito !!! Como fã ardorosa da saga, adorei sua versão para a criação do Chapeu Seletor ! E agora que só faltam cinco capítulos para o fim, eu já começo a sentir falta. Mas você tem outros projetos e quando os tornar reais, avise. Devem ser tão interessantes quanto esta FIC e então vai ser um prazer acompanhar sua trajetória e seu sucesso como escritora. Beijos. Até o próximo capítulo.

    2011-12-10
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