Capítulo 11



O ar frio da manhã balançava os cabelos ruivos e castanhos dos homens montados a cavalo lada a lado.


Salazar bocejava e olhava a frente com um ar de tédio, enquanto seu companheiro parecia estar muito bem disposto.


- Como pode ficar tão feliz tão cedo? Principalmente porque na noite passada aqueles idiotas, sabendo que íamos acordar quase de madrugada, continuaram cantarolando e conversando em alto e bom som.


- Eles estavam felizes. E você dormiu que nem uma pedra. Só está irritado porque a Helga nem quis lhe falar hoje de manhã. – Godric sorriu de lado.


- Hunf... – Salazar o ignorou e ficou em silêncio. – Já pensou naquela história de Casas?


- Não muito...ainda temos tempo. Mas acho que seria interessante se o nome das Casas tivessem nossos nomes. Ou sobrenome.


- Depois eu sou o egocêntrico. – riu debochado o viking. – Não sabia que teria que ter um nome.


- Bem, o que você queria? "Senhor, você irá para aquela casa ali. Aquela do cantinho, com a cor bonita. Isso." - disse debochado.


- Tudo bem, já entendi. Hum...mas Slytherin é mesmo um bom nome.


- Falando em egocentrismo... – riram.


Dois dias passaram-se.


Na noite anterior, dormiram ao relento, enrolados em suas próprias capas de viagem. Nesta, porém, um pouco depois do cair do sol, avistaram uma cidade onde poderiam pernoitar.


- Não me chame de Godric e nem mesmo Gryffindor. Meu nome é bastante conhecido.


- Chamo-o de que então? Drico? – Salazar sorriu maldoso.


- Engraçadinho. Chama-me de...Russel.


- De onde tirou esse nome?


- Não sei, foi o primeiro que me veio a mente.


- Mesmo? Estranho. É um nome horrível!


Encaminharam-se a uma estalagem em um beco escuro da cidade. A placa indicava que havia vagas e um estábulo nos fundos. A parte de baixo, como a maioria das estalagens do país, era um bar com uma fumaça entorpecente, pessoas de caráter duvidoso e música descartável.


Godric perguntou pelo dono do local. Ao encontrá-lo pediu dois quartos.


O dono era um homem nanico e bem magro. Provavelmente faltava-lhe grande parte dos dentes, mas sorria de forma amigável.


- Tenho ótimos quartos aqui. Venham! Vou mostra-lhes.


- Vá você. Preciso molhar um pouco minha garganta. – Salazar disse, enquanto pegava uma grande caneca de bebida espumante e escura e deslocava-se para uma mesa no canto mais mal iluminado do bar.


No seu quarto gole, ouviu um grupo animado que sentou atrás de onde estava.


Conversavam sobre futilidades, nada que chamasse muita atenção. Mas o uso da palavra "varinha" de repente, fez o ouvido de Salazar apurar-se.


- Odeio esses lugares cheios de...Não-Mágicos. – dizia um.


- Eu sei. Mas o que podemos fazer se aqui tem a melhor bebida da cidade? – outro respondeu.


- Só tem a melhor bebida porque o bar dos bruxos fechou, graças à morte do dono. – disse uma terceira voz.


- Eu vou é me mandar daqui. Não tenho nada que me prenda a esse lugar mesmo...eu que não vou arriscar a minha vida mais um dia. – o primeiro que havia falado, deu mais um gole de sua bebida e continuou. – Partirei amanhã, meus senhores! Desejem-me sorte.


- Boa sorte! – disseram todos, riram e beberam.


- Mas vai embora com que dinheiro, Morry? – um que ainda não se havia habilitado e estava com a voz bastante embargada, falou.


- Ora, tenho minhas economias. – Salazar já estava começando a perder novamente o interesse na conversa de bruxos bêbados.


- Você poderia tentar a sorte e matar o monstro! – um deles disse, o que fez os amigos todos caírem na risada. – Ganharia uma ótima quantia!


- E eu sou louco? Se estou indo justamente para não morrer...vou enfrentar aquilo...?


Antes que pudesse terminar a frase, um novo membro aproximou-se do grupo, fazendo mais sombra sobre a mesa.


Olharam para cima e deram de cara com Salazar.


- Boa noite, amigos. Posso juntar-me a vocês? – Vendo o jeito de desaprovação dos presentes, abaixou a voz e sorriu de forma amigável. – Sou um bruxo também.


- Ora! Então pode juntar-se a nós, homem! – o dono do nome Morry disse, indicando um lugar.


- Se não é um desses idiotas, com certeza é nosso companheiro.


- Idiotas? Trouxas eu diria. – Salazar sorriu e sentou-se no lugar indicado. – Mas digam-me...falaram alguma coisa sobre... "um monstro"? – fez um gesto com a mão indicando indiferença e que estava apenas jogando conversa fora.


- Ah sim! Não sabe do monstro terrível que está assolando nossa querida Britânia? – um deles perguntou.


- Felizmente, não.


- Sorte sua...ou azar. – um outro respondeu. – Não sei bem. Só sei que anda matando muita gente. Ninguém sabe de onde veio, mas de qualquer forma está fazendo um caminho de sul para norte. Se você veio do norte, realmente pode não ter ficado sabendo.


- Mas o que ele faz exatamente?


- Bom, ele come as pessoas, é claro. Mas dizem que antes disso os mata de forma rápida e indolor.


- Hum...um assassino humanista? – Salazar riu e fez com que os outros também rissem, porém de forma nervosa.


- Ah! Quem encontra com esse animal, não consegue sair vivo. Morre apenas mirando seus olhos. Instantaneamente.


- Interessante. – Salazar arregalou os olhos assombrado. – Mas você falou "animal"?


- Ah sim. – Morry voltou à conversa um pouco mais alto por efeito do álcool. – Os que conseguiram sobreviver, não me pergunte como, falaram que tem a forma de uma imensa cobra.


Salazar sorriu de lado.


Tomando isso como descrença, Morry continuou.


- Está rindo? É a mais pura verdade! Há relatos bem antigos sobre essa serpente. Não sabem quando e nem onde surgiu. Deram o nome de basilisco.


- E ninguém nunca tentou enfrentar esse...basilisco? – Salazar tomou mais um gole de sua bebida quente.


- Bem, tiveram uns loucos que tentaram. Nenhum sucesso. A maioria tornou-se o jantar dele e outra parte fugiu com o rabo entre as pernas. – comentou outro depois de um logo soluço.


- Sei...e o que os...trouxas dizem sobre isso?


- Nada. Sabem um pouco menos que a gente. Um ser que mata os outros. Acham que pode ser um tipo humano mesmo. Estúpidos.


- Anh...e quem conseguir, ganha...algo? Além da recompensa de salvar milhares de pessoas inocentes, é claro. – Salazar falou cinicamente parecendo um bom samaritano.


- Ô se ganha! O peso do animal em ouro, meu amigo! Acho que jogaram alto assim porque sabem que ninguém vai conseguir isso.


- Mas cobras não são lá muito pesadas, não?


- Você não ouviu o que o velho Morry disse? Não é um ser rastejante qualquer. É imensa. Dizem que é tão ou maior que o leviatã! Se é que o leviatã existe. – todos riram daquele absurdo e Salazar juntou-se ao coro.


Depois de mais algumas rodadas com os bruxos, sem poder mais conter sua vontade irresistível de livrar-se daqueles seres deprimentes, Salazar sorriu, brindou uma última vez e disse adeus.


Voltou ao balcão do bar, pensativo. Godric que conversava com algumas pessoas virou-se para ele.


- Onde estava? Olhei em volta e não te vi.


- Achei uma forma de ganharmos o dinheiro para a construção de Hogwarts. – Salazar sussurrou e sorriu de forma misteriosa.

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Comentários (2)

  • HiHeloise

    É bom mesmo que ele vá atrás do basilisco pra ganhar dinheiro com o couro, mas não pra construir camaras secretas u-u

    2012-07-29
  • HiHeloise

    É bom mesmo que ele vá atrás do basilisco pra ganhar dinheiro com o couro, mas não pra construir camaras secretas u-u

    2012-07-29
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