Capítulo 4



Passaram-se alguns meses desde que Helga e Rowena chegaram à vila de bruxos.
Rowena ensinou tudo que sabia à menina mais nova e ficava encantada com a dedicação com que ela ouvia e colocava em prática as aulas.
Havia coisas que eram desconhecidas para ambas as garotas e Merlin era um ótimo mestre.
Helga era uma boa aluna mas Rowena era excepcionalmente inteligente e ágil. Quando não conseguia entender ou reproduzir um feitiço de primeira, ficava nervosa e se dedicava ainda mais.
Amava ler e contava tudo o que lia para Helga, que agora era tida como uma irmãzinha mais nova e adorada.
Mas estava começando a fica impaciente quanto à profecia.
- Quando esses dois escolhidos vão se juntar a nós, Merlin? – comentou Rowena em um jantar preparado especialmente por Helga. – Nossa...isso está muito bom Hellie.
- Obrigada. – Helga disse timidamente. – Mas é bem demorado de se fazer. Quero aprender melhor aqueles feitiços de levitação e vontade própria nas panelas e utensílios de cozinha para poder ir mais rápido.
- Ensinarei amanhã. – Rowena disse bebendo um gole de vinho educadamente. – O senhor não me respondeu. – olhou de volta para o homem de aparência idosa.
- Está chegando o momento, não seja apressada. Quantas vezes já lhe disse que tudo vem a seu tempo?
- Tudo bem. É que...andei fazendo uns esboços de como poderia ser essa escola. – Rowena sorriu.
- Mesmo? – Helga falou admirada. – Deixe-me ver.
Papéis com vários desenhos de grandes cômodos e andares foi posto em cima da mesa.
- Claro...é só uma ideia. Posso melhorá-la. Vou melhorá-la.
- Por que a pressa? Poderíamos esperar os bruxos faltantes para fazermos o projeto juntos. – Helga sorriu ao dizer isso, pois sabia que o forte da amiga não era paciência.
- Quer dizer que não gostou? – fez beicinho parecendo magoada.
- Claro que gostei! Mas eles também poderiam dar sugestões.
- Ou não. – pensou. – Podem ser uns preguiçosos e sinceramente, não me importo de pensar nessa parte sozinha. Mesmo.
- Rowena! Agora está sendo egoísta. – Merlin a censurou. – Não se esqueça de que quatro pilares são a base de sustentação para uma casa sólida e forte.




Godric participava de um grande banquete em uma sala real.
Uma confusão de vozes embebidas de vinho e manjares enchia o grande salão.
Por fim o anfitrião, o rei, levantou-se com uma grande taça e todos se calaram.
- Amigos, quero dizer-lhes que o jantar está sendo magnífico! Assim como a companhia. – desviou o olhar para um grupo de jovens mulheres da corte. Ouviu-se um grande estouro de risos masculinos e o rei continuou. – Espero que a minha senhora, a rainha, não tenha escutado. Dormirei com os cães.
Mais uma saraivada de risos.
- Agora, falando seriamente. Vocês foram homens bravos e honrosos durantes esses tempos tortuosos. Mas seus esforços foram recompensados: livramo-nos dos temíveis vikings! – o rei fez um som como um "arrrr" parecendo um pirata. Mais risos. – Infelizmente, depois desse curto descanso em seus leitos com suas esposas, de apenas alguns meses, terei que mandá-los a uma nova empreitada.
Fez-se silêncio.
Iriam para qualquer lugar que o seu senhor ordenasse.
Não apenas pelo fato de serem obrigados a obedecer, mas porque tinham prazer em fazê-lo.
Porém, haviam guerreado como condenados durante anos contra os vikings dinamarqueses e se submetido por 300 anos a reis estrangeiros. Estavam cansados e queriam apenas um momento de sossego.
- Como sabem, o grupo de bretões está aumentando. E alguns hibérnis estão se juntando a eles. – falou severamente com o semblante alterado. – Não podemos permitir que esse grupo pagão se alastre por nossa Britânia. A igreja está iniciando uma guerra cristã com aqueles que não são normais. Vocês sabem...estamos sendo dominados por...bruxos!
Um ar tenso se abateu pelo salão e Godric fez força para não corar.
- E essas anomalias estão se tornando cada vez mais abusadas. Nos enfrentando sem medo, como se fossem superiores.
- Mas...senhor...o que os bretões têm a ver...com isso? – Henrique falou timidamente, pois não era comum o rei se interrompido.
Porém ele apenas sorriu amigavelmente.
- Os bretões junto com seus outros povos de outras regiões, são os que mais reúnem esses...bruxos. Nem sempre fazem parte do seu povo, admito, mas são grandes culpados por eles estarem se organizando, se revelando e se rebelando. Devemos impedir isso.
Godric, de incomodado, estava passando para um sentimento de grande irritação. Nunca tinha estado com esses povos bárbaros, mas sentia que eles eram da sua família. Eram como ele e agora teria que comandar um exército para destruí-los?
Primeiro que isso seria ridículo. Com um movimento de varinha eles poderiam muito bem já ter destruído todos os Não-Mágicos. No entanto tentavam viver em harmonia.
Segundo, mesmo que tivessem alguma chance...não poderia fazer isso em hipótese alguma. Teria que conversar com o rei. Era um velho amigo seu, mas bastante teimoso.
Após o jantar, Godric dirigiu-se ao rei em particular.
- Senhor...podemos conversar?
- Claro, meu amigo! – as bochechas estavam rosadas por causa da grande quantidade de vinho.- Venha.
O levou até um aposento contíguo ao salão.
- Eu sei que não deve estar nem um pouco a vontade com essa nova missão. Teve grandes perdas e gostaria de ficar mais um pouco com sua noiva, mas entenda: isso é necessário. Além do mais, darei um presente por essa batalha. A terra que conquistar será sua.
- O que, senhor? – disse assustado – Bem, obrigado, majestade. Mas...eles nunca nos fizeram nada de mais. Não podemos simplesmente atacá-los.
O rei parou surpreendido e o olhou sério.
- Em nome de nossa amizade, fingirei que essa conversa nunca aconteceu e que não está falando essa heresia.
- Heresia? – sufocou o grito que ficou tentado a dar, de raiva. – Eu apenas não quero atacar um povo que nunca me fez nada na vida! Não quero ter sangue inocente em minhas mãos. Não foi para isso que decidi servir a coroa real.
- Esses podem não ter sido seus ideais, mas está aqui, sob juramento e terá que fazer o que eu ordenar. – o rei falava com um tom de voz alterado.
- Então talvez eu não queira mais servir-lhe, ó meu senhor. – disse debochado.
- Será preso e guilhotinado por isso! Sabe disso!
- Que seja feita a sua vontade. Pelo menos terei minha consciência limpa. – disse erguendo ambos os punhos para o rei, oferecendo para ser posto a ferros.
O rei soltou uma risada calma e amigável.
- Olha...estamos sob o efeito do álcool e não estamos raciocinando devidamente. Que tal conversarmos amanhã sobre isso?
- Minha decisão está tomada. Não irá mudar com a chegada da aurora, estando eu sóbrio ou não.
- Tudo bem. – suspirou. – Ponderarei sobre isso. Pensarei sobre o que me disseste e darei o veredicto amanhã. Agora me deixe dormir que estou cambaleando de sono.


***


N/A: Nossa...como eu escrevia de forma chique a fala deles rs. Depois comecei a me irritar e parei de seguir essas falas de época rs.
Então, se vocês notarem essa mudança de discurso é porque me cansei de ficar escrevendo "tu foste" e essas coisas rs.
Era só esse aviso que eu queria dar.
Beijos

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Comentários (1)

  • HiHeloise

    Godric esta certissimo em seu julgamento. Que rei nojento e preconceituoso! Senti falta do Salazar.

    2012-07-29
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