Capítulo 3



Salazar viu um exército a sua espera no litoral. Nunca tinha tido uma recepção tão calorosa, pensou sorrindo. Uma multidão de homens furiosos empenhando espadas ensangüentadas. Era uma bela cena.
Seu navio foi o primeiro a atracar. Então desceu e ergueu a mão.
- Quero falar com seu capitão. – sua voz sob forte sotaque fez muitos soldados encolherem-se.
Um homem de armadura com partes vermelhas e uma espada cravada de rubi, deu um passo a frente e com grande altivez falou.
- Eis-me aqui. É o capitão dos bárbaros? Onde está seu exército? Por que não está à vista?
- Opa opa...quanta pergunta! Uma de cada vez. – sorriu tentando ser simpático, o que o fez parecer ainda mais sinistro. – Sim, sou o capitão. E não tenho exército.
Um silêncio de estupefação fez Salazar sorrir ainda mais.
- Então é muito corajoso ou muito tolo, invadindo nossa terra, sozinho.
- Pode ter certeza que sou páreo a todos vocês. Juntos.
Um dos soldados ficou ao lado de seu senhor.
- Não acredito no que diz. É uma armadilha. De que outra forma poderia ter trazido todos esses navios até aqui, sem tripulação?
- Eu tenho uma ajudazinha dos deuses... – Salazar falou debochado, mas com certo tom de desprezo.
O capitão olhou-o de cima a baixo.
- Quero conversar com você. Em particular.
Diversas vozes os seus soldados estouraram em mil vozes tentando fazê-lo mudar de ideia. "Está louco? Vai matá-lo quando estiverem sozinhos!" e "Isso com certeza é uma emboscada!" fez-se ouvir.
- Silêncio! – o capitão gritou. – Não se preocupem. Estarei bem. – falou pousando a mão no ombro de Henrique. – Sabe que estarei bem, não sabe, meu irmão?
Henrique fez que sim.
Os dois homens subiram no navio do qual Salazar tinha vindo.
O capitão britânico olhou em volta.
- Realmente não há exército algum. Foi por meio de magia que chegou aqui, não foi?
Salazar não demonstrou surpresa.
- Como sabe? – e então, olhando nos olhos de seu interlocutor, entendeu. – Também é um bruxo.
- Por favor...fale baixo.
- Não tem com o que se preocupar. Como pode ver, só temos nós, vivos aqui.
- O que aconteceu?
- Um leviatã matou a todos.
- Menos você? – ele disse desconfiado.
- Sim. Digamos que...domestiquei a fera.
- Hum...Qual seu nome?
- Slytherin. Salazar Slytherin. E o seu?
- Godric Gryffindor. – apertaram as mãos ainda sem muita animosidade. – Como aprendeu a falar nossa língua?
- Gosto de ler livros estrangeiros. – deu de ombros.
- Ora! Então não são tão bárbaros lá na Dinamarca quanto pensamos. – disse surpreso.
Salazar fechou o semblante e voltou a andar pelo convés.
- Quero que me deixem passar em paz. Éramos a última tropa e não virão mais invadi-los. Nosso rei Canuto está morrendo e ninguém mais quer se preocupar com seu...paísinho. – falou com desprezo e raiva.
- Não. Deverá ser levado como nosso prisioneiro.
Salazar então voltou a sorrir.
- Matarei a todos se tentarem. – puxou sua varinha de dentro das vestes.
- Esqueceu-se que também tenho magia? – Godric também mostrou sua varinha e posicionou-se como em um combate.
- Por que serve a esses...Não-Mágicos? São patéticos, delicados...com um feitiço posso matar a todos.
- Você também servia a eles, ou estou enganado?
- Apenas como peças do meu jogo. Queria vir a esta terra e eles eram uma boa desculpa. Além do mais, se ainda pudesse arrancar cabeças de alguns britânicos, isso seria ainda mais divertido.
- Fale a verdade. – Godric abaixou sua varinha. – Já estavam desconfiando de você lá, não é?
- Isso também. Mas como eu era um bom capitão que os deu muitas vitórias fingiam não ver. Tinham medo de mim e esperavam que eu morresse nessa guerra. – riu alto. – Tolos.
- Não estou disposto a duelar com você. Se não também me revelarei diante do meu exército. Permitirei que vá.
- Ótimo. – Salazar guardou sua varinha nas vestes e olhou em volta. – Quando se cansar de servir a eles, pode procurar-me.
- Como?
- Você não é um bruxo muito bom, não é? É isso que dá andar com eles...não treina muito. Qualquer bruxo consegue encontrar-se com outro, se quiser.
- Ainda não estou entendendo.
Salazar revirou os olhos e desceu do barco. Godric foi atrás ainda confuso e voltou aos seus homens.
- Senhor...vai deixá-lo partir?
- Sim. Deixe-o ir.




Helga estava dentro de uma casa acolhedora e quente, bebendo chá.
Duas pessoas estranhas olhavam para ela e isso a fazia se sentir...com medo? Essa não era bem a palavra, pois eles não transmitiam perigo.
Mas não se podia confiar em seu instinto. Depois de dois dias fugindo de guardas, cães, um senhor feudal mau, por dentro de uma floresta cheia de perigo, qualquer um pareceria um anjo.
- Está se sentindo melhor? – a moça de cabelos negros perguntou, sorrindo amavelmente.
- Sim, obrigada. – a voz de Helga era quase um sussurro rouco. – Quem são vocês?
- Somos bruxos...
- Merlin! – a menina disse nervosa.
- ...assim como você.
Helga largou a xícara espantada.
- Como sabe...?
- Bom, em primeiro lugar eu prevejo o futuro e segundo: sou um legilimens. – sorriu amigavelmente.
- Um o que...?
- Você ainda tem muito que aprender. Mas não se preocupe. Aqui será ensinada bem.
- Eu terei uma varinha? – seus olhos brilharam.
Merlin sorriu e olhou para Rowena.
- Vocês se darão bem.
Helga admirava tudo o que via. Era tão mágico! Pessoas com corujas no braço como se fossem animais domésticos, penas que escreviam sozinhas...
E ela que sempre achou que suas pequenas traquinagens com as crianças da vila fossem as melhores coisas que pudesse fazer.
- Aqui, com o tempo, aprenderá a fazer muitas coisas extraordinárias. – Merlin disse como se tivesse lido os pensamentos da garota. Ou talvez tenha mesmo lido.
- Todos os bruxos e bruxas têm aula aqui? Ou em algum outro lugar? Há uma...universidade de magia?
- Infelizmente não. Como deve saber, estamos entrando em um momento ainda pior do que antes, se é que isso é possível. Ninguém aprende coisa alguma que não os eclesiásticos. E agora está começando essa caça às bruxas...ainda de forma branda, mas tenho certeza que em breve isso se tornará um pandemônio!
- Isso é injusto! Na verdade, sempre achei injusto não poder aprender de tudo que existia. Quando eu era bem jovem, na minha terra natal, a Germânia, havia um padre que nos ensinava muitas coisas interessantes. – Helga falava sorrindo enquanto recordava.
Rowena concordou.
- Também acho que todos deveriam ter o direito de aprender. Principalmente magia! Algo que não se aprende tão facilmente apenas vivendo. – falou para Helga.
- No caminho até aqui, eu e Rowena conversamos sobre o futuro. Sobre o que eu vi e a missão de vocês. – Merlin sentou-se em uma cadeira à beira da rua que, Helga teve certeza, antes não estava ali.
- Vamos construir uma grande escola. Uma escola de bruxos!
Rowena parecia prestes a explodir quando deu a notícia. Helga ainda atordoada tentou traduzir o que a mulher dissera.
- Mas...um colégio para todos? Seria um projeto imenso!
- Sim. E é por isso que ainda não podemos começar.
- Não?
- Não. Faltam integrantes em nosso grupo. – Rowena olhou rapidamente para Merlin em tom confidencial. O bruxo assentiu com a cabeça dando permissão para continuar. – Há mais dois bruxos que também serão responsáveis por essa empreitada.
- E onde eles estão?
- Não muito longe daqui. – Merlin olhou em direção ao horizonte de forma sonhadora. – Mas ainda não é tempo do grupo reunir-se. E enquanto isso, ficará aqui conosco. Aprendendo as artes da magia!
Helga sentiu o coração palpitar de excitação. Era a primeira vez em dois dias que conseguia se sentir feliz e em casa.

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Comentários (1)

  • HiHeloise

    Yay, eles vão fundar a escola! Ansiosa para os outros dois aparecerem!

    2012-07-29
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