O Baile de Máscaras



Amelia Cartier tinha os cabelos castanhos e sedosos presos num coque delicado com algumas astromélias azuis enfeitando; seu vestido era creme, sem mangas, com a saia bufante, como um clássico vestido de noiva, mas não chegava até os pés, parava um pouco antes dos tornozelos; os brincos eram de pérolas, assim como o colar; as sandálias prateadas eram Jimmy Choo original; para dar mais elegância Amelia usava luvas até os cotovelos; sua máscara, por fim, era preta e cobria só os olhos, com fitas igualmente pretas, de cetim, para amarrar,  com penas escuras que ficavam um pouco acima do olho esquerdo.


Embora a menina exuberasse beleza, ainda estava incerta quanto ao Baile.


O Baile de Máscaras era uma tradição na Mansão Cartier desde os doze anos de idade de Amelia.  A menina realizava a “pequena confraternização” para celebrar o regresso escolar. Para tanto, acontecia, sempre, na noite de 31 de agosto.


Aquela era uma noite muito esperada, não só por Amelia, mas para todos que tinham uma “vida social” na Instituição Acadêmica de Hogwarts. Entretanto, nem todos, obviamente, eram convidados. Apenas a elite da elite, o mais alto escalão da alta sociedade. Afinal, os freqüentadores são pessoas como: o filho do 1° Ministro Francês; pianistas e violinistas de renome mundial; editores-chefes de revistas de moda e estilo; uma vez o próprio Yves Saint Lauren.


Ok, ok. Sem estresse... Nem todos os convidados são tão famosos e ricos assim, o baile conta também com a presença de pessoas mais comuns como: Draco Malfoy; Dafne, Astoria e Alexander Greengrass; Thalia e Emília Bulstrode; Nicholas Parkinson; pessoas mais íntimas a Edgar e Amelia Cartier.


__


Enquanto Amelia tinha um surto a respeito de sua maquilagem, Edgar estava pronto há horas antes.


Ele, diferente da irmã, não era perfeccionista. O menino mantinha seus cabelos escuros bem penteados; usava um terno preto slim fit, com lapelas pontudas; uma gravata preta de bolinhas brancas; e sua máscara, também preta, cobria só os olhos e era amarrada com uma fita de cetim.


Edgar achava muito obsessivo por parte de sua irmã o escândalo que ela fazia por esse baile. Entretanto nem seus pais, nem ele se opunham. Ele não se opunha porque, normalmente, ficava com várias garotas pela noite. E seus pais não se opunham porque além de eles terem uma noite sozinha na suíte Real do The Ritz London, eles realizavam o desejo da ‘filhinha querida’.  Edgar se irritava quanto a isso, pois Amelia sempre podia dar seus bailes e reuniões, enquanto ele nunca podia dar suas festas de arromba.  No fundo ele achava que isso se dava ao fato de suas festas serem cheias de ‘pegação’ e seus pais, por serem gays, desaprovavam a “poligamia”. Sim, seus pais eram gays. Seu pai, Elliot, originalmente era heterossexual. Havia se casado com uma modelo francesa Desirée Dubois, e tiveram dois filhos: Amelia e Edgar. Mas assim que Elliot criou sua renomada joalheria Cartier (N/A: Pensem no mesmo nível da Cartier, só que uma versão bruxa.) e conheceu Louis, também francês, eles começaram a ter um caso. Logo o caso foi à imprensa e seu casamento com Desirée foi pro lixo.


Assim Elliot e Louis Bonnet “se casaram” (não no papel, afinal o casamento homossexual ainda não era permitido na grande Bretanha) e se mudaram com Amelia e Edgar para Londres. Os produtos da joalheria de Elliot se tornaram objeto de desejo para sheiks, milionários, atores, modelos, príncipes e inclusive para meros plebeus. Louis arrumou um emprego como Editor-Chefe na Vogue Brit.


__


 


Na Mansão Greengrass Alexander berrava para sua irmã mais nova, Dafne, descer logo, pois eles estavam atrasados para o Baile dos Cartier.


Alex sempre desajeitado tentava colocar sua máscara, quando engasgou ao ver sua irmã descer as escadas de mármore.


Dafne usava um Marchesa branco que terminava antes dos joelhos, tinha uma faixa dourada no meio e era cheio de babados féricos.  Dafne e sua gêmea, Astoria, eram muito parecidas, porém muito diferentes ao mesmo tempo. Dafne gostava de ostentação, enquanto Astoria preferia a elegância clássica; Dafne tinha um corpo bem mais desenhado do que Astoria, entretanto as duas eram belas; Dafne gostava de festas, Astoria preferia coquetéis exclusivos, por isso Astoria tinha gentilmente recusado o cobiçado convite para o Baile de Amelia.


- Vamos sua lerda! – Alex rapidamente se recuperou do choque e voltou com sua grosseria habitual com as irmãs.


- Ai Alex, cala boca. Nem é legal ser o primeiro a chegar. Agora vê se pega a minha máscara e entra na limusine!


__


 


A melhor amiga de Amelia, Thalia, sofria com os saltos que eram dois números menores do que o seu. Acontece que eram Louboutins originais e cedidos pelo próprio Christian Louboutin de sua coleção especial. Mas segundo Thalia eles eram enviados dos céus. Era um modelo Splash Fur todo preto. Seu vestido também era preto, com mangas bufantes, terminava  um pouco acima dos joelhos, e era cheio de pregas de Rubis nas mangas e na barra.


Thalia usava em seus cabelos Chanel uma tiara de brilhantes e Rubis da própria Cartier.


 


__


 


Enquanto na mansão Greengrass o irmão mais velho apressava a irmã mais nova, na Mansão Parkinson, Pansy apressava Nicholas.


Nicholas era muito vaidoso e perfeccionista. Seu terno era um Alexander McQueen Prêt-à-porter; sua gravata borboleta era rosa; e sua máscara era toda branca e cobria o rosto do nariz para cima e era de amarrar.


__


 


Amelia só ficou mais calma quando boa parte dos convidados já havia chego, mas principalmente quando Thalia chegou.


- Finalmente! Eu pensei que fosse morrer! – Amelia choramingou


-Nossa! Sem exageros, Amy. Devo dizer que está tudo perfeito, como sempre? Pois certamente está. Você é uma anfitriã lendária, não devia de se preocupar. Todos amam seus eventos.


-Rá. Até parece! Mas ok, eu tenho que achar o Alex. Te vejo depois.


Então Amelia saiu atrás do garoto enquanto Thalia bebericava seu Cosmopolitan.


- Hey, Tally! Wow! Absolutamente maravilhosa... Pretende matar alguém esta noite? – O menino desaparecido disse olhando de um jeito apaixonado para a garota.


-Hã... Oi, Alex. Obrigada, você também está bonito. Matar alguém? Não! Por que eu faria isso?


-Hahaha... você é muito ingênua! Eu quis dizer que de tão linda que você está, vai acabar matando alguém.


-Ah. Uau. Hã... Obrigada, Alex, você é muito gentil. Mas muito confuso também... Whatever, Amy está a sua procura. – Thalia respondeu sem jeito, mas com um belo sorriso no final


-Aham. Ela provavelmente só quer ajuda pra controlar o irmão dela...


-Controlar?


-É. Tipo, garantir que ele não vai estragar a festa ao ficar com algumas meninas, ou cheirar alguma coisa, sabe? Esse tipo de coisa bem Edgar.


-Rá. Nossa, o Edgar nem é tão ruim assim! Coitadinho! Que maldade...


-Tanto faz. Eu nem sei se quero topar com a Amy, da última vez ela tava brava comigo porque eu entrei numa discussão sobre como acho o socialismo melhor que o capitalismo.


-Nossa! Ela é tipo fã n°1 do capitalismo! Mas acho que ela já se recuperou...


-Hahaha... Você... Hã... Você ta a fim de dançar? – Alexander perguntou meio desajeitado, mas com certo brilho no olhar.


-Claro.


 


__


 


As garotas seguravam-se nele e bebiam Martinis.  Sua gravata já não estava amarrada e sua camisa, agora, desabotoada. No pescoço, um novo acessório roxo chamava mais atenção que seus cabelos bagunçados. Podia ser Baile Gala, Matinê, Casamento, Festa de Porão, Despedida de Solteiro; o que fosse.  Uma coisa era fato: Edgar era o garoto mais mulherengo da história!


Tudo estava cores e sabores com ele e suas meninas até sua irmã chegar com a cara mais enfezada do mundo e batendo os pezinhos :


- O que está acontecendo aqui?!


-Bem, até agora, não muita coisa... Daqui alguns minutos uma Ménage à Trois! – Edgar declarou com um sorriso maroto


-Rá. Nem ouse! Não no meu baile! Tudo tem de estar perfeito. – a irmã advertiu


- Relaxa maninha... Tudo está e estará perfeito. Você faz essas coisas de regras idiotas e no final ninguém se diverte, pior que festa adolescente com os pais do lado.


-Para de ser babaca! E isso daqui não é uma ‘festa adolescente’, é um Baile de Máscaras! Onde está a sua?!


-Acredite você não quer saber. – o irmão lambeu o lábio superior – Mas sério, Amy, suas festas são um porre! Quando você foi a uma festa e se divertiu pra valer? Que eu me lembre a única festa foi a do Alexander quando a gente tinha uns treze anos e brincou de sete minutos no paraíso! Lembra? Você e o Alex no closet da Sra. Greengrass?


-Ah! Para com isso! Você é ridículo! Nós éramos pirralhos... E não aconteceu nada entre eu e o Alex... – A última parte soou como um lamento


-Não? Não foi lá o seu primeiro grande beijo?!- Edgar enfatizou a palavra grande- O beijo com o ‘amor de sua vida’? Vamos Amy, admita, faz séculos que você não faz algo para se divertir. Tudo não passa de um monte de regras chatas da sociedade da qual você tanto almeja. Você NUNCA se diverte! Tudo não passa de bailes chatos com pessoas que não dão a mínima pra você; as notas mais altas na escola pra entrar na universidade da sociedade; as roupas que são a última tendência de algum estilista de renome; as pessoas mais horríveis que você tem de aturar para pertencer à sociedade; todos os seus falsos amigos; você mede 1,70m, mas pesa só 52 kg; toda noite você chora porque sabe que o garoto que você ama gosta da sua melhor amiga; você é doente e vive no seu próprio mundo de regras e jogos maldosos com os outros pra poder ficar no topo! Admita Amelia, sua vida é uma desgraça!


 


Edgar só foi perceber o quanto tinha exagerado quando sua irmã caiu em prantos e sair correndo.


-Volte aqui, Amelia! Desculpe! Eu não quis dizer isso...


Porém era tarde demais, a garota já tinha sumido de sua vista.


 


__


 


Pessoas dançavam para todos os lados e se divertiam como num conto Medieval.  Só Amelia que, agora sem máscara, chorava desolada no bar. Tudo isso é verdade – ela pensava - Eu sou horrível... Por quê?!


Silenciosamente um guardanapo recém escrito “O que aconteceu, docinho?” foi parar na sua frente.  A menina olhou ao seu redor, mas ninguém de importante encontrou. Seu rímel e seu lápis estavam tão borrados que o preto chegava até o meio de suas bochechas, agora não tão mais rosadas.


De repente um garoto se aproximou, pediu duas doses de gim-tônica, tirou o lenço branco do bolso e entregou à menina com um sorriso alentador.


- O que você quer Nicholas?- A menina choramingou, mas aceitou a bebida sem pestanejar


- Nossa... Só vim ver o que passou, o que fez essa linda menina que sempre sorri, chorar como uma torneira jorrando?


- Edgar....


-Ó!Briga de irmãos... Só isso foi o suficiente pra te derrubar? Achava que eras mais forte...


-Cala-boca! Você nem sabe o que aconteceu... – A menina lamentou tomando um grande gole de seu gim-tônica.


- Você quer me contar? – Nicholas perguntou com um sorriso nos lábios, mas não um sorriso maroto, ou maldoso. Um sorriso amigo e sereno.


-Não... Mas eu aceito dançar.


- Ok. Então venha. – Nicholas estendeu a mão e os dois foram para a pista de dança.


 


__


 


 


 


Tocava ‘Beauty and The Beast’ com Céline Dion; Nicholas e Amelia dançavam juntinhos, quando Amelia começou a chorar silenciosamente, mas o suficiente para Nicholas perceber.


-O que passa? – Ele perguntou sem se soltar dela


-Nada – a menina fungou


- Ainda é sobre seu irmão?


-Bem... Mais ou menos, é o que ele disse... Sobre... Bem, sobre o Alex. – a menina corou e se escondeu no pescoço de Nicholas sem parar de dançar.


- O Alexander? O que aconteceu? Ele me disse que vocês brigaram, é isso?


- Não. Eu não ligo se ele diz ser um socialista, embora eu saiba que o capitalismo é em todos os quesitos superior.


-Rá. Você é impressionante. Agora me conta, sou seu amigo, o que aconteceu? – Nicholas perguntou abraçando Amelia ainda mais


-Bem... Eu... Sei lá... Ele... Ele gosta da Thalia, não gosta?


-Você gosta dele?


-Ele gosta da Thalia?


-Meu Deus! Acho que não, não sei, talvez... Mas você gosta dele? – O menino perguntou aflito


-É tudo tão confuso! Uma hora ele é um babaca, perdedor e outra hora ele é tão gentil, doce, romântico... Ele é tão poético!


-Oh... Entendo... Então você acha que ele gosta da sua melhor amiga... Mas o que isso tem a ver com Edgar? – ele perguntou com decepção nítida em sua voz


-Bem... Edgar depois de muito me insultar disse que o Alex gosta, de verdade, da Tally... Eu... Isso é tão patético! Por que justo da Tally? Eu sou sempre a garota que se destaca, sou tipo sei lá... A Rainha de Hogwarts... Por que ele não pode gostar de mim? – A menina voltou a chorar


-Não sei... Esse tipo de coisa acontece, sabe? Pessoas das quais a gente gosta, normalmente, não gostam de nós. Sinto muito. Sei como você se sente... é desolador... – Nicholas teve que ereguer a cabeça e os olhos para conter suas lágrimas.


- Oh, Nick! Do que você sabe? Você tem todas que deseja, assim como meu irmão!


-Todas... Todas. Tenho todas, menos a única que me importa...


-Oh. Não fazia idéia de que você gostasse de verdade de alguém...


-Claro que não. Afinal eu “nunca me apaixono”, certo? Eu não tenho um coração... Sou só um babaca que fica com garotinhas mais novas só pra me aproveitar da ingenuidade delas, não é mesmo? – Nick retrucou


-Não! Não quis dizer isso... Só não sabia... Desculpe-me... Sinto muito.. Por favor, não fique bravo.


-Rá. – Le revirou os olhos – Já estou acostumado com esses pensamentos sobre mim... Só não pensei que você pudesse achar isso também. Eu é que sinto muito. Mas a culpa deve ser minha, não devia ter contado. Fiz besteira... Desculpe. Devia ter ficado quieto e mantido meus problemas pra mim mesmo, como sempre faço. Foi mal. – Nicholas disse se separando da garota e deixando-a sozinha e perplexa na pista de dança.


__


 


Alexander e Thalia tomavam Champagne no jardim. Eles já estavam desmascarados e descalços. Ambos sentados bebendo e olhando as estrelas.


-Você sabia que esse ano o Torneio Tribruxo será em Hogwarts? – Alex perguntou mexendo seus pés


-Não. Que legal. Você vai participar?


-Eu não. É muito arriscado... – Então os dois caíram na gargalhada


Amelia que decidira tomar um ar fresco, depois de ser largada na pista de dança em seu próprio baile passava por ali. Precisamente, bem atrás de Thalia e Alexander, de modo que ela podia vê-los e ouvi-los, mas eles, por estarem de costas, não a viam nem a ouviam, por ela fazer silêncio.


-Thalia... Eu já disse que você está bonita?


-Hmm... Acho que só umas sete vezes... – então eles riram de novo. E riram de modo tão sintonizado que suas risadas se confundiam.


Alex não suportou mais, ele colocou a mexa de cabelo de Thalia atrás de sua orelha e a beijou. Beijou com tanta intensidade que faria inveja em Shakespeare. Beijou com tanta graça que parecia algo mitológico. Beijou com tanta vontade que Thalia se entregou por completo. Beijou com tanto ardor que Amelia sentiu como se estivessem dilacerando uma parte de seu coração.


Oh! Como aquilo doía. Então ela mais uma vez não conteve as lágrimas, era a terceira vez que chorava naquele dia. Ela normalmente era forte, não sabia o que estava acontecendo então ela correu. Ela correu tanto, mas tanto que chegou a um bosque. Esse fazia a divisa entre a Mansão Cartier e a Mansão Malfoy.


Amelia não havia parado de chorar um instante sequer. Mas a menina estava cansada, tão desolada... Sentou-se na grama, no meio do bosque escuro e fechado.


O vento sopra fortemente, indicando uma chuva a seguir.  Mas Amelia, embora sem agasalho, estava abalada demais para sentir frio ou temer a chuva.


Ela queria fugir, mais do que tudo, ela queria morrer.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (3)

  • Fairy Cakes

    Hahaha, sabia q era vc. Única q comentou...Isabel e Pedro... Hmm, acho q não... O Pedro totalmente saíria perdendo, mas nem pensei nisso quando escrevi. Hahaha

    2011-09-19
  • velasflutuantes

    caham... Discussão pelo socialismo/capitalismo acho que ta mais pra Amélia: Isabel e Alex:Pedro kkkkkkkkkkk

    2011-09-16
  • velasflutuantes

    ADOREI *-*  "Mas muito confuso também... Whatever" < Muito você kk P.S: É a Bia do Timba KKK Beijos

    2011-09-16
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.