Infeliz dia dos Namorados

Infeliz dia dos Namorados



      Durante a tarde Fred e eu ficamos conversando sobre os mais diversos assuntos. Ele perguntou sobre minha infância – e meus brinquedos e animais de estimação -, minhas preferências musicais – trouxas e bruxas –, meus gostos e meus ex-namorados. Por esse último assunto ser um tanto quanto delicado para nós, não fizemos questão de estender. Era claro que o fato de eu ter sido a namorada de Ronald ainda mexia muito com ele, mas em momento algum isso foi dito em alto e bom tom. De qualquer forma, eu poderia lidar com essa situação e, quando necessário, Fred também seria – eu acho.



     Conforme as nuvens da nossa “bolha” mágica começaram a se por, observei o horário em meu relógio de pulso. Uma fisgada no peito indicou-me que aquela era a hora de voltar a Hogwarts. Ficamos em silêncio, apenas observando um ao outro. Nada foi pronunciado. Ele levantou e esticou a mão para eu ficar de pé e saímos da nossa bolha para o mundo real.



     Eu e meu namorado andávamos balançando as mãos pela pequena e fria Hogsmeade. Éramos dois bobos, risonhos e apaixonados. Nosso silêncio era rompido por suspiros e falas nostálgicas sobre como sentiríamos fala um do outro. A tarde intensificou o frio e a sua mão – antes entrelaçada na minha – pousou no meu ombro e, com um leve puxão, nossos corpos ficaram grudados – um esquentando o outro. Esse foi o ápice de nosso encontro e eu torcia internamente para que nunca acabasse. Infelizmente, minha torcida não foi o suficiente para aplacar o que estava por vir.



     Estávamos saindo das redondezas de Hogsmeade quando tudo aconteceu. Foi tão rápido que nem mesmo minha mente perspicaz conseguiu memorizar tudo. Ronald e Lavender caminhavam em nossa direção, ambos entretidos dividindo uma varinha de alcaçuz da Dedos de Mel. Após ouvir um “clac” quase imperceptível, um gato cor de laranja passou correndo do meu lado e escondeu-se em um beco, ao lado da Zonkos. Ignorei a sensação de frio que passou em meu corpo e fui cutucar Fred para mostrar que seu cabelo era tão laranja quanto o do gato. Mas havia algo estranho: Fred não estava mais do meu lado. Instintivamente, fiz a volta em mim mesma para procurá-lo e, ao retornar a posição original, o casal 20 olhava-me dos pés à cabeça.



 



     - Olá, Hermione. – disse Lavender com sua voz doce e infantil – Imagino que deva ser muito difícil passar o dia dos namorados sem um namorado. – e seguida de uma risadinha nasal, continuou – Se eu e o Uon-Uon soubéssemos que você ficaria sozinha, poderíamos arranjá-la com algum menino da Grifinória.



 



     Enquanto Lavender falava, o olhar de Rony concentrou-se em seus pés como se eles fossem atraentes o suficiente para não me encarar. Todo sangue disponível em meu corpo concentrou-se no meu rosto. Provavelmente eu estava vermelha de raiva. Mas, ao invés de usar isso de subterfúgio para xingá-la de todos palavrões possíveis, minha raiva canalizou-se em meus ductos lacrimais e eu só consegui empurrá-la de minha frente e começar a chorar.



     Apesar de ser injusto o que ela fez comigo, eu não poderia retribuí-la a altura dizendo que estava namorando com Fred porque quando Ronald apareceu, seu irmãozinho mais velho, literalmente, pusera o rabinho entre as pernas e fugira como se estivesse fazendo algo errado. E agora de nada adiantava, já havia passado.



     Continuei caminhando na direção de Hogwarts, de cabeça baixa e deixando as lágrimas caírem, destruindo todo o meu conto de fadas.



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     Ao chegar na Sala Comunal, sentei em uma poltrona e pus o rosto entre as mãos. Não poderia ser possível. Fred não era tão vulnerável e medroso assim, esse era o Ronald. Fred era resoluto, direto e...corajoso. Ou talvez, tudo aquilo que ele aparentava ser, era uma mentira. Um leve arrastar de cadeira fez com que eu levantasse a cabeça e observasse quem estava por perto.



     Um par de olhos verdes cor de esmeralda me encarava. Harry estava com os olhos um tanto quanto inchados e vermelhos, presumi,então, que seu encontro tinha sido tão desastroso quanto fora o meu. Ao me encarar, ele deu um sorriso simpático e balançou a cabeça em direção ao dormitório masculino. Eu sabia o que esse gesto silencioso e quase inexpressivo significava: uma conversa séria.



     Afastamos o dossel da sua cama e sentamos com as pernas cruzadas como se fôssemos crianças, um de frente para o outro. Nos encaramos por um tempo, até que ele decidiu falar.



 



     - A surpresa foi tão desastrosa, huh? – perguntou ele incerto, tomando cuidado para não usar as palavras erradas.



 



     E então, eu relatei tudo o que aconteceu. Desde a hora em que o vi até a hora em que ele se transformou em gato e sumiu entre os becos de Hogsmeade. Eu podia ver as mãos de Harry apertadas sobre a cama e, cada vez mais, seu rosto retorcia em sinal de reprovação conforme eu lhe detalhava a breve conversa com Lavender. Sem dar tempo de réplica a ele, perguntei como havia sido o encontro com a Cho.



 



     -Cho e eu havíamos combinado de sair as nove horas para ir a Hogsmeade. Iríamos passear por lá e depois almoçar e retornar ao castelo. Quando deu nove horas, desci e fui em direção a torre da Corvinal para ver se ela estava pronta e se já podíamos ir. Ela estava em um dos corredores do castelo conversando com aquela amiga dela, a Edgecombe. Ouvi-a dizer mais ou menos isso.



     “Harry é um bom jogador de quadribol, é inteligente e pode ter um futuro bom. Ouvi dizer que os pais dele são ricos, os Potter são realmente uma família puro sangue e tradicional do nosso mundo, você sabe. Minha família era imigrante, Marieta, você acha mesmo que acumulamos fortunas? Papai está mal empregado e mamãe tem que fazer todo o serviço doméstico, um absurdo! Eu não quero o mesmo para mim, entende? Falei isso para o Ced quando ele pediu para que eu largasse Harry e ficasse com ele. Além disso, ele me trata bem e gosta de mim. Isso basta.”



 



     - Oh Harry, eu lamento tanto! – falei ao vê-lo fungar baixinho – Ela não merece você.



     - Eu sei, Mione. – ele falou me encarando – Da mesma forma que Fred e Rony não merecem você.



     - Acho que nos apaixonamos pelas pessoas erradas. – ri ironicamente e ele fixou, ainda mais, os olhos nos meus fazendo com que um calafrio percorresse meu corpo



     - Seria mais fácil se nós nos apaixonássemos, não é? Seriamos algo do tipo perfeito um para o outro. – suas bochechas coraram e ele baixou a cabeça – Nós nos completamos, Mione. Podemos não sentir atração um pelo outro, mas viveríamos até a velhice juntos. Nós conseguimos conviver pacificamente e nos amamos, não como homem e mulher, mas acho que, no final das contas, um casamento só sobrevive com o amor da amizade e isso nós temos.



     - Harry...- tentei argumentar, entretanto, não havia nada a ser dito.



     - Tudo bem, Mione. – ele riu e continuou – Quando ficarmos adultos, lá pelos 25 anos, se não acharmos nossa paixão arrebatadora que nos faça sentir tudo que os livros trouxas descrevem, nós podemos ficar juntos até morrermos, o que você acha?



     - Acho uma boa ideia.



     - Eu também, vai ser fácil conviver com você.



     - Posso dizer o mesmo, Harry.



 



     Nos abraçamos e continuamos ali, sentados na cama, consolando um ao outro até cairmos no sono.

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Comentários (4)

  • Gabriela-15

    O Harry e a Mione juntos foi um momento super fofo. Vontade gigante de matar dois Weasleys. Adoro a sua história, é muito dificil achar uma fremione boa como a sua . Beijos

    2012-01-15
  • Lahh

    continuaa :)

    2012-01-12
  • Karla Vieira

    que ridículo da parte do Fred, não gostei ! Mas o Harry... que fofo! 

    2012-01-12
  • LiarGranger

    Como assim Fred pode fazer uma coisa dessas com a Mione?! Chorei! Mas o Harry todo fofinho! Awn! Quero mais

    2012-01-12
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