Irish Pub



             Os últimos dias na Toca passavam cada vez mais devagar e isto me trazia ligeira vantagem de tal sorte que consegui planejar minha saída da casa antes do término das férias. Minha intenção, em momento algum, era chatear o senhor e a senhora Weasley, eu apenas precisava de um tempo único e exclusivamente meu para que pudesse pensar no turbilhão de emoções que era minha vida, nas dificuldades da carreira que eu seguiria daqui a uns meses ao terminar Hogwarts e como conciliaria meu lado bruxo com o trouxa.



            Durante sete anos a família Granger esteve incompleta, meus pais abdicaram de minha companhia para que eu pudesse adentrar em um mundo totalmente novo e inusitado e não reclamaram segundo algum sobre minha escolha. Entrementes, sempre que viajava para casa, todos compromissos eram desmarcados para que todo tempo possível comigo fosse aproveitado, tornando visível a falta que eu fazia a eles. Sempre me senti egoísta por esta atitude, mas eu precisava ver o que havia detrás da carta de Hogwarts. Talvez eu sempre tenha sido diferente, afinal, qual criança consegue fazer flores florescer a partir de sua mão?  



            Horas antes de partir, comuniquei a senhora Weasley que meus pais haviam chegado e pedido minha companhia até o final das férias. Os cinco segundos que levou para responder foi o tempo suficiente para minhas pernas tremerem e meu coração disparar. Eu odiava mentir e fazê-lo a ela, que era quase uma mãe para mim, tornava a situação intragável. Sua cabeça balançou lentamente e seus olhos tornaram-se chorosos, “Ah minha querida, vou sentir sua falta. Nos vemos na plataforma?” disse ela sorrindo amável.



            Enquanto arrumava a mala, Ginny auxiliou-me e em curtos intervalos de tempo pediu para eu ficar. Eu tinha absoluta certeza que ela sabia a verdade – ou pelo menos parte dela. Ainda que fosse apenas uma semana longe de todos, parte de mim ficou na Toca quando me despedi. Era incrível o quanto eu sentia falta de todos – seja do espanto do senhor Weasley ao conhecer artefatos trouxas ou da expressão mal humorada de Percy.



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            Quando cheguei no quarto que ficaria hospedada até o fim da semana no Caldeirão Furado, logo senti saudades da Toca. As janelas mostravam amontoados de lojas e bruxos por todos lugares, ao contrário de lá que retratavam um fino tapete branco de neve. Balancei a cabeça a fim de tirar tais pensamentos para focar no meu objetivo. Pensei, pela primeira vez, nos longos braços de Fred me envolvendo e em como eu desejava aquela sensação novamente. Amaldiçoei Angelina por tê-lo e por poder desfrutar de quantos abraços quiser e por poder usufruir daqueles lábios cor de pêssego. Qual seria o gosto dele? Doce como o do irmão ou refrescante como os de Viktor? Desejei, por um momento, estar perto dele. Ouvir sua voz, sentir seu cheiro e aquecer-me em seus braços.



            O sentimento dualista de não poder pensar nele desta forma devido seu grau de parentesco com meu ex-namorado e de precisar reviver aquele abraço acompanhou-me pela tarde. Decidi, então, que não iria me importar com isso. Foi apenas um abraço e por mais que parte de mim vibrasse e desejasse a sensação novamente, sabia que seria criar falsas esperanças visto que ele tinha uma namorada – de brinquedo ou não, isto não importava – e que ele era meu ex-cunhado.



            Por volta das sete horas já não agüentava mais ficar trancafiada dentro do quarto. Apanhei minha bolsa e saí a procura de um barzinho. Entrei em um Irish pub – aparentemente novo no Beco Diagonal – e sentei em uma cadeira estofada verde extremamente confortável. Permiti-me observar todo local, ele era semelhante com todos os pubs trouxas que eu havia freqüentado: tinha um extenso bar coberto de bebidas, vários copos e taças ao longo do balcão e três bartenders atrás. Um deles veio até minha mesa e anotou meu pedido: duas doses de uísque de fogo.



            Eu tinha consciência de que não poderia beber mais, afinal, ainda deveria ir até o quarto, entretanto, uma voz fininha sussurrava na minha mente: “Uma dose a mais, Hermione, vamos lá.” E como se eu fosse uma beata seguindo Merlin, fui atrás daquele sussurro e bebi – não apenas uma dose e sim cinco. Se antes disso eu estava confusa, agora, além disso, tudo estava embaçado e, momentaneamente, abri meus olhos para tentar ver com mais clareza. Foi em vão, o embaralhado da imagem a minha frente perdurou. Estiquei as pernas para me livrar do formigamento – resultado de muito tempo sentada – e continuei tentando enxergar o que estava envolvido por uma nuvem: fechei os olhos, deixei-os normal, arregalei-os novamente. Nada.



            Em uma dessas tentativas de conseguir ver, vi que o Rony estava me olhando. Minha voz saiu embrulhada ao falar “Rony!”, eu sabia que ele voltaria a me ver. Virei a cabeça para procurar Harry e encontrei o Rony me olhando de novo. Estranhei porque ele estava na cadeira do meu lado esquerdo e agora ele estava na cadeira do lado direito. Olhei de um lado ao outro e pus a mão na boca. Não era um Ronald e sim dois. Merlin! Ele se dividira em dois...e agora? “Vamos Hermione, acalme-se” gritou uma voz imponente dentro de mim, entretanto, aquele sussurro também gritou “Qual o problema em ter dois Ronald? Enquanto ele terá uma só, você terá dois!”. Bati com a mão na mesa e disse:”Chega! Qual de vocês é o verdadeiro Ronald? Essa brincadeira é muito sem graça, Harry. Eu sei que já usamos Poção Polissuco mas estávamos nos divertindo! Isso não é divertido.”



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            Se alguns dias atrás desejei absorver todo o sol da manhã, hoje eu repudiava sua presença. Minha cabeça parecia pesada e o dobro do tamanho normal e como se não bastasse, havia pequenas explosões dentro dela. “Ai!” foi tudo que disse antes de abrir os olhos e me deparar com quatro pedaços do céu me encarando fixamente. Arregalei os olhos e instintivamente apoiei-me na cama e fui para trás. Deixei meus olhos acostumarem-se com o sol e pude definir que não eram pedaços do céu e sim os olhos de Fred e George.



            - Até que enfim você acordou. – gritou George – Achei que deveríamos enviar uma coruja para mamãe falando que você fugiu da Toca.



            - Fala mais baixo, não precisa gritar.



            - Eu estou sussurrando. – constatou surpreso – A sabe-tudo caiu nas garras do uísque de fogo, hein? – brincou – Vou pedir a Verity alguma coisa para você comer. – e saiu deixando eu e Fred a sós



            - Por que você mentiu que viajaria para casa de seus pais? – antes que pudesse dizer que aquilo não era de seu interesse – Hospedar-se no Caldeirão Furado! Céus, Hermione. Sabe qual o tipo de gente que vai ficar lá? Hein? – levantou-se da cama abruptamente e, com as mãos nos cabelos, ficou de costas para mim – Nem Merlin queira saber a tragédia que seria você naquele pub, sozinha e bêbada. Pensa, se não fosse eu ou George que tivéssemos lhe trazido, estaria na cama de um daqueles velhos assíduos do bar.  Se eles fizessem alguma, você nem saberia se defender! Escuta. – ele virou-se e me encarou – Eu posso não ser seu pai, irmão ou melhor amigo. Mas eu te proíbo de ir a um pub para beber igual a uma delinqüente. Ainda mais se o motivo era o Ronald.



“ Você tem que entender que namorados vão e vêm, como você mesmo me disse, isso sempre vai acontecer. Beber por um cara que não te quis, Hermione, não mostra que você quer esquecer e sim que é fraca demais para aceitar. Eu sei que essa foi sua primeira vez e peço que seja a última também.”


            Eu sabia que ele estava certo. Tinha plena consciência disso mas a diferença era que eu não bebi para esquecer Ronald porque bem ou mal eu havia o perdoado. Bebi apenas para ser uma pessoa normal com erros como qualquer outra e quando eu falei isso ao Fred, sua expressão – antes dura e inflexível – amoleceu-se e ele sorriu e disse que eu não precisava ser normal, eu só precisava ser...Eu.  Ao sair, ele acrescentou: “Desculpa por ter extraído alguns pensamentos seus, peguei só o que era estritamente necessário. Mamãe não sabe que você não está em casa.”



N/A: Primeiramente queria agradecer todos os comentários e esperem...agora muita coisa vai desenrolar e tirar as dúvidas de vocês. Segundo, queria avisá-los que com o término das férias, os capítulos passam a ser semanais. Como tenho aula em turno integral, saio de casa antes das sete e volto as seis horas da noite, tenho provas semanais e estou no terceiro ano é meio impossível postar com muita frequência. Tentarei ao máximo postar dois ou mais capítulos no fim de semana e quando tiver uma trégua dos estudos, um durante a semana. Me desculpem. Beijo e boa leitura

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Comentários (2)

  • MarianaBortoletti

    Nossa, fiquei chocada com essa confusão toda da Hermione. Uma hora o Krum, outra hora o Fred, todo o tempo o Ron. Mas adorei ela batendo na mesa e ficando bêbada numa situação totalmente constrangedora. Adoro pubs irlandeses ou com ares irlandeses, tem cada figura! Ahh, que fofo o Fred, cuidado dela. George também é um fofo, mas acho que o Fred é mais. Bom, até o próximo!

    2011-08-01
  • Melissa Resende

    Uuuuuuuui o Fred tá cuidadno da Hermione! iohoihoihoihoih que fofo! o Jorge tbm é  afinal são gêmeos mas vc me entendeu! aoisoiash Aaah eu entendo minhsa aulas começam amanha e eu vou entrar pouco aqui na f&b que triste.. mas mesmo assim vou continuar acompanhando sua fic.. amo esse shipper! e sua fic é foda! o/

    2011-07-31
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