Weasleys



            “Eu, Rony e Harry estávamos nos jardins de Hogwarts. O sol brilhava radiante e refletia no lago a frente deles, as flores coloriam o imenso tapete verde de grama. Aquilo parecia magia. A sensação de estar completa era ótima: estava com os dois garotos que mais amava naquele lugar.



            Harry pediu licença e saiu em direção a cabana de Hagrid. Rony e eu ficamos juntos, abraçados debaixo da árvore. Ele arrancou uma florzinha branca do chão e me entregou, sorri com o gesto e encarei seus olhos. Oh Deus, que olhos! Ele sorriu e levantou meu rosto.  No próximo segundo, senti seus lábios macios sobre os meus. Seu gosto era levemente adocicado e, inexperiente, Rony os entreabriu e permitiu a passagem da língua.



            Eu já sabia como era beijar, Krum havia me ensinado essa matéria muito bem. Rony, entretanto, não. Mas não poderia negar que ele era um fofo. Sempre cuidadoso e perguntando se eu estava bem. Começamos namorar e, desde então, andávamos para todos lugares de mãos dadas e fazendo carícias.



            Era tudo perfeito, sabe? Até que Rony começou a se destacar no time de Quadribol. A sua autoconfiança aumentou e, com ela, suas defesas eram mais precisas e, quase sempre, saíam invictos do campo. A atenção das garotas perante meu namorado também aumentou e isso, não me deixava nada feliz. Uma em especial, Lavender, parecia nos seguir a todos lugares.



            Rony e eu passamos a brigar constantemente devido isso. Não me agradava ter uma cadelinha a tiracolo embora, cada vez mais, ele gostasse da presença dela. Harry também ficava chateado com sua presença. Não tínhamos mais oportunidade de conversarmos sobre nossos assuntos. O trio passou a ser quarteto. Comecei a me afastar disso e, conseqüentemente, de Ronald. Ele pareceu perceber e, ao invés de pedir a Lavender espaço, ele fez questão de aproximá-la ainda mais.



            Estava indo até a biblioteca quando os vi. Meus olhos dirigiram-se as mãos entrelaçadas dos dois. Senti um aperto no peito. Não demorou muito e ele a encostou na parede e a beijou. Na frente de todos. Não sei o que aconteceu comigo mas saí correndo e fui direto ao banheiro feminino. Chorei como nunca havia chorado antes. Me sentia traída, trocada, usada e humilhada. Perder meu melhor amigo e ainda namorado era muito forte para mim. Ele sequer fez questão de terminar!



            No outro dia, os boatos do beijo corriam a solta. Hogwarts não tem segredos. Todos sabiam e me olhavam com pena. Após o término da aula de Poções, Lavender me chamou para conversar. Relutei em aceitar sua proposta, todavia, a segui. Fomos até perto da sala comunal e ela me encostou na parede. “Eu e o Rony estamos namorando e ele pediu para avisar que terminou com você. Se você tentar acabar com meu namoro, vai sofrer as conseqüências. Nem tente interferir porque eu e o Uon Uon estamos muito felizes juntos.”



            Aquilo foi pior do que ver os dois juntos. Ele pediu para a nova namorada terminar seu antigo namoro. Que droga era aquela? Meu coração, se é que possível, quebrou-se mais uma vez. Agora, eu definitivamente, perdera meu melhor amigo. E o pior: eu ainda o amava. Tentei falar com Harry a respeito e, como sempre discreto, ele apenas disse que não queria se intrometer nisso. Entendi sua decisão. Aos poucos, começamos a andar só nós dois.”



            Depois de tanto tempo falando, tomei meu capuccino em um só gole. Fred ainda me encarava incrédulo. Comi minha tortinha de abóbora em silêncio. O silêncio entre nós era sufocante e ele pareceu perceber pois começou a falar.



            - Não acredito que Ronald fez isso.



            - Tudo bem, um dia isso aconteceria não é? – a pergunta que fiz era para mim e não para ele – Acontece com todos, Fred.



            - Acontece mas não dessa forma. Desculpa, Hermione. – ele falou docemente



            - Não tem que se desculpar pelo erro do seu irmão.



            - Tenho sim ou você vai pensar que nos, Weasley, somos um bando de trasgos. – eu sorri com os olhos marejados – Sei que parecemos as vezes, embora não sejamos.



            Olhei para o lado a tempo de ver Ronald e Lavender se beijar. As lágrimas agora escorriam livremente pelo meu rosto. Não fiz questão de esconder, todos sabiam a mágoa que eu tinha. Fred se sentou ao meu lado e me abraçou. Seus braços eram fortes, provavelmente herança de batedor, quentes e aconchegantes. Enfiei meu rosto na curvatura do seu pescoço e inspirei seu perfume: essência de sândalo com pinho? Minhas lágrimas rolavam e molhavam sua jaqueta de couro de dragão. Entrementes, ele pareceu não se importar. Ele abraçou-me mais forte e afagou meus cabelos. Ao me afastar, ele sorriu.



            - Desculpa pela jaqueta e por acabar com seu final de semana. – falei limpando as lágrimas – Eu estou tentando evitar, sabe, mas é tão forte.



            - Tudo bem. – ele sorriu e continuou – Quem diria, eu, Fred Weasley, consolando Hermione Granger. – ele gargalhou – Você é incrível e imprevisível, sabia? Pode contar sempre comigo.



            - Obrigada. – sorri e apertei seu ombro – Tenho que ir.



            - Vou com você. – ao ver meu espanto, continuou – Te levo até o portão de Hogwarts.



            - Não, não precisa. – respondi apressada



            - Ah, precisa sim. Eu quero e eu vou levar.



 



            Pagamos a conta e seguimos em direção da estrada que levava a Hogwarts. Ele riu e me mostrou a nota: a garçonete havia escrito seu nome, de novo.

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