Na tentativa de ser perfeita



-Ah!- era assim que os habitantes de um prédio comum em Glasgow acordavam em uma manha de quarta-feira, o que não era uma coisa muito estranha, pois freqüentemente ouviam gritos vindos daquele apartamente, vindo de diferentes pessoas.
-Bianca, são seis horas da manhã, PARA DE GRITARRRR!- berrava um irritado Perdro, que era o santo que aturava aquela garota que ele chamava de irmã, mas que era totalmente maluca e MUITO escandalosa!
O menino tinha 14 anos e sua irmã tinha 11, os dois eram adotados e sabiam disso. Mas de qualquer jeito, a garota acordara o prédio inteiro por causa de uma barata, que era um bichinho que vivia aparecendo na sua casa.
Mas apesar das baratas e outros bichinhos, os irmãos gostavam do apartamento onde viviam, não era muito grande, mas era aquela típica casa bagunçada e aconchegante.
 -Mata ela, Pedro!- gritava  a menina desesperada.
-Está bem- respondeu o santo.
Ele pegou uma vassoura e calmamente a barata com toda a facilidade do mundo e agradeceu a Deus e ao mundo por a irmã ter parado de gritar.
-Precisava fazer escândalo?
-Desculpa.
Nesse momento eles ouviram a porta da cozinha onde eles estavam comendo se abrir e sem nenhuma surpresa eles viram o Sr. e a Sra. Coutinho com cara de que tinham acabado de acordar adentrando a cozinha assustados. Pedro ficava se perguntando por que os pais ainda se assustarem com os gritos da irmã.
-O que aconteceu aqui?- perguntou o patriarca da família.
-O que você acha, pai? - perguntou Pedro
-Eu nem sei parque eu ainda me assusto com esses gritos- divagava a Sra. Coutinho.
-Nem eu mãe, você sabe que essa maluca adora escândalos!
-Pois é...
-Ei, parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui!- exclamou a menina indignada fazendo a família dar gostosas gargalhadas- Pedro, que horas são?- acrescentou
O menino olhou o relógio e a menina achou que os olhos dele iam pular do rosto e começar a dançar pelo tanto que ele arregalou os olhos e disse:
-Seis e meia, a gente já devia ter saído há dez minutos!
A cena seguinte foi cômica, estavam os dois enfiando comida na boca enquanto se arrumavam as pressase num recorde de dois minutos estavam prontos. Quando acabaram, os dois correram desesperados até o ponto de ônibus perto da sua casa, deixando pra trás seus pais risonhos.
Foi quando chegaram no ponto que começaram a rir que nem dois malucos, o que os fez receber vários olhares irritados por perturbarem a paz alheia as seis e meia da manha.
Esperaram uns dois minutos pelo ônibus conversando. Quando o ônibus chegou, sentaram-se um do lado do outro como sempre, tudo estava na mais completa paz. Até que para perturbar a paz do irmão mais uma vez, a menina gritou que tinha esquecido de fazer o seu dever de matemática, que por acaso era a sua segunda aula, por tanto não daria para fazer no recreio.
Ela pegou o caderno e começou a fazer o dever com a ajuda do irmão. Milagrosamente ela conseguiu acabar o dever antes de chegar na escola se achando o máximo.
Quando chegaram na escola soltaram um suspiro de alivio ao ver que não estavam atrasados, porém o alivio não durou muito, pois logo que pisaram na escola, o sinal tocou.
Cada um correu para sua sala na esperança de chegar mais rápido que o professor. Bianca conseguiu, assim que chegou na sala, correu para pegar seu material e sentar.
Parecendo que foi cronometrado, assim que ela sentou, um professor entrou na sala. A menina não o reconheceu, por isso esperou o homem gorducho se apresentar para a turma.
-Bom dia- ele disse.
-Bom dia- somente a Bianca e mais uns dois alunos responderam.
A maior parte da turma parou de prestar atenção quando viram que ia ser uma aula de substituição, mas a Bianca prestava atenção, pois apesar de ela sempre prestar atenção, ela nunca foi a melhor aluna da turma.
O professor começou a falar e a Bianca anotava tudo, enquanto o resto da turma estava conversando ou fazendo alguma coisa parecida. Assim se passou o resto da aula.
Quando acabou a aula, Bianca pôde finalmente falar com as suas amigas. Elas sentavam nas fileiras de trás, então Bianca foi até lá.
-Oi Lá, tudo bem? 
-Tudo, e você Bi?
-Também.
A Lara era muito amiga da Bianca, mas a maioria das pessoas não conseguiam entender porque, pois enquanto a Bianca se esforçava muito pra ir bem na escola, a Lara não estava nem aí. Enquanto a Bianca fazia todos os deveres, a Lara não fazia nenhum.
Por esses e outros motivos, a Lara já tinha repetido de ano duas vezes, mas ela nem ligava.
Mas sabe-se lá porque, as duas eram muito amigas. E a Lara gostava do irmão mais velho da Bianca, pois ele tinha quase a mesma idade que ela, que ia fazer 14 em três meses.
-Ele acha você muito legal e engraçada- disse a Bianca pela milésima vez.
Depois de alguns segundos em que a Lara falou "Yupi", chegou perto delas uma outra garota que Bianca não conhecia e começou a conversar com a amiga. Então ela foi conversar com os seus outros amigos.
Ela andou para perto do Rafael e do Fernando e começou a conversar animadamente com os dois, até que a conversa foi parar, ninguém sabe como, nas famílias.
- O meu irmão é muito legal- comentava a menina.
- Eu não acho, acho aquele moleque insuportável.- disse a voz que ela mais odiava escutar atras da Bianca.
Maria. A garota que Bianca mais odiava em todo o mundo.
- Que bom que você acha isso, mas eu realmente lamento informar que ninguém perguntou a sua opinião que é um tanto quanto insignificante.
Luana, a garota que sempre estava entre Bianca e Maria, prendeu uma risada, pois Bianca sempre ignorava esses comentários irrelevantes da outra, mas naquele dia, ela resolveu responder.
A Maria saiu da sala e seus fieis seguidores foram atras. Os dois amigos da Bianca ficaram rindo da cara da Maria revoltada. Provavelmente a Maria ia dizer pata Deus e o mundo como a Bianca era chata, mal sabia ela que a garota não dava a menor importância pra isso.
 Virando as costas pra Maria, que a encarava, continuou a conversa com os seus amigos como se nada tivesse acontecido.
A conversa não durou muito, porque pouco tempo depois, o sinal tocou. E a Bianca como perfeita nerd que era, foi correndo pegar o material e sentar.
- Bom dia!- disse a Profa. Vasconcelos.
- Bom dia- responderam todos.
A aula de geografia foi normal, a professora falou, os alunos ouviram e alguns anotaram. Bianca, como sempre, foi um deles.
Depois dessa aula era recreio. Todos os alunos saíram correndo da sala, pois como eles diziam: o recrio é bom e dura pouco. Dessa vez Bianca estava incluída. A menina foi até a cantina peocurar sua melhor amiga, Filipa.
As duas logo que se viram engataram numa conversa sobre banalidades como por exemplo, o teste de matemática ou coisas do gênero e, é claro, como toda conversa de mulher, elas conversaram sobre outras pessoas, amigas ou não.
 O recreio acabou rapidamente, para as duas não tinha se passado nem um minuto e elas ainda estavam comendo.
As duas foram para a sala devagar, não porque queriam perder aula, Bianca jamais faria isso, mas porque queriam conversar um pouco mais.
O resto do dia se passou assim, sem nenhuma coisa estranha.
O estranho aconteceu de noite, enquanto Bianca estava no telefone com a Filipa. As duas estavam conversando, quando ela ouviu um som estridente vindo do andar de cima que reconheceu ser de bateria.
A menina gritou pra seja lá quem for ficar quieto, porém ela não foi ouvida ou foi ignorada, por isso desligou o telefone  e prometeu pra amiga que ligaria depois.
Ela foi ficando com raiva, pois o som ia ficando cada vez mais alto. Ela gritou muito, até que sentiu tudo começar a tremer, o que a assustou e o tremor passou.
Mas mesmo depois de tudo ter tremido, o ser não parava de tocar a sua bateria. A menina perdeu a paciência, saiu de casa, subiu a escada e bateu na porta do vizinho. Um senhor de cabelos brancos atendeu a porta e disse que já tinha tentado muito, mas o garoto não parava da tocar, Bianca perguntou se podia entrar e falar com o garoto, o senhor deixou.
Ela entrou sem cerimonias no quarto, fazendo o garoto parar de tocar e a olhar assustado. Ela percebeu isso e se apresentou.
- Olá, eu sou Bianca Coutinho, sua vizinha debaixo e sua música esta me irritando.
- Os incomodados que se mudem- respondeu grosseiramente.
Ela ficou com muita raiva e de repente viu a bateria do garoto explodir, o que assustou muito os dois. Depois do episódio a menina e o menino saíram do quarto chocados. Os dois estavam muito abismados para falar qualquer coisa.
Eles saíram, ela se despediu e foi embora.
Assim que chegou em casa, ligou pra Filipa que concordou que tudo era muito estranho. Era a primeira vez que acontecia uma coisa dessas com ela e ela internamente tinha gostado daquilo, ela sabia, talvez inconscientemente, que fizera aquilo. Só não sabia como, mas era apenas um pequeno detalhe. 

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