A marca



Era estranho andar pelo castelo sem ele, era estranho não sentir seus braços em volta dela enquanto estudava, mais estranho ainda sair da sala e não vê-lo ali esperando. Charlotte sentia muita falta dele, sentia muita falta do sorriso dele e das ruguinhas que formavam em volta dos seus olhos quando sorria. Sentia falta também da sua risada quando ela falava alguma coisa engraçada, da sua voz sussurrando coisas em seu ouvido e seus lábios no seu pescoço quando ela prendia o cabelo para trás quando estudava. O fim de semana se arrastou longamente sem ele conversando com ela. A garota praticamente não saia da enfermaria fazendo questão de dar de comer a ele quando Madame Pomfrey tentava a afastar. Lia para ele o Profeta Diário e narrava os jogos de quadribol. 
A noticia havia se espalhado no castelo como um relâmpago, todo lugar em que Charlotte ia podia ouvir pessoas comentando sobre o ocorrido. As pessoas não tratavam ela normalmente, falavam com ela como se ela fosse viúva. Até mesmo os professores tratavam-a de modo diferente, não brigavam com ela se chegasse atrasada e não cobravam seus deveres. Obviamente, com exceção da Srta. Frost que parecia estar saboreando o sofrimento da garota. Podia ser apenas impressão, mas a professora parecia mais nova e radiante com o ocorrido. Mas Charlotte levou a sério o que Angelina falou e deixou para lá. 
- Eu fiquei sabendo sobre seu namoradinho, Srta. Adams. - Snape falou baixinho de modo que apenas a garota e Jorge, que estava ao seu lado, pudessem ouvir. - É uma pena, agora a Grifinória não tem chance nenhuma. 
Jorge levantou em um salto segurando a varinha ameaçando o professor, Charlotte pedia aos sussurros para que ele parasse: 
- Menos dez pontos da Grifinória, Weasley. E detenção amanhã a noite. - o professor então se afastou deixando Charlotte e Jorge irritados. 
Fred e Jorge pareciam perturbados com o que tinha ocorrido e brigaram com Carlinhos quando este mencionou que havia encontrado um goleiro novo para ficar no lugar de Olívio na frente deCharlotte. Angelina também ficou ofendida com o que Carlinhos havia feito e começou a ignorá-lo quando os dois se encontravam no corredor. Alicia e Pamela tentavam distrair Charlotte convidando-a para fazer coisas agradáveis durante o fim de semana, mas a garota preferia passar esse tempo na ala hospitalar. 
Dois meses se passaram sem que houvesse melhora na recuperação do garoto, Charlotte ainda costumava freqüentar a ala hospitalar em todos os seus horários livres. Em uma tarde de sábado, levou flores para alegrar um pouco ao lado da cama de Olívio, a Madame Pomfrey arranjou um grande vaso e Charlotte as colocou ali. Enquanto colocava água no vaso, Charlotte notou algo estranho no namorado. Ao lado direito do pescoço dele havia duas pequenas marcas de sangue. A garota então rasgou um pequeno pedaço do jornal e pressionou contra a marca fazendo uma impressão de sangue no papel. Observou a marca então lhe ocorreu uma idéia, correndo para fora da ala hospitalar (“Senhorita Adams, a senhorita ainda volta?” gritou a Madame Pomfrey enquanto ela saia correndo) foi procurar professor Kettleburn. 
Encontrou o homenzinho cheio de cicatrizes conversando com o guarda-caça da escola, um homenzarrão chamado Rúbeo Hagrid. Ela mostrou a marca para os dois que pareceram muito interessados. Os dois garantiram a ela que não era nenhum animal, e confiando neles, Charlotte descartou a idéia de um animal perigoso e passou para a idéia de um ser das trevas. Obviamente não perguntaria para a Srta. Frost, então correu para a Srta. McGonagall: 
- Bem, - falou a professora após analisar a marca por alguns segundos. - Me parece muito com uma marca de vampiro. 
- A senhora acha que pode ter sido uma mordida de vampiro? - perguntou Charlotte apreensiva. 
- Depende, se a vítima sobreviveu não é um vampiro, porque não há sobreviventes de ataques de vampiros. Deve ter algum livro sobre esse tipo de ser na Sessão Restrita da biblioteca. Por que você quer saber sobre isso, Charlotte? Você esta só no primeiro ano, não é para trabalho nenhum de escola. 
- Bem,- Charlotte olhou para os lados para ver se alguém estava ouvindo. - acho que tem alguma coisa a ver com o Olívio. 
- Ah, - a professora McGonagall ficou com lágrimas nos olhos ao ouvir o nome de Olívio ser citado. - eu entendo que você queira fazer alguma coisa, Srta. Adams, mas nem sempre dá para fazer algo. 
- Não, professora! Eu tenho certeza que isso vai ajudar! - falou Charlotte elevando a voz um pouco. 
- Tudo bem, Srta. Adams, eu te dou a permissão para usar a Sessão Restrita da biblioteca para procurar esse livro. - falou a professora . 
Madame Pince levantou os olhos do Profeta Diário e olhou para Charlotte com suspeita quando esta lhe entregou a permissão para usar a Sessão Restrita da biblioteca. Levantou a permissão contra a luz como se checasse alguma marca d’água, e, não encontrando nada de errado, levantou-se e, carregando seu espanador como se fosse uma arma, conduziu Charlotte até a sessão. Charlotte então foi até a estante denominada de “Artes das Trevas” de onde, depois de alguns minutos de procura, tirou um livro com uma capa preta de couro com os dizeres em dourado : “Seres Malignos entre Nós” e voltou para a enfermaria, onde Olívio dormia docemente.

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