Velhice



- Srta. Adams, recolha rapidamente os deveres que passei para o feriado. - falou a Srta. Frost parecendo cansada. Charlotte recolheu os deveres de casa e colocou em cima da mesa da professora que parecia realmente mal. Estava pálida e seus olhos, Charlotte percebeu, estavam rosados, não vermelho-sangue como costumavam ser. - Pode se sentar agora.- falou a professora notando que estava sendo observada. 
Charlotte não estava prestando atenção na aula, mas sim na professora. Ela aparentava estar pelo menos dez anos mais velha. Seu cabelo não estava mais tão brilhante e em volta dos seus olhos estavam visíveis pés-de-galinha. Quando a professora levantou a mão para anotar algo no quadro, Charlotte reparou que sua mão estava mais velha também, assim como seu pescoço. A garota tentou chamar a atenção de Angelina, mas a amiga estava realmente concentrada na aula e não atendeu ao chamado. Na verdade, todos estavam muito concentrados, então a garota teve que esquecer o assunto e tentar se concentrar na aula. 
Charlotte foi para o jantar com Angelina, e enquanto descia as escadas foi chamada por uma voz às suas costas. Era o professor Snape: 
- Pode ir jantar, Srta. Johnson. - falou o professor rispidamente. 
- Tudo bem, Angel. - falou Charlotte para a amiga. 
- Parece que o seu namoradinho conseguiu escapar bem de ser dar mal no jogo. Mas ainda pode acontecer alguma coisa com ele. - disse o professor com um sorrisinho. 
- Era só isso que o senhor queria dizer? - perguntou Charlotte irritada. 
- Não. - falou o professor e alcançou um pergaminho para a garota. - Seu trabalho de Poções está medíocre, aposto que a senhorita pode fazer algo decente. - e então se virou e foi embora deixando a garota irritada e pensativa sobre o que ele tinha dito. 
A garota esqueceu do assunto até a noite, enquanto olhava para fora da janela observando a lua minguante. Angelina estava ao seu lado lendo o livro que ela tinha lhe dado. Então a garota contou o que o professor Snape havia falado para ela. 
- Você acha que foi uma ameaça? - perguntou Angelina falando baixo. 
- Não tenho certeza. - respondeu Charlotte pensativa. Angelina voltou seus olhos para o livro. 
- Angel, reparou como a Srta. Frost parecia mais velha hoje? - ela perguntou sussurrando baixinho. 
- Como? - perguntou Angelina levantando os olhos do Manual do Artilheiro de Sucesso. 
- A Srta. Frost, não parecia mais velha hoje? - repetiu a garota impaciente.
- Eu acho que você tem ciúmes dela porque o Olívio falou que acha ela bonita. - falou Angelina voltando seus olhos para o livro. Charlotte bufou alto e encostou no encosto da poltrona. Angelina retirou os olhos do livro e olhou para a amiga. - Por que você não vai conversar com Olívio sobre isso, se isso realmente te irrita? 
- O Olívio não veio para o Salão Comunal ainda. - falou Charlotte ainda irritada e decidida a permanecer olhando para a lua. 
- Ele está onde a essa hora? - perguntou Angelina. 
- Acho que no treino de quadribol, não consegui falar com ele hoje de tarde. - a preocupação começou a apertar o coração de Charlotte novamente. 
- No treino? Mas o Carlinhos já chegou do treino e subiu exausto para o dormitório. 
- Eu não sei, talvez ele já tenha subido e eu não tenha visto, se falar com ele hoje, avisa que eu fui dormir. - então Charlotte subiu para o dormitório deixando Angelina sozinha no Salão Comunal. 
bulla - murmurou Charlotte fazendo pequenas bolhas saírem de sua varinha na aula de Feitiços. 
- Se concentre mais, Srta. Adams, e sua bolhas ficarão maiores. - Charlotte ouviu a voz fininha do Prof. Flitwick falar para ela do outro lado da sala. Pelo menos suas bolhas pareciam com bolhas de sabão, a bolha de Lino era tão preta que não dava para ver o outro lado. 
- Sabe - Angelina falou baixinho para que só Charlotte pudesse ouvir - O Olívio não apareceu ontem de noite. - agora Angelina tinha toda a atenção de Charlotte - Pelo menos até quando eu fui dormir, e olha que eu perdi a noção do tempo lendo o livro que você me deu no natal, que é muito bom por sinal. 
A preocupação bateu mais forte em Charlotte acelerando seu coração, sua varinha tremeu e então sua pequenas bolhas viraram grandes bolhas de fogo. As bolhas cairam no chão queimando alguns jornais que o professor havia colocado para proteger o piso: 
Aguamenti - o professor Flitwick veio ao resgate fazendo água jorrar de sua varinha. 
No meio da confusão, a Srta McGonagall apareceu à porta e educadamente esperou até o professor acalmar a classe. 
- Filio, posso falar com a Srta. Adams? - perguntou a professora. 
- Claro, Minerva. - respondeu o professor Flitwick - Srta. Adams, por favor. 
Charlotte andou para a professora com o coração palpitando. Quase botar fogo na sala de aula era motivo da diretora da Casa vir falar com o aluno? 
- Sugiro que pegue seu material. - falou a professora. 
Charlotte juntou seu material e murmurou para Angelina: 
- Te vejo depois. 
A professora McGonagall não parecia que ia brigar com ela por botar fogo na classe. Na verdade, não parecia nem ligar para o caso: 
- Professora, foi um acidente, sabe, eu nem sabia como botar fogo na sala, simplesmente aconteceu. - Charlotte começou a falar sem parar para respirar tentando se explicar. 
- Como?- perguntou a professora Minerva distraidamente. - Ah, o acidente na sala de aula, está tudo bem, isso é normal. Não é por isso que eu te chamei, Adams. 
- Foi por que então, professora? - alguma coisa no tom da voz da professora fez com que ela ficasse com muito medo. 
- Acho melhor que a senhorita veja. - falou a professora fracamente e conduziu Charlotte para a ala hospitalar. 
A ala hospitalar era um lugar repleto de pequenas camas enfileiradas lado a lado. Uma das camas, Charlotte pôde ver, estava com a cortina corrida e foi para onde a professora conduziu-a. A Srta McGonagall parecia que ia falar algo, mas o quer que fosse, se perdeu no meio do ar, então ela abriu a cortina mostrando quem estava deitado nela. Um homem idoso repousava tranquilamente na cama como se cochilasse. Num primeiro momento a garota não entendeu porque a professora a estava mostrando aquele senhor, mas então ela pôde notar quem era: Olívio Wood. O garoto quase estava irreconhecível, a pele parecia frouxa em seu esqueleto e ele possuía barba e cabelos longos e muito brancos. Como se quisesse ver se aquilo era real mesmo, Charlotte tocou no rosto do namorado fazendo-o abrir os olhos: 
- Charlie. - Olívio falou muito baixo e depois gemeu de dor. 
- Olívio, o que aconteceu com você? - perguntou Charlotte com os olhos marejados de lágrimas. 
- N-Não tenho certeza, Charlie.- falou ele colocando a mão por cima da mão da garota. - Não me lembro de nada. - e depois de terminar essa frase, suspirou como se falar exigisse um esforço enorme e então fechou os olhos e dormiu profundamente. 
Charlotte deixou as lágrimas caírem e ouviu uma fungada a suas costas, parecia que a professora deixou ser tomada pelas emoções, mas quando falou tinha a voz firme: 
- Srta. Adams, tem idéia do que pode ter causado isso? 
- Não, professora, nenhuma. - respondeu a garota com a voz tremula. 
- Acha que ele pode ter tomado alguma poção ou talvez um feitiço que deu errado? 
- Acho que não, Olívio é muito cuidadoso, só faz alguma coisa quando tem certeza de que vai dar certo. - Charlotte contemplava o rosto do garoto alisando-o. 
- Talvez... - então a voz da professora se transformou num sussurro. - Algum inimigo? 
Charlotte olhou para a professora que parecia realmente perturbada em ter que sugerir isso: 
- Olívio sempre se deu muito bem com todos. - Charlotte respondeu com convicção na voz. 
- Nem ao menos do quadribol? - a professora sussurrou olhando para os lados como se temesse que alguém ouvisse. 
- Quem sabe. - mas Charlotte já não estava mais prestando atenção na professora, estava olhando o namorado. Ela sentiu a professora deixando os dois a sós e depois ouviu os alunos saindo de suas classes indo almoçar. Ela teria essa tarde livre, então escolheu ficar com o garoto. Qualquer movimento que ele fazia, ela pulava da cadeira e olhava esperançosa para ele mas normalmente o movimento era apenas ele querendo mudar de posição na cama. Ela ficou até a Madame Pomfrey a expulsar dali mandando-a voltar para seu dormitório para descansar. Como se Charlotte pudesse dormir.

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