Nervosismo

Capítulo 2 – Nervosismo

 

         Harry suspirou, encostando a cabeça contra o vidro da janela do Expresso. Irritado que estivesse sozinho enquanto Rony e Hermione estavam na reunião de monitores. Fechou os olhos por alguns instantes e, sem surpresa, ouviu a porta abrir e alguém apressadamente fechar as cortinas.

- Sei que está acordado – resmungou a voz de Draco Malfoy.

         Harry abriu os olhos e sorriu zombeteiro: - Como vai, Draco?

- Não seja irônico, Harry, trouxe as informações que você pediu – sussurrou.

         O rosto do moreno ficou sério, enquanto ouvia.

- Voldemort pretende atacar o Ministério ainda esse ano – disse Draco olhando nervosamente para os lados – pretende atraí-lo até lá, para que retire a profecia.

         Harry assentiu – essa profecia parecia ser a base de tudo.

- Não importa o que ele faça, não vá até lá – o loiro falou -, é exatamente o que ele quer.

         O moreno suspirou, não tinha idéia do que ia fazer: - Certo, vá, Ron e Mione chegam daqui a pouco, não podem lhe ver.

         O loiro olhou por alguns instantes para Harry, como se decidisse que o moreno ia ou não ficar quieto ao invés de atrair Voldemort, suspirou dando de ombros, acenou um 'tchau' com a cabeça e saiu com pressa.

         Harry olhou para a janela, o trem movimentava-se rápido, a paisagem fria e branca de neve era somente um borrão enorme lá fora. Sozinho, sorriu para o nada. Quem imaginaria que ele e Draco Malfoy pudessem algum dia, conversar civilizadamente, aliás, confraternizar para ganhar a guerra? O moreno ainda ficava surpreso ao lembrar o dia em que Draco lhe contara que era do "lado da luz". Mas o moreno aprendeu a não julgar as pessoas pelo sobrenome.

 Deviam ter passado somente alguns minutos quando a porta de sua cabine abriu novamente: lá estava Gina.

         Não estava mais com o uniforme da Grifinória, decidindo-se por uma calça jeans, uma blusa rosa e um casaco – que parecia bem quentinho para o frio lá fora – felpudo branco. Os cabelos ruivos estavam compridos, quase na metade das costas e o rosto branco, com poucas sardas, tinha os olhos caramelos para completar a imagem.

- Oi – ela disse sorrindo, estava muito corada, entretanto, e Harry imaginou por que.

- Olá, Gina, tudo bem? – perguntou Harry. É claro que ele sabia que estava tudo bem, anteontem tinha passado – após visitar o Lupin – no quarto de Gina e a visto ali.

          Há algumas semanas ele tinha decidido que visitar Gina não seria ruim, afinal, se gostava dela secretamente e ninguém – nem mesmo a romântica Mione – sabia, não havia problema algum. E, o melhor de tudo era que certa noite Gina acordara e vira Harry ali, em seu quarto. Ele não falou que era uma parte de sua mente – como ela reagiria? -, então, acabou por contar que era uma espécie de espírito.

- Estou... Estou tão apaixonada por ele que fico vendo seu espírito à noite? – na hora daquela pergunta o "espírito Harry" se forçou para não fazer cara de choque, mas, tinha acenado que sim, e Gina parecia realmente acreditar, vindo conversando com ele.

         Por alguns breves segundos se sentiu tentado a abrir a boca e contar tudo, que só estava mentindo quando falou que era um espírito, porém desistiu – e tentou se convencer de que tinha desistido porque a porta tinha sido aberta, e, não, porque não tinha coragem.

         Gina, já sentada na sua frente – ainda corada, aliás -, olhou para a porta, onde passaram Rony e Hermione parecendo exaustos.

- Garotos do primeiro ano – foi tudo que Rony conseguiu resmungar antes de se jogar no banco ao lado de Harry e Hermione, Gina.

 

- HP –

 

         Remo olhou nervosamente para os trilhos do trem, sem saber direito como se comportar. O que falaria para o moreno filho de seu amigo? "Olá?", ele pensou ansioso.

         Tonks olhou de soslaio para Remo ao seu lado, parecia estranho. O cachorro sentado latiu, abanando o rabo, esperando impaciente. Sirius queria ver logo o afilhado e, no meio de uma estação lotada de pais – que se soubessem que ele era Black iriam pirar – isso era meio difícil.

         O Expresso de Hogwarts apareceu na curva, já começando a parar lentamente. Mesmo no meio da fumaça, Remo podia ouvir a conversa dos alunos no trem, os malões sendo praticamente arrastados pelo bagageiro e batendo com força contra o chão, o pio das corujas nas gaiolas, e tudo o mais.

         Quando a cabeleira ruiva de Fred Weasley surgiu, logo depois Jorge, ele sentiu-se ainda mais nervoso, o estômago se contorcendo. Caramba era somente Harry! Ele já tinha conversado com o moreno... Mas cada vez mais parecia impossível esconder o segredo de Sirius Black, maroto-mor.

         Rony surgiu em outro vagão poucos minutos depois, com Hermione tentando segurar o malão e a gaiolinha de Bichento, Gina que tremia de frio e, finalmente, Harry arrastando o malão e segurando a gaiola de Edwiges.

- Oi, mamãe – Gina abraçou Molly Weasley sorrindo, que deu seu habitual abraço de urso. Repetiu o gesto com os irmãos Weasleys, Mione e Harry.

         Harry virou-se e sorrindo para Tonks deu um abraço nela, que devolveu animada: - E aí, beleza?

- É – ele respondeu, e Remo viu um vestígio do garoto feliz do terceiro ano, mas também confuso. E então o rosto voltou ao do quinto ano, e ele estava triste e sério quando se virou para Sirius – O que está fazendo aqui, Almofadinhas? Draco Malfoy me contou que Narcisa Malfoy o reconheceu.

         O cachorro latiu, como se dissesse "E desde quando você acredita na Doninha Albina?".

- Oi, professor Lupin – Harry sorriu. Remo franziu o cenho, ele não tinha dito para chamá-lo de Aluado? E ele se tocou que o moreno atuava muito bem, pois, se não tivesse o visto piscar imperceptivelmente, acharia que aquilo tudo no hospital teria sido um sonho.

         Olho-Tonto revirou o olho mágico alerta em busca de inimigos e batendo seu cajado no chão, já começava a mancar em direção a saída: - Vamos logo, não fiquem parados aí, garotos!

         Quando Remo olhou novamente para Harry ele já era o garoto triste do quinto ano. E Remo suspirou.

 

- HP –

 

- Ainda não entendo por que você foi, Sirius! – Harry ainda chiava, irritado com o fato de que seu padrinho não compreendia o quanto era perigoso ele sair.

         Mas Sirius só tinha os pés em cima da mesa da cozinha, a cadeira balançando para frente e para trás, sorrindo relaxado.

- Viva um pouco, Harry! – Sirius riu – E eu pensei que você fosse parecido com Tiago, ele não deixaria de fazer uma marotagem nunca!

         Remo, sentado ao lado deles, viu Harry apertar levemente os olhos – não parecendo irritado e, sim, magoado com o comentário de seu padrinho.

- Mas eu não sou meu pai – Harry resmungou quietamente, entretanto, sua voz foi encoberta pela da Sra. Weasley:

- Venham jantar vocês!

         Rony desceu esfregando as mãos ansiosamente e mais que rápido sentou-se ao lado do amigo, enquanto Hermione baixava o jornal e revirava os olhos. Fred e Jorge aparataram e a Sra. Weasley ralhou. Quando Gina entrou com Tonk, Remo não perdeu o olhar de Harry na pequena Weasley.

         E Aluado corou quando Harry discretamente ergueu as sobrancelhas, malicioso, lançando olhares entre Remo e Tonks.

- Q'wan ve'gmos o pa'kai? – indagou Rony certa hora do jantar.

- Não se fala de boca cheia, Ronald, já disse! – Molly brigou, mas, aparentemente entendeu a fala, pois disse: - Veremos seu pai amanhã de manhã, não fique ansioso, ele está bem, está tudo bem.

- Espero mesmo – disse Fred sorrindo alegremente junto ao gêmeo. Ou Remo pensava que fosse Fred, poderia ser Jorge.

- Tenho certeza que ele está bem – disse Harry dando uma colherada na sopa de cebola.

         Hermione franziu o cenho, desconfiada, mas se Harry reparou, ignorou o gesto da amiga. O jantar estava silencioso, pois se ouvia somente o som dos talheres, todos com as mentes polvorosamente ocupadas em preocupações ou – possivelmente no caso de Fred e Jorge – brincadeiras.

- Então – Sirius começou a falar em determinado momento – soube que há uma professora de DCAT que é a encarnação do capeta na Terra...

         Antes, porém, que ele pudesse prossegui, Fred logo se expressou: - Falar isso dela é ser gentil, Sirius!

- Aquela lá é o capeta em pessoa – o outro gêmeo continuou.

- Pior que ela só o diabo – ambos concluíram como sempre juntos, fazendo Sirius rir da fala dos garotos.

         Rony acenava com a cabeça, sob os olhares repreendedores da Sra. Weasley: - Apoiado, apoiado!

- Bom... – Hermione hesitou – ela é do Ministério, pessoal, então é óbvio que não seria, exatamente, um... Amor de pessoa. Ela está dando aula para os que quer controlar. O termo certo seria "falsamente amável".

- O termo certo seria "fodidamente insuportável" – Harry corrigiu repentinamente, saindo de seu silêncio. A mesa explodiu em gargalhas, fazendo Almofadinhas quase cair da cadeira entre seu ataque de risos e a Sra. Weasley dirigir seus olhares a Harry.

         Hermione revirou os olhos: - Está bem, Harry, nós sabemos que você não gosta...

- Odeio – o garoto interrompeu.

- ... odeia a Umbridge – Mione continuou como se nada tivesse acontecido.

- Se não fosse pela AD – Gina começou a dizer, após depositar a colher em seu prato vazio – eu provavelmente me daria mal nos exames.

- Mas os exames ainda nem aconteceram! – Harry exclamou surpreso quando os amigos logo começaram a concordar.

- É que você é um professor muito bom, Harryzinho – Jorge disse.

- Só não é tão bom quanto o Remo Lulupi – Fred completou.

         Sirius estava quase perdendo o ar de tanto rir, já com a barriga doendo. Remo corou loucamente com o apelido, mas deu um sorriso de canto de boca – aqueles garotos eram os Marotos na pior época.

- Viu, Harry? Nossa idéia de criar a AD e colocá-lo foi boa – Hermione disse alegremente. A idéia de estudar para alegrar, e muito, a garota, só não parecia a Hermione Granger que conhecemos, pois esses estudos em especifico eram contra a regra.

- Sua idéia, Mione – Harry frisou para a amiga – eu não tinha intenção alguma de fazer parte de disso, e se tinha, não era, em hipótese alguma, como professor.

         O moreno fez uma careta.

- É, mas até que foi bom isso, não foi, Harry? – Rony comentou maliciosamente – Cho Chang não tira os olhos de você.

- Cho Chang? A japa bonitona da Corvinal? – Fred e Jorge perguntaram em uníssono.

         Sirius sorriu tão malicioso quanto o ruivo Weasley: - Quem diria Harry... E eu achei que você era mais parecido psicologicamente com sua mãe do que com seu pai.

         Ninguém reparou muito o olhar sombrio de Gina no canto da mesa – a ruiva não estava nem um pouco contente com o assunto. Harry, por outro lado, não pareceu exatamente afetado com as palavras dos amigos.

- Não gosto do Cho... – ele disse e ninguém ouviu Gina completar baixinho "rona" (Chorona) – e acho que você tem muita imaginação, isso sim.

- Sei – os quatros disseram juntos.

         Molly levantou-se da mesa, já fazendo os pratos flutuarem para a pia e lavarem-se magicamente.

- Vamos, quero todos indo para a cama, amanhã iremos ao St. Mungus e não quero ninguém caindo de sono.

         Os Weasley pareceram felizes com a noticia, porque pela primeira vez em séculos Fred e Jorge não soltaram um comentário sobre estar cedo demais ou algo do tipo. Todos somente desejaram boa noite e subiram.

         Harry lançou um olhar discreto a Remo e desejou boa noite um pouco depois de todos, enquanto subia as escadas ao lado de Hermione.

         Naquela noite, Harry não desceu para conversar com Aluado – e o moreno não gostava de pensar que era por que Sirius estava lá. Isso o fazia sentir-se rancoroso.

         E ele sabia que era o que de fato estava sendo.

N/A:  Pois é, depois de um século... Eu reencarnei, meu povo!

Desculpa a demora *autoraimploradejoelhosenquantochoracopiosamente* <- grande né?

Bom, espero que tenham gostado do capítulo e comentem, não mata! E exercita os dedos... =D

Estou tentando deixar todas as minhas fics em dia, vamos ver se sai mais um cap. hoje em outra!

 

Beijos,

           Annie E. Potter/Emmy B. Potter

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