St. Mungus



Capítulo 1 – St. Mungus


 


         Remo Lupin era uma pessoa simples. Um homem simples, de necessidades simples.


         Seus cabelos eram loiro-acastanhados, dava-se para reparar, por mais que tivesse alguns fios grisalhos. Os olhos eram âmbar, e o sorriso, apesar de parecer cansado de algo, era muito bonito. Era forte e alto, mas com algumas cicatrizes – emocionais e físicas.


         Quando seus amigos, Tiago e Lílian Potter morreram, Sirius Black foi preso por assassinar Pedro Pettigrew – outro “amigo” dele -, ele pensou que nunca esqueceria aquele ano de 1981. Nunca estivera tão enganado.


         Ficara, sim, remoendo isso durante os doze anos solitários, mas, nunca tinha pensado que aquele ano que estavam – 1995 - fosse o que iria marcá-lo, de verdade.


- Como está Arthur? – perguntou Tonks ao seu lado.


         No momento, para ser mais discreta, Ninfadora Tonks usava os cabelos num tom loiro clarinho e completamente cacheado. Os olhos eram de um azul triste, como se refletisse seu humor.


         O cachorro sentado no chão latiu. Era preto e muito grande. Sirius Black.


         Arthur Weasley era o patriarca da família Weasley e tinha saído em uma missão para a Ordem da Fênix – o grupo secreto que lutava contra Lord Voldemort e seus Comensais da Morte. Patrulhando os corredores do Ministério da Magia, fora atacado por Nagini, a cobra da “Cobra”.


- Bom, poderia ter morrido – respondeu Alvo Dumbledore num suspiro, parecia entre angustiado e aliviado – Mas estou preocupado com Harry.    


         Os integrantes da Ordem que ali estavam – Tonks, Molly, Alastor, Sirius, Remo, Kingsley Shacklebolt, Héstia Jones e Emmeline Vance - prestaram atenção no diretor de Hogwarts.


- Por que, Alvo? – perguntou Héstia. Ela era alta, tinha cabelos castanhos que se destacavam e olhos de um profundo chocolate.


- Foi Harry que teve a visão de Arthur sendo atacado e, de acordo com o que ele me descreveu, Voldemort parece ter sentido que existe uma ligação – o diretor parecia decididamente preocupado com isso.


         O cachorro ganiu como se estivesse ferido. E Remo suspirou. Harry já tinha passado por coisas demais para o próprio bem dele mesmo. Suportaria saber sobre mais algumas coisas?


- Ele, Hermione e os Weasleys estão indo para a Sede? – perguntou Kingsley Shacklebolt, Quim.


         Dumbledore assentiu minimamente: - Sim, infelizmente, voltarão somente com os outros alunos daqui a dois dias, Dolores apareceu no meu escritório na hora que me levantava para preparar uma chave de portal – ele suspirou levemente – Falou-me que isso era ilegal e proibiu os garotos de saírem, mas disse que ela ainda não tinha tal pose para isso, além do que, eles não precisavam sofrer pelo que eu fiz.


         Depois disso, o grupo ficou em silencio por alguns minutos, antes que se reunirem mais um pouco, ainda sentados nas cadeiras, para discutirem como buscariam os garotos e as garotas na Estação para o Natal.


         Remo bem que tentou prestar atenção, porque até Sirius, como cachorro, prestava, mas seus olhos desviavam do grupo e seus ouvidos se desconectavam.


         Era como se sentisse que algo estava prestes a acontecer, só não conseguia saber o que.


         Quando girou os olhos para a cadeira a seu lado, tentou não pular de susto para não chamar a atenção da Ordem ali presente. Mas era difícil.


         Parado ali estava Harry e ele tinha, aparentemente, seis anos. Só que sua cor, desde sua pele a roupas, estava num bonito branco-perolado, como os fantasmas de Hogwarts ou Pirraça, o poltergeist. Os cabelos estavam desgrenhados e, Remo tinha certeza de que seriam pretos se não estivessem no branco-perolado. O corpo era miúdo e de feições pequenas. Os óculos de aro redondo no rosto, e por trás das lentes, os olhos brilhavam em branco mais do que qualquer parte do corpo.


         Harry estava sentado na cadeira e Remo reparou que, mesmo que o menino só tivesse uns seis ou sete anos, ele era miúdo demais. Os braços finos e parecendo fracos, os pés passavam longe do chão, balançando para frente e para trás. Ele, pelo menos, não usava as grandes roupas de Duda e, sim, roupas parecendo de boa marca.


- Olá, professor Lupin – disse Harry para Remo, sorrindo alegre. A voz era infantil e alegre.


- S-Só Remo, o-ou Al-luado – Remo gaguejou todas as palavras antes que pudesse se impedir, mas era estranho ver Harry assim, como um fantasma e enquanto era criança – como se tivesse morrido cedo demais.


- Tudo bem, Aluado? – perguntou ele, Harry ainda sorria – Como está o Sr. Weasley? Passei na ala que ele está, mas só o vi dormindo. Ouve alguma seqüela ou algo do tipo?


         Remo acenou que não com a cabeça, ele parecia em estado de choque. Isso parecia divertir muito Harry – então, Remo chegou à conclusão que Harry criança era mais feliz que Harry atual.


- Que bom realmente, muito bom – ele sorriu de novo e então Remo não agüentou mais ficar quieto.


- Como veio parar aqui, Harry? Isso é um sonho ou o quê?


         Harry riu.


- Ah, não, não é um sonho, Aluado, você está bem acordado, se quer saber – ele disse – Isso é uma parte da essência de minha mente.


- Como assim?


- Há alguns meses, descobri que quando dormia, podia separar parte de minha mente do meu corpo, eu nem mesmo ficava com sono de dia! – ele parecia decididamente feliz com isso. – Mas, por ser somente parte, eu fico criança, o que é realmente muito triste, mas tudo bem.


“No inicio, foi difícil, eu separava uma parte pequena demais, então, era só um bebê e quando acordava pensava ter sido um sonho, em algumas semanas, consegui estender isso, e fiquei com seis anos. Aos poucos, estou, felizmente, crescendo”.


         Remo arregalou os olhos. Dividir... A essência... Da mente? Mas... Mas ninguém tinha feito isso, nunca!


- Quando, exatamente, você descobriu isso, Harry? – perguntou Remo, olhou discretamente para os integrantes da Ordem, eles nem pareciam ter notado que ele conversava com Harry, aliás, nem pareciam ter notado que Harry estava ali.


- Nessas férias de verão – o moreno deu um sorriso tristonho – mas, enquanto ainda estava nos Dursleys, eu só tinha uns dois ou três anos, não conseguia ficar muito tempo nessa forma, nem sair para muito longe.


         Ele soltou um riso fraco.


- O que foi realmente muito chato, pois acabei por só saber das noticias sobre Voldemort quando cheguei à Ordem mesmo.


         Remo ficou alarmado. Harry podia ver as reuniões, podia descobrir coisas que, certamente, não devia! Claro, Dumbledore contara a ele e Sirius sobre a profecia que envolvia Voldemort e Harry, não o conteúdo, só que ela existia.


         Será que Harry descobrira?


- Então... – Remo passou as mãos nervosamente nos cabelos meio grisalhos pela idade – Você vem vendo as reuniões da Ordem? Ou... Algo do tipo?


         Harry não caíra no jogo de Remo, simplesmente riu.


- Ah, não, Aluado. É uma pena, mas Tio Dumby parece saber quando estou presente – disse num suspiro.


- Como assim? Eles não podem ver você? – Remo apontou com o queixo para as pessoas. Ele reparou que Dumbledore não estava mais ali.


         Harry balançou a cabeça negativamente, os pés mexiam-se sem tocar no chão, para frente e para trás.


- Eu não sei tudo sobre dividir a mente na essência – ele disse na sua voz de criança – mas, o que sei é: quanto mais dividir, mais perto de minha idade fico. Não sinto sono ou fome nesse estado, e não fico com sono de dia porque meu corpo está, de fato, dormindo. E as pessoas podem me ver, somente, quando eu deixar.


         Remo acenou positivamente, o que poderia ser tanto “Entendo”, “Sim” ou “Devo estar maluco”.


- Mas, não entendo, por que veio e mostrou-se para mim, justo, para mim? – perguntou Remo. Quer dizer, não que não estivesse gostando da confiança, mas Harry tinha Sirius, conhecia e gostava, tinha certeza, mais de Sirius.


         Harry pareceu, pela primeira vez, incomodado na sua forma de essência.


- Sirius... – ele hesitou, mas respirou fundo e disse: - Sirius está distante, como se não me quisesse aqui, como se eu trouxesse mais problemas do que ele pode suportar, quero dizer.


- Não é verdade, Harry, Sirius ama você – discordou Remo.


         Harry desviou os olhos: - Eu não disse que não amava... Ele só... Só parecia distante – repentinamente sorriu – Reminho, Reminho, soube que está pegando a Ninfa de jeito.


         Remo sabia que o moreno queria trocar de assunto, mas, mesmo assim corou fortemente. Ninguém pareceu reparar.


- Não é assim, Harry... – e Harry riu, fazendo Remo ficar mais envergonhado ainda ao perceber que se explicava para um adolescente – ou criança?


- Relaxa, Remie – Harry riu de novo, balançando os pés. Olhou no relógio da parede, de repente apressado – eu vou indo, daqui a pouco tenho que... Ahn, ver alguém, tá? Tchauzinho.


         E, antes que Remo pudesse dizer algo, ele se dissipou como fumaça rápida levada ao vento.


- Está olhando para onde, Lupin? – perguntou Moody alerta, vendo que o ex-professor olhava para longe.


- Para... Para nenhum lugar – aparentemente, a presença de Harry disfarçava tudo.


         E, sem ele aqui, repentinamente Remo se sentiu exposto – como guardaria um segredo desses de Sirius?

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Comentários (1)

  • Deusa Potter

    Oi, gostei bastante desse primeiro capitulo, mas para ser sincera, estou um tanto relutante em favoritar pq ja acompanhei algumas fics suas e muitas foram deixadas pela metade... Sei que é dificil escrever, mas é muito ruim começar a acompanhar uma historia que nao terá final...Bem, vou dar uma chance e acompanhar e espero realmente que vc nao desista ou demora uma vida pra atualizar...

    2011-06-09
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