O fim



Obrigaram-no a sentar-se em um trono de pedra, desconfortável, com correntes prendendo suas pernas e braços. Em sua cabeça, sua coroa de rubis cintilava, mas não parecia lhe conferir nenhum tipo de majestade, pelo contrário: parecia ser um adorno ridículo.


Conforme Pansy fez questão de declarar, o povo estava todo no saguão do ministério, já que, quem não comparecesse, estaria se declarando inimigo da ordem e, portanto, seria caçado.


- As coisas não precisam terminar assim, Draco – ela disse, em seu vestido negro e provocante – se você declarar aqui, na frente de todos os bruxos, do ministério e de sua noiva, que está arrependido pela traição, você poderá viver. Aliás, ficaremos juntos de novo, eu e você!


- E o seu marido?


- Se você continuar fingindo que é um herói, poderá se encontrar com ele no próximo mundo.


- Quer mandar alguma mensagem?


Ela bateu com força em seu rosto, cortando-o com seu anel. Uma gota de sangue escorreu até o seu queixo, mas a expressão do rosto de Draco permaneceu intacta.


- Nenhum ódio é comparável ao que uma mulher rejeitada sente.


- O que você quer?! Que eu tenha pena de você?!


- Você não é bom, Malfoy. Você é promíscuo, sem honra, sem nobreza! Você sabe disso. Um dia você se cansaria de imitar o Potter.


- Sou muito melhor que ele, você ficaria surpresa. – Draco conseguiu rir, verdadeiramente divertido.


- Pelo menos a insolência você não perdeu. 


De repente, as portas do salão se abriram.


Gina parecia uma boneca de porcelana, com a pele muito pálida. Ela tremia e suas pernas claramente não eram capazes de suportar seu peso, então o próprio Blaise a conduzia pelo corredor. Seus lábios haviam sido cobertos por um batom vermelho e seus cabelos estavam presos em um coque bonito, feito especialmente para suportar a pequena coroa de rainha que tinham colocado em sua cabeça.


Seu vestido era volumoso, muito branco, com uma calda de uns quatro metros de cumprimento. Não havia pedras, babados ou quaisquer outros enfeites, mas era perfeito mesmo assim. Os comensais queriam que o povo acreditasse nesse casamento, isso era evidente, porque matar aquela garota, Gina Weasley, era uma coisa, mas matar Guinevere Malfoy, a rainha, era outra completamente diferente.   


Ninguém disse absolutamente nada ao vê-la, pareciam estar aterrorizados demais, chocados demais, e Pansy parecia ter se ofendido com a beleza da ruiva, porque enterrou as unhas com força nos ombros de Draco.


A marcha nupcial começou a ser tocada por uma orquestra invisível, e, com toda a dignidade, Gina caminhou ao encontro do seu noivo, do seu rei, com a cabeça erguida e um olhar determinado, escoltada por vinte comensais da morte.


- No mesmo dia que você chegou a Hogwarts, descobrimos que as nossas informações sigilosas tinham vazado para o ministério. Não é uma coincidência engraçada? – Perguntou ela a Zabine, com raiva.


- Então, fui eu que vazei as informações ou eu que os avisei que as informações tinham vazado? – Ele disse, com um tom zombeteiro na voz.


- Acho que este momento é a resposta para esse impasse... – ela respondeu, mas foi a última coisa que ela disse, porque tinham chegado até o noivo.


As correntes o liberaram, então Draco levantou-se substituiu Zabine na tarefa de sustentá-la em pé. Percebeu que suas mãos estavam geladas e muito trêmulas e ficou bastante preocupado. O que eles fizeram com ela? Gina estava evitando o seu olhar para conseguir manter-se forte, mas apertou com força a sua mão, com medo. Morreriam ali? Era isso?


- Boa noite, bruxos e bruxas – quem falou foi o atual Ministro da Magia, que também era comensal, ao lado do próprio Zabine, e de Pansy Parkinson, que era uma megalomaníaca e, por isso, fazia questão de aparecer – Minha tarefa como Ministro era meramente provisória, até que encontrássemos alguém competente para preencher esse cargo. Foi então que este homem – ele colocou a mão sobre o ombro de Zabine – provou o seu valor e a sua lealdade para com as suas promessas. É por isso que delego a ele as honrarias da noite, para que ele possa conduzir não só esta cerimônia simbólica, que é a prova do que acontece àqueles que se negam a reconhecer que novos tempos estão emergindo, mas a Inglaterra. Aplaudam.


Ninguém o obedeceu além dos comensais, uns estavam espalhados pela multidão, mas a maioria estava concentrada nos noivos.  Zabine agradeceu com um aceno. O velho amigo de Draco, então, recebeu um anel do ministro regente. Ele tinha uma pedra vermelha muito grande e bonita que todos sabiam ser o símbolo do poder político ministerial.  


- O poder... – ele começou, caminhando lentamente de um lado para o outro, como se pesasse com cuidado as palavras  – ...Pelo poder, muitos homens mataram, traíram e torturaram. Os exemplos na história são incontáveis.


- Este homem – apontou para Draco Malfoy – hoje é apontado como traidor do Ministério em nome do poder. Este homem, que esteve comigo quando fiz o meu primeiro feitiço, que me ajudou a conquistar minha primeira garota, que se cortava comigo enquanto fazíamos pela primeira vez a barba, que me ofereceu o seu ombro quando meus pais foram assassinados... é verdadeiramente um rei.


Gina estava boquiaberta e, ao olhar de soslaio para Draco, viu que ele estava emocionado. Os murmúrios do salão tinham ficado incontroláveis! O que estava acontecendo?!


- Este anel – ele mostrou, erguendo o anelar – confere a mim os poderes sobre os dementadores e aurores, e há, entre vocês, oficiais de diversas outras monarquias do mundo bruxo, além do célebre Harry Potter e a sua legião de amigos, armados até os dentes. Sugiro, portanto, que os comensais que sobraram não tentem resistir à prisão.


A multidão, finalmente, aplaudiu as palavras de Zabine, enquanto os comensais abaixavam suas varinhas e eram algemados por oficiais do Ministério, devidamente uniformizados. Entre eles, o próprio Ministro Regente, mas Pansy Parkinson, que parecia transtornada e gritava “não!”, conseguiu apontar a varinha para um dos aurores que se aproximava dela e matá-lo com a pior das maldições imperdoáveis.


Antes que alguém pudesse ao menos perceber o que ela planejava, a morena fechou a mão no pulso de Gina e apontou a varinha para a cabeça da ruiva, querendo fazê-la refém.


- Soltem os comensais e deixem que aparatem, senão... – ela anunciou, mas Harry, que estava atrás dela coberto pela capa, a estuporou sem dificuldade, já que Hermione previra que algo assim aconteceria. Gina, sem o apoio da comensal, teria caído se não tivesse sido amparada pelos braços de Malfoy.


- Você está bem, Gina?! – ele perguntou, preocupado. Ela sorriu.


- Acabou? – Ele concordou com a cabeça, parecendo estar meio triste quando olhou para baixo por alguns segundos, mas sorriu quando voltou a encará-la. – Então não precisaremos mais nos casar?!


- Não, Gina, acho que estamos livres.


- E a Monarquia? – quem respondeu foi Hermione, feliz, usando um uniforme de auror:


- Parece que não precisamos mais dela, Gina.


Em seguida, o Sr. e a Sra. Weasley, seguidos de vários indivíduos de cabelos ruivos, alcançaram Gina, cobrindo-a de beijos e abraços. Desta forma, Draco, que tinha sido deixado de lado, não pôde continuar conversando com ela.


Gina sorria entre seus familiares, apesar de ainda estar muito fraca, e o loiro perguntou a si mesmo para onde poderia ir agora e, principalmente, o que faria da própria vida.


Abaixou a cabeça e decidiu que sua missão ali tinha acabado, então foi embora, sem perceber que a ruiva estava procurando por ele com os olhos. Ao vê-lo caminhar sozinho para fora do Ministério, ela sentiu vontade de chorar, mas entendeu.


Ela sabia que, na verdade, nunca houve nada entre eles.  

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