sorry doesn't help



Segunda-feira pós-festa é uma das três coisas mais assustadoras de quando você está no colegial. Assim que eu pisei na escola as pessoas me olhavam e cochichavam sobre mim.


- Ah não, de novo não. – Falei baixo.


Logo avistei Dorcas e Lily, e caminhei até elas.


- O que eles estão falando de mim dessa vez? – Perguntei.


- Que você levou um banho de cerveja da Emmeline e foi embora da festa chorando. – Lily disse.


- É melhor que ter alguma doença venérea. – Falei ponderando.


Assim que avistei Emmeline caminhando daquele jeito imponente e irritante pelo corredor, caminhei até ela. Ela parou de andar ao ver que eu caminhava na direção dela e cruzou os braços.


- Então eu saí da festa chorando? – Perguntei.


- Era o que você devia ter feito. – Ela me respondeu.


- Por quê? Eu não tenho medo de você. – Eu respondi.


- Você devia. – Emmeline tentou andar, mas eu continuei na frente dela, impedindo que ela fizesse o que queria.


- Não. Você deveria ter. – Falei. – Mas antes de tudo você devia ter vergonha. Que tipo de pessoa sobe na mesa da casa de um desconhecido, tira a calcinha e joga no lustre? – Eu falei mais alto para que mais pessoas pudessem ouvir.


- O que? – Emmeline perguntou perplexa.


- Um amigo me contou. – Falei. – Disse que você estava muito bêbada e que você precisa depilar lá em baixo.


Emmeline foi para cima de mim para me bater, mas Lily a empurrou, fazendo a cair no chão.


- Não me dê mais um motivo para querer te bater. – Lily disse.


Emmeline estava no chão, cabelos loiros bagunçados e seu rosto mostrava todo o medo que ela estava de Lily.


- Vamos Lily. – Peguei pelo braço de Lily e a puxei.


Como estávamos perto da sala do Jornal, arrastei Lily e Dorcas para lá dentro.


- Você é meu herói. – Eu a abracei.


- Eu empurrei Emmeline Vance. – Lily disse um pouco chocada.


- Você fez isso. – Falei. – Você me defendeu!


- Eu estou fazendo uma nota mental de nunca brigar com vocês. – Dorcas disse. – Vocês são violentas!


- Nós somos! – Lily disse feliz. – Nossa, foi muito bom empurrar ela.


- Eu imagino. – Falei. – Vou tentar um dia.


O sinal tocou e nós fomos para a sala. Dorcas queria saber tudo da festa, e não fazia diferença para ela se estávamos na aula ou não. Por sorte era aula de geometria, onde faríamos um trabalho em grupo.


- Eu faço, vocês contam. – Dorcas disse.


Enquanto eu e Lily dávamos todos os detalhes que Dorcas pedia, ela fazia os desenhos e calculava os ângulos dos desenhos.


- Ótimo! Vocês duas têm dois novos affairs e eu estou apaixonada por um nerd que não me dá a mínima. – Dorcas disse. – Não é justo.


- “Novos”? Você disse “novos”? Quais são os antigos? – Eu perguntei.


- Sirius e James. – Dorcas disse.


- Eles não são “affairs”. – Lily disse. – Eles são pessoas que nos irritam.


- Digam o que quiserem. – Dorcas disse. – Eu sinto essas coisas. E nenhum de vocês consegue disfarçar tensão sexual.


- Pare de usar essa expressão. – Falei nervosa. – Não há nada sexual entre ninguém.


- Fale por você. – Lily disse rindo.


Eu ignorei Lily e Dorcas rindo e me voltei para a janela. Eu estava olhando pela janela e ignorando a fofoca das duas quando Lily me cutucou.


- Oque foi? – Perguntei voltando a conversa.


- Ele te ligou? – Lily perguntou.


- Ele quem?


- O Luke, quem mais? – Lily disse.


- Não, não ligou. – Falei desconversando.


- E como você tá com isso? – Dorcas perguntou.


- Ele devia me ligar? – Perguntei.


- Bem, rolou um clima entre você. – Dorcas disse. – Seria mais normal se ele te ligasse.


- Dorcas, o que você sabe de garotos? – Perguntei.


- Muito mais do que vocês imaginam. – Ela disse sorrindo. – Pronto, acabei.


Entregamos o trabalho para o professor que, logo o corrigiu e nos disse que nós teríamos três pontos a mais, já que tudo estava certo.


Continuamos conversando até que o sinal tocou.


O resto do dia eu me ocupei de pensar porque Lucas não havia me ligado. Eu havia conseguido ocupar minha cabeça com muitas coisas para que não pensasse no fato de Lucas não ter nem me mandado uma mensagem. Eu tentei em vão me concentrar nas aulas e quando elas terminaram me senti perdida.


Eu coloquei meu Ipod e fui caminhando para casa. Assim que cheguei na porta de casa, vi um homem sentado na calçada. Um homem de terno e óculos escuros. Assim que ele viu que eu iria entrar naquela casa, ele se levantou e tirou os óculos escuros.


- Boa tarde. – Ele disse.


- Boa tarde. – Falei.


- Você mora nessa casa? – Ele me perguntou.


- Sim. – Respondi.


- Eu achei que essa era a casa de Addie Mckinnon, me desculpe. – Ele disse abrindo a porta de um carro preto brilhante que estava na porta de casa.


- Espere. – Falei. – Essa é a casa de Addie Mckinnon.


- Ela é sua irmã? – Ele perguntou.


- Porque as pessoas sempre perguntam isso? – Eu ri. – Não, ela é minha mãe.


Ele pareceu surpreso.


-Espere, quantos anos você tem? – Ele me perguntou.


- Eu não vou responder mais nenhuma pergunta. – Falei. – Quem é você?


- Eu sou um... Você tem uns 15 anos? – Ele perguntou.


- Quem é você? – Perguntei.


- Eu provavelmente sou seu pai. – Ele me disse, finalmente.


Eu fiquei estática e deixei todos os meus materiais caírem. Ele se abaixou para pegar as minhas coisas.


- Meu pai, se assim posso chamar ele me abandonou. – Falei. – Assim que ficou sabendo que minha mãe estava grávida ele sumiu. E se você for mesmo ele você pode ir embora.


- Espere. – Ele me disse. – Não é bem assim. Se eu sou mesmo ele... Eu nunca soube. Addie um dia me abandonou em New York e voltou para a casa dos pais.


- Não. – Falei. – Você está mentindo. Você nem deve conhecer minha mãe. Vá embora.


Peguei minhas coisas das mãos dele e entrei para casa, trancando-a. Eu estava tão transtornada que não conseguia raciocinar o que fazer.


Acabei subindo as escadas e entrando no meu quarto. Meu coração estava batendo muito rápido e eu mal conseguia respirar. Resolvi abrir a janela para ver se melhorava, mas foi em vão também. Por fim me deitei na cama e comecei a olhar para o teto, demorou um pouco, mas minha respiração voltou ao normal.


Eu tentei, depois desse susto pensar de forma lógica. Não fazia muito sentido minha mãe ter escondido isso e mim e de Mags. Não havia razão para ela resolver criar duas crianças sozinha enquanto fazia faculdade de medicina.


Mas por outro lado, porque esse cara surgiria na porta da minha casa e me diria que ele é meu pai?


- “Provavelmente meu pai”. – Falei em voz alta para me lembrar.


Resolvi que, se achasse alguma evidência de que aquele homem fez parte da vida da minha mãe eu a confrontaria. Então eu decidi ir ao único local da casa que poderia me responder essa pergunta: o Sótão.


Eu não gostava daquele lugar. Ele era sujo, empoeirado e fazia barulhos estranhos. Eu odiava aquele lugar, mas eu não tinha escolha se quisesse descobrir a verdade. Procurei uma caixa com os escritos 1995 e 1996 e as abri.


Todas as memórias de minha mãe estavam reduzidas a fotos. Ela não havia tido a preocupação de guardar as fotos em álbuns, todas estavam dentro de envelopes grandes.


No fundo da caixa achei o que procurava, e ao mesmo tempo preferia não encontrar. Um envelope com fotos dela e daquele homem, os dois bem novos e, aparentemente apaixonados.


Não eram muitas fotos, no máximo dez. Mas a felicidade dos dois nas fotos era visível. E até assustadora, já que em toda a minha vida eu nunca havia visto Addie sorrindo daquele jeito. Resolvi guardar as fotos e confrontá-la quando ela chegasse, afinal era impossível dizer que ele era meu pai somente por fotos dos dois juntos. Foi aí que percebi que havia mais uma coisa dentro do envelope, um papel dobrado. Peguei esse papel e o abri.


E lá estava a prova, um teste de gravidez com um positivo enorme. Ela não guardaria esse teste dentro daquele envelope específico se ele não fosse meu pai.


Eu desci as escadas com uma das fotos dos dois em uma mão e o teste na outra. Assim que cheguei na sala avistei minha mãe. Ela se assustou com a minha presença.


- Marlene? – Ela me chamou.


- Mãe. – Falei caminhando para perto dela. – Um homem veio aqui e disse que era meu pai.


- Eu sei, Mar. – Ela me disse.


- Ele está dizendo a verdade? – Perguntei.


- Sim. – Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas.


-Inclusive quando ele diz que ele nunca soube que você havia ficado grávida e que você um dia desapareceu? – Perguntei tentando segurar o choro.


- Você não entende, filha. – Addie se levantou e caminhou até mim.


- Eu só quero uma resposta. – Falei finalmente chorando. – Sim ou não.


- Eu podia ter o apoio dele ou da minha família e ele... Ele era um nada. E eu tinha um futuro. Eu tinha que pensar no meu futuro e no de vocês. – Addie me respondeu chorando.


Eu soltei a foto e o teste que estavam nas minhas mãos, peguei minha chave e, quando ela tentou me seguir, gritei “Deixe-me sozinha”.


Saí pela porta e comecei a correr. A correr e a chorar.


Quando eu finalmente cansei, me sentei em um banco, encolhi as pernas e continuei a chorar. Eu estava nessa posição desconfortável por mais ou menos cinco minutos.


- Você está bem? – Ouvi uma voz conhecida me perguntar.


Levantei meu rosto e o limpei em minha roupa antes de olhar para Sirius. Balancei minha cabeça em negação à pergunta dele.


- Mas eu vou ficar. – Falei.


Ele se sentou ao meu lado sem minha permissão. Não que ele precisasse, afinal o banco era público.


- Você quer conversar? – Ele perguntou.


- Eu prefiro esquecer. – Falei.


- Então vamos. – Ele disse.


- Vamos onde? – Perguntei.


- Esquecer. – Ele me disse. – Meu carro está ali.


Entre voltar para casa e entrar no carro de Sirius Black, a segunda me parecia a melhor opção. E foi o que eu fiz.


- Onde você está indo? – Perguntei.


- Visitar umas pessoas na cidade vizinha. A gente volta pela meia noite. – Ele me respondeu.


- Não tenho pressa. – Falei.
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Nota da autora: Desculpem a minha demora! Se algum de vocês decidirem fazer algum curso que tem fisiologia vocês vão entender! hahaha
Espero que vocês gostem desse capítulo! Ele é muito importante para o desenrolar de várias coisas que estão guardadas aqui na minha cabecinha, principalmente para o real amadurecimento da Marlene, além de ajudar ela a conhecer um lado do Sirius que seria um pouco difícil ver fora dessas circunstâncias. 
Bem, obrigada por todos os comentários! Fico muito feliz de saber que vocês estão gostando e me ajuda a querer escrever! hahaha Então por favor, continuem comentando, ok?
Muuuito obrigada leitores! Bom final de semana pra vocês!
xoxo 

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Comentários (1)

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