# Dentes, garras e facas



Rony encolheu-se ainda mais, achando que a Quimera estava escolhendo o melhor ângulo para engolí-lo em uma só dolorosa dentada, mas.... ao invés de sentir os dentes da quimera atravessarem o garoto, Rony recebeu pingos de um líquido vermelho-esverdeado, que caíam diretamente de cima. Olhou em direção ao teto.




A quimera estrebuchava-se enlouquecida, jorrando aquele líquido nojento que pingara em Rony, e Drácul a montava como um domador de touros ferozes. Somente naquele momento Rony percebeu o que sucedera - o vampiro deveria ter mordido a quimera, e, ferido e furioso, o monstro tentava revidar seu ataque. A idéia de que o que pingava em Rony era sangue de quimera provocou no garoto um profundo e crescente nojo. Ainda assim, Rony levantou-se, firmando-se em um só pé, e alcançou a espada que segurava e agora se encontrava no chão. Depois de agarrá-la com a força que pode, Rony mirou-a, um tanto tonto, no pescoço dragoniano da quimera, lançando-a no alvo em seguida. A espada errara por milímetros, atingindo o olho de outra cabeça, que guinchou enfurecida. Sacudiu majestosamente a cabeça, e a espada caíra com estrépito no chão, agora empoeirado.




-- AAARGH!!! -- Ouviu Rony, e o garoto olhou apavorado para cima.




Drácul finalmente caíra do lombo de sua feroz montaria, e segurava, no chão, um braço machucado, uma expressão de dor inexplicável. As patas da quimera, sem fazer ruído algum, se aproximavam lentamente do vampiro, que em última circunstância mordeu um dos dedos da quimera, com fúria. Rony acompanhou a subida lenta de uma das patas da quimera, um chacoalhar da pata, como se quisesse se livrar da dor e do dedo sangrento, e pisotear, com força, as costas de Drácul, que desapareceu completamente, descendo diversos andares da casa quando o chão rachou, no impacto de ser pisoteado.




-- Drácul, NÃÃÃÃÃÃÃO!! -- Rony berrou e tentou olhar, pela enorme fenda aberta no chão, o que acontecera com o vampiro, mas ele não era mais visível. Viu somente Fred e Jorge tacando bombinhas nos olhos de aranhas gigantescas, e Gina enfeitiçando cinco diabretes da Cornuália com um único movimento de varinha, os azulejos da cozinha ajudando-a a acertar as criaturas restantes. No mesmo minuto, o relógio Weasley da sala levantou vôo e acertou em cheio a cara de um manticore que atirava espinhos violentamente, deixando o monstro, literalmente, com a cara no chão, o rabo tremulando sem vigor. Estava Rony entretido naquela luta quando percebeu a sombra da pata da quimera bem acima de sua cabeça - rolou no chão com rapidez, e quando a pata furou novamente o chão, Rony fincou a espada na pata, quase arrancando-a, e logo atirando-a certeiramente no tórax do bicho, que fazia agora barulhos estranhíssimos, como se estivesse com dificuldade para respirar. Rony saltou (não se sabe com que vitalidade) para o lado quando a quimera caiu no chão, os seis olhos voltados lugubramente para cima, com ar de derrota. Estava sentindo um considerável orgulho de si mesmo quando ouviu algo que o deixou alerta e o fez mancar para os andares de baixo -- a voz inconfundível de Drácul.




O vampiro parecia realmente mal e sangrava violentamente; Gina estava bastante próxima do ferido, e, ao ver seu irmão, correu para ele e disse em voz baixa:




-- Papai e mamãe nos explicaram tudo quando chegaram; não acham que Drácul tenha muitas chances, está muito ferido para chegar ao St. Mungus... acham que ele não vai resistir...




Rony simplesmente não disse nada; caminhou lentamente até o vampiro e ajoelhou-se ao seu lado, para ouvir o que o ferido falava-lhe, em um sussurro muito baixo:




-- Não se preocupe comigo, Rony.... ao final, a casa irá me proteger, lembra-se do que eu falei...? Então.... suba..... e fale..... com a menina nova.... veja se está tudo bem com... ela.... e..... e...... ajude-a se..... se for preciso..... -- Drácul virou a cabeça para o lado, e no instante desesperado que se seguiu, Rony achou que tinha morrido. Mas suspirou de alívio quando viu que o vampiro respirava, mesmo que débilmente. Virou-se automaticamente para Gina.




-- Gina, fique aqui. Algo me diz que ele vai sair dessa, tente ajudá-lo, por favor, não saia do lado dele até que eu volte, por favor... prometa...




Gina olhou profundamente nos olhos do irmão, e assentiu com um gesto de cabeça. Rony suspirou e deu um leve sorriso para a irmã. Gina retribuiu, mas logo avisou-lhe, com uma expressão séria:




-- Acho que você deveria ver como está a Mione.




Abrindo mais um sorriso, desta vez um pouco maior, Rony assentiu.




-- É exatamente isso que eu vou fazer.




CONTINUA... CAPÍTULOS FINAIS, NÃO PERCAM!!

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