Chapter Seven



"A vida me ensinou 
a dizer adeus às pessoas
que amo, 
sem tirá-las do 
meu coração.
Charles Chaplin


 
 


Capítulo sete ou


 


Oh, darling.


Please believe me.


I'll never do you no harm.


 


Eu acabei não dormindo nada durante a noite e isso não foi uma coisa ruim. Matt me manteve acordada, brincamos, conversamos e por fim ficamos em silêncio por praticamente uma hora. Eu sabia que ele não estava dormindo, eu podia sentir seus suspiros e seus olhares, eu não estava totalmente pronta para desistir de Matt, não quando ele foi a melhor coisa que me aconteceu em vários meses. E eu sentia que eu fui a melhor coisa que aconteceu para ele, em todos os sentidos. Audrey, a ex namorada de Matt, nos últimos dias não tinha parado de ligar para ele, como eu sabia? Ele me contou e isso ajudou a melhorar a convicção de que Matt não precisava de Audrey como antes. E eu... Eu ainda preciso do Sirius, ter a amizade dele e saber que ele sempre vai estar perto de mim, isso faz com que meu dia tenha cores de novo. Matt saiu aqui de casa faz uma hora, ele precisava ainda finalizar sua mala, olhei para o meu quarto e aquele jorro de nostalgia desceu em mim. Tomei um banho, mas meu corpo parecia ansiar o corpo de Matt, não no sentido pervertido. Ele foi a única pessoa que um dia eu abracei, só abracei, não aquele abraço com segundas intenções, ou aquele abraço com o famoso beijo na testa, ou mexer no cabelo. Foi aquele abraço revigorante, que nos faz sentir melhor.


O que Matt me falou sobre ele ser apenas um momento em minha vida fez com que eu refletisse. Eu o amava e não tinha dúvidas nisso e sempre achei que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. É possível, mas assim como é possível amar mais uma do que outra. Se um dia eu conhecesse uma telepata como a Sookie de True Blood vai ser o dia em que eu vou estar perdida. O fato de eu comparar tanto Matt com Sirius é que eu queria seriamente que Sirius fosse como Matt, não o contrário. No dia em que isso acontecer, acho que acontece o Apocalipse. E convenhamos, não foi por menos que eu estou apaixonada perdidamente por Sirius, não cabe a eu querer que ele mude. Sai do meu banho e olhei a hora, dez horas da manhã, tempo o suficiente para eu pelo menos começar a preencher o formulário da faculdade. Eu acabei me divertindo com os formulários, todas as faculdades que eu estava me inscrevendo são dos Estados Unidos. Olhei para o relógio e já estava na hora de eu ir encontrar Matt e me despedir.


Falar que essa despedida vai ser fácil eu estaria mentindo para mim e para vocês, não vai ser fácil. Não encontrei Maria na casa, provavelmente ela foi comprar alguma coisa no mercado, Dorcas? Não é vingança nem nada, mas eu não estava com tanta vontade de ir no quarto dela e pelo o que eu havia entendido ela já se despediu de Matt ontem a noite. Parei na porta, com a chave do carro na mão e pensei nos prós e contras de eu ir chamar Dorcas. O contra que tocava o alarme em minha mente era o fato de que ela beijou Sirius, o segundo era que se fosse chamar a chamar eu teria que encará-la, dai pensei nos prós, primeiro ela é minha amiga, segundo... ela é minha amiga. Ok, meu lado malvado ainda não foi colocado em prática. Bufei e subi as escadas novamente.


- Dorcas, eu estou ind... – Eu deveria definitivamente ter ficado com os contras e ter dado o fora dali. Além de ver uma cena desconfortável de sexo matinal da minha melhor amiga, eu vi uma cena desconfortável de sexo matinal da minha melhor amiga com o meu professor. Fechei a porta rapidamente e pude ouvir os dois caindo no chão. Dorcas apareceu uns segundos depois com a camisa do professor Lupin.


- Lene... eu... – Dorcas estava vermelha, com o cabelo bagunçado e definitivamente envergonhada.


- Não fala nada. – falei rapidamente, se eu tivesse comido algum café da manhã provavelmente teria vomitado. Eu não sou tão enjoada assim, mas poxa, é a Dorcas e o Lupin, sexo, minha casa, eu vendo, eu só não aprecio a parte de eu ter visto. – Eu estou indo no Matt, queria saber se você já se despediu dele...


- Sim, ontem a noite nós conversamos enquanto você estava no banheiro. – Dorcas falou prontamente, assenti, mas então a Marlene desagradável acordou de algum lugar.


- E ele não te beijou também? – Amargurada e desnecessária. Pude sentir que magoei Dorcas, mas na hora não pensei em voltar atrás do meu comentário, apenas virei as costas e sai. Eu sei, sem sombra de dúvidas, que Dorcas ama o Remus, eu só não consigo não ficar magoada com ela sobre o Sirius. E ainda mais saber disso no meu próprio aniversário pareceu ainda mais surreal. Foi como se um dos meus pesadelos virasse realidade e pelo menos no pesadelo eu morro no final. Tentei não pensar nisso durante o caminho e fui até a casa de Lily. Um táxi estava parado na frente da casa dos Evans, Matt me proibiu de sequer considerar em lhe oferecer carona. De acordo com ele iria parecer muito cena de filme, meloso demais e eu não precisava daquilo.


- Lene! – Lily sorriu chorosa ao me ver, dei um abraço rápido na amiga ruiva e cumprimentei seus pais, Matt sorriu. Ele se despediu do Sr. e da Sra. Evans primeiro, depois da Lily, essa não parava de fungar e falava alguma coisa que eu não conseguia entender para Matt. E por fim ele me deu um abraço.


- Se cuida. – murmurei em seu ouvido, ele riu e me deu o último beijo. Como se ele precisasse se cuidar, eu senti meus olhos arderem de tanto que eu estava tentando segurar o meu choro.


- Lembre-se: uma hora, só uma hora. – E essa foi a deixa para Matt entrar no táxi e ir para o aeroporto. Lily entendeu o fato de eu não ficar ali por muito tempo, fui para casa rapidamente e fiquei no meu quarto. Fiz o que ele falou, chorei por exatamente uma hora, uma hora eu chorei por causa da partida do Matt. Assim que a hora passou levantei, fui no banheiro e lavei meu rosto. Consegui me recompor só de pensar no que ele me disse. Sentei novamente em minha escrivaninha e terminei de preencher os formulários das faculdades, peguei meu computador e fiz inúmeras cópias das minhas apresentações e coloquei junto com os formulários. O mais difícil foi escrever a redação sobre quem eu mais me inspirava, eu amo o meu tio, por em palavras tamanho amor foi difícil. É como se todas as palavras fugissem de minha mente para descrever uma pessoa que foi tão especial para mim. Essa estava sendo a mesma dificuldade que eu estava tendo para escrever a parte de Sirius Black para a Cápsula. Esvaziei minha mente, respirei fundo e comecei a redação. Não coloquei palavras difíceis, ou tentei demonstrar algo que não era, apenas escrevi a verdade e por incrível que pareça a redação fluiu. Por fim, coloquei os endereços nos envelopes e eu nunca me senti tão bem como eu estava me sentido naquele momento. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Matt:


Missão cumprida, agente 069.


Ele não iria receber essa mensagem tão cedo e eu sabia disso, coloquei os envelopes na caixa do correio e voltei para casa. Dorcas estava sentada no sofá, séria e pelo visto o professor Lupin não estava mais lá. Contra a minha vontade de sair correndo, sentei no outro sofá e a olhei.


- Eu não queria beijar o Sirius. – Começou a falar, fui interromper, para esse papo todo de “como eu me arrependo por ter feito” não começasse, mas Dorcas fez sinal para que eu me calasse. – Sim, eu sei que você gosta do Sirius há muito tempo, sim esse foi o principal motivo para eu não querer ficar com ele e não eu não quero perder a sua amizade.


- Dorcas...


- Não, me deixa continuar. – Apenas assenti, Dorcas respirou fundo e continuou. – Quando ele me beijou eu era a confusão em pessoa, Remus tinha acabado comigo, minha mãe tinha recém ligado e por fim eu percebi que se eu tivesse me apaixonado por alguém normal nada daquilo iria acontecer. Egoísmo da minha parte. Eu te amo Lene, você é a melhor amiga que eu possa desejar e saber que eu te magoei assim...


Eu ia a mandar parar com o discurso e esquecer isso. Eu não estava brava com ela, eu não consigo estar brava com ela, o meu comentário e o fato de eu querer evitá-la era pura criancice.


-... Faz algum tempo que eu já achei um lugar para morar. – Arregalei meus olhos quando ela disse isso, não era para levar para o radical, ela podia ficar ali morando com a gente. – E já faz algum tempo que as minhas coisas estão prontas para a mudança.


- Dorcas, você não precisa fazer isso... – comecei a falar, mas mais uma vez ela não me deixou.


- Preciso sim, pelo bem da nossa amizade até. – Dorcas deu os ombros e um sorriso triste. – Está na hora de eu ter mais responsabilidade e eu vou entender completamente se você não querer mais falar comi...


- Não complete essa frase. – Ameacei, suspirei fundo e sentei do lado de Dorcas no sofá. – Eu fiquei magoada no começo e eu fui completamente infantil com você. Todo esse discurso de como você sente muito eu já sabia e eu ainda te considero como minha melhor amiga.


- Lene... – Dorcas sorriu chorosa e me deu um abraço, ficamos abraçadas por um segundo até que parei e comecei a rir. – O que?


- Depois do acontecimento de hoje de manhã eu entendi o porquê você realmente gosta do professor Lupin... – Nós duas começamos a rir do acontecido. Óbvio que eu não vi nada demais, apenas a bunda do Lupin.


- Ele se demitiu ontem e criou coragem para ir até a sua festa. – Dorcas falou sorrindo, não era um final feliz para ela, poderia ser feliz, mas não final. Era apenas o começo de uma aventura. Abracei Dorcas de novo, não me considero idiota por tê-la perdoado, não me considero mais ingênua, eu me considero abençoada por ter uma amizade como a dela. Todas as garotas devem ter uma Dorcas como amiga, aquela Dorcas que você se sente na obrigação de protegê-la e querer o melhor para ela.


- Quando você vai para a casa nova? – Perguntei, Dorcas sorriu e limpou as lágrimas.


- Hoje mesmo, minhas malas já estão prontas e Remus vai passar mais tarde aqui para me levar. – Esse era outro motivo para Dorcas querer ir para a casa nova, ela e Remus com toda a certeza iriam querer brincar de casinha. Sentamos no sofá da sala e ficamos conversando um bom tempo, contei para ela como tinha sido minha noite com Matt, como eu estava me sentindo e de como eu estava feliz por finalmente preencher os formulários das universidades. Maria chegou em casa carregada de sacolas, levantamos logo para ajudar.


- Não precis... – Nem deixamos Maria terminar de falar, eu peguei uma parte das sacolas e Dorcas a outra, Maria sorriu aliviada. Atrás de Maria estava Sirius, carregado de sacolas também, eu o olhei sem entender.


- Eu encontrei Maria no caminho... – Ele deu os ombros e abriu um sorriso.


- Maria, da próxima vez me chama ou então paga alguém para te ajudar... – Falei, mas isso era o mesmo como se eu não tivesse falado nada, Maria sempre apronta dessas, depois fica com dor nas costas. Eu, Sirius e Dorcas colocamos as compras no balcão da cozinha, quando ameacei de ajudar a guardar as compras Maria deu um tapa na minha mão e nos mandou sair da cozinha dela.


- Que gás... Hoje eu acordei na maior ressaca por causa de ontem... – Sirius brincou, nas últimas horas eu tinha até esquecido que a minha festa de aniversário tinha sido ontem.


- Eu não bebi tanto. – Sentei no sofá de novo, Dorcas parecia desconfortável, eu não podia mostrar que eu estava um pouco incomodada senão era capaz dela sair correndo da sala.


- Então já abriu os presentes? – Sirius perguntou se esparramando no sofá do meu lado, nem tinha pensado nos presentes.


- Não, onde eles estão? – Pedi para Dorcas.


- No quarto de hóspedes do lado do meu... – Resolvi ir até o quarto de hóspedes, quando eu abri a porta levei um susto. O quarto estava recheado de presentes, na cama, no chão, fiquei de boca aberta.


- Eu não tenho que mandar um cartão agradecendo cada um... ou tenho? – Perguntei fazendo Dorcas e Sirius rirem, então foi a tarde dos presentes. Tinha cada cartão, cada um mais engraçado que o outro e a maioria dos presentes foram porta-retratos. Uns tiveram a grande ideia de me dar lingerie, outros tentavam com lenços. Dava para perceber a diferença dos presentes dos meus colegas e dos amigos dos meus pais. Ganhei cada colar dos amigos dos meus pais que nem deve ter feito diferença no bolso deles.


- Lene... – Sirius jogou uma caixinha para mim. – Esse é dos teus pais.


- Pensei que o presente deles era a festa... – Encolhi os ombros e abri a caixa, dentro havia um bilhete e uma chave. – Você se comportou bem de noite, sem mais lata velha.


- Uou, isso é a chave da Ferrari? – Sirius ficou de boca aberta, fiquei sem palavras apenas assenti. Se eles me deram um carro novo, o que será que eles fizeram com o meu velho? Desci correndo as escadas e fui até a garagem, uma Ferrari preta estava estacionada no lugar do meu antigo carro com um grande top. Fiquei de boca aberta de novo, meus pais gastaram tudo isso em mim? Como assim? Só porque eu agradei alguns clientes? E cadê o meu bebê?


- Caramba, Lene! – Dorcas exclamou e eu sai do meu transe.


- Uma Ferrari Califórnia, isso custa mais caro para manter do que ter. – Sirius exclamou abobado, tirando a chave da minha mão e entrando no carro. – Vamos dar uma volta, por favor.


- Sirius... – Eu fui até o carro e sentei no banco do passageiro na frente, Dorcas foi atrás. Óbvio que o Sirius ia dirigir, eu não estava muito afim, mas do jeito que ele pediu foi difícil recusar. Abri a garagem e saímos, realmente o carro era ótimo, porra, uma Ferrari, mas eu vi as coisas de outro jeito.


- Cara... – Sirius ficava repetindo o tempo todo, ele parecia que ia ter um orgasmo naquele carro, olhei para Dorcas e comecei a rir dele.


- Vocês têm noção do que isso significa não? – Perguntei, os dois me olharam curiosos. – Essa é a minha passagem para a América.


- Você não vai ficar? – Sirius parecia surpreso, mas eu não consegui decifrar se esse “ficar” dele era “ficar em Londres” ou “ficar com o carro”. Preferi ir com a opção dois.


- Não, vou vender nos últimos dias de aula, assim eu vou ter um pouco de dinheiro para pelo menos comprar um apartamento. – Sorri, meus pais estavam sendo melhores do que eu imaginava. Eles com toda a certeza iriam surtar, ficamos em silêncio no trajeto de volta para a minha casa, quando chegamos o carro do professor Lupin estava na frente da minha casa e eles não estava dentro. Sirius estacionou o carro na garagem, obviamente ele não reconheceu o carro. Olhei para Dorcas e ela estava tentando disfarçar o nervosismo, mas pensando pelo lado que os dois não têm mais o que esconder, estava tudo bem, de certa forma.


- Lene, posso falar com você? – Sirius pediu, sem sair do carro. Dorcas assentiu e pude a ouvir suspirar aliviada, fechei a porta do carro e fiquei esperando Sirius começar uma conversa. – Desde quando você vai para a América?


- Eu quero isso desde sempre, mas hoje eu tomei coragem de preencher os formulários das universidades e enviar... – Dei os ombros, Sirius ficou pensativo por um segundo. E foi por um segundo que eu pensei que ele ia dizer algo que poderia mudar a minha vida, do estilo: eu te amo ou vou sentir sua falta.


- Você vai me deixar sozinho... – Dei um soco no braço dele. O que? Foi instintivo, ele falou uma merda estilo Sirius e eu fui grossa estilo Marlene.


- Seu idiota. – Falei “brava” tentando disfarçar com um sorriso “estou brincando”. Sirius me abraçou e ficamos assim por uns segundos.


- Eu posso te ajudar a vender o carro, posso falar com uns clientes do meu pai. – Ele falou assim que nos separamos do abraço, saímos do carro e eu fiz questão de ir na frente de Sirius. Dorcas e Remus estavam na sala conversando, quando entramos dei graças a Rainha pelos dois não estarem se agarrando.


- Marlene, Sirius. – Remus nos cumprimentou, sorri correspondendo, Sirius ficou um pouco intrigado, mas foi educado.


- Então fica combinado assim. – Remus falou em poucas palavras fazendo com que apenas eu e Dorcas soubéssemos do que ele estava realmente falando. Dorcas o levou até a porta e pude ver que Sirius a acompanhava com o olhar. Sem falar nada voltei para o quarto de hóspedes e comecei a juntar os papéis de presentes rasgados. Nós tínhamos aberto a maioria dos presentes, mas ainda faltavam alguns. Sirius e Dorcas demoraram um pouco para subir de volta ao quarto, procurei ignorar o sentimento de angústia e insegurança de pensar nos dois sozinhos.


- Tudo certo? – pedi, tentando não mostrar minha ânsia por uma resposta do estilo: Não nos beijamos ou algo assim.


- Sim, sim, Remus só estava querendo saber se podia ajudar com a minha mudança. – Dorcas falou naturalmente, Sirius ainda estava um pouco emburrado.


- E você disse que não precisava porque eu vou te levar para a nova casa mais tarde? – Eu acho que deveria ganhar um prêmio por ler os pensamentos de Dorcas, ela assentiu e percebi que ela falou exatamente isso para Sirius. Controlei meu riso e continuei a juntar a sujeira.


- Niños, fiz um lanche para vocês. – Maria falou entrando no quarto com uma bandeja com sanduíche e suco, agradecemos e eu arrumei um espaço em cima da cama. – Quanto presente menina Marlene.


- Eu nem precisava de tanto. – Falei, Maria resolveu olhar os presentes e ficou maravilhada com todos os presentes. – Maria, se gostar de alguma coisa, pega, eu não sei o que faria, por exemplo, como essa vasilha aqui.


- Mas menina Marlene, é cristal. – Maria falou maravilhada, sorri e dei um beijo em sua bochecha.


- Vai ficar mais bonito na sua casa do que em meu quarto. – Maria sabia que eu ia ficar insistindo até ela aceitar a vasilha e agora eu pergunto: porque diabos me deram uma vasilha?!? Consegui me livrar de boa parte dos portas-retratos. Falam que é rude trocar ou dar presentes que ganhamos, mas, por favor, ninguém ia saber.


- Alguém sabe alguma coisa sobre a Lily e o James? – perguntei assim que Maria saiu do quarto. Sério, a história dos dois estava confusa, eles dão um tempo, ficam na minha festa, no outro dia Lily finge que nada aconteceu quando eu a vi.


- Não, o James tinha falado que os dois tinham dado um tempo, mas ontem... – Sirius deu os ombros, sorri.


- Os dois pertencem um ao outro. – Dorcas falou, concordei. Mandei uma mensagem para Lily.


Ruiva, aqui em casa, agora.


Não precisou de dois segundos para uma resposta imediata concordando e não demorou cinco minutos para Lily tocar a campainha da minha casa. Sirius percebeu que iria virar uma reunião de garotas e logo se despediu e foi para sua casa. Lily ficou espantada com o número de presentes e logo fuçar algo de imediato para eu emprestar para ela.


- Então ruiva, dar um tempo funcionou? – Dorcas perguntou, Lily ficou vermelha. Controlei o meu riso.


- Não tive coragem nem de ver minhas mensagens hoje. – Ela falou desanimada, não entendi o porquê.


- O que houve? – Perguntei e os olhos de Lily logo ficaram marejados.


- Ontem nós ficamos no começo do aniversário, mas depois nós nos separamos por um tempo e... – Lily estava controlando suas lágrimas, sabia que coisa boa não ia ser. -... E quando eu vi uma loira vadia estava na cara dele, literalmente.


- Ah Lily... – Eu e Dorcas abraçamos Lily e ela começou a chorar.


- Eu sei que nós damos um tempo, mas... – Lily fungou e eu entreguei um lenço para ela que peguei do banheiro. -... Mas não sabia que ia ser tão difícil ver ele com outra.


- Ok, Lily, já chorou o suficiente? – Dorcas perguntou, Lily fungou mais um pouco e depois foi até o banheiro e lavou o rosto.


- O que eu faço? – ela pediu, nunca tinha visto Lily tão vulnerável.


- Primeiro liga na caixa postal e vê o que ele falou. – Lily assentiu e colocou no viva voz.


“Lily, me liga, precisamos conversar”. James foi sucinto, mas no fim pude sentir um tremor em sua voz. Se ele fosse acabar com ela não iria ter tremor nenhum, ou ia? Lily ficou pálida com a mensagem, eu sempre fico quieta nesses momentos porque tenho a chance de acabar com casais em crise.


- Liga agora para ele e marca de conversar com ele amanhã de tarde em um café. – Dorcas ordenou, Lily olhou com dúvida para nós duas, mas a única coisa que fiz foi apoiar Dorcas, ela sabia o que estava fazendo. Lily ligou para James e marcou de encontrá-lo e quando desligou parecia que ela ia começar a chorar de novo, mas se segurou.


- Essa blusa com certeza não serve em mim. – falei jogando para Lily, ela tentou rir e soltou um qualquer coisa que não quer, pode dar para mim. Passamos o resto da tarde organizando o que eu havia ganhado, Lily foi para casa cedo e assim que ela saiu Dorcas mandou uma mensagem para Remus.


- Você tem certeza que quer se mudar? É só mais um mês e... – comecei de novo com o assunto, Dorcas sorriu.


- Já está pago e também vai ser um bom lugar para reuniões... – Pude sentir o tom pervertido de Dorcas e logo a imagem de Remus pelado de manhã veio na minha cabeça, comecei a rir. Ajudei Dorcas levar a mala para o hall de entrada, Maria logo veio com uma sacola das compras que ela havia feito de manhã.


- Você é sempre bem vinda aqui, para tomar café da manhã, almoçar, jantar, dormir, enfim... – Falei, Dorcas agradeceu e deu um abraço apertado em Maria e depois em mim. Remus não demorou para chegar e pegar as malas de Dorcas, ele foi simpático como sempre e pude ver que ele ainda estava com vergonha por causa do acontecido de manhã.


Com a saída de Dorcas eu me vi sozinha em casa com Maria, ela já queria que eu fosse comer alguma coisa, mas eu rapidamente falei que não estava com fome. Fui para o meu quarto e peguei Stuart no caminho, ele que iria me fazer companhia. Deitei na minha cama e o pequeno Stu logo veio do meu lado e deitou, agradeci por ele ter ido tomar banho ontem. Acabei adormecendo, não tinha percebido o quão cansada estava, não é pra pouco, passar a noite acordada e não parar um minuto durante o dia. Não sonhei, ou se sonhei não me lembrei quando acordei. Por algum motivo eu me sentia calma, como se nada pudesse me atingir naquele momento.


Não parecia um momento propício para eu entrar no automático de minha vida, mas no final, foi o que aconteceu. Um mês faltando para terminar o colegial e eu entro no automático, não fiquei com aquela nostalgia do colégio, não fiquei falando o quanto iria sentir falta de meu armário, classes, professores... Porque sinceramente, eu não iria sentir falta de nada disso. Dos meus amigos, isso sim eu iria sentir falta, da convivência o tempo todo, mas não da escola em si. Eu ainda não recebi nenhuma notícia das faculdades e isso era a única coisa que conseguia arrancar algum tipo de reação ou sentimento de mim. Nem mesmo Sirius arrancou qualquer reação minha.


- Lene... Lene? – Lilah praticamente gritou ao meu lado, pisquei algumas vezes e finalmente entendi que ela estava tentando se comunicar comigo. – Você está bem?


- Sim, sim... O que você estava dizendo? – Perguntei sentando direito e abrindo meu caderno.


- Eu queria saber se você estava ciente dos rumores... – Lilah no fundo adorava uma fofoca e era óbvio que eu não estava ciente de rumor nenhum, nem sequer sei que roupa estou usando hoje.


- Que rumores? – Perguntei pacientemente já que apenas negar com a cabeça fazia com que ela falasse.


- Parece que o verdadeiro motivo do professor Lupin sair do colégio foi por causa de uma aluna... – Lilah falou baixinho, consegui segurar o meu riso, talvez seja ironia que as más línguas estavam certas. Fiz minha famosa cara de espanto e Lilah desatou a falar de como desconfiaram isso, lista de possíveis alunas...


- Eu não estou na lista? – Perguntei fazendo graça, o professor de Finanças fez sinal para que parássemos de falar. Saber que esse rumor é verdade chega até ser engraçado, pelo menos para mim. Suspirei fundo e voltei ao meu estado automático, sai da sala de aula e resolvi faltar o próximo período. Antes o meu costume era ir para o meu carro, meu bebê e dormir, mas agora eu apenas vou para o estacionamento e fico escorada no carro de James. Eu sei, eu ganhei uma puta Ferrari, o carro dos sonhos, mas isso definitivamente não era eu. Por isso decidi deixar ele na garagem até que eu consiga um comprador. E já que meus pais se livraram do meu antigo carro eu comecei a pegar carona com James.


A história James e Lily a cada dia se tornava mais clara. Depois da minha festa eles finalmente se encontraram e conversaram claramente. O mais óbvio seria se os dois voltassem de uma vez, mas eles escolheram continuar com a separação, mas aumentaram o tempo até a formatura. Eu pude ouvir os dois lados, de acordo com Lily, ela precisa ver como é sua personalidade sem o James ao seu lado. De acordo com James, ele apenas quer se sentir livre e ter certeza do que ele realmente quer com Lily, já que a faculdade poderia separar os dois. No começo eu achei os dois loucos por sequer cogitarem tirar um tempo, mas depois eu comecei a entender o quão importante isso iria ser. Eu tenho toda a certeza que se os dois voltarem vai ser com tudo, sabe, aquela famosa história: namoro na faculdade, casamento, carreira, filhos. Sendo felizes, eu acho que a última coisa que deveria importar é como a história deveria ser. Tirei meu caderno da bolsa e comecei a finalizar a carta do futuro, minha confusão de sentimentos nessa carta é muito óbvio, tomara que eu continue bipolar quando ler de novo tudo o que escrevi.


- Você tem que parar com essa mania de faltar aulas... – Sirius chegou no estacionamento, fazendo com que eu desse um pulo com o susto. Rapidamente fechei o meu caderno e suspirei.


- E você tem que parar com a mania de me seguir. – Respondi, ele sentou do meu lado e sorriu tirando um cigarro do bolso. – Desde quando você fuma?


- Eu sempre fumei... – Sirius falou, mas tratou de se esclarecer. -... Você sabe, em festas, eu sempre fumei de vez em quando, mas agora eu resolvi...


- Acabar com os seus pulmões para tentar mostrar o quão descolado é. – Eu fui rude, sim, uma das coisas que não suporto são pessoas tentando mostrar o que querem ser. Vestir uma roupa preta, um tênis riscado, óculos quadrado e um cigarro nos lábios não definem a sua personalidade, define apenas que você não tem uma. Talvez eu esteja sendo dura demais com isso, mas é incrível como certas pessoas precisam de um tapa na cara para perceber que a coisa mais linda desse mundo é apenas ser você mesmo. Todos têm defeitos, mas são os defeitos que nos diferenciam e o mais incrível de tudo, são os defeitos, é a nossa diferença que dá cor ao mundo.


- Você não sabe o que eu estou passando... – Sirius falou irritado, segurei para não soltar uma risada. Eu sei exatamente o que ele está passando e tudo isso só porque ele não conseguiu dormir com quem queria. Eu estou, com toda a certeza, menosprezando os sentimentos de Sirius, mas eu canso às vezes de ser tão perfeita com meus amigos.


- Faz o que você quiser Sirius, não sou sua mãe para ficar lhe dando sermão. – Falei por fim, colocando um ponto final nesse assunto, antes que fique feio o negócio.


- Você ficou sabendo da festa após a formatura? – Sirius mudou o assunto. Como todos devem saber, formatura com os professores e diretor na escola não é nada divertido. Por isso sempre há uma festa após a formatura (o famoso after prom), geralmente é na casa de uma pessoa rica.


- Vai ser onde? – perguntei, Sirius tentou não me olhar e rapidamente passou as mãos nos cabelos, isso significa que eu não vou gostar muito do que ouvir.


- Na casa da Vance. – Revirei os olhos e suspirei. Duas festas na casa da Emmeline, que maravilha. E dessa vez Matt não iria estar lá para me salvar, mas eu não iria deixar isso me abalar.


- Que maravilha. – Respondi levantando. – Eu vou para casa, não estou muito afim de...


- Eu te acompanho. – Sirius prontamente se levantou, pegando minha bolsa, eu não iria discutir com isso. Se eu falasse que apenas queria ficar sozinha, com toda a certeza Sirius iria querer saber o meu problema. O fato de eu não estar demonstrando reação nenhuma já fez com que ele se preocupasse. Meu celular e o de Sirius começaram a vibrar ao mesmo tempo (gostaria de ter escrito isso para ser visto de uma maneira pervertida, mas infelizmente não foi).


Cápsula do Tempo, casa da Dorcas, uma semana depois da formatura.


 


Sirius e eu reviramos os olhos ao mesmo tempo com a mensagem de Lily, grande maravilha. Eu tenho que confessar que ainda não terminei minha carta para o futuro, eu consegui escrever sobre todo mundo, quer dizer, quase todo mundo, menos sobre Sirius Black. Eu sempre achei difícil por em palavras sentimentos, talvez seja amor, talvez seja egoísmo, talvez seja até mesmo um sonho, que a maioria das vezes termina com um final feliz.


- Então, meu irmão está na cidade... – Sirius falou, Régulus irmão dele, o perfeito da família, como Sirius chamava. A história é típica, filho mais velho o prodígio, filho mais novo o vagabundo e pais totalmente ridículos.


- Como está o meu irmão Black preferido? – Falei brincando, Sirius riu. Régulus sempre me odiou, deve ser porque eu sempre ajudava Sirius nas brincadeiras dele. Sirius há anos fala que Régulus é gay, mas ainda não assumiu, o que não seria estranho, quer dizer o cara sabe todas os temas dos musicais de cor e é fã cego da Lady Gaga.


- Eu estou bem, obrigado. – Dei um pequeno tapa em Sirius e ele colocou os braços ao meu redor enquanto caminhávamos. – Ontem eu ouvi uma conversa dos meus pais, de acordo com eles Régulus é o único filho que eles se orgulham.


- Sirius... – Essa não era a primeira vez, nem sequer a última que os pais dele demonstravam o amor condicional que sentiam por ele. Quando Sirius era pequeno ele ficou em segundo lugar em um campeonato de tênis, o pai dele brigou com ele até não poder mais. Quando chegaram em casa, Sirius ouviu ele dizendo para o Régulus que se fosse ele naquele campeonato teria ganho. O mais engraçado que o real motivo de Sirius ter entrado no campeonato foi apenas para o pai se orgulhar de algo, foi naquele dia que ele parou de tentar.


- Talvez seja verdade Lene... – Não deixei Sirius terminar, lhe dei um tapa na cabeça forte e parei em sua frente.


- Seu idiota! – Falei quando ele ia começar a resmungar. – Eu me orgulho de você, Sirius Black e pode não parecer, mas eu realmente me orgulho de você e para o inferno o que seus pais pensam ou deixam de pensar de você.


- Também te amo, Kim. – Ele falou me abraçando rápido, Sirius me deixou em casa, fui para o meu quarto e continuei no automático, apenas sai dele quando percebi a enrascada que havia me metido na formatura.


  

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Lana Silva

    Nossaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa eles  dois sei não. Não tô mais chateada com a Dorcas, Sirius ainda é um vaco, serio, ele parece que tem uma função terrivel para só magoar a Lene :/ isso não é bom. Eu ameiiiiiiiiiiiiiiiiii o capitulo e que legal que a Lene vai conseguir ir para NY *-*beijoos 

    2012-09-23
  • Nina H.

    OI OI, DOOOOMI *-* Aqui estou eu, yay!Mano, morri de rir várias vezes com esse capítulo! Mas espere aí, quando é que a Marlene vai viajar? Ela não ia embora, ou eu estou lokona? Ahhh, o Lupin pediu demissão pra, tipo, poder ficar mesmo com a Dorcs? Que fofo *-* Eles vão ficar mesmo juntos, né? ~estou perguntando isso por causa da Aria de PLL, que eu amo e tal~ E, caramba, POR QUE a Lene não se joga pra cima do Sirius de uma vez??? Por que ela não solta umas indiretas? ~que nem eu fiz pra um colega meu esses dias qqqq~ Enfim, vou para o próximo capítulo! ~Beijos e continue postando!  

    2012-05-29
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.