Chapter Two



"Só porque no meio desse lixo
todo procuro o verdadeiro amor. 
Cuidado comigo.
Um dia encontro."
Caio Fernando Abreu


 


 


Capítulo dois ou


In rain or shine


You’ve stood by me, girl


 


Meu coração parecia estar sendo destroçado, era a mesma coisa que alguém pegasse ele e cortasse pedacinhos e ainda por cima desse risada da minha cara. E essa pessoa como sempre era a mesma, Sirius Black, minha benção e maldição. Talvez, em um futuro distante eu me lembre disso e dê risada desta minha tão famosa paixonite aguda, pelo menos espero que consiga superar isso um dia como se fosse uma paixonite. Difícil, porque mais real do que isso é impossível, é como se cada célula minha gritasse o nome dele e eu não posso falar com isso com ninguém. Se eu falasse isso com alguém teria que admitir que sentia ciúmes e até mesmo inveja da Dorcas e isso é simplesmente horrível. Dorcas é a minha amiga, ela é linda, inteligente, meiga, simpática e sempre consegue tudo o que quer, até mesmo que não quer, como o Sirius e admito o quão frustrante isso é. Eu posso amar Dorcas, mas não consigo controlar o meu sentimento de ciúmes e inveja, eu sinto isso e não consigo esconder, pelo menos não para mim. Não vou ficar reclamando muito por isso, no fim eu posso parecer a Bella em Lua Nova, onde ela passa praticamente quinhentas páginas na fossa, eu pelo menos foi um parágrafo.


Depois que ela admitiu que estava saindo com o professor Lupin foi até mais fácil para eu lidar com isso. Dorcas estava realmente feliz, o Remus (eu me sinto até íntima dele, de tanto que ela me fala da vida dele) era realmente fofo com ela, gastava uma fortuna com motel, mas quem mandou ele se apaixonar pela aluna? Pois é, ele admitiu para ela ontem que estava apaixonado por ela. Isso depois de dar um gatinho de pelúcia e levar todos os possíveis perfumes dele para ela escolher e por no gatinho, que ela chamou de Seth. Eu não teria o porquê de sentir ameaçada por Sirius por causa da Dorcas, mas quem conhece tão bem o Sirius como eu, sabe do que ele é capaz. As últimas semanas foram assim, Sirius conversando constantemente com Dorcas e eu, como sempre, servindo para dar conselhos. O que mais me dói, o que mais me mata por dentro é o fato de eu não conseguir dizer não para ele. Eu consigo dizer não tão facilmente para os outros, ele nem sequer precisam dizer o que querem e eu já vou cortando o mal pela raiz, mas com ele? Com ele era praticamente impossível eu falar essa palavra.


- Sirius, eu realmente não quero me meter nisso. – falei pelo telefone, pela décima vez em menos de quinze minutos. Como sempre, como toda a noite ele me ligou para falar sobre quem? Adivinhem...


- Mas Lene, eu preciso que você descubra quem é esse cara... – ele suplicou de novo. E a minha vontade de gritar: É O TEU PROFESSOR DE MATEMÁTICA, IMBECIL! Mas óbvio, não disse nada.


- Sirius, eu já disse a Dorcas não quer me contar, se ela não contou nem para a Lily, imagine para mim... – sibilei. Mentiras e mais mentiras, a Lily com seu jeito certo de ser iria surtar se soubesse que ela estava dormindo com o professor de matemática.


- Mentira Lene, você e a Dorcas estão mais unidas que nunca... – filho da mãe. Odeio o fato dele ser tão detalhista. Sirius é um dos únicas caras que percebem se você cortou o cabelo, pintou a unha, passou um rímel... O que o torna mais perfeito ainda, apesar de imperfeito.


- Só estamos conversando sobre os pais dela, você sabe que em assunto de pais loucos eu sou boa nisso. – falei um tanto ríspida, ele suspirou na outra linha. Ele sabe de toda a minha história com os meus pais, já chorei no ombro dele por causa disso e se não fosse ele não teria conseguido sobreviver dezessete anos na mesma casa que eles.


- Lene... – ele ia começar de novo com as mesmas súplicas, mas logo o cortei, já estava de saco cheio disso.


- Sirius meu pai está reclamando que eu ainda estou no telefone, vou ter que ir. – menti, sim, eu menti, big deal já menti coisa pior. Se bem que meu pai realmente iria daqui a uns quinze minutos vir checar no meu quarto se eu estava dormindo, então tecnicamente é um adiantamento da verdade... sendo mentira. Ok.


- Certo... Até mais, Fiona. – ele me falou. É sempre uma honra ser chamada de ogra, mas isso só porque eu vivo inventando apelidos pra ele. – Sonha comigo.


- Ah sim, pesadelo contigo. – desdenhei e ouvi a risada rouca linda dele no outro lado da linha, não pude deixar de sorrir. – Boa noite, Jumento.


E eu desliguei o telefone, sem esperar ele responder. Nós provavelmente iríamos enrolar mais ou menos uma meia hora até todos os apelidos sejam falados. Joguei o telefone no chão, como se eu me importasse se quebrasse ou não, e deitei na minha cama, visualizando o teto. A única coisa que meus pais não conseguiram interferir na minha vida foi o meu quarto, claro, eles queriam que meu quarto fosse todo branco, organizado, sem pôsteres, tudo na perfeição. Eu sou uma daquelas pessoas que se organizam com a bagunça, meu quarto pode estar de ponta cabeça, mas eu sei exatamente onde estão as minhas coisas. Posso me considerar uma rebelde com causa, meu quarto é cheio de pôsteres de filmes, Indiana Jones, Star Wars, Piratas do Caribe, e também, óbvio, de pessoas que eu admiro, estilo Johnny Depp e Audrey Hepburn e tem uma parede que eu rabisquei ela toda. E quando eu digo toda, é toda mesmo. Quando minha mãe viu isso, ela quase caiu dura no chão, rendeu-me um mês de castigo, mas valeu à pena. Afinal, o lugar onde eu me refugio tem que ser pelo menos a minha cara. A história dos meus pais é simples, Mark e Jane Mckinnon são dois famosos médicos, papai no ramo de plásticas e mamãe pediatria, eu sou filha única e a minha paixão por teatro é completamente repugnante ao ponto de vista da minha mãe. Porra, nós temos dinheiro, porque diabos eu não posso fazer o que gosto? Ao invés disso eles querem que eu entre para Cambridge e faça Medicina. Uma grande porra, não?


Coloquei meus fones de ouvido e acabei adormecendo escutando The Beatles, clichê o fato de eu morar em Londres e ser beatlemaníaca, seria mais clichê ainda se eu vivesse em Liverpool. Acabei adormecendo e por incrível que pareça não tive sonho nenhum, se tive não lembrei no outro dia, o que é ótimo. Ultimamente meus sonhos envolvem Sirius + Dorcas = cama de motel. Not cool. Acordei com o meu lindo cachorro Stuart pulando em cima de mim, ele era o único ser vivo que ficava feliz com a minha chegada em casa, ok exagero. Maria, a empregada espanhola também gostava de mim, principalmente porque eu me delicio com as receitas experiências dela. No dia que ela abrir um restaurante, juro que vou ser garota propaganda, a mulher cozinha demais. Desci e vi meus pais sentados na mesa do café, ambos falando ao telefone, eles nem sequer se olham direito, sem contar o fato de quartos separados, não sei mesmo porque continuam casados.


- Bom dia. – falei, sem animação e sem resposta. Peguei uma maçã e sai com a minha mochila. O único horário que conseguia falar normalmente com eles era de noite, de manhã cedo era uma confusão, pacientes e tudo mais. Comecei a dirigir em direção a casa do Sirius, como era caminho eu sempre o dava carona de manhã, mas depois do colégio às vezes quando eu fico brava com ele, invento uma desculpa qualquer e o deixo a pé. O que? Eu não sei dizer não para ele, mas com toda a certeza sei mentir para ele. Eu sei, sou uma pessoa terrível. Sem contar que certas vezes ele tem treino de futebol e fica até mais tarde...


- Kim! – ele sorriu lindo de morrer, entrou no carro e me deu um beijo estalado na bochecha. Achava fofo quando ele me chamava de Kim, mas eu nunca tinha um apelido para ele, vai dizer, chamar ele de Six é meio gay, de Si, só falta o Lá, Dó, Sol, Lá, Mi (como eu sou engraçada) e de Black, prefiro Black até. Ou chamar ele S. ou B. me lembra muito Gossip Girl com a Serena e a Blair e continua sendo gay do mesmo jeito.


- Bom dia, Trasgo. – Sempre sutil. Ele riu e já foi mandando no meu rádio, colocou Kings of Leon e foi cantando Use somebody boa parte do caminho.


- Pensou no assunto? – ele falou de repente, fiz-me de boba.


- Que assunto? – fingi estar muito atenta a estrada.


- Dorcas. – ele disse, quase bufando. Imagina se iria ser sobre ela.


- Ahn, minha resposta continua a mesma. – falei, um tanto ríspida.


- Qual é Kim, fala com ela, vê se eu tenho alguma chance. – suplicou. – Se eu não tiver, juro que paro de incomodar.


- Jura mesmo? – Jurava a bunda dele! Óbvio que ele iria persistir com isso.


- Sim, juro pela minha amada mãe. – Controlei meu riso. Ai está a mentira.


- Amada mãe? Qual é Sirius! Eu te conheço há bastante tempo pra saber que você odeia aquela mulher. – falei, nervosa e até mesmo chateada. Ele riu, enquanto eu estacionava o carro. Ele fez a melhor cara de cachorro para mim, quando eu tirei o cinto. – Ok, eu falo com ela, pela última vez e juro que depois vou te ignorar se falar do assunto.


- Certo! – ele saiu do carro, todo feliz. Babaca, é óbvio que eu nunca vou conseguir ignorar ele, mesmo sendo sobre isso. Chaveei meu carro e fui em direção a escola, Lily estava me esperando na porta.


- Bom dia. – falei pela décima vez no dia e a abracei. Lily era o tipo de amiga meiga, que era ótimo abraçar. Confesso que quando se trata dela e do Sirius eu sou viciada nos abraços deles.


- Bom dia, Lene! – ela falou animada, praticamente saltitante. – Eu tive uma ideia!


- Qual? – pedi e ela fez cara de suspense, o que me fez rir. – Fala, ruiva!


- Antes precisamos da Dorcas, do James e do Sirius. – ela falou, assobiando. Olhei ao redor procurando Sirius, já que ele tinha vindo comigo e me segurei muito para não rir da cara dele enquanto Emmeline o abraçava. Sua cara era totalmente Help! para mim.


- Vai lá salvar o pobre coitado e me encontra na frente da biblioteca! – Lily falou rindo e saiu saltitante de novo. Esperei um pouco e fiquei rindo das investidas que Emmeline tentava com Sirius, todas fracassadas. Quando ele sibilou um: por favor, me salva. Achei melhor entrar em ação.


- Sirius! – gritei, empurrando Emmeline para o lado. – Eu não acredito que você ficou com aquela garota!


- Com licença... – Emmeline começou a falar, mas entendeu o que eu disse. - ... Que garota?


- É, que garota, Lene? – pediu Sirius, nervoso.


- Você sabe, a Quinn, eu bem que te disse que ela tinha Mononucleose! – inventei na hora, Sirius se segurou para não rir e Emmeline saiu com uma cara enjoada dali. Certo que agora ela iria no médico ver se não tinha pego também a tal Doença do Beijo.


- Sem graça. – falei, sorrindo e o enlaçando na cintura, sim eu me aproveito. – Vamos, a Lily quer falar com nós.


- Porque você demorou tanto? – ele falou, mas não estava bravo nem nada.


- Estava inventando a desculpa, é difícil pensar em alguma DST que você não tenha pego. – falei rindo, ele me deu um tapa de leve na cabeça. Entreguei minha mochila e ele a carregou para mim. Sim, Sirius não se importava com isso, mesmo que eu abusasse de vez em quando.


- O que você quer, Ketchup? – pediu Sirius, assim que viu Lily, conversando com o James, esse riu dela.


- Só falo quando a Dorcas chegar. – ela disse, com o nariz empinado, ela odiava os apelidos em relação ao seu cabelo, principalmente os que vinham de Sirius. Dorcas chegou correndo e parou do meu lado, quase caindo.


- Oi pessoal. – Dor falou, amarrando seu cabelo loiro lindo, passando a mão em sua boca, discretamente limpando o gloss. Hm, aulas extras de matemática. Ela me lançou um olhar e eu tive que me segurar para não rir. Sirius observava tudo, tentando entender em vão.


- Então, eu estava pensando ontem, depois de conversar com o James por telefone... – ela começou a falar e Sirius já interrompeu.


- Sexo por telefone James? – ele disse, fazendo Lily ficar vermelha e James rir.


- Calado, Sirius! – falou Li, batendo o pé. – Enfim, nós estávamos falando que esse era o nosso último ano e que daqui a alguns meses cada um vai para o seu lado...


- Quanta imaginação... – Sirius murmurou para mim e eu tive que segurar o riso. Lily pigarreou.


- ... E talvez no futuro nós não nos vejamos tanto, então eu proponho que nós façamos uma cápsula do tempo. – ela terminou, toda animada. J.P deu um beijo na testa dela, sorrindo. Fiquei toda ohn agora. Mas voltando a ideia dela, eu gostei, quem sabe a Marlene do futuro esteja menos complexada que agora.


- Eu estou dentro! – falei.


- Eu também. – Dorcas disse, Sirius franziu o cenho, meio indeciso, como sempre.


- Certo, eu também. – falou por fim.


- Então eu irei fazer uma lista do que precisamos por em cada carta e entrego para vocês depois! – Lily falou animada, dando um selinho em James. O que será que eu iria escrever para a Marlene do futuro? Dei um abraço em James e fui junto com ele para a nossa incrível aula de Química. James era o tipo de pessoa que se um dia eu precisasse surtar, ele seria a pessoa certa. Depois que ele e Lily começaram a namorar nós nos aproximamos, ele sempre me pedia conselhos sobre a Lily, que tipo de presente comprar, se deveria levar ela para tal show, tal pub... E no fim, Lily me pedia a mesma coisa sobre James, de tanto que nos aproximamos. Considerava James como um irmão mais velho (alguns meses só, mas...) e com ele eu poderia rir tranquilamente sobre a orelha pequena do professor de química.


- Já escolheu o tal vestido de formatura? – ele me pediu, segurando-se para não rolar os olhos. Já tinha entendido esse ar de entediado dele com essa pergunta.


- A Lily anda falando muito sobre isso? – pedi, ri da careta que ele fez. Sim, para homem era fácil ir em uma loja e escolher um terno, já para nós... Se bem que eu não tinha ido ver nada em relação a formatura, já tem um monte de garotas enlouquecendo por causa do vestido, mas falta três meses para a festa.


- Sim, ela fica me pedindo opinião, mas eu nunca sei o que falar. – ele disse, perdido. Sentamos no fundo da sala.


- Uma coisa que eu aprendi vendo seriados foi que sempre que uma mulher lhe pede opinião, diga a que considera a mais feia de todas... – falei lembrando-me de um episódio de algum seriado. James fez uma cara estranha.


- Mas não deveria ser ao contrário? – ele pediu, confuso.


- Não, porque daí ela percebe o seu mau gosto e não te pede mais nada. – concluí meu pensamento, o fazendo rir. Às vezes eu acho que deveria ter nascido homem, por tantos pensamentos masculinos que tenho. É que eu sou aquele tipo de garota sem drama, sensata (óbvio que estou generalizando total) eu não me preocupo em sempre estar procurando erros nas pessoas ou em seus atos. Só de pensar em me indignar porque o seu namorado não te ligou no sábado a noite, ou porque a sua amiga não lhe contou um segredo me dá náuseas. Sou simples, só isso.


- Você é muito estranha e genial Lene. – ele disse por fim, rindo. O professor da orelha pequena entrou, já escrevendo matéria no quadro, suspirei fundo e comecei a copiar. James era um ótimo colega, ele não precisava ficar constantemente falando a aula toda, ele entendia a minha necessidade de prestar atenção, mesmo odiando o professor e a matéria. Claro que quando tinha algum comentário engraçado ele me falava, fazendo-me rir. E rir da orelha pequena do professor era o que mais fazíamos. Próxima aula: Literatura. Dei graças a Deus quando o sinal bateu, peguei meus materiais e pulei nas costas de James, o fazendo rir e rumamos (ele rumou, eu fiquei de peso morto) para a aula de Literatura, uma das únicas matérias que eu, ele, Sirius, Dorcas e Lily tínhamos juntos. Antes de entrar na sala sai das costas de James, rindo quando ele reclamou do meu peso.


- Você já falou com ela? – pediu-me Sirius sussurrando, assim que sentei na classe na frente dele, ao lado de Lily. Minha vontade foi primeiro: mandar ele tomar no cu, segundo: dar um tapa nele, terceiro: ignorar, mas fiz o oposto da minha terceira vontade: respondi.


- Não, ainda não parei para conversar com ela. – falei ríspida e afundei minha cabeça entre meus braços na classe. Será que se eu falasse constantemente: Eu não estou aqui realmente eu não iria estar ali? Sabe, O Segredo diz que se você realmente quiser, acontece as coisas contigo. Não, eu não li O Segredo, eu apenas li o resumo e desisti de comprar o livro quando vi que era auto-ajuda. Resolvi ser curta e grossa quanto a pergunta a Dorcas, para ver se ele realmente cai na real. Peguei meu caderno e escrevi:


 


Alguma chance de você ficar/gostar do Sirius? – M.


 


E joguei para a Dorcas. Sirius conversava com James agora, nem prestou atenção no que eu fiz. A resposta veio logo em seguida e não podia ser melhor.


 


Zero. – D.


 


Sorri para Dorcas, ela já sabia dessa paixão do nada do Sirius por ela, até mesmo o Remus sabia disso. De acordo com ela, ele já admitiu sentir ciúmes do garoto, mas nunca cogitou em pedir para ela parar de falar com ele. (Ai dele se cogitasse, ia perder vários pontos comigo.) Arranquei essa folha do meu caderno e joguei para o Sirius, Dorcas fingiu não ver e tentou puxar um assunto qualquer com Lily. Sirius leu o papel e logo o amassou. Obviamente, certamente, logicamente ele não tinha gostado da resposta e com toda a certeza isso atiçou mais a vontade dele. A professora começou a falar sobre Shakespeare de novo, por mais que gostasse de Literatura já estava de saco cheio desse assunto. Shakespeare me lembra romance, romance me lembra Dorcas (e Remus), Dorcas me lembra Sirius, Sirius me lembra vontade, vontade me lembra morrer e morrer me lembrava Shakespeare de novo. (Deu para entender?). Então pela primeira vez afundei meu rosto na classe e tentei dormir, em vão. Sirius não parava de me cutucar, mandei ele tomar no cu acho que mais de dez vezes. No fim desisti e fiquei escrevendo besteiras no fundo do meu caderno. Quando acabou a aula suspirei, não queria aguentar mais matéria, então, sem chamar muita atenção eu fui até meu carro e deitei no banco traseiro.


- Você não era disso, Kim. – falou Sirius, abrindo a porta do meu carro, levantei a cabeça e deitei em seu colo.


- As pessoas mudam. – falei em um muxoxo, querendo realmente dormir, ainda mais agora. Ele riu rouco.


- Eu não. – sim meu querido, você não muda, você não está apaixonado pela Dorcas, isso definitivamente não era mudar.


- Claro que não e a fase Dorcas é o que? – irritei-me, tentei disfarçar, mas certo que ele percebeu.


- Ela é simplesmente demais. – ele falou, procurei não olhar para ele, fechei os olhos.


- O simples fato que você não a entende, não a decifra como decifra os outros lhe intriga, isso não é amor, pode ser paixão. – falei, abrindo os olhos para ver a reação dele.


- Você tem toda a razão.


- Eu sei. – disse por fim. – Agora cala a boca que eu quero dormir.


- Aproveite, são poucas que dormem comigo. – ele falou rindo, eu não pude deixar de rir.


- Em que universo paralelo? – pedi, zombando.


- Ah cala a boca Kim. – ele falou por fim, ajeitando-se no banco do carro, enquanto eu fechava os olhos. Passou tempo o suficiente para o almoço, eu e Sirius acordamos ao mesmo tempo enquanto ouvíamos alguns murmurinhos das pessoas passando pelo meu carro. Certamente comentando o fato de nós dois estarmos ali, suspirei fundo e me sentei, ajeitando meus cabelos (in)ajeitáveis. Saímos do carro e fomos para o refeitório, o cardápio era impossível de decifrar, algo como salada de ovos, salada de repolho, coisa dura chamada carne... Meu estômago embrulhou só de pensar em comer aquilo. Sentei na mesa ao lado de Lily.


- Onde vocês se meteram? – pediu ela vermelha, ela é vermelha de natureza, nada demais.


- Fomos dar uma rapidinha no carro de Lene. – falou Sirius rindo enquanto eu dava um soco em seu braço, Lily não perguntou de novo.


- Cadê a Meadowes? – pedi, Lily deus os ombros.


- Eu a vi conversando com o professor Lupin, entrando em uma sala de aula. – falou James, senti algo alertar dentro de mim, murmurei um hm e por fim falei.


- Vou lá chamar ela, preciso de um conselho... – Lily me olhou como se eu tivesse dado uma facada em suas costas e rapidamente acrescentei. - ... sobre pais, entende.


- Ah sim. – Lily falou rapidamente, isso ela entendia que eu e Dorcas nos comunicávamos melhor, Lil e seus pais se davam super bem, tirando é claro a sua irmã mais velha, Petúnia, que era uma idiota, total. Levantei da mesa e fui até uma sala onde Remus dava aulas, sorte dos dois que não tinha vidro na porta ou algo assim. Por mais que tivesse as chances dos dois estarem se agarrando, olhei para trás e vi que não havia ninguém no corredor. Entrei, dando um susto em Dorcas e em Remus, este que ficou vermelho rapidamente.


- Vocês realmente têm que tomar mais cuidado, principalmente aqui. – falei, sorrindo amena, enquanto Remus virava um pimentão. Até aquele momento ele não sabia que eu sabia. Ele não deixou de sorrir preocupado, percebi. – Não se preocupe, minha boca é um túmulo.


- Que bom... – ele falou por fim, ajeitando a gravata. Remus era daqueles professores que vestiam coletes o tempo todo e camiseta social, estilo o Sr. Schuester de Glee, o que o deixava mais fofinho ainda. Dorcas ajeitou sua blusa e eu sorri.


- Melhor nós irmos, estão te esperando. – falei, ela assentiu. – Eu te espero, hm, ali fora.


- Certo... – Dorcas falou sorrindo e eu sai da sala. Não precisei esperar nem cinco minutos e ela já estava ali do meu lado, com um sorriso triste.


- Tudo bem? – pedi, preocupada.


- Meus pais, eles estão impossíveis. – ela falou por fim. – Por algum motivo baixou uma luz na mente de meu pai e ele acha que o meu relacionamento com o Seth tem algo a mais.


- Mas... Como? – Era incrível como os pais têm sexto sentido em relação às filhas, principalmente os pais de Dorcas.


- Não sei, provavelmente alguém deve ter comentado com ele da nossa aproximação e para ele todo o garoto que está perto de mim quer me comer. – Ela disse com raiva, arregalaria os olhos se não a conhecesse bem. Os pais de Dorcas são verdadeiros idiotas. – Ainda irei pegar a herança da minha avó e sair de casa.


- Eu te apoio. – Abracei-a sorrindo, antes de entrarmos no refeitório. A avó de Dorcas, por parte de mãe, deixou para ela uma herança... bem, gorda, digamos assim. Ela poderia facilmente viver bem durante uns dez anos só com aquele dinheiro. E agora que ela possuía dezoito anos podia mexer nela, mas seus pais não deixam, controlam a conta dela até não poder mais. Bem que eu queria ter uma avó assim rica para me deixar uma herança.


- Aleluia! – falou Lily, praticamente histérica quando nos sentamos. Hoje é daqueles dias quando a pessoa não tem a mínima vontade de comer. Lily nos passou uma folha, comecei a ler e sorri. Precisava pensar em um jeito de como começar essa carta para o meu Eu do futuro.


- Comida preferida? Animal preferido? – Sirius começou a ler, revirando os olhos. Lily fez uma cara emburrada, mas preferiu ignorar.


- Temos que combinar, mais perto da formatura é claro, um dia para fecharmos a cápsula. – Lily falou, quase batendo palmas, animada. – E é claro, como eu sou a mais organizada eu irei ficar com a cápsula, em vez de enterrar, é meio... nojento.


- Não vai ter aula de tarde. – Dorcas falou sorrindo, um tanto animada.


- Como? Como você sabe? – pediu Lily.


- Ah, o professor Lupin acabou de me contar... – Ela falou, só eu reparei o quanto ela ficou desconfortável com isso e como sempre sou a salvadora da pátria.


- Então, o que faremos? – Coloquei minha mão no queixo, esperando opções, ninguém falou nada. – Ok, minha casa, agora, filmes.


- Fechado! – Sirius falou, peguei minha mochila e todos foram até o meu carro, Dorcas sentou na frente, comigo, Sirius fez questão de dar o lugar para ela. Cavalheiro . . .


O fato de meus pais terem dinheiro é a única coisa que me deixa animada, a minha casa era enorme, a sala em si, sem comentários. Chegamos na minha casa e todos foram para a sala, geralmente as reuniões eram ali e Dorcas quase nunca estava junto, seus pais acreditam que ela sair de casa para se divertir um pouco era atrapalhar os seus estudos. Até mesmo ir em uma festa inocente de pijama (vodka, tequila e whisky é inocente, só não depois do sétimo copo). Fui até a cozinha, Maria estava preparando cookies, já disse que sou apaixonada por cookies? Um perfeito almoço.


- Senhorita Marlene! E a escola? – Ela pediu com o seu sotaque carregado, eu até queria saber falar espanhol, Maria tentou me ensinar uma vez, mas... É não consegui. Dei um abraço apertado nela, que riu.


- Hoje liberaram mais cedo, Maria. – sorri, desfazendo o abraço. Sim, Maria significava muito para mim. – Eu e meus amigos estamos na sala, esses cookies demoram?


- No, no. – Maria falou, limpando suas mãos. Ela era baixinha, morena, deve ter arrebatado muitos corações quando nova. – O Sr. Black também?


- Sim. – suspirei, Maria era a única que sabia da história toda do que eu sentia por Sirius, um dia ela me pegou chorando e eu acabei contando para ela.


- Quer que eu coloque sal em seu leite? – ela pediu, animada, fazendo-me rir. Falei que não e fui para a sala, James e Lily já estavam acomodados no meu enorme sofá, Sirius sentava do lado de Dorcas, esta foi para o lado, dando espaço para eu sentar no meio dos dois. Eu tenho uma puta sorte, não? Acabei indo sentar no outro sofá, sozinha, consegui ficar irritada com isso, mas não ia transparecer.


- Que filme? – pedi. Eu tenho uma coleção enorme de filmes, meu maior passatempo é comprar filmes com a minha mesada e aos poucos consegui, acho que conseguiria fazer uma locadora. Lily escolheu O Amor Não Tira Férias pela décima vez, ela simplesmente amava esse filme por causa do Jude Law eu já tinha uma paixão arrebatadora pelo Jack Black. Eu casava com ele certo. Maria não demorou nem dez minutos com os cookies e o leite, me segurei para não rir quando ela piscou pra mim, como se ela fosse capaz de por sal no leito do Sirius. Passamos a tarde vendo filme, Sirius desistiu de fazer qualquer contato com Dorcas e acabou sentado no sofá junto comigo e mais uma vez eu estava quase dormindo no seu colo.


“I never gone with the wind, just let it flow, let take me where it wants to go till you open the door there's so much more, I've never seen it before. I was trying to fly but I couldn't find wings…”


O celular de Dorcas começou a tocar, Taylor Swift era a terceira maior paixão dela, depois de matemática e do Remus, claro. Sim, Remus vem em segundo, por enquanto, eu acho. Ela saiu da sala para atender, não demorou nem cinco minutos e já voltou com uma cara simplesmente horrível.


- Meus pais. – disse tentando justificar. – Lene, pode me levar para casa?


- Claro, vocês também? – pedi, James e Lily levantaram, pegando suas coisas.


- Tudo bem se eu ficar aqui? – pediu Sirius e eu assenti, peguei a chave do carro e os levei para casa, deixei James primeiro, que era praticamente vizinho de Sirius, depois deixei Dorcas, sua mãe a esperava na frente de casa, com a cara horrível e por fim Lily. Não demorei nem dez minutos para chegar em casa, Sirius estava rindo com Maria, ajudando-a a limpar a sala.


- Vocês dois, saiam daqui. – Maria falou e eu ri. Peguei um cobertor que Lily e James tinham usado e fomos para a varanda da minha casa, e sentei no sofá que ficava lá, ao lado de Sirius, debaixo do cobertor, ficamos em silêncio por pelo menos uns quinze minutos.


- Você tinha razão. – ele falou finalmente, dessa vez não estava encostada, deitada nele, apenas olhava o quintal, com a grande piscina cheia de folhas.


- Eu sempre tenho. – falei, sorrindo discretamente.


- Quando você falou que as pessoas mudam e que eu mudei. – ele falou por fim, meu coração já começou a pesar.


- Hm... – não tinha muito o que falar.


- E eu mudei e o fato da Dorcas me intrigar, realmente me fez pensar... – ele disse, porque diabos eu falei isso para ele? Ainda mais porque essa criatura realmente pensa, não podia subestimá-lo. - ... Eu acho que a amo.


- O que? – pedi, respirando fundo, tentando não demonstrar minha indignação.


- Eu nunca tinha me sentido assim por ninguém. – ele falou, tentando se explicar. Idiota. – E você sabe, por mim eu namoraria com ela, mas...


- Ela não quer. – falei tentando não ser ríspida, ele assentiu, um tanto triste. – Sirius, se eu achasse que você teria alguma chance com ela, juro que te contaria.


- Eu sei. – respondeu. – É só que eu nunca me senti assim e nunca cogitei namorar com ninguém, você sabe...


- Sim... – dei um beijo na bochecha de Sirius, ouvi a garagem abrir, provavelmente meu pai havia chegado.


- Melhor eu ir. – ele sorriu, um tanto triste, assenti. Meu pai não era muito fã de Sirius, na verdade ele não gostava de nenhum dos meus amigos. Acompanhei Sirius até a porta, meu pai entrou e não deu sequer oi para o Sirius, quando ele saiu, meu pai já se prontificou a dizer.


- O que ele estava fazendo aqui? – pediu, bravo.


- Sexo comigo, demorou mais do que o esperado. – respondi rude e subi para o meu quarto, ouvi ele gritando meu nome com fúria, mas o ignorei. Deitei na minha cama, coloquei meus fones e deixei meu celular do meu lado. Fiquei mais ou menos uma hora escutando música, até sentir algo vibrar. – Alô?


- Lene? – ouvi uma Dorcas chorosa na outra linha, dei um pulo da cama.


- O que houve?


- Eu estou na frente da sua casa. – ela falou, tentando conter os soluços. Desci as escadas correndo, abri a porta e ela realmente estava na frente da minha casa. Com a maquiagem toda borrada, um olho vermelho quase roxo e duas malas. – Posso ficar contigo alguns dias?


 
 
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 nota da autora:
 
 oi galera! e ai, o que acharam? sim sirius mongo, eu sei. HAHA eu fiz a dorcas loira sim, para ela ser a blake lively, porque eu simplesmente amo a amizade blair/serena :) e pelos capítulos eu vou postando os atores dos outros personagens, estilo james, lils e afins (:  o título eu peguei inspiração na música dos Queen - You're my best friend. Recomendo a ouvirem, Queen amo de paixão :))) ps. super recomendo a vocês fazerem uma cápsula do tempo com seus amigos, eu fiz a minha (na verdade ainda não terminei de escrever a carta hehe). e tentem não enterrar, realmente, é nojento depois que vocês vão pegar HAHA ps2. meus pais não são assim, como os da Lene okay? Eu só quis por um pouco mais de drama na vida da personagem HAHA apesar dela ser baseada em mim. Ok, baseado é baseado, não é por inteiro, vocês já devem ter pecebido isso em filmes que são BASEADOS em livros e no fim fode tudo HAAH. e essa história vai ter um final inventado, já que o meu ainda está por ser escrito (OHN).

queria agradecer aos comentários, estão me deixando MUITO feliz, espero que continuem :)
 Cecília Potter, Cá Black, caroline black malfoy, Gaby Black, hell yeah, Nina H., Lanah Black, Mii Reiis, Marlene Black e Julii.Weasley

meninas muito obrigada por comentarem e espero que continuem :) juro que quando tiver com menos pressa como estou agora irei responder tudinho do jeito merecido! 
o próximo capítulo eu irei postar assim que der, mas antes darei prioridade a minha fic stupid girls (que irei postar nesse fim de semana sem falta, promessa ok)
 
 
 Bejokkks, dominique. (09/03/2011)

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Comentários (2)

  • Lana Silva

    Misericordiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa eu tô passaderrima aqui, como assim ? O que rolou com a Dorcas?  Gneteeeeeeeeeeeeeeee a Marlene sofre viu ? E o pai dela acreditou mesmo nisso ? kkkkk meio louco de acreditar....Bem eu amei o capitlo, mas a cada capitulo que passa fico com mais pena da Lene :/beijoos! 

    2012-09-23
  • hell yeah

    você tá de sacanagem comigo com esse final? eu vou ficar super curiosa pra saber que que rolou com a Dorcas! os pais dela descobriram do remus? é isso? por favor, atualiza :~ estou muito intrigada com tudo que está acontecendo. ah! essa cápsula do tempo super me lembra one tree hill :} e eu amava oth da época que teve essa cápsula e ela deu treta! haha sério, atualiza, por favor! qualquer uma das fics... por favor (imagine aqui sirius black com carinha de cachorro pidão)? beijos e até mais! xxxx

    2011-03-09
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