Chapter Three



"O futuro pertence àqueles


que acreditam na beleza


de seus sonhos."


- Elleanor Roosevelt





Capítulo três ou


you know that I could use somebody...


.... someone like you.



“- Eu estou na frente da sua casa. – ela falou, tentando conter os soluços. Desci as escadas correndo, abri a porta e ela realmente estava na frente da minha casa. Com a maquiagem toda borrada, um olho vermelho quase roxo e duas malas. – Posso ficar contigo alguns dias?”






- Claro... – quase gaguejei quando respondi, peguei uma mala de Dorcas e coloquei ao lado da porta. Seguimos para a cozinha, Maria arregalou os olhos quando viu o olho roxo dela.



- ¡Dios mío! – exclamou Maria, segurando o rosto de Dorcas. – O que fizeram com você?



- Maria... – nem precisei falar, ela assentiu, mas antes de sair da cozinha pegou uma compressa de gelo e entregou para Dorcas colocar no olho. Sentamos no balcão da cozinha e Dorcas simplesmente desabou chorando, eu não falei nada, só a abracei, fazendo carinho em seu cabelo. Ficamos uns quinze minutos assim, até ela respirar fundo e limpar as lágrimas.



- Eu disse... Eu prometi para mim que no momento em que eles encostassem um dedo em mim... – ela desviou o olhar, lacrimejando de novo. -... eu iria embora, sem olhar para trás.



- O que houve? – pedi, fazendo um chá de camomila e entregando para ela.



- Cheguei em casa e minha mãe começou a pedir onde eu estava até aquela hora, falei a verdade, disse que fiquei a tarde toda com vocês, ela pareceu a acreditar. Subi no meu quarto, tomei um banho, quando desci minha mãe estava segurando meu celular, lendo minhas mensagens... – ela suspirou fundo. Ainda bem que tinha dado a ideia dela mudar o nome de Remus no celular por Seth, por isso poderia ter acontecido muito antes. -... Ela teve um treco, Lene. Ela começou a gritar, me chamar de vagabunda, vadia... E me deu um tapa na cara com muita força, eu não esperava por isso, acabei me desequilibrando e batendo o rosto no canto da mesa... Fiz minhas malas e vim para cá.



- Estava demorando isso tudo acontecer. – conclui por fim e ela concordou com a cabeça baixa. – Você pode ficar aqui o tempo que quiser aqui.



- E seus pais? – ela pediu preocupada, sorri amena. Meus pais não iriam nem sequer perceber a presença dela, mas eu iria avisá-los sim, mais tarde.



- Você sabe como eles são. – eu sorri e a abracei de novo. – Fome?



- Muita! – Dorcas sorriu, Maria entrou na cozinha assim que ouviu a resposta, não duvido que ela estava ouvindo atrás da porta, ela já fez dessas, mas Maria era mais da família do que meus pais. Comecei a rir junto com Dorcas quando ela se prontificou a fazer alguma coisa para nós jantarmos.



- Dizem que está na moda olho roxo... – falei, tirando com a cara dela. Dorcas fez uma careta e encolheu os ombros.



- Só dizer que salvei uma velhinha de ser assaltada, assim pelo menos serei considerada uma garota com olho roxo heroína. Ou, digo que meu namorado traficante me bateu por ciúmes... – comecei a rir das viagens da Dorcas, eu não duvidaria que ela falasse algo assim para os curiosos.



- E você já falou com o Seth? – pedi, pensando no professor. Provavelmente ele vai querer matar a mãe dela, mas daí sim iria ser muito suspeito. Maria colocou várias panquecas em cima do balcão, meus olhos chegaram a brilhar com a comida.



- Não, vou ligar mais tarde para ele. – ela respondeu e começamos a comer, Maria se sentou conosco e jantamos. Sim, eu realmente tenho uma ligação especial com Maria, ela é praticamente minha mãe. Terminamos de jantar e ajudamos Maria a guardar tudo, meus pais provavelmente estavam cada um em seu escritório, os dois não paravam nunca e já era mais de onze horas da noite. Dorcas ia dormir no quarto ao lado do meu, um quarto de hóspedes entre milhares que essa casa possui. Eu não estou preocupada com ela, porque sei que sou capaz de tudo para ajudá-la. Ajudei ela organizar rapidamente suas roupas no armário, de acordo com ela, era apenas um quarto do que ela tinha em sua casa.



- Você planeja voltar para lá pegar o resto? – pedi por fim, guardando sua última peça no armário.



- Não, nem morta. – ela respondeu, sentando-se na cama fofa. – Eu vou usar finalmente a herança da minha avó, vou procurar um apartamento e comprar algumas roupas novas...



- Tem que aprender a controlar o dinheiro... – calei-me assim que vi a besteira que falei, Dorcas, primeiro: era expert em matemática, segundo: era fudidamente rica.



- Ah sim, até a faculdade eu estarei bem, irei controlar, arrumarei um emprego... – ela respondeu sorrindo e se deitou na cama e eu fui deitar ao seu lado. – Eu tenho medo, sabe?



- Do que? – olhei-a de lado.



- Do futuro, de tudo. – ela falou, suspirando pesadamente.



- Você tem medo do desconhecido, eu também. – concluí, ela assentiu e continuou a falar.



- O Conselho da escola está suspeitando do Remus, por essa aproximação dos alunos, já falaram isso em uma reunião. – ela falou, triste. Remus era o professor que realmente nos ajudava, que na hora de intervalo ele não ficava junto na sala dos professores e sim com nós (nós=alunos) e isso gerava discórdia entre os professores. Ele ensinava bem sim, mas o seu relacionamento com todos os alunos era mal visto com os outros professores. Talvez fosse por isso que nos últimos dias ele não tem mais saído da sala dos professores, no recreio. – E isso me faz pensar em tudo...



- No futuro... – comecei a me sentir triste por Dorcas, o que ela estava passando não era fácil, mas ninguém nunca tinha dito que seria fácil namorar um professor.



- Sim, no futuro, quando eu não for mais aluna, se nós por acaso assumirmos o namoro, será como afirmar tudo o que falam dele agora. – ela falou deixando uma lágrima escorrer. – Isso significa que não temos futuro.



- Nunca se sabe, Dor. – eu falei, tentando animá-la. – O futuro é incerto, talvez Remus abandone a escola, talvez vocês vão para outra cidade... Tudo pode acontecer.



- Assim espero, Le. – ela falou sorrindo, dei-lhe boa noite e fui para meu quarto, adormeci facilmente. Acordei como sempre com o Stuart pulando em minha cama, não pude deixar de sorrir. Hoje o dia iria ser tenso, já dava para sentir, pulei da cama e desci rapidamente as escadas, meus pais estavam tomando café da manhã, como habitual. Dorcas ainda estava no seu quarto.



- Mãe, pai.  – cumprimentei, falando um tanto alto, para chamar a atenção dos dois.



- Não é necessário gritar, Marlene. – minha mãe falou, sem levantar o olhar de seu jornal. Respirei fundo.



- Não gritei. – falei, controlando minha voz. – A Dorcas irá passar algumas semanas com nós.



- Quem? – meu pai pediu, até parece que ele iria saber os nomes dos meus amigos.



- A loira, que ama matemática, com futuro promissor... – tentei falar, para ele se lembrar. – A mãe dela colocou silicone com você mês passado.



- Ah sim, Meadowes. – ele falou assentindo. Se fosse outra situação e se não fosse meu pai, eu estaria rindo. Dei meia volta e fui para meu quarto, tomei um banho rápido e coloquei jeans, all star e regata branca. Com os cabelos ainda molhados, bati na porta da Dorcas.



- Bom dia! – falei sorridente, Dorcas como sempre estava linda, mesmo com o olho roxo. – Uau, eu queria um olho roxo.



- A Emmeline ficaria feliz em te ajudar. – ela respondeu rindo, descemos e tomamos café na cozinha, junto com Maria. Meus pais tinham entrado em uma discussão sobre alguma paciente fútil de meu pai. Comemos rápido e fomos para o meu carro.



- O que vamos fazer hoje? – pedi, fazendo Dorcas me olhar sem entender. – Qual é, comemorar sua liberdade, compras, shopping, qualquer coisa!



- No momento compras! – ela respondeu, rindo. – Depois... Depois a gente vê.



- Okay! – respondi, Dorcas tomou conta do meu rádio, colocando Taylor Swift. Estava tocando Crazier e a súbita depressão veio correndo me encontrar. Como posso dizer? Ah é, música românticas estão me dando ânsias nos últimos dias, o motivo é óbvio. – Eu preciso falar com o Seth hoje, explicar tudo direitinho.



- Você percebeu que o fato de ter um lugar só para você vai te dar mais liberdade com ele? – pedi, fazendo com que ela sorrisse sonhadora, parei na frente da casa de Sirius, ele estava nos esperando na frente de sua casa.



- Não tinha pensado nisso... – ela murmurou quando Sirius entrou no carro.



- Pensado no que? – ele pediu, metendo-se no assunto, sorrindo galanteador. – Dorcas, bom te... O que houve com o seu olho?



- Ela dormiu comigo essa noite e eu me reviro muito... – comecei a falar, fazendo Dorcas rir. - ... E quando eu vi Dorcas estava no chão. Então, começamos uma briga de travesseiros...



- Se fosse em outra situação isso com certeza me excitaria... – Sirius falou, eu fiz uma careta com Dorcas, pude olhar no retrovisor que ele estava preocupado. - ... Mas sério, o que houve?



- Minha mãe me deu um tapa na cara, eu cai e bati com o olho em um móvel. – ela respondeu, Sirius foi mudando sua expressão. – Então eu fui para a casa de Lene e irei morar lá por enquanto.



- Que vadia. – Sirius falou lentamente Dorcas riu mais ainda e aumentou o volume da rádio, começou You Belong with Me e Sirius não parava de reclamar da qualidade da música. Ele simplesmente odiava Taylor Swift, preferia The Clash, The Who, e assim vai. Chegamos na escola, Lily e James estavam nos esperando na entrada, rolou a pergunta “o que houve Dorcas?” ela explicou pela milésima vez. Tivemos aula de matemática, pude notar a preocupação do Seth ao ver o olho roxo de Dorcas, pelo o que ela me falou os dois conversaram, mas pareceu que caiu a ficha de Remus agora. Lily sentou do meu lado, no fundo da sala, Dorcas estava na frente, tentando prestar atenção nos exercícios.



- Adivinha quem vai vir para a cidade... – Lily falou baixinho, eu odeio quando as pessoas falam adivinha porque no fim ou eu nunca consigo adivinhar ou elas falam um segundo depois da pergunta, sem nos dar chance de adivinhar.



- Quem? – pedi, tentando aparecer um pouco interessada, eu estou cansada, isso sim.



- O meu primo, Matty. – ela falou e eu arregalei os olhos. Vai fazer o que, dois anos que eu não vejo o Matt? Sim, eu chamo de Matt, Matty é meio infantil e ele me disse que não gostava. Matt foi a única pessoa que eu quase tive um relacionamento, conheci ele através de Lily, Sirius definitivamente não gosta dele. Sempre ficava falando que eu o abandonava para ficar com o parasita (era assim que o Sirius o chamava).



- Quando ele vem? – pedi, sem deixar de escapar um sorriso. Matt mudou de cidade quando entrou na faculdade, agora ele está cursando Engenharia algumacoisa em Oxford. A nossa história foi bem simples, viramos amigos e ele começou a gostar de mim mais do que devia, eu sabia e acabei dando uma chance. Já que não sou um Sirius da vida e ignoro os sentimentos das pessoas ao meu redor (nada dramática) e seria uma boa tentar esquecer essa pessoa. Óbvio que ele sabia que eu gostava de Sirius, óbvio que eu não ia tentar omitir esse fato dele, por isso ele nunca me forçou a nada, nosso relacionamento (não era ainda um relacionamento, estava perto de ser) foi simples, calmo.



- Amanhã, acabou o semestre dele, vai ficar um tempo ali em casa... – ela respondeu, dando um certo sorriso malicioso. Continuei fazendo meus exercícios, fiquei ansiosa em ver Matt, tenho que admitir que ele foi uma pessoa que me ajudou muito quando mais precisei. Eu não gosto de falar sobre isso, até porque não comentei até agora. Há um ano atrás meu tio, irmão da minha mãe faleceu de câncer, foi o pior momento em toda a minha vida. O tio Walter era completamente diferente da minha mãe, ele era meu amigo e passava um bom tempo com nós em casa. Ele fazia parecer que toda aquela insanidade de casa fosse apenas um momento passageiro, ele fazia que eu gostasse um pouco da minha vida em casa. Eu o amava mais do que tudo no mundo, o considerava o pai que nunca tive, quando ele adoeceu pela primeira vez todos ficamos aliviados ao ver que a quimioterapia estava dando certo. Tudo piorou naquele ano, o câncer voltou com tudo e ele foi para cirurgia urgentemente, depois disso ficou um bom tempo na UTI, ele morreu na minha frente. Quando eu finalmente criei coragem de ir vê-lo e quando eu disse tudo o que queria dizer para ele... Ele faleceu na minha frente. Matt esteve do meu lado o tempo todo, Sirius também, óbvio, mas foi Matt que dormiu comigo enquanto eu chorava, foi ele que me ajudou a escrever o discurso para eu falar no velório, eu devo muito a ele.



- Então já escreveram suas cartas? – pediu Dorcas assim que nós chegamos em sua classe, ela estava organizando seus cadernos.



- Ainda não, talvez eu comece hoje. – respondi, encolhendo os ombros.



- Já comecei, estou quase no fim! – Lily falou animada, eu realmente tinha que começar a escrever, Dorcas se levantou, mas antes que saíssemos da sala o professor Remus pigarreou.



- Posso falar um minuto com você, Dorcas? – ele pediu educadamente, Dorcas discretamente lançou um olhar para mim, sorri assentindo.



- Lily, vamos a biblioteca enquanto isso? – pedi, Lily não estranhou, saímos deixando os dois sozinhos e fomos para a biblioteca, James estava lá, lendo um livro e fazendo algumas anotações.



- J.P.! – cumprimentei ele, dando-lhe um beijo na bochecha, eu e Lily sentamos do seu lado, comecei a sussurrar. – Então, quando tempo o Matt vai ficar?



- Matt? – James arqueou as sobrancelhas, deixando seu livro de lado, olhando Lily com cara de quem não gostou. – Aquele teu primo?



- Sim, o Matt da Lene. – Lily falou devagar, James morria de ciúmes de Matt, apesar de eles serem primos, era praticamente incesto. Fiquei um pouco vermelha, fui procurar algum livro para ler durante meu período livre, Lily e James daqui a pouco iriam sumir da minha vista com toda a certeza. Senti alguém atrás de mim, quase dei um pulo.



- Calma Kim! – Sirius falou quando eu me virei, tive uma súbita vontade de lhe dar um tapa, olhei para ele e sua boca estava cheia de gloss, revirei os olhos e comecei a limpar sua boca.



- Faltou aula? – pedi, terminando de tirar aquele gloss rosa, estupidamente melequento. – Quem foi?



- Jane, do jornal. – ele falou encolhendo os ombros, suspirei. Jane era outra que estava apaixonada por Sirius, mas essa não era louca como a Emmeline, ela era uma boa pessoa. Mais uma que ele não se importava com os sentimentos, mas essa se submetia a isso. – Novidades?



- Da Dorcas? Não. – falei curta e grossa, procurando algum livro, acabei desistindo e como eu previ James e Lily já não se encontravam mais no recinto. Sirius me seguia.



- Certo, vou parar de te encher o saco sobre ela. – ele falou, um pouco magoado. Droga.



- Você me enche o saco desde que te conheci... – respondi, dando um meio sorriso. - ... Mas se você tivesse uma chance Sirius, uma mínima chance, eu te falaria.



- Eu sei e é por isso que eu acho mais excitante. – ele respondeu, sincero. Céus, quero dar um soco nele, mas controle-se Marlene, controle-se.



- Imagino. – respondi, realmente sabendo o que ele estava falando.



- Então, posso dormir na sua casa hoje? – Sirius encolheu os ombros, eu parei de caminhar e o olhei, sem acreditar.



- Sem chances. – falei, ainda sem acreditar, interesseiro.



- Sério, minha mãe brigou comigo hoje de manhã, falou que não era para eu voltar para casa hoje. – Sirius falou sério, olhei bem para ele. Infelizmente ele estava falando a verdade, conhecia-o bem quando mentia.



- De novo Régulus? – pedi e ele assentiu. Sirius vivia constantemente brigando com sue irmão mais velho, este que era o preferido de sua mãe. Briga de irmãos, clássico, mas eu não sei o que é isso já que minha mãe não queria fazer lipoaspiração de novo, como ela fez logo depois que eu nasci.



- Como é o nome do cara, Kim? – Sirius pediu, depois de uns cinco minutos de silêncio, revirei os olhos.



- Até mais, Sirius. – falei, deixando-o para trás. Eu acho que escolhi amigos bem, todos com família complicada, quer dizer, James não. Eu e Dorcas contra nossos pais, Sirius contra seu irmão e sua mãe e Lily contra sua irmã. Incrível, parece um drama de adolescentes, mas se fosse algo parecido com Skins eu ia ficar feliz, quem nunca quis sexo, drogas, rock ‘n’ roll? Ainda mais com as festas desse seriado, uau. Aula de Psicologia, por mais que eu gostasse eu estava extremamente entediada, então comecei um rascunho do que seria minha carta para a minha Eu do Futuro.



Hola Amiga! – a quem estou tentando enganar? Eu mesma? Eu posso até fazer latim ou italiano, mas espanhol ainda está fora da minha lista. Eu sei inglês, língua de nascença e isso por enquanto já conta. Vamos começar de um jeito sincero do meu jeito.



Oi Marlene do Futuro!



Como estão as coisas? Bem, eu espero. No momento que você está escrevendo essa carta faltam exatamente um mês e vinte dias para o seu aniversário de dezoito anos. O fato de que você vai fazer dezoito não é algo que te impressione tanto, seria se fosse vinte e um anos, ai a liberdade alcoólica seria ótima, mas... Você dirige, isso já é um grande passo. Lily provavelmente já terminou essa carta, ou está quase no fim, enquanto eu ainda estou no começo, mas... sem problemas, certo? Afinal, você só vai ler com vinte e cinco anos, a cápsula não vai ser por tanto tempo.



Eu irei escrever muito “você” aqui, pois eu espero que a tua eu tenha mudado, para a melhor. E com certeza algumas frases apenas farão sentido para você, afinal, você continua sendo eu e continua me entendendo. Só não me vai chorar apenas por algumas palavras sem sentido (mentira, se não tivesse sentido você não estaria escrevendo, só não chore muito). Não fica muito bem chorar na frente dos outros, a única vez que você fez isso sem pudor foi no enterro do tio Walter. Falarei disso mais tarde, ah e não repare se tiver alguns borrões na folha, provavelmente é a chuva caindo de seus olhos, hm.



Primeiro eu vou focar a história de como você, no caso eu, está se sentindo agora, depois eu irei para o individual de certas pessoas que marcaram a sua vida. Como você disse antes, daqui um mês e vinte dias é o seu aniversário, sua mãe está organizando uma festa escandalosa para isso, por mais que eu tenha implorado para não fazer. Eu ainda não falei nada para as garotas, muito menos para Sirius, mas pensando no caso agora uma distração seria boa, por exemplo, o planejamento dessa festa, ainda mais para Dorcas. Ah sim, você, no caso eu (adoro falar isso, tratar como se fosse outra pessoa, deu para perceber?) está na época que a Dorcas está morando comigo agora, lembro-te depois o porquê de tudo isso.



Espero que agora você não continue sendo um turbilhão de emoções, na realidade, eu nunca fui disso, mas ultimamente por causa de uma pessoa você está virando irracional, mas ninguém vê isso, ainda. Eu gostava de ser insensível, não pensar nos outros, cara, como sentir é ruim, ainda mais quando é o seu coração reclamando. Tomara que você se rebele no futuro, e esse futuro que eu digo daqui pelo menos uns três meses sabe, do estilo larga tudo e vai fazer a sua paixão. Do estilo manda seus pais tomarem no cu (ah você sabe meu vocabulário, se ler algo e achar constrangedor, releva.) E o começo para se rebelar é o curso de teatro que eu vou iniciar daqui dois meses. Faculdade é algo que eu quero desesperadamente, sair de casa, livrar-se dos demônios, será ótimo. O único problema vai ser o que fazer,...



- MARLENE! – Sirius gritou, fazendo eu quase riscar toda a folha que estava escrevendo com o susto, olhei ao redor e não tinha mais ninguém do meu lado, olhei novamente para o meu relógio e vi que já estava na hora do almoço.



- Puta que te pariu Sirius! – xinguei, fazendo-o rir, revirei os olhos. Sirius começou a me ajudar a guardar meus materiais, pegou a folha em que eu comecei a escrever. – NÃO!



- Ah, qual é! – ele falou, assim que arranquei a folha da mão dele. Nem a pau que eu ia o deixar ler, fuzilei Sirius com o olhar e ele entendeu. – Ok, ok.



- Leva pra mim? – entreguei minha mochila para ele, guardando a minha carta na minha pasta.



- Sim... – Sirius estava um tanto inquieto, segurou minha mochila e em menos de um minuto vez várias caretas, antes de começar a falar. - ... Quando você ia me contar que o Parasita vem para a cidade?



- Eu precisava contar? – argumentei, já sabendo a resposta. Cu doce de vez em quando não fazia mal. Não iríamos ter aulas de tarde, estávamos indo em direção ao meu carro, Dorcas ia nos encontrar ali. – Sirius, não começa com esse ciúme.



- Porque não Kim? – ele pediu, bravo. Revirei os olhos mais uma vez. – Eu não gosto daquele cara, você não dá a mínima atenção para mim quando ele está por perto.



- Você conseguiu transformar um assunto que não tinha NADA a ver com você a ter a ver com você, percebeu? – Meu Deus, quantos ‘você’ em minha frase, desculpa leitoras, eu realmente fiquei nervosa ao tentar falar algo que fazia todo o sentido em minha cabeça e não fez quando falei, entende?



- Kim... – ele começou, antes de terminar Dorcas chegou no carro. Sirius fechou a cara.



- O que houve? – pediu ela, sem entender. Balancei a cabeça negativamente.



- Nada demais. – falei e entrei no carro, deixando Sirius entrar no outro lado com Dorcas. Que raiva dele, porque tudo tinha que ser sobre ele? Hein? Calma Lene, expira, inspira, vai dar tudo certo. Não sei se perceberam, mas eu amo Kings of Leon, entreguei para Dorcas o CD e ela colocou. Eu cantarolava baixinho Molly’s Chambers, enquanto Sirius ficava quieto e Dorcas... Dorcas pensava no Seth, certo. Cheguei em casa e vi que meus pais estavam no hospital, seus carros não estavam na garagem. O que eu acho engraçado dos dois, é que o consultório dos dois era uma quadra do hospital onde os dois trabalhavam e mesmo assim eles iam com carros separados. Estacionei o carro e fechei a minha porta com força, antes que Sirius tivesse a chance de sair por ela. Óbvio ele bufou irritado, quase bati com a porta na cara dele. Dorcas olhou aquilo um pouco assustada.



- MARIA! CHEGAMOS, O BLACK ESTÁ COM NÓS! – gritei da sala, jogando minha mochila no chão e sentando no sofá.



- Agora é Black? – Sirius pediu, com raiva, mostrei o dedo do meio para ele.



- Já chega! O que houve com vocês dois? – Dorcas pediu irritada, sentando do lado de Sirius, que deu um sorriso discreto escrotamente lindo.



- Ela ficou toda mordida porque eu falei do Parasita. – Sirius explicou, revirei os olhos, sim agora a culpa era minha. AHAM.



- Você que ficou com ciúme porque ele está vindo para a cidade e foi você que começou a falar coisas sem noção. – falei, brava.



- Espera, Parasita? – Dorcas pediu confusa.



- O Matt, primo da Lily. – falei, tentando explicar com as mãos, praticamente.



- Sirius, qual é o seu problema? – Dorcas pediu, sem entender. Sirius revirou os olhos e quando foi tentar responder Maria entrou, nos chamando para almoçar. Não consegui comer direito, depois disso fomos para a sala e assistimos um filme qualquer, estilo terror, mas no final era um drama mal feito. Dei uma desculpa qualquer e fui para o meu quarto, pela primeira vez não me importei com o fato de Sirius e Dorcas ficarem sozinhos. Irritabilidade ofusca o ciúme para mim. Deitei na cama e tentei dormir, mas não consegui, nem sequer era noite, fiquei fitando o teto na esperança que ele falasse comigo. Não fiz nada, não tentei pensar, pelo menos não queria pensar.



- Kim? – Sirius abriu a porta do meu quarto, murmurei um hm, ele entrou e deitou do meu lado. Não precisou muito tempo e ele segurou minha mão, fazendo carinho. – Desculpa.



 - Hm... – eu nem sequer respondi, apenas sorri de leve, sabia o quanto ele odiava quando eu não o respondia, ou agia quando ele falava algo. Do nada (nem tão do nada assim), minha raiva passou, minha raiva de Sirius esgotou e pareceu que nunca tive um problema na vida. Eu estava em paz apenas com a presença dele e isso chegava a ser patético, odiava pessoas carentes, que precisavam da pessoa do seu lado para sobreviver, mas eu não posso falar muito disso. Hipocrisia.



- Eu odeio pessoas hipócritas. – murmurei, irritada. Sirius riu.



- Então odeia o mundo todo. – ele falou com convicção, pensei na possibilidade de odiar o mundo todo, generalizando, é claro. Impossível...



- Impossível, eu não conheço o mundo todo. – respondi, fazendo-o rir.



- Você me odeia? – ele pediu, depois de um minuto de silêncio.



- Eu odeio o fato de não conseguir te odiar. – falei por fim, ficamos por alguns minutos ali e depois ele me convenceu de ir ver algum seriado com ele. Dorcas tinha saído se encontrar com o Remus, digo, Seth. Não sei a desculpa que ela deu para Sirius, mas ele pareceu acreditar e ainda bem ele não me pediu nenhuma vez naquele dia sobre ela. Naquele dia, naquele momento, era apenas eu e meu melhor amigo.



x


nota da autora:



Oi gente! Desculpa a demora para postar, mas quando fluiu o capítulo, fluiu! Não ficou muuuuito legal como eu esperava, mas juro que o próximo vai, grandes emoções guardadas ihihi. Sério, quem não escuta Kings of Leon recomendo muito e não só as famosas, escutem o resto dos álbuns, ok *-* vale a pena. Hoje depois de uma aula estressante de Sociologia eu tive que falar algo sobre hipocrisia no capítulo! Sim, um jeito de desabafar para mim é escrever. Eu pergunto: COMO a pessoa tem a capacidade de se comparar (essa pessoa no caso com casa alugada, comida, moto...) com alguém que não tem condições? Enfim, nem vou entrar no assunto hipocrisia, pobreza, mundo, futuro... Se não fico um bom tempo escrevendo isso. haha isso que dá fazer Direito, como meu pai fala, na vida temos que engolir alguns sapos, bem, eu vou vomitar todos em cima de alguém um dia HAHAHAH enfim, momento reflexão aqui.


agradecimento HIPER, MEGA, ULTRA especial as pessoas que comentaram: hell yeah, Julii.Weasley, Marlene Black, Nina H., Cá Black, caroline black malfoy e Mii Reiis


thanks girls, AMEI cada comentário e espero que continuem gostando da fic *-*.


ps. tenho que contar algo muito emocionante para vocês... EU PASSEI NA PROVA PRÁTICA DE CARRO! *-* semana que vem vou ter uma carteira de motorista *O* eu já tinha passado na de moto (sim, eu fiz para os dois) mas é muuuuuuuuito emocionante! eu estava muito nervooosa hahaha mas enfim, PASSEI! :D só pra compartilhar minha felicidade!


eras isso!


Bejokkks, dominique. (24/03/2011)

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Comentários (2)

  • Lana Silva

    Tipo sinto vontade de chorar lendo isso, meu Deus coitada da Lene, ele é tão nossa, sei que já falei, mas ele é muito egoista, tudo tem que girar ao redor dele , ue bom que ele não irritou a Lene no fim do capitulo, mas eu aposto que ele ainda vai fazer isso no próximoAmei o capitu flr, muito bombeijoos! 

    2012-09-23
  • hell yeah

    OH MY GOD! amei! <3 abri um mega sorriso quando vi as fics atualizadas! mas só tive tempo de ler e comentar agora! correria da faculdade :/ mas que pesado isso da dorcas hein? foda! mas achei fofo o sirius com ciúme hahaha ele podia tirar a dorcas da cabeça logo hein?! acho que isso só vai acontecer quando o misterioso matty chegar... anciosa! hahaha

    2011-03-24
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