A cidade assombrada



Olá para todos! Faz tempo, não é? Eu sei que já estão de paciência cheia disso, mas por favor perdoem essa autora que tanto faz você esperarem. Começei a fazer estágio há pouco tempo, portanto não consegui atualizar na velocidade que queria, além disso, tive uma idéia para a história que mudou completamente o contexto, ficará mais longa mas bem melhor, então, sem mais delongas boa leitura.

Agradescimentos especiais a todos os leitores que esperaram pacientemente por esse capítulo!

Capítulo 14: A cidade assombrada

Ele nem ao menos teve chance de sentir o gancho que se prendera em seu umbigo, aquela chave possuía uma força fora do comum, muito diferente de todas as outras as quais ele já havia experimentado, e essas foram muitas.

Quando finalmente recuperou os sentidos, Remus pode perceber que estava deitado em terra macia e fofa, como se tivesse sido escavada. Abriu os olhos e focalizou o céu escuro e nublado, raios devastadores desciam até a terra cheios de ira.

O jovem ainda deitado fechou seus olhos mais uma vez. Era noite, por quanto tempo teria dormindo? Que tipo de lugar era aquele e onde estariam os outros? Será que não tocaram a chave em tempo?

Ele permitiu que seus olhos se abrissem, dando mais uma vez lugar a imagem formada por um mar pequenos morros que se amontoavam a sua volta. Ficou a imaginar o que seriam todos aqueles pequenos montes até que um raio que havia caído relativamente perto produziu luz suficiente para iluminar o lugar.

Tomado de pavor, o jovem lupino percebeu pela primeira vez que os montes escuros eram dezenas de lápides que se encontravam na frente de seus respectivos túmulos. E que ele mesmo se encontrava deitado sobre um.

Ao perceber esse pequeno detalhe, se levantou de um salto e esfregou a roupa no intuito de livrá-la da terra de sepultura. Feito o trabalho, ele deu uma boa olhada no local a sua volta, sua nova perspectiva lhe permitiu observar que se encontrava em um pequeno cemitério, aparentemente abandonado havia algum tempo.

Os túmulos do cemitério haviam sido erguidos na encosta de uma pequena colina, cujo topo era sediado por uma casa de grandes dimensões, mas que não se encontrava em melhor estado que o cemitério abaixo.

Perto do pé da pequena montanha, era possível ver um pequeno aglomerado de luzes que sugeriam que ali havia uma pequena cidade. Aparentemente alheia da mansão e do cemitério próximos.

Mais um trovão e Lupin pode enxergar um homem de cabelos morenos agachado ao lado da lápide de um túmulo, como se estivesse lendo a inscrição. Feliz por encontrar um rosto conhecido em um lugar onde nunca havia estado antes, Lupin correu em direção a lápide.

-Sírius! Aqui!

O jovem moreno se virou e, tão logo avistou o amigo, se levantou e fez um sinal para que ele se aproxima-se, sinal esse um tanto desnecessário, pois Remus já estava praticamente ao seu lado.

Sírius fez outro sinal para o amigo, desta vez dizendo para que ficasse em silêncio. Em seguida ergueu sua varinha na direção da lápide que se encontrava a sua frente e disse quase que num sussurro:

-Lumos!

A ponta da varinha de Sírius se iluminou, permitindo a dupla ler, com alguma dificuldade, a inscrição gasta pelo tempo:

“Aqui jaz Tom Riddle, amado pai e marido. Morto por causa desconhecida.”

Sírius se virou para encarar o amigo, cujo rosto havia empalidecido de tal forma que mais parecia o corpo de um dos ali sepultados.

-É impossível, Tom está vivo, é ele quem vem aterrorizando o mundo dos bruxos nos últimos tempos!

Ao ver seu amigo em pânico, o outro bruxo ergueu sua varinha novamente em direção à lápide e disse:

-Não é dele que esse túmulo trata. Veja! – Sírius apontou para a data ao final da mensagem – Esse sujeito deve ter nascido pelo menos uns vinte anos antes de Você-Sabe–Quem, mas carrega o mesmo sobrenome e, creio eu, não é todo dia que se encontra um Riddle por aí. Deve ser algum parente, aliás, pelo o que tive oportunidade de observar, todos aqui enterrados pertenceram a mesma família Riddle, mas esse túmulo e os dois ao seu lado me chamaram mais a atenção!

-E isso seria porque... – disse Lupin com um perceptível medo da resposta.

-Todos os três morreram no mesmo ano, e todos por causas desconhecidas. Coincidência demais, não acha?

O jovem lupino apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo.

-E mais, o túmulo de Tom Riddle em especial foi, aparentemente, violado – disse enquanto indicava a terra anormalmente fofa, mesmo em se tratando de terra usada em uma sepultura – O caixão está muito próximo da superfície, e a terra foi certamente escavada muito tempo depois de nosso amigo aqui ter sido enterrado.

Quanto a isso, Sírius estava correto. Não era preciso trabalhar muito para alcançar a tampa do caixão, de fato uma parte era visível na superfície. Pela disposição, ele parecia ter sido retirado da cova e apoiado em sua parede, de modo a ficar ligeiramente inclinado.

Lupin olhou para os lados, certificando-se de que estavam sozinhos, empunhou a varinha e disse num sussurro:

-Vingardium Leviosa!

O caixão lentamente começou a levitar e pousou logo ao lado dos dois amigos. Esses não encontraram muita dificuldade em abrir sua tampa, revelando seu conteúdo: um corpo já bem deteriorado, as roupas de um linho finíssimo estragadas pelo tempo, a palidez de um fantasma e, acima de tudo, um terrível rosto deformado por o que deve ter sido puro pavor.

Lupin e Sírius se entreolharam e disseram ao mesmo tempo:

-Avada Kedavra!

Após um curto momento de silêncio, uma voz foi ouvida ao longe:

-Remus, Sírius! Aqui!

Os dois voltaram-se para a fonte do som, a uns bons cem metros de distância se encontrava Tonks, acenando para eles, e Alex ao seu lado. Lupin sussurrou algumas palavras enquanto a varinha as suas costas se remexia, em pouco tempo, o caixão estava fechado. Ele deu um olhar de esguelha para o outro, não queria que as garotas tivessem que ver o horrendo corpo em agonia, sinal ao qual Sírius bem interpretou e foi receber as recém-chegadas e distraí-las enquanto Lupin terminava o serviço.

-Finalmente encontramos vocês, eu já estava ficando preocupada – Tonks deu um longo suspiro – mas então, é para um cemitério que o pomo levava, vocês acham que...

A garota não pode terminar a frase, havia juntado esperanças demais para chegar lá e descobrir que Lílian e Thiago estavam mortos e enterrados. Ela estava tremendo enquanto tentava gaguejar o resto da frase, mas Sírius, que entendia muito bem de pessoas, logo percebeu o que ela estava pensando e lhe poupou da obrigação de falar aquelas palavras tão temidas:

-Eu realmente não acredito nisso, se os comensais quisessem matar alguém não se dariam o trabalho de levar a pessoa até aqui para isso, nem se dariam o trabalho de enterrar o corpo.

-Mas se não há nada aqui, por que Thiago se daria o trabalho de fazer uma chave para que nós viéssemos?

-É difícil dizer, talvez não fosse o lugar, mas alguma coisa que estivesse nele.

Sírius tirou da capa o seu olho visionário e fez uma varredura no local, sem muito sucesso. Certificando-se de que não deixara nada passar, ele guardou a lupa e disse aos outros desanimado.

-Nada, isso vai ser mais difícil do que pensei.

-Tudo bem – manifestou-se Alex – talvez não seja exatamente esse lugar onde Thiago esperava que fossemos procurar. Poderia ser uma região próxima, mas era mais seguro, por estar longe dos olhares dos trouxas – ela então apontou para as luzinhas ao pé da colina – Vamos até lá! Talvez tenhamos mais sorte!

A ruiva apontou sua varinha na sua própria direção e disse:

-Merfose Rouma!

Mal terminara de pronunciar essas palavras e uma luz cegante se projetou ao redor de seu corpo. No instante seguinte, as roupas bruxas que Alex usava haviam desaparecido e, em seu lugar, estavam uma calça jeans e uma blusa tão verde quanto os olhos da ruiva. Em suma, um conjunto que qualquer trouxa consideraria normal.

Lupin repetiu o mesmo processo, terminando com uma calça marrom e uma camiseta branca, nada que chamasse a atenção.

Sírius decidiu-se por continuar a viajem como cão, uma vez que também era procurado no mundo dos bruxos. Porém Alex conjurou-lhe uma coleira vermelha, para deixar bem claro para todos que ele lhes pertencia, mas ela havia ficado demasiado larga e ela não conseguiu prende-la. Já estava a meio caminho de conjurar outra quando Tonks fez uma pequena exclamação.

-Espere, isso deve servir – a jovem metarfórfica tirou do chão uma velha fivela dourada e limpou-a com um pequeno feitiço.

-Olhe, não é linda?

Alex deu um pequeno suspiro e pegou a fivela, que serviu perfeitamente apesar das reclamações de Sírius.

Tonks, para desespero dos demais, aparentava não ter a menor noção do que seria uma roupa comum e usual para um trouxa, e precisou de algumas tentativas para acertar o modelito, passando por vestidos de gala, fantasias carnavalescas, modelos esportivos e um uniforme de colegial. Ao fim do que devem ter sido trinta longos minutos, Tonks finalmente conseguiu criar para si uma calça branca e blusa rosa.

Os quatro amigos enfim desceram a colina em direção à cidadela. Ao chegarem, puderam ver um pequeno aglomerado de pessoas reunidas em torno do que devia ser uma pequena praça.

Os colegas se aproximaram e, por menor que a cidade aparentava ser, seus moradores pareciam simplesmente não notar a presença dos estranhos. Andando por entre a pequena multidão, eles foram capazes de ouvir parte da conversa de um pequeno grupo.

-Aconteceu de novo, desta vez na esquina da rua Alberdeen!

-Como foi dessa vez?

-O mesmo de sempre, uma luz forte surgiu no meio da rua e o espírito de Old Meg surgiu no meio do ar. Ela voou pela rua inteira atirando bolas de fogo e rindo.

Uma garota de marias-chiquinhas loiras deu um gritinho agudo, completado por um pequeno pulinho.

-Quem desapareceu dessa vez?

-Senhora Miller, que vivia no número 12.

-Que horror! – exclamou a mesma loirinha.

O grupo continuou a conversa entre murmúrios animados enquanto o quarteto se afastava, e só voltaram a falar quando já estavam a uma boa distância.

-Parece que não somos os únicos bruxos nessa cidade – proclamou Alex com um olhar pensativo – Essa tal de Old Meg não me parece uma pessoa muito amigável.

-Uma bruxa das trevas, com toda certeza! – exclamou Tonks, um pouquinho mais alto do que os outros gostariam – Atacando velhinhas e prejudicando os outros sem motivo algum! Não há a menor sombra de dúvida quanto ao tipo de pessoa de que se trata!

Alex e Lupin tentavam acalmá-la para evitar chamar a atenção, mas parecia que daquele jeito, Tonks ganharia a cidade inteira em pouquíssimo tempo. Sua sorte é que um estranho muito bem vestido aproximou-se e disse numa voz muito simpática e educada:

-Com licença, mas não pude deixar de ouvir...

-Compreende-se o porquê! – disse Remus dando um olhar de esguelha para Tonks que começou a assobiar subitamente – Sentimos muito, não somos daqui. Nosso carro quebrou na estrada e acabamos de chegar e ouvimos uma história sobre uma bruxa e desaparecimentos; nossa amiga apenas se empolgou um pouquinho! Minhas mais sinceras desculpas – completou o mais polidamente possível.

-Não precisa se desculpar, sua amiga não fez nada de errado! Ela apenas não sabe...

-Não sei o que!

-Veja bem, desde o último mês essas... “aparições” tem assustado a população de Little Hangleton. Segundo dizem as lendas, essa pequena cidade foi uma vez o lar de muitos bruxos e bruxas durante a Idade Média. Vinham aqui para se proteger da Inquisição que, após receber várias declarações da parte mais “honrosa” da população veio para cá e, com mão de ferro, ordenou que se vasculhassem todas as casas por qualquer sinal de bruxaria. Dezenas de mulheres morreram queimadas naquele ano, entre elas estava Meg Lorton que, segundo algumas testemunhas, é o espírito que vem nos assombrando.

-Isso é... terrível! – disse Lupin sem saber ao certo o que dizer.

-Certamente, eu sou Harold Midgef. Descendente de Old Meg, como ficou conhecida, moro em Londres e estou passando algumas semanas por aqui para tentar provar a inocência dela e convencer a todos de que tudo isso não passa de um truque barato da Prefeitura.

-Truque barato? – disse Tonks, interessada pelo história do estranho pelo qual o grupo ganhara grande admiração em pouco tempo. Afinal, não era todo dia que se encontrava um trouxa defendendo uma bruxa diante de uma cidade inteira.

-Sim, um truque barato – o homem de cabelos morenos presos com um rabo de cavalo deu uma olhada geral pela rua que estava começando a encher-se de gente a medida que a notícia de um novo ataque espalhava-se – por quê não discutimos isso em minha casa. Está ficando frio e eu duvido que exista um hotel muito confortável por aqui.

-Acho que vamos aceitar – disse Lupin estendendo sua mão – a propósito, eu sou Remus Lupin, e estes são Alexandra Potter e Nimphadora Tonks – Sírius deu um latido rouco, como se pedindo para ser reconhecido – Ah, é claro, esse brincalhão aqui é Snuffles!

-É um prazer enorme senhor Lupin! Por favor, por esse lado.

ALGUNS MINUTOS DEPOIS

O quarteto se viu guiado até um velho casarão de aparência muito respeitosa, numa região um pouco afastada do centro. Midgef acomodou os convidados e os levou para uma sala de visitas onde, logo acima de uma lareira, estava pendurado o retrato de uma bela mulher de longos cabelos castanhos, vestida com roupas ao estilo medieval.

-Esta é Meg Lorton, ela era uma wicca, uma curandeira que utilizava-se de seus conhecimentos sobre a natureza para curar os doentes do vilarejo que, naquela época, era Little Hangleton.

-Ela era muito bonita – disse docemente Alex.

-Obrigado, é difícil conseguir que a elogiem hoje em dia. Ela foi uma das várias vítimas da inquisição e sua fogueira, e está pagando o preço até hoje.

Tonks lhe enviou um olhar inquisitivo.

-Na rua, você disse que as aparições de Meg eram um truque barato da prefeitura. O que isso significa?

-Muito simples! O turismo da cidade tem decaído muito nos últimos anos, portanto o prefeito resolveu fazer alguma coisa especial para o aniversário da cidade semana que vem. Resolveu reviver a lenda da comunidade de bruxas, utilizando Meg como atriz principal.

-Mas como?

-O prefeito tem alguns amigos envolvidos no ramo das artes do cinema. Se é que me entende, não seria difícil para ele fazer as pessoas acharem que viram coisas que não estavam lá e combinar com alguns cidadãos para que desapareçam até a data chegar, quando tudo se revela uma grande brincadeira que ficará famosa e atrairá muita gente para a comemoração.

-Entendo. Mas me parece um pouco difícil provar a inocência de Meg, considerando que tudo aconteceu há algumas centenas de anos atrás.

-Certamente, minhas maiores esperanças são encontrar o diário de Meg, que deve estar enterrado em algum lugar perto desta árvore – disse ele apontando para uma árvore que se encontrava atrás de Meg em seu retrato – segundo o que dizem era lá onde ela curava os doentes. Mas o lugar mudou muito desde então, esse retrato poderia ter sido feito em qualquer parte da cidade.

Enquanto Harold admirava o retrato de sua ancestral, Lupin aproveitou para procurar entre os seus companheiros por uma opinião quanto a sua situação. Todos os três responderam com olhares determinados e abanaram a cabeça em um sinal afirmativo.

O jovem então ergueu a voz de forma decidida:

-Sr. Midgef, gostaria de agradecer toda sua hospitalidade e dizer que eu e meus amigos gostaríamos de ajudá-lo a inocentar Meg Lorton.

O homem a frente sorriu e disse um educado “obrigado”.

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