Despedidas e incertezas



Capítulo 13: Despedidas e incertezas

Quando a noite caiu, Lupin, Alex, Sírius e Tonks foram para seus respectivos quartos em Hogwarts, mas por mais que tentassem nenhum parecia ser capaz de cair no sono. A simples possibilidade de encontrar Thiago e Lílian Potter depois de tantos anos era tão maravilhosa quanto terrível a chance de encontrá-los mortos em alguma cela velha e suja.

QUARTO DE ALEX

A jovem ruiva estava sentada em sua cama, revirando um velho álbum de fotos de sua época em Hogwarts. Fotos da formatura, fotos do primeiro dia de aula, fotos do time de Quadribol, fotos de Hogsmead, das aulas, dos reencontros, do Natal e Ano-Novo, depois fotos dos casamentos de Lílian e Thiago e de Moly e Arthur, fotos do nascimento de crianças, batizados, reuniões de família. Alex sempre adorara fotos, elas eram capazes de eternizar os bons momentos da vida, e nos momentos de incerteza estavam sempre lá para lembrá-la de que ainda haviam dias melhores por vir.
Ela estava tão atenta as imagens que o livro lhe mostrava que quase não percebeu as batidas na porta do quarto.
-Alex, posso entrar? – disse a voz de um certo ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
-Claro! – respondia a garota enquanto fechava o livro e o punha sobre o criado-mudo.
O jovem entrou no quarto e viu a amiga guardar o livro, quando ela se virou para encará-lo, ele apontou para o velho volume e disse sorrindo:
-Recordações?
Ela deu uma olhada na direção do criado-mudo onde o álbum repousava e respondeu:
-Pois é, só queria vê-los mais uma vez, você sabe...
Lupin fez um aceno positivo com a cabeça.
-Já faz quanto tempo desde, você sabe... treze, quatorze anos?
-Pelas minhas contas quinze!
-Quinze anos desde que eles sumiram – Lupin soltou um suspiro – É mesmo um milagre que as pistas tenham sobrevivido tanto tempo. Eu imagino como eles devem estar quando os encontrarmos, digo, será que vão nos reconhecer, estarão surpresos que nos os encontramos depois de tanto tempo, será que já perderam as esperanças, será que acham que todos já desistiram de procurá-los. Por mais que eu tente, não consigo imaginar o que estar preso por tantos anos, longe dos amigos e da família, sem saber o que está acontecendo no mundo, talvez sem ao menos saber que Você-Sabe-Quem foi-se embora e só agora voltou. Por mais que eu tente, simplesmente não consigo...
A jovem ruiva desviou seu olhar para o chão e começou a soluçar baixinho. Lupin pôs uma mão em cada um dos ombros de Alex no intuito de dar-lhe um pouco de conforto.
-Sabe, Alex, nem um de nós tem como imaginar uma coisa dessas. Thiago e Lílian sempre estiveram entre as melhores pessoas que eu já conheci e eu me sinto indignado só de pensar em todos os horrores que devem ter passado nesses últimos anos. Na verdade, pensei muito nisso desde a última reunião da Ordem, pensei que se estivessem aqui poderíamos ter compartilhado muitos outros momentos como em Hogwarts, poderíamos ter ido a outras Copas mundiais de Quadribol, poderíamos ainda trabalhar juntos como aurores, poderíamos ter visto Harry crescer de perto e não nas mãos de estranhos, poderíamos ter feito um sem número de coisas. Pensei tanto que quase enlouqueci, mas depois eu percebi que nada adiantaria ficar me lamentando por aquilo que poderia ter sido, mas sim me empenhar ao máximo para que seja – a ruiva acabou por recostar-se ao amigo, procurando conforto, lupin, por sua vez sentiu seu coração disparar em razão da proximidade.
Quando conseguiu se acalmar um pouco, ele deslizou as mãos de seus ombros de modo a abraçar a jovem como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, e continuou seu discurso sussurrando em seu ouvido:
-Já passou tempo demais desde a “morte” de Thiago e Lílian e, na minha opinião, nós já derramamos todas as lágrimas que precisávamos. Agora, por uma felicidade do destino, nós temos a chance de mudar isso; uma chance em um milhão, mas ainda assim é uma chance, e eu estou disposto a tomar o risco – ele baixou a voz até esta ser quase inaudível – Eu realmente prefiro morrer tentando obter o inalcançável do que passar os próximos quinze anos me perguntando o que teria acontecido.
Mal havia ouvido essas palavras, Alex já estava se sentindo muito melhor e parou de chorar. De repente, como que por um encanto, a ruiva percebeu pela primeira vez que estava abraçando Lupin, e se desvencilhou dele com o rosto muito corado. Os dois se encararam por um longo momento em silêncio, até que Alex resolveu desviar o olhar e dizer:
-Então, por que mesmo você veio até aqui?
Lupin fez uma expressão interrogativa antes de dar uma sonora risada que invadiu o ambiente e quebrou o clima sério que havia se instalado ali.
-Eu já havia esquecido! Nós vamos partir amanhã, devemos estar todos no escritório de Dumbledore depois do café da manhã.
-Certo, é só isso!
-Hã... sim, eu creio que não há mais nada. Bom, até manhã então!
Lupin abriu a porta do quarto e já estava se retirando quando uma voz doce foi ouvida a suas costas:
-Lupin... – o jovem que atendia por tal nome se virou – Obrigada...
-Sempre que você, Alex! – respondeu ele com um sorriso amável e depois se precipitou porta afora tomando o cuidado de fechá-la a sua saída.
O jovem se recostou na porta fechada atrás de si, com os olhos fechados e muito corado. Aos poucos, se deixou escorregar até sentar-se no chão de pedra tentando reganhar o fôlego. Quando abriu os olhos novamente, deu de cara com um Sírius de braços cruzados na parede oposta que, ao ganhar a atenção do amigo, rodou os olhos pelas órbitas e foi-se embora para seu próprio quarto, deixando Lupin para seus próprios pensamentos.
Quando os passos do amigo já estavam longe, Remus apenas jogou a cabeça novamente contra a porta enquanto lançava um longo suspiro.

NO DIA SEGUINTE

O café estava extremamente silencioso àquela manhã. Todos comeram suas refeições imaginando o que viria a seguir. Pequenas conversas acabavam por surgir aqui e ali, coisas do tipo como o tempo mudou de repente ou qual será o próximo jogo de Quadribol da temporada. Todos pareciam evitar mencionar o que as próximas horas aguardavam.
Tão logo todos terminaram suas respectivas refeições, marcharam para o escritório do diretor. Foram recebidos por um ainda tocado professor Flitwick, que os conduziu pelas escadas até a sala onde já se encontravam professor Dumbledore, professora McGonnagal, professor Snap e o velho Olho-Tonto Moody. Todos, com exceção de Snap, deram calorosos cumprimentos para os recém-chegados, e a vice-diretora conjurou cadeiras na formação de um círculo, de modo que todos os presentes pudessem se sentar.
Quando todos já estavam acomodados, Dumbledore ergueu a voz:
-Bem, creio que todos sabem o porquê de estarmos reunidos aqui. Antes de mais nada, devo pedir a todos sigilo absoluto sobre tudo o que será dito e feito nas dependências deste escritório – ele lançou um olhar inquisidor para cada um dos colegas, como se pudesse ler suas mentes e descobrir se poderia confiar neles ou não, quando pareceu dar-se por satisfeito, continuou – Neste caso, acho que podemos ir direto ao ponto. Sírius, Remus, Alex e Tonks, vocês todos estão cientes do que estão se disponibilizando a fazer e de todo o risco que estão assumindo?
Os quatro responderam afirmativamente e de forma energética, como soldados respondendo a seu general.
-Estão cientes de que, uma vez utilizada a chave, estarão por conta própria e não deverão esperar por ajuda de tipo algum?
O mesmo sim se repetiu.
-Neste caso, permita-nos antes de partirem que lhe presenteemos com alguns itens mágicos que podem ser de grande valor durante sua... – Dumbledore fez uma pausa enquanto escolhia as palavras que deveria usar – missão. Professor Flitwick, gostaria de ser o primeiro?
O pequeno professor ficou em pé sobre sua cadeira e jogou quadro pedaços de vidro quadrados no ar. Antes que eles pudessem se espatifar no chão, ele usou sua varinha para faze-los flutuar e seguir caminho em direção aos quatro jovens amigos. Cada um pegou um dos pequenos pedaços de vidro e só então percebeu que se tratavam de espelhos.
-Esses são os espelhos gêmeos! – disse o animado professor – Permitem que falem uns com os outros mesmo à distância. Para usá-los basta olhar a própria imagem e dizer o nome da pessoa com quem se quer falar, se ela tiver outro espelho gêmeo em sua posse, esse irá brilhar e a imagem da pessoa que a chamou irá aparecer. Muito útil, caso se separem.
Sírius passou uns bons cinco minutos admirando a própria imagem no espelho, Lupin o olhou de forma interrogativa e este respondeu de forma que apenas os dois pudessem escutar:
-Thiago e eu tínhamos dois desses, usávamos para conversar durante detenções – Lupin fez um sinal com a cabeça para dizer que entendeu.
Quando o professor se sentou, a professora McGonnagal se levantou e entragou uma pequena chave dourada para cada um, cujo cabo era liso, o que indicava que elas provavelmente não serviam para fechaduras.
-Essas são as chaves contra-forma! Chaves que tomam a forma do buraco da fechadura em que forem usadas, podem abrir qualquer porta que tenha sido selada por qualquer meio que envolva uma fechadura.
Tonks, que se encontrava perto da escrivaninha do diretor, se levantou e passou a chave pelo buraco da fechadura de uma das gavetas. Para sua surpresa, a gaveta se abriu quando ela virou a chave, ela puxou-a de volta e pôde observar que agora haviam pequenas marquinhas no cabo que não se encontravam lá antes. Mas não teve muito tempo para admirar o trabalho, pois as marcas se apagaram, como se a chave fosse algum tipo de massinha para modelar.
-Quanto a mim – disse Moody, levantando-se de repente – trouxe um pequeno presente para lembrar-lhes que deverão estar sempre atentos – ele distribuiu entre eles quatro lupas com armação de prata – Esses são os olhos visionários! Lupas equipadas com lentes capazes de ver através de portas e paredes, além de identificar seres invisíveis e a verdadeira aparência de transformistas. É possível enganar o olho humano, mas nunca o olho visionário!
Tonks começou a testar seu olho visionário nas paredes, enquanto os outros três amigos “discretamente” viraram suas lupas em sua direção.
Snap levantou-se e passou para cada um dos colegas um frasco transparente com um cordão preso, de modo a permitir que ele fosse pendurado no pescoço, e cujo interior era preenchido por um líquido brilhante. Enquanto os entregava para seus respectivos donos, explicou com uma voz seca:
-Essa é a poção Energardium, uma poderosíssima poção de cura que poderá livrar-lhes de qualquer ferimento. Basta tomar uma gota, é a dose ideal.
Quanto Snap se sentou novamente, Dumbledore falou:
-Agora que já estão todos equipados devidamente, é hora de ir. Sírius, creio que trouxe a chave como havia instruído – disse o diretor enquanto virava-se na direção do jovem de cabelos negros.
Sírius tirou do bolso uma caixinha, abriu-a e tirou dela o pomo assinado de Thiago. Entregando-o logo em seguido para Dumbledore.
-Excelente! Sírius, Remus, Tonks, Alex. Fiquem no centro da sala, por favor – todos se prontificaram a obedecer a ordem enquanto o diretor tirava de dentro da capa um tinteiro e um retrato.
-Esta é exatamente a mesma tinta usada no autógrafo. Aqui, quero que todos se certifiquem que estão tocando na chave – disse Dumbledore enquanto se levantava e se reunia ao quarteto no meio da sala erguendo o pomo que parecia ter sido paralisado, uma vez que não estava batendo as asas e tentando fugir. Quando todos tinham um bom pedaço de suas mãos tocando o pomo sem encobri-lo completamente, Dumbledore deu uma pena molhada no tinteiro a Sírius e ergueu o retrato de modo na altura de seus olhos.
-Você precisa completar o autógrafo com perfeição, eu consegui uma cópia da assinatura do senhor Roterfire.
Sírius pegou a pena e com precisão milimétrica fez o que lhe era pedido, e no instante seguinte o escritório foi invadido por uma forte luz que cegou a todos. Sírius, Lupin, Alex e Tonks puderam sentir uma espécie de gancho se prender em seus umbigos e os puxar para algum lugar distante.
Quando a luz se apagou e os olhos de todos se acostumaram novamente a claridade do ambiente, os três professores, Moody e o diretor perceberam que estavam agora sozinhos.
Dumbledore olhou para o ar vazio onde segundos antes estavam os quatros jovens e disse, como se ainda pudessem ouvi-lo:
-Boa sorte! Vocês provavelmente vão precisar!

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