A maldição milenar



Queria agradecer a Aluada (sua fic está ótima) e Márcia por terem comentado essa fic.



A maldição milenar



Nadia guiou Harry pelos inúmeros corredores, salas e câmeras que compunham o lugar onde se encontravam. O garoto estava impressionado com a facilidade que a cobra tinha em percorrer aposento após aposento sem se perder ao menos uma vez e despistando vários guardas pelo caminho, considerando que todos eram quase idênticos com exceção de detalhes mínimos que passavam despercebidos pela maioria das pessoas.

Após uma corrida de aproximadamente meia hora, eles chegaram a uma sala oval, cuja única saída era a porta por onde haviam entrado. Confuso, Harry ficou a esperar que Nadia abrisse uma passagem secreta em algum lugar nas paredes ou no piso.

Mas a cobra meramente se locomoveu para o centro do aposento onde havia um tapete vermelho e fez sinal para que ele a seguisse. Quando Harry pisou no tapete, o eco de seus passos mudou, ele soava como se o garoto estivesse pisando em um tronco oco de uma árvore. Ele saiu de cima do tapete e o puxou logo em seguida, revelando um alçapão.

Mais do que depressa ele abriu a pequena “porta”, abaixo dela havia uma espécie de esgoto pouco iluminado. A primeira vista, Harry sentiu algum receio de enfrentar a queda que poderia quebrar-lhe um braço ou perna. Mas o som dos passos apressados de guardas o fizeram mudar de idéia, ele deixou Nadia se enrolar em seu braço e pulou alçapão adentro, aterrissando sem maiores problemas.

Nadia abriu a mochila do jovem e entrou nela deixando apenas sua cabeça para fora, para assim não se afogar na água. De lá, dava ao garoto instruções sobre onde deveriam ir. Harry seguia-as na esperança de poder sair daquele lugar.

Depois de um bom tempo de caminhada, eles chegaram em um ponto do caminho onde havia uma pequena abertura no teto que dava uma aparência mais iluminada para o lugar, a cobra disse ser melhor eles pararem um pouco para descansar. O garoto olhou-a com uma expressão interrogativa.

-Mas e os guardas que estão atrás de nós?!?!?!

-Eles não vão nos seguir por aqui.

-Como você sabe?

-Eles não suportam o a luz do Sol.

-Por que não?

-Por causa da maldição...

Harry se sentou no único lugar seco que encontrou, Nadia saiu de sua mochila e o encarou.

-Que maldição? – perguntou.

Os olhos da mini-jibóia se tornaram repentinamente sérios, sua voz não seria mais do que um sussurro na linguagem humana.

-Foi há muito tempo atrás, muitos milhares de anos. Em um lugar conhecido hoje como Egito. Naquele tempo, estavam sendo descobertas as primeiras formas de magia, datam desta época muitos dos primeiros estudos sobre Feitiços, Adivinhação e, é claro, Alquimia.

Os alquimistas daquela época se dedicavam ao estudo das propriedades mágicas dos mais diversos elementos. Mas é claro que entre eles haviam substâncias que chamavam mais a atenção dos estudiosos do que outras por terem defeitos mais “interessantes”.

Na época, um alquimista chamado Al-rair que vivia em Tebas descobriu que o sangue de uma criatura chamada unicórnio era capaz de curar um ferido e prolongar a vida. Quando suas pesquisas foram publicadas, uma grande corrida pelo precioso liquido foi iniciada, e foi algo terrível, abriu-se assim a temporada de caça aos unicórnios, centenas deles eram abatidos com tanta violência que um grupo de bruxos e bruxas do mundo inteiro iniciaram um movimento a favor da proibição da caça da espécie que estava quase se extinguindo.

Após anos de luta, eles conseguiram ganhar a causa frente ao então formado Ministério da Magia Egípcio, devo dizer que, se não fossem seus valiosos esforços, não veríamos mais unicórnios hoje em dia.

O comércio de sangue de unicórnio foi paralisado imediatamente, mas, como era de se esperar, alguns poucos desalmados não se viram capazes de aceitar a morte, formando um mercado consumidor perfeito para uma nova e inédita linha de comércio que surgia, o “Mercado Negro da Magia” ou, como ficou conhecido depois “Mercado das Trevas”, seus vendedores eram bruxos que se dispunham a realizar o contrabando de todos os materiais mágicos vetados pelo Ministério em troca do que eles consideravam o preço justo.

Não demorou muito para o sangue de unicórnio tornar-se seu principal produto, e o mais caro também. No auge da procura, cada gota podia chegar a custar uma pequena fortuna, de forma que apenas uma pequena elite sem muita preocupação com moral e ética pudessem comprá-lo, os bruxos pertencentes a essa classe ficaram conhecidos como bruxos das trevas e formavam o grupo de maior poder dentro da oposição ao Ministério.

Os bruxos das trevas e os demais travavam terríveis discussões e chegavam até mesmo a duelos mágicos para decidir a questão, o mundo se via dividido e temia a explosão de uma guerra entre os dois lados: os temerosos imortais contra os poderosos idealistas.

Geração após geração, os idealistas lutavam contra os mesmos homens e mulheres os quais seus pais e avós haviam enfrentado anos atrás. Essa luta durou centenas de anos, até que, um belo dia, os imortais simplesmente desapareceram, sumiram como num passe de mágica.

Nunca mais ninguém ouviu falar neles até o episódio conhecido como Domingo de Mágoas, quando dezenas de pessoas vestidas por completo de preto e cobrindo seus rostos com máscaras saíram pelas ruas de várias cidades da Inglaterra e iniciaram um massacre de trouxas, que se viram indefesos diante da situação.

O Ministério se usou de todas as suas forças para conter a rebelião e evitar o pior. Centenas de bruxos e bruxas morreram em duelos, numa das maiores catástrofes mágicas da história. No final da batalha, o líder dos imortais e descobridor dos poderes do sangue de unicórnio, acidentalmente, deixou sua máscara cair, o que havia por debaixo dela era, sem menor sombra de dúvida, o rosto mais disforme e amedrontador que alguém poderia imaginar. Creio que você já deve ter tido um bom exemplo do que estou falando – Harry lembrou-se do homem que havia visto enquanto estava prisioneiro – A explicação era simples, por mais que o sangue de unicórnio pudesse prolongar a vida, era incapaz de prolongar a juventude, transformando seus usuários em criaturas monstruosas com o passar dos anos e, como o assassinato de um unicórnio significa a condenação da alma, morrer já não era uma opção.

Temerosos de mostrar no que haviam se tornado, os imortais abandonaram o mundo exterior e passaram a viver uma vida de pura solidão. Sem amigos, família e todas as outras alegrias que uma vida pode ter, tornaram-se cada vez menos humanos, perderam pouco a pouco toda a felicidade e desejos, suas emoções foram pouco a pouco sendo sugadas pela tristeza da qual se abatiam, uma tristeza que parecia não mais ter fim. Chegaram a um ponto onde não tinham mais vontade de viver, apenas medo de morrer.

Essas pobres almas penadas acabaram por criar uma maldição para si mesmos, e se transformaram no que hoje chamamos de dementadores. Criaturas que vivem pelo e para o medo, exatamente como seus predecessores.

Os poucos imortais que mantiveram sua consciência criaram uma organização chamada a Seita dos Imortais, cujo objetivo era achar uma cura para sua dor e uma forma de se salvarem da forca que eles próprios haviam criado.

Essa sociedade caiu no esquecimento durante séculos, e só deu sinais de que ainda existia quando o reinado de trevas de Você-Sabe-Quem estava chegando ao fim...



-------------------------------------ENQUANTO ISSO, EM HOGWARTS------------------------------------------



-Então Lílian e Thiago estavam investigando essa seita, mas com que objetivo? – perguntou lupin depois de ouvir a longa oratória do diretor.

-Muito simples, o que os imortais queriam era uma forma de manterem sua a vida e sua juventude ao mesmo tempo. Para isso, pesquisavam todos os elementos e criaturas mágicas relacionados com a imortalidade, como a pedra filosofal, agora já destruída, e a fênix.

-A fênix, é claro, um pássaro verdadeiramente imortal! De alguma forma descobriram sobre a origem de Harry e acreditaram que poderiam extrair a essência imortal da fênix dele, por isso o raptaram – disse um fascinado Sírius.

-Na verdade, eles já estavam perseguindo Harry desde o momento em que foi ouvida a profecia de Trelawney. Nossa sorte, ironicamente, foi que Voldemort escolheu justamente aquele dia para atacar os Potter.

-Como assim? – perguntaram os quatro em coro.

-Os imortais descobriram de algum modo onde se escondiam Thiago, Lílian e Harry, e iriam atacar naquela mesma noite. Mas Voldemort chegou antes, os inesperados acontecimentos daquela noite deixaram a casa em chamas, e juntou os curiosos da região, e se existe alguma coisa que um imortal não suporta é mostrar seu rosto para pessoas normais, isso os fazem lembrar de todas as suas desgraças e solidão. Em poucas palavras, o incidente os fez abandonar seu intento pelo menos temporariamente, o que nos deu tempo o bastante para resgatar Harry dos escombros e oculta-lo do resto do mundo. A seita, por ter quase nenhum contato com o mundo exterior, não teve meios de descobrir o que aconteceu ao garoto. De fato, creio que só souberam onde se encontrava porque os acontecimentos durante o Torneio Tribuxo e o ataque de Voldemort ao Ministério foram muito divulgados. O ataque precoce do Lord das Trevas a Grodric’s Hollow foi uma jogada de sorte.

A sala caiu em um silêncio profundo, Dumbledore olhou para cada um dos presentes e perguntou:

-Alguma dúvida quanto a isso?

-Apenas uma – disse Sírius – como vamos tirar Harry das mãos deles?

-Bela observação, Sr. Black – ponderou o diretor – O problema não é como vamos fazer isso, os imortais são poderosos, mas não o bastante para enfrentar a Ordem inteira. Acontece que não se sabe o paradeiro de nenhum deles e, conseqüentemente, não há como descobrir onde Harry está, muito menos resgatá-lo.

-O que faremos então?

-Como já havia dito, Thiago e Lílian estavam pesquisando sobre a Ordem, em uma de suas cartas eles me disseram indiretamente que haviam descoberto onde era a sede da seita.

-Então precisamos encontrar os dois para depois salvar Harry. Mas, não estamos nem perto de descobrir se ao menos se estão realmente vivos – disse um Lupin desanimado.

-Na verdade – Sírius interrompeu o amigo – nós encontramos um objeto curioso numa loja chamada Borgin & Buker enquanto andávamos pela Travessa do Tronco.

-Um objeto? – perguntou Alex.

-Um pomo-de-ouro, autografado por Malcom Roterfire.





-Então é isso... – disse Harry após ter ouvido de ouvido a história de Nadia, que incluiu o segredo de sua origem e o verdadeiro motivo que permitiu que ele sobrevivesse a um confronto com o Lord das Trevas.

Nadia o encarou com a expressão mais amigável que uma cobra poderia fazer.

-Está na hora de ir.

-Tem razão, quanto mais rápido sairmos desse lugar, melhor.

A cobra voltou para a mochila de Harry e ele estava prestes a continuar a caminhada quando vozes falando numa língua desconhecida surgiram nos dois extremos do caminho.

-Eles nos cercaram – disse Nadia em desespero.





Lupin abriu um grande sorriso.

-A chance de se encontrar um desses é de uma em um milhão. E eu só conheço uma pessoa em toda Inglaterra que tinha um.

-Exatamente, aquele era certamente o pomo de Thiago, até a cor da tinta do autógrafo era a mesma.

-Mas então...

-Conhecendo Thiago tão bem, eu diria que ele teria percebido que alguma coisa estava acontecendo e que ele e Lílian seriam levados da casa dos Malfoy muito em breve. Para ter ao menos uma chance de que alguém o encontre, ele deu a única coisa que tinha que seus amigos poderiam identificar como pertencente a ele para o elfo doméstico do qual ficara amigo. Quando Sneff foi vendido levou consigo o pomo de Thiago.

-Estando certo ou errado, meu amigo, só existe um jeito de descobrir.

Sírius se transformou imediatamente em um cachorro e deu um latido simpático.

-Vamos? – perguntou Lupin para as duas.

-Claro!

Os três mais do que depressa aparataram para a Travessa do Tranco e foram guiados pelo mapa feito por Sírius e Tonks para a loja onde se encontrava um pomo-de-ouro autografado na vitrine. No mapa, uma pequena figura intitulada Frank Borgin andava pelo estabelecimento.





Vendo-se encurralado, Harry não sabia o que fazer, enquanto os imortais se aproximavam. A jibóia disse em seu ouvido:

-A luz, fique na luz!

O jovem obedeceu, e sentiu-se aliviado quando percebeu que as figuras só andavam até certo ponto e, pouco antes de seus rostos aparecerem para ele, elas paravam.

Uma faísca vermelha relampejou pelo lugar quando um dos bruxos usou sua varinha para tentar acerta-lo. Harry desviou do feitiço por uma questão de segundos e, logo em seguida, apontou sua varinha para onde acreditava que seu agressor estivesse e bradou:

-Espeliarmus!

Um grito de dor foi ouvido no meio da escuridão. Pouco depois, muitos outros feitiços foram lançados, tornando quase que impossível para Harry se desvencilhar deles e contra atacá-los . Quando o fogo cessou, Harry perguntou para Nadia em voz baixa:

-Como alguém pode ainda não desejar morrer estando nesse estado?

-Um antigo ditado diz:”aqueles que desejam a imortalidade são os que ainda não sabem viver”.

Ela mau terminou de dizer essas palavras e o ataque continuou mais forte do que antes.

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