almost there.





- Não é como se isso fosse da sua conta. – Ela respondeu, amarga.


- Ouviu, Weasley? – O loiro emendou, levando logo depois uma tapa forte em seu ombro, por parte dela.


Rony revirou os olhos, expressando desprezo.


- E antes que comece a agir feito um idiota, Não, eu e o Malfoy não estamos saindo... – Dissera, fazendo-o soltar o ar, aliviado. - Agora se não se importa, o James precisa tomar café...


- Ele ainda não tomou? Me disse que ele estava aqui desde as 7 horas da manhã... – Falara, mudando um pouco de assunto.


- O problema é que só consegui fazê-lo sair do videogame agora. – Suspirara, pegando James do colo do ruivo. – De qualquer jeito, foi bom receber sua visitar, Ronald.


O ruivo exibiu uma careta de descrédito.


- E ele vai continuar aqui? – Murmurou, dando um passo em sua direção, que foi cortado pela mão de Malfoy pousada de forma ameaçadora em seu peito.


- Passar bem, Ronald. – Falou, entrando com James e sussurrando um feitiço pra que a porta se fechasse em um baque surdo.


Sua expressão mudou, tornando-se delicada de novo, quando fitou James.


- Eu fiz chocolate quente com marsmallow... O que me diz? – Contara, apontando para a xícara que repousava em cima da mesa.


O pequeno Potter a abraçou, correndo para tomar.


- Tia, - Ele começou, depois de dar um longo gole. – Por que você e o Tio Ron só vivem brigando?


- É complicado, Jay. – Ela sussurrou, alheia.


09:12


- Então... Você e o Weasley...?


Ela bufou, a contra gosto.


- Que foi?


- É só que... Vocês não pareceram amigos.


- Porque não somos.


- Weasley não é seu amigo? – perguntara.


- Não.


- Desde quando?


- Estávamos juntos até dois meses atrás. Eu contei, lembra? E acabou...


- O que ele fez?


- Não queria... Você sabe, filhos. Depois disso foi como se tudo tivesse mudado. – Falou. – Já passa das 9hs da manhã...


- Eu sei.


- Pois então, acho que já teve tempo suficiente pra me irritar... – dera uma pausa.


- Ou não. - O loiro concluiu, com um sorriso perverso.


Ela arregalou os olhos.


- Haha, Malfoy. Sem chance. Você precisa ir embora.


- Por quê?


- Porque é inapropriado você ficar aqui.


- ...?


- É o meu apartamento, com o meu sobrinho, na minha folga.


- Então vamos todos pro meu.


- Ok, você está começando a me assustar.


- Granger, - pausara. – Isso não é por você, é por ele... Ele precisa de uma figura masculina.


- Ele já tem uma figura masculina, que aliás é o próprio pai!


O loiro arregalou os olhos, em surpresa, aproximando-se com a voz em tom discreto.


- Acha mesmo que o Potty pode ser uma figura masculina pra alguém? – Abrira um novo sorriso de canto de lábio. – O que esse garoto precisa é de um Homem de verdade pra se espelhar.


- E desde quando você é um homem de verdade? – Murmurou, escorando-se no balcão da cozinha e desviando o olhar para ver James tomando o chocolate na sala.


Quando voltou a encará-lo, ele estava a sua frente, com centímetros de distância.


Ele encostou sua testa na dela, ouvindo a respiração da garota relatar seu nervosismo.


E mordeu seu lábio inferior, com uma mordida leve, para alguns segundos depois invadir sua boca de forma selvagem.


A língua penetrava, violenta, contra a dela, em cada mínimo local quanto fosse possível tocar, e ela já não se lembrava o porque de não fazer.


Enroscou uma das mãos na nuca do loiro, enquanto as mãos dele a erguiam no balcão e palmeavam cada extensão de pele inocente, que mesmo assim fazia o sangue de ambos arder por um contato maior.


Ele mudara de tática, mordendo e sugando a curva de seu pescoço, com força, e na mesma sincronia apertando sua mão contra a coxa dela, entrando em sua saia devagar...


- Tia Miooone! – Foi a voz que fez com que ela desse um empurrão no loiro, soltando-se como se fossem culpados.


Quem disse que não eram? Tsc, tsc tsc...


O pequeno Jay arqueou uma das sobrancelhas, cruzando os braços, com ciúmes.


- Estão namorando? – Perguntou, fuzilando o loiro com os olhos.


Hermione suspirou, os lábios ainda com o gosto. A saia bagunçada e a curva do pescoço cheia de manchas, que pareciam quentes em relação ao seu corpo.


- É complicado, James. – respondeu, cheia de pesar.


- Hmm, - O pequeno começou murmurando, e disse: - Papai está no telefone e quer falar com a senhora.


- Sério?


- É. – O garotinho falou, apontando para o telefone na sala.


Ela saiu em passos largos.


- Estão namorando, Tio Malfoy? – O garoto voltou a questionar, semi-cerrando os olhos verdes.


- Não realmente. – O loiro respondeu-lhe.


- Mas você gosta da tia Mione, não gosta?


- Um pouco.


- Um pouco? Só isso? Então por que beijou a Tia Mione?


- Porque ela é gost... Quer dizer, bonita.


- E?


- Hm, porque eu sabia que se eu a beijasse, ela ficaria irritada.


- E gosta de vê-la irritada?


- Muito.


- Por quê?


- Porque gosto de vê-la perdendo a cabeça.


- Isso não parece amor...


- E não é.


- Não deveria tê-la beijado, Tio Malfoy. – O garoto falou, com a voz firme de novo.


- Por que acha isso? – O loiro perguntou, tenso.


- Meu pai disse que tia Hermione merece alguém especial.


- Bem, eu sou especial. – Draco concluiu, com um sorriso arrogante.


- Você nem gosta dela.


- Eu não disse isso.


- Ok, mas a Tia Mione é... – Pausara, sorrindo com doçura. -... A tia Mione, dããããã! Ela precisa de alguém legal.


- Eu sou, definitivamente, legal.


- Você só acha ela bonita.


- Mas ela é!


- E o resto?


- Que resto? – Pausara, respirando fundo. – Escuta James, beijar é normal, sabe. Só precisa encontrar a garota, não precisa amar de todo coração e todo o blá blá blá que o Potter deve ter te dito. E a sua tia é muito boa.


O pequeno murmurou um sonoro argh.


- Haha, um dia você vai entender do que eu falo...


- Então ela largou o Tio Rony pra ficar com você?


- Não.


- E o que você é a pra tia Mione?


- Sou o chefe dela no St. Mungos. E um pouco amigo dela, algumas vezes.


- Como ela conseguiu ser sua amiga? – Pausara. – Tio Rony disse que em Hogwarts você a chamava de... sangue-sujo. E você é um Malfoy.


- Desde que eu virei o melhor jogador de Halo do mundo, eu mudei. – Ele dissera, erguendo uma das sobrancelhas. – Chega de interrogatório... Quer jogar? - O menino fez que sim com a cabeça, antes de segurá-lo pelo braço. - Que foi?


- Se você machucar a Tia Mione, vai se ver comigo e com meu pai.


- Hoho, não se preocupem, não quero despertar a ira dos Potters... – Falara, irônico.


Enquanto isso...


- Alô? Harry?


- Como vai?


- Hã, bem. O que houve?


- O que Malfoy faz brincando com meu filho?


- Ele não, hã, mais que merda! O Ronald já te ligou, não foi?


- Parabéns pela conclusão, Mione.


- Ele não é... Argh, não é tão idiota como todos vocês imaginam ok. Ele, por Merlin, ele tem o direito de gostar de crianças.


- Ah claro, isso porque ele é uma fodástica influência pro James.


- Ele não fez nada errado, eles só jogaram videogame, eu vi.


- O que ele faz aí? – pausara. – Ah merda. Está transando com o Malfoy?


- O quê? – Gaguejara. – Não! Ele só... Hã, veio até o flat, viu o James, James adora jogar vídeo game e uma coisa levou a outra. Além do quê, quem arrumou confusão por aqui foi o Ronald.


- Ele só quis ser legal, Mi...


- Ele teve um namoro de 2 anos pra ser legal, tsc tsc tsc.


- Não acha que foi um pouco dura demais em expulsá-lo e ter dado a entender que tem um romance com Malfoy?


- Que se dane, Harry. Ele veio aqui porque quis.


- Aonde está James?


- Er, jogando com Malfoy.


- Porra, Mione!


- desculpe, ok. Eu só... Como eu disse, Malfoy não é um monstro nem nada. Não há nada demais.


- Sua voz está trêmula. E você está gaguejando desde o começo da conversa.


- Perdão?


- Aconteceu alguma coisa aí, certo?


Ela suspirou.


- Nos beijamos.


- Quem começou?


- Ele. Mas eu continuei... E por Merlin, eu, argh, queria ter continuado, isso é o mais assustador.


- Deram um amasso na frente do meu filho?


- Não realmente.


- Menos mal. Enfim, Gina está me mandando desligar, e me pediu pra dizer que apóia sua relação com Malfoy.


- Não existe nenhuma "relação"!


- Ainda. – Harry pontuou. – Diga pro James que o amamos ok. E cuidado.


- Vou ter. – Foi sua última frase, antes de desligar.



Lá estavam os dois no consultório do loiro novamente. Ela estava cansada graças a "folga" no dia anterior e não conseguia parar de pensar nas últimas conversas com seu melhor amigo. Respirou fundo, sentindo pena de si mesma. Justamente ela se apaixonando por Malfoy! Não parecia justo!


Malfoy ajeitou-se na poltrona, incomodado com o silêncio dos dois. Por que ela estava tão calada?


- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou.


- Não, Malfoy. – Respondeu, séria.


- Está de TPM?


Ela apenas revirou os olhos.


Sabia que não deveria continuar ali, que deveria terminar esse acordo com Malfoy, escolher a merda do doador, e manter a distância razoável que sempre houvera. Desta forma, logo ela o esqueceria e teria coisas mais importantes pra lidar. Até porque ele já a beijara, o que apenas comprovava que as coisas poderiam ficar sem controle.


Não lembrava a última vez que se sentira assim, ou que pensara em alguém que não fosse Rony. E no fim das contas, até Ronald havia a machucado. Por que Malfoy não o faria? E ela tinha certeza que com ele seria mil vezes pior...


- Como foi ontem com James? – Ele voltou a perguntar.


Ela sorriu. Claro. Pensar no pequeno James lhe fazia bem.


- Foi bom. – Falara, resumindo sua resposta na frase impessoal.


- hum... Weasley foi ao seu apartamento de novo?


- Não.


- Está desanimada com as entrevistas?


- Não muito.


- Ah, então o problema é comigo, tsc tsc tsc... – Pausara, com uma de suas sobrancelhas levantadas.


E antes que ela pudesse argumentar ou xingá-lo, o barulho da porta sendo aberta lhes chamou a atenção.


- Sr. Malfoy, desculpe a intromissão, mas o...


Hermione arregalou os olhos diante da loira alta e de olhos verdes que acabara de falar.


- Hey, Granger! Lembra de mim? – Pausara a outra, amável. – Annie... Nos conhecemos no apê do Draquinho... – Dissera a outra, toda sorridente, com sua maldita roupa decotada.


A castanha lembrou da idiota com desgosto.


- Hum, lembro... O que faz aqui?


- Estou trabalhando no lugar da secretária do Draco... – Ela sorrira, como se fosse a melhor notícia que poderia lhe dar. – Ela resolveu tirar férias.


- Bom pra você, hein. – Fora o cumprimento da castanha.


- Que seja. – Draco falara. – O que estava dizendo...?


- Ah sim, - Lembrou-se, passando a mão na cabeça. – O Sr. Phillipe chegou. Mando-o entrar?


- Mande. – Respondeu.


Assim que a loira saiu, Hermione bufou.


- Demitiu sua secretária?


- Não!


- Então o que ela faz aqui?


- Está apenas trabalhando no período de férias... – pausara. – Por Merlin Granger, secretárias também tem vida social.


- Ah claro. – Ela concordou, puta, enquanto via o Sr. Philipe adentrar o escritório.


Ele era moreno e tinha os olhos cor de mel. Era uma visão suave. Vestia-se de forma comum, jeans e camiseta.


- Prazer, eu sou a Dra. Granger e este é o Dr. Malfoy, o chefe do St. Mungos. – Apresentou-se, ácida.


O estranho sorriu e apertou sua mão, acenando com a cabeça para Malfoy.


- Me chamo Ryan, Ryan Philipe. – Falou, sem qualquer educação acima do esperado.


- Vamos apenas fazer algumas perguntas pra preencher o seu perfil como doador de esperma, ok? – Ela esclareceu, rígida.


- Por mim tudo bem. – Falara, sentando-se.


- Por que resolveu se transformar em um doador?


- Motivos pessoais.


- Hum... – Pausara, fitando-o de forma profunda, contato que ele retribuía, mas Hermione não conseguia sentir qualquer rastro de desejo ou interesse. – Pratica esportes?


- Não gosto muito. – Respondera. – Sou meio sedentário.


- Que tipo de músicas costuma ouvir?


- Depende do lugar. Em casa eu ouço Cranberries...


- Nossa, sério? – Ela falara, pela primeira vez sentindo que tinha algo em comum. – Que música ouve com mais freqüência?


- Ah, Kiss me e Linger. – Ele respondera, sorrindo de forma doce.


- Eu adoro essas... – Dissera, com os olhos brilhando. Ajeitou sua postura. – Quer dizer, hã, e... Tem tatuagens ou piercings?


- Não! – O moreno falara, seguro. – Definitivamente não.


10:14


- Eu gostei dele.


- Mas você gosta de qualquer um, Granger.


- Imbecil, eu não disse que ele era O escolhido, só disse que está entre os fortes candidatos.


- Que seja. – Murmurou.


Ela bufou, antes de falar: - Escuta, eu tenho consultas hoje o dia todo ok? Preciso ir. Até mais. – Dissera, saindo da sala e batendo a porta com força.


E ironicamente, lá estava a secretária vadia. Ok, a garota podia nem ser uma vadia, mas que iria lhe convencer do contrário?


Annie sorriu, acenando-lhe um tchauzinho, que Hermionme ignorou. Enquanto observava a loira estúpida praticamente correr para a entrada na sala de Malfoy.


A garota entrou lá, e Hermione sentiu sérias ânsias de voltar. Aliás, foi o que ela fez. Não soube como, mas quando viu já estava parada na porta do inimigo.


Sua mão tremeu antes de girar a maçaneta.


Lá estavam Draco Malfoy imprensando a sua mais nova secretária na mesa de trabalho, com as pernas da garota em volta do seu abdômen.


Ele a beijava com tanta voracidade, que Annie sorria, passando a mão pelo físico do loiro.


Puta que pariu. Foi seu último pensamento, antes de fechar a porta da sala e sair dali.


Puta. Que. Pariu. Merda, merda, merda, merda... É claro que Malfoy estava lá fazendo aquilo com a tal Annie. Meu deus, como chegara a pensar que eles não estavam transando? Como se Malfoy fosse a inocência em pessoa...! Por que abrira aquela porta, se já sabia o que veria? Por que tinha que acreditar que ele era um pouco diferente? Ele não era diferente. Era como todos os outros. Aliás, ele era pior. Ele era cruel, frio, idiota e safado. Por Merlin, muito safado. Tudo o que se importava era a porra o sexo...! Gr! Irritava-a tanto ter um dia achado que ele fosse mais que isso. Provavelmente ele nem estava interessado em ajudá-la, em fazer seu parto, ou sequer chegara a gostar de crianças. Ah, e quem disse que ele realmente deveria gostar de Mozart? Provavelmente não. Provavelmente ele fazia tudo o que fosse possível para fazê-la sentir-se vulnerável a ponto de se entregar. E por quê? Porque a única coisa que o alimentava mais do que o orgulho, era ser o vencedor naquela disputa de egos. E o mais deprimente era ter que assumir que ele vencera.


Não houve nenhum "Granger, volta aqui! Não é nada disso que você estava pensando...!", já que o loiro mal notara que ela vira a cena. Aliás, não notara.


Começou a discar o número de Harry no celular, mas antes de terminar o ato, percebeu que o moreno tinha uma vida além dos seus problemas, uma esposa e um filho. Não poderia tirá-lo dessa realidade apenas pra ter algum consolo.


Entrou em sua sala sem nem olhar pros lados, murmurando rapidamente um "Mande o primeiro paciente entrar" para sua secretária.


Respirou fundo, prendendo os cabelos, decidindo que seria melhor esquecer a cena e dedicar-se ao trabalho. É. Só o trabalho poderia lhe distrair...


- Dra. Granger? – O homem murmurou, com a sobrancelha erguida, lembrando-lhe Malfoy.


Merda.


- Você não é o...


- Philipe. – Ele completara, seguro. – Eu mesmo.


- O que faz aqui?


- Uma consulta, tsc tsc tsc.


- Ah – Murmurou, entendendo a intenção do estranho. – Desculpe. – Falara. – Sente-se.


Não entendeu o que diabos ele poderia querer ali. Uma consulta, sim. Mas por quê?


Ele pausou, desviando o olhar, tomando forças para continuar a consulta.


- Tudo o que eu disser aqui...


- ... Não sairá desta sala. – Ela completou, encorajando-o.


- Não me sinto muito a vontade.


- É sempre assim na primeira consulta.


Ele pareceu exitante.


- Já teve um segredo, Dra. Granger?


- Claro. Todos temos.


- Um segredo que nunca contou a ninguém... Um segredo que mudaria tudo? – Ele pontuou, fechando e abrindo os olhos com força. – é que...


- Não precisa me contar se não se sentir a vontade. – Ela o tranqüilizou, sorrindo. – E como eu disse, todos temos segredos. E claro, segredos que não contamos a ninguém, chega a ser saudável. São formas que encontramos de nos proteger de tudo o que há lá fora, de manter alguma parte de nós fora dessa realidade e incapaz de ser julgada por quem quer que seja...


- É... – Ele concordara, com os olhos arregalados de alívio. – Fico pensando se as pessoas ainda me veriam da mesma forma se soubesse realmente que... – respirara fundo.


- Elas não veriam, claro. Mas o aceitarão, porque esse segredo o torna quem você é, estou certa... Hã...


- Ryan. Pode me chamar de Ryan.


- Estou certa, Ryan?


Ele olhou pros lados, tenso.


Ele fez que sim com a cabeça.


- Por que esse segredo o assusta tanto?


- É como se... As pessoas tivessem criado uma perfeita imagem de quem eu deveria ser... É como se o que eu sou e o que deveria ser fossem a mesma coisa... E não são.


- Lógico que não é. – Pausara, suave. – Ninguém consegue ser definitivamente o que sempre sonhou. Isso é idealismo...


- Eu sei... – Ele murmurara, nervoso.


Olhara para os quadros na sala dela, procurando distrair a mente do ponto em que chegara.


- Gosta de trabalhar aqui, não é?


- Muito. – Ela respondeu.


- Você... Parece uma pediatra ou algo assim... Nunca achei que fosse psicóloga. – Completara, fitando-a. – Não é o que parece, não é o que deveria ser. – Concluíra, abrindo um sorriso pequeno. – E mesmo assim você gosta do que faz e está aqui me ajudando nessa consulta.


- Isso.


- Já gostou de algo que não podia?


- perdão?


- Alguma coisa... Ou alguém... Com quem não devesse estar, mas quando percebe está lá de novo... – Dera uma pausa, com os olhos castanhos flamejando. – E de novo...


Ela engolira em seco, procurando a resposta que não envolvesse seu inimigo.


- às vezes... – Dissera.


- É assim que eu me sinto sobre meu segredo... Apesar de nunca ter acontecido, nada o torna menos real. – O moreno dissera, procurando algum senso de escárnio. – E hoje quando me perguntou o porquê de eu ter me tornado doador, lembrei disso... – Passara a mão pelos cabelos, bagunçando-os.


- Vai dar tudo certo, Ryan. – Ela o encorajara. – Só precisa confiar em mim...


- Por que estava naquela entrevista? – Perguntara, mudando de assunto. – Pra me avaliar psicologicamente?


- Não! – dissera. – Quer dizer, sim. – Ele a olhara de lado. – Ok, aí vai a verdade: Quero fazer inseminação artificial. Então achei que seria melhor se... Você sabe, eu visse os doadores... – Ela explicou, arrependendo-se logo após.


- Faz sentido. – Ele concordara. – E o que aquele... Merda, como era mesmo o nome dele?


- Dr. Draco Malfoy.


- pois é, o que ele fazia lá? Você poderia ter feito a entrevista sozinha.


- É. – Concordara, ácida. – Mas são normas dele... – Falou fazendo uma careta.


- Hum. E por que quer fazer a inseminação?


- escuta Ryan, - Pausara. – vamos nos ater ao seu problema ok?


- Então esse é o seu problema?


- perdão?


- Draco Malfoy é o seu problema?


- Quê? Por Merlin! Não! Eu, er, foi só uma forma de falar...


Ryan sorriu.


- Ok.


- Já parou pra pensar como seria se as pessoas que o amam já soubessem do seu segredo sem que fosse preciso que você contasse a elas? Quer dizer, que elas sempre soubessem disso pela forma como o conhecem...


- Já. – Dissera. – Mas eu duvido. – Respira fundo. – Você – Olhara para os lados. – Você não entende... – Fitara-a bem nos olhos castanhos.


- É claro que vou, Ryan...


- Eu sou gay.


Em alguma boate, 1h da manhã.


- Whiskey? – Annie ofereceu, em um sorriso enviesado.


Draco tomou o drink em um único gole e mordeu sua mandíbula. Por um segundo achou ter visto no lugar dos olhos claros da secretária um par de olhos castanhos. Afastou-se dela, fitando-a penetrantemente.


- Que foi?


- Acho que eu bebi demais, tsc tsc tsc... – Retrucou, fazendo careta.


- E eu de menos... – A loira dissera, beijando-o.


- Mais um Whiskey? – Ele oferecera, apontando para o bar.


- Claaaaaro. – respondera, empolgada.


Draco levantou-se da mesa aonde estavam e andou até o balcão.


Impressionou-se quando uma mão segurou em seu ombro, de forma quase ameaçadora.


- Dr. Malfoy? – O moreno falara, meio sério. – Sou Ryan, lembra? Ryan Philipe... Fui entrevistado hoje pro... – Ele pausara, meio bêbado, baixando a voz. – Lance de escolher o doador da Mione...


Mione? Que porra era essa? Draco pensou. Desde quando aquele tal de Ryan criara alguma intimidade?


O loiro ergueu uma de suas sobrancelhas, apertando a mão do moreno com força.


- Ei, olha só quem vem ali... – Ryan dissera, largando sua mão e puxando pela cintura – mais uma vez Draco ergueu as sobrancelhas! – Hermione.


Quem era aquele cara pra segurar Granger pela cintura? E o que ela fazia em uma boate com ele? Aliás, ela estava mesmo com ele?


Hermione parecia mais feliz e inocente que o normal, tão vulnerável aos olhares dos outros homens da festa que o loiro sentiu vontade cobri-la.


Tinha um Cosmopolitan em mãos.


- O que faz aqui, Malfoy? – Murmurou, tornando-se pálida. Por alguns instantes voltara a ser a mesma Granger metódica de sempre.


- Posso perguntar o mesmo.


- Ou poderia simplesmente me responder. – Ela completou, sarcástica.


Antes que ele pudesse pensar em algo para retrucar, a sua loira aparecera entre o trio, um pouco bêbado, abraçando Draco com total animação.


- Hey! Dra. Granger! – Cumprimentara. – Não querem se sentar conosco? – dera uma pausa. – Aliás, me chamo Annie... – Apresentara-se a Ryan.


- Então tá. – O moreno concordara, mesmo sob o olhar fuzilante da castanha.


Ryan enlaçou suas mãos entre as de Hermione enquanto os quatro caminhavam para a mesa VIP que Draco e Annie estiveram.


O estômago de Hermione revirou quando viu o beijo que se sucedia entre Draco e sua secretária.


Ele podia ser um pouco menos imbecil? Aparentemente não.


Havia uma pequena vontade de chorar, mas essa vontade fora logo ignorada e sobreposta por um gole gigantesco do drink.


É. Aquilo estava começando a fugir de seu controle: Estava em uma boate, sabe-se-lá que horas da manhã, com seu mais recente paciente – gay -, e houvera acabado de encontrar seu ex maior inimigo, por quem agora estava apaixonada, mas não havia retorno, pelo simples fato de ele ser um cafajeste e estar com sua secretária loira na mesma boate, sentados agora a mesma mesa e se beijando de frente pra ela.


Aquilo não ia terminar bem.


- Preciso ir ao banheiro, ok... – Avisara ao amigo, saindo do campo de visão de todos.


O banheiro parecia lotado, mas pelo menos a desculpa de sair de perto de Malfoy e sua pseudo vadia ambulante, havia diminuído seu mal estar.


O banheiro masculino, pelo contrário, encontrava-se seco. Ela constatou, apoiando suas costas contra a parede do corredor entre os dois.


Fechou os olhos, querendo mesmo chorar, ou talvez só estivesse bêbada e precisasse ir embora.


Quando voltou a abri-los, sentiu um calor envolvê-la. E deparou-se com dois braços encurralando cada um de seus lados na parede.


Assustou-se na hora, mas logo relaxou quando viu os olhos azuis acinzentados.


E quando se deu conta disso, voltou a ficar tensa de novo, torcendo pra que ele não estivesse ouvindo as batidas de seu coração, argh. Por que ela tinha que ser sempre tão patética?


Malfoy continuara olhando-a, e ela já não entendia o porque. Porque ele estava ali, ou porque o silêncio parecia uma tortura.


Ele estava respirando contra seu rosto, lenta e desreguladamente. Conseguia ver o nariz bem afilado, a pele branca, a boca fina e o cabelo.


- Eu sei o que está pensando. – Ele falara, contra seu ouvido.


Uma das mãos tocara suas costas e fora descendo, de forma leve, até infiltrar-se dentro de sua blusa.


- Por que veio aqui... – Pausara, tocando em sua cintura com lentidão. – Com ele?


- Estava deprimida. – Respondeu, meio insegura.


- Podia ter me ligado.


- Talvez se você não estivesse transando com a sua secretária no St. Mungos... – Ela argumentara, quase fechando os olhos quando sentiu a boca dele mordiscar a curva do seu pescoço.


- Talvez eu não tivesse feito isso se você não estivesse tão irritada por algo que eu não fiz...


- Não estava irritada pelo o que não fez, Malfoy... – Começara, sentindo o efeito da bebida subir-lhe a cabeça, com algumas tonturas. – Estava irritada pelo o que nunca vai sentir. – Terminara, em um sussurro silencioso, ofegante, antes de empurrá-lo com sua varinha – que tirara do bolso de trás – em punho.


- Como pode saber? – Ele dissera, sem se amedrontar.


- Eu não posso. Aí está o problema. – Falara, sentindo as paredes ao redor girarem com força.


Apoiou-se em uma delas, baixando a cabeça e respirando como se estivesse com falta de ar.


A última coisa que vira fora o olhar preocupado de Draco Malfoy, logo em seguida, tudo apagou.




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