500 dias com ela.



500 dias com ela.


 


            Não acreditava na presente situação. Seria pretensão demais imaginar que a ruiva havia fugido apenas para esconder os sentimentos? Seria pretensão maior ainda imaginar que aquela noite, apesar de louca e completamente inusitada, havia sido igualmente maravilhosa para Ginevra? Ela voltaria? Tomou mais um gole de seu scotch e voltou-se para o homem.


- Ela simplesmente foi embora. Arrumou as malas, virou-se e ignorou meu pedido. Eu, Draco Malfoy, quase supliquei para que ela ficasse! E o pior desta história toda, doutor, é que ela realmente me conquistou. Essas duas últimas semanas foram o cão!


            Parou mais uma vez, olhando pela janela. Há duas semanas estava de volta à Londres, à sua antiga vida, seu trabalho, sua mansão. Nada disso, porém, foi capaz de sugar a tristeza que sentia no íntimo. Tudo o que desejava ver, tocar e sentir, de súbito, tornou-se vermelho. O vermelho de seus cabelos, de sua boca, de suas bochechas quando ficava com raiva, ou com vergonha, de suas unhas, suas roupas. O vermelho do coração do próprio, que queria ser inteira e eternamente de Gina.


- Por Mérlin, nem mesmo sei de onde isso surgiu! Eu estava em Vegas para um fim de semana repleto de loucuras com meu amigo, e de repente me vi casado e...e...


            Não completou a frase. Não sabia se podia. O homem à sua direita ergueu uma das sobrancelhas, mas manteve-se quieto, apenas anotando em sua prancheta. No fundo, sabia que a consulta serviria à seu paciente. Talvez percebesse. Talvez.


- Não consigo dormir direito, pensar, comer. Tudo que quero é Ginevra, que sequer sei onde se encontra! Doutor, foi a noite mais espetacular de minha vida! E acordar ao lado de uma mulher, sendo que nunca fiz tal coisa, foi mais do que genial. Não sei se consigo voltar à minha antiga vida, de garanhão. Não sei se quero – confessou.


            Imagens da noite rodavam pela cabeça de Draco. A primeira briga, o primeiro tapa, a primeira dança. Casados! Ah, como queria a ruiva em sua cama, em sua vida. Prendê-la-ia ao pé da cama se necessário, tudo para que jamais fugisse do que estavam sentindo. E ela também sente, repetia o louro em sua cabeça. Seu mantra. Um mantra vermelho e forte. Vermelho Gina. Forte Gina.


- O que o Senhor quer, Senhor Malfoy?


            Parou pela primeira vez, dando-se conta do que queria.


- A quero de volta – sussurrou, engolindo aquelas palavras e digerindo-as instantaneamente. Mandando-as ao sangue, ao coração. Entendendo, finalmente, que a queria de verdade, não só como mais um fetiche a ser satisfeito. Não era um brinquedo. Simplesmente era. E estava perfeito.


            Sentiu-se repentinamente febril, como se estivesse doente.


- Doutor, sinto-me esgotado. O que tenho é grave?


            O homem sorriu e colocou os olhos no paciente.


- Gravíssimo e irremediável.


            Draco engoliu em seco.


- Estás apaixonado, Sr. Malfoy.


            Draco riu, debochado. O coração vermelho palpitou freneticamente e, então, o sorriso morreu. Era verdade. Fato. Irreversível.

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