Elaborando



Capítulo 02


Elaborando


 


Hermione encontrou uma casa simples, mas bonita numa área residencial próxima ao Beco Diagonal. Antes da morte de seus pais, pensaram em morar na Londres trouxa, mas agora não havia nada que a ligasse ao seu antigo mundo. Por sorte, uma idosa proprietária estava ansiosa por alugar a casa e o negócio foi fechado naquela mesma tarde. Ela não entendeu por que Gina insistira na ideia dos dois quartos. Apenas, acatou o pedido da amiga. De qualquer forma, seria um bom aposento para montar um pequeno escritório. Precisava ir ao Ministério pedir autorização e integração da lareira à rede de flu.


Havia comido um lanche rápido no Três vassouras e depois de resolver tudo no Ministério, era hora de voltar para Toca. Cuidaria da mudança naquela semana. Foi até o Departamento de Artur e o encontrou despedindo-se de alguns colegas.


- Hermione! Que surpresa – ele falou e a abraçou paternalmente – O que faz por aqui?


- Podemos chegar na Toca antes? Gostaria de conversar com você e Molly juntos.


- Aconteceu alguma coisa? Você pareceu tão triste no final de semana – ele disse enquanto caminhavam em direção aos elevadores.


- Foi apen-


- E não diga que foi pelos seus pais. Você fica diferente quando chora por eles – Hermione o olhou espantada – Sou mais observador do que pareço. Quem  foi o idiota que te fez chorar?


- Como sabe que é um cara, Artur? – ela perguntou entrando no elevador.


- Você ficou do mesmo jeito quando Malfoy... Bom...


- Não quero falar quem é ele – como dizer para Artur que o idiota era o filho dele?


- Tudo bem. Mas se chora por ele, é porque ele não te merece. Sabe disso, não sabe, minha querida?


- Sei sim – ela sorriu e apoiou a cabeça no ombro do homem.


Chegaram juntos na Toca e Hermione agradeceu por seu apenas os três jantando. Precisava dessa calma. Quando estavam terminando o jantar, recebeu uma coruja de Gina com um pequeno recado.


 


Quando contar para meus pais que está indo embora, peça que eles não comentem com ninguém. Só se perguntarem.


Hermione leu sem entender. Mas nada de questionar Gina. Ela já sabia a resposta. Estava comendo a sobremesa quando Artur perguntou:


- Ainda não explicou o que foi fazer no Ministério, querida.


- Ah... bom... eu consegui um emprego no Departamento de Cooperação Internacional em Magia, na Confederação Internacional de Bruxos. É mais um estágio...


- Que ótimo! Parabéns! – Molly e Artur levantaram-se e abraçaram Hermione com entusiasmo.


- Em setembro começo um curso de Relações Bruxas. Amanhã vou comprar alguns livros.


- Ohh Isso é maravilhoso! – exclamou Molly.


- Só tem uma coisa... Eu resolvi me mudar. Ter um lugar meu...


- Mas, Hermione! Não precisa. Você pode ficar aqui até se estabelecer – Molly começou – E depois você vai trabalhar, estudar... Aqui terá tudo pronto!


- Molly, eu sei... Só que quero e preciso ter meu canto. Eu sempre vou agradecer tudo o que fizeram por mim e não vou deixar de visita-los.


- Mas, minha querida...


- Molly – Artur interrompeu – Ela precisa seguir com a vida dela.


- Sim, sim... Só será estranho. A casa ficará definitivamente vazia...


- Não, Molly... Logo estará cheia de netos e eu virei sempre visita-los. Poderia até vir ter umas aulas de culinária...


- Claro, claro. Daremos uma festa em comemoração ao seu emprego! E sua mudança! Quando muda?


- Durante essa semana – falou baixinho. Viu que Molly falaria algo, mas interrompeu-se ao sentir a mão do marido sobre seu ombro – Eu queria pedir que não comentassem sobre minha mudança por um tempo...


- Por quê? – Molly perguntou e ela precisava pensar em uma desculpa. Ela não sabia os motivos de Gina.


- Só até eu me acertar, mudar minha correspondência. Eu estava no Ministério para liberar minha lareira na rede de flu e isso levará alguns dias. Queria um tempo para me estabelecer.


- Tudo bem, minha querida.


***


Hermione saiu cedo para comprar livros e itens para sua casa. Andava pelo Beco Diagonal e passou algumas vezes em frente à loja dos gêmeos, ignorando a vontade de entrar lá. Até que ouviu a voz de Verity chama-la.


- Ei, Mione! Quanto tempo! – ela disse acenando e Hermione aproximou-se contra sua vontade.


- Tudo bem, Veri? E seu filho?


- Estamos ótimos. Você faz falta aqui, sabe? - Hermione riu. Ela também sentia falta – O que está fazendo por aqui?


- Comprando alguns livros. Em setembro vou começar um curso de Relações Bruxas.


- Ah que ótimo! Olha daqui a alguns minutos é meu almoço, quer me acompanhar?


- Sim, seria bom colocarmos a conversa em dia.


- Hipogarfo? – Hermione assentiu – Encontre-me lá. Vou finalizar algumas coisas. Assim que Fred chegar eu saio.


Hermione gostou de não encontrar Fred. Desde domingo que não o via e estava bom assim. Vê-lo era apenas um atestado de quão inapropriado era o sentimento dela. Foi até o local que estava começando a ficar cheio pela proximidade da hora do almoço. Sentou-se a uma mesa e pediu uma taça de Martini. Não costumava beber na hora do almoço, mas ela queria comemorar a conquista do emprego e de um canto seu.


Fred estava terminando de comer quando viu que Hermione entrou no pequeno restaurante. Ela andava entre as mesas, totalmente alheia aos olhares que a seguiam. Viu quando ela pediu algo e instantes depois, uma taça de Martini estava sobre a mesa.


Observou quando ela tirou um livro da bolsa e começou a lê-lo. Ela sorria para si mesma e bebericava um pouco da taça. Fred pagou a conta sem tirar os olhos dela. Sem esperar um convite, caminhou até a mesa e sentou-se à frente dela.


Assim que Hermione viu quem era, ficou tensa.


- O que faz aqui, Fred? Quem eu me lembre não o convidei para sentar.


- E por isso eu sentei. O que está lendo? – ela puxou o livro para si e guardou-o na bolsa. Ele pegou a taça dela e sentiu o cheiro – Não é cedo para um Martini?


- Você não tem que voltar para a loja?


- Entendi! A grande Hermione Granger, a traça de livros e sabe-tudo de Hogwarts encontra-se desempregada e vivendo às custas dos meus pais... Então, hoje, plena terça-feira, resolveu beber uma taça de Martini? Quem diria...


- Você não cansa dessas brincadeiras idiotas?


Ele inclinou-se sobre a mesa e disse:


- Não – pegou a taça dela e virou o conteúdo em um único gole – Isso é horrível por sinal.


- Não precisa voltar a trabalhar, não?


- Não precisa começar a trabalhar, não? – Fred viu quando ela abriu a boca indignada e levantou uma das sobrancelhas. Ela ficava bonita irritada. E aquele pensamento não o agradou. Ficou sério e levantou-se, mas a tempo de ouvi-la murmurar idiota sobre a respiração.


Chegou na Loja levando um embrulho que era o almoço de George e Verity.


- Trouxe para vocês - ele disse para os dois que estavam no balcão.


- Obrigada, Fred, mas vou encontrar com Hermione para almoçar – falou a funcionária despedindo-se dos dois.


- Ah é? Acabei de encontra-la. Bebendo uma taça de Martini – Verity ficou parada como se ele tivesse que se explicar. George observando a conversa.


- E qual o problema? Mulheres não podem beber a não ser que acompanhadas dos maridos em um evento beneficente? – ela falou enquanto tirava o avental de trabalho. George riu do comentário.


- É uma da tarde. Terça-feira... – Verity rolou os olhos.


- Como se vocês não bebessem durante a tarde em dia de folga ou de trabalho. Poupe-me dessa babaquice – ela falou, mas parou e olhou para ele – Ou você está com ciúmes?


- Ciúmes? De Hermione? Acho que Verity anda inalando poção sem que saibamos, George! – ele cutucou o irmão no braço.


- Acho que Veri está certa. Precisa vê-lo perto de Hermione ultimamente. – falou olhando para a bruxa que tinha um sorriso divertido.


- Ele ainda continua com aquelas provocações? – George assentiu e disse:


- Estão piores! Teve até a cara de pau de dizer que ela não era bonita – Verity riu histericamente.


- Toda vez que ela ia guardar algo nas prateleiras mais altas ou mais baixas você não tirava o olho da bunda dela, Frederick!


- E eu não vi isso? – perguntou George.


- A bunda de Hermione ou Fred a olhando?


- Fred a olhando. Impossível não reparar na bunda de Hermione – George falou vendo o irmão ficar vermelho. Rindo, Verity despediu-se dos gêmeos e saiu.


- Não tem graça. Você deveria ficar do meu lado.


- Se acha que enganou Lee com aquele discurso no fim de semana, tudo bem. Mas você não me engana. Vou comer. Cuide dos clientes – e saiu em direção ao fundo da loja.


***


Verity chegou e encontrou uma Hermione aparentemente enfurecida.


- O que Fred fez dessa fez? – perguntou a bruxa loira.


- Implicando por que estou tomando uma taça, uma pequena taça de Martini. Insultando-me! Idiota! Dizendo que estou me aproveitando de Molly e Artur... é um completo imbecil! Como fui me apaixonar por ele? – assim que terminou a frase colocou a mão sobre a boca. Ela havia contado apenas para Gina.


- Hermione! Você está apaixonada por Fred? Isso é fantástico! – a garçonete se aproximou e as duas fizeram seus pedidos.


- Não tem nada de fantástico nisso, Veri!


- Eu acho que ele tem uma quedinha por você – Hermione não queria se lembrar da conversa que ouviu, mas queria deixar claro para Verity que ela estava completamente enganada – Que estranho... Não sei porque Fred falaria um absurdo desse.


- Porque ele é um idiota.


- Eu, se fosse você, armava um plano para conquistá-lo. Ouça o que estou falando: ele gosta de você, só que ainda não percebeu.


A comida chegou e elas mudaram de assunto.


***


Hermione chegou na Toca cansada. Os móveis seriam entregues em sua casa no final da semana, depositou os livros sobre a cama de Gina e caiu na sua respirando fundo. Verity deveria ter algum problema por achar que Fred Weasley sentiria algo por ela.


- Pensando no babaca?


Era Gina.


- Veri está sabendo. Deixei escapar...


- Mas isso é ótimo! – Gina exclamou sentando na cama de Hermione que tinha a cabeça escondida no travesseiro – Ela poderá nos ajudar. Espiando Fred de perto!


- Espiar?! – exclamou Hermione levantando-se – Gina... Acho melhor parar.


- Nós nem começamos! Venha, vamos jantar. Harry está aqui e depois queremos conhecer sua casa nova.


- Ah Gina, hoje não. Estou exausta! Amanhã pode ser.


Elas saíram do quarto e Gina perguntou enquanto desciam as escadas.


- Você comprou o chocolate que te pedi?


- Claro que sim, Gina.


- Passe amanhã na loja e conte para Verity sobre nossos planos.


- Que planos? – perguntou Molly.


- O plano para ela dar uma lição em um cara babaca – Hermione deu um tapa no braço da amiga. Molly olhou para as duas. Eram como irmãs.


- Às vezes você é tão parecida com Fred e George – disse a mãe – Prefiro não saber o que estão aprontando.


Harry riu e olhou para Artur.


- Te amo, mãezinha, mas mesmo que me perguntasse eu não responderia – disse Gina abraçando a mãe e sentando-se à mesa.


***


Gina estava saindo do seu treino no sábado de manhã. Ficara de almoçar com Hermione e depois ela, Rony e Harry ajudariam com a arrumação e a mudança definitiva de Hermione.


Saiu do banho enrolada em uma toalha e perguntou para sua colega:


- Então, Katherine... Você falou com ele? – Katherine era outra artilheira do time.


- Falei. Isso é uma loucura sabia?


- Ué... Por quê? – Gina perguntou enquanto se trocava.


- Fará isso com seu irmão? Tem certeza?


- Ele sempre aprontou! Para quem viveu pregando peças, cair em uma não será nada demais.


- Você está brincando com os sentimentos de duas pessoas, Ginevra.


- Você não conhece Hermione. Ela é mais teimosa que um hipogrifo empacado. E Fred é outro que não enxerga a verdade.


- Como pode ter certeza que a verdade dele é a sua? – a outra falou.


- Katherine! Eu sei o que estou fazendo.


- Essa sua amiga, Hermione, ela sabe do plano todo? – Gina sentiu as bochechas queimarem –  Ela não sabe! Você é completamente maluca!


- Por favor! Ela jamais aceitaria! Você falou com ele??? – a outra bruxa acenou com a cabeça – E ele concordou? – mais um aceno positivo.


Gina abraçou a amiga.


- Fico te devendo essa!!! Quando ele chega?


- Na próxima semana.


- Certo... Vou marcar algo!


- Isso não vai dar certo... Meu irmão é tão louco quanto você para concordar com essa sandice.


Gina jogou a mochila no ombro e antes de sair falou:


- Só uma coisa... ele... ele sabe atuar, não é?


- Gina, ele sabe atuar muitíssimo bem – ela viu a ruiva saindo – E essa é minha maior preocupação...


***


Hermione acordou domingo na sua casa. Gostou daquele pensamento. Sua casa. Preparou seu café e sentou-se no sofá. Ligou a T.V. para ver o noticiário trouxa. No dia seguinte, começaria a trabalhar. Ela havia feito algumas encomendas de roupa na loja Madame Malkin e passaria lá para pega-las pouco antes do almoço.


Assim que saiu com suas compras viu que Fred estava fechando a loja. Tentou passar despercebida por ele, mas foi chamada.


- Ei, Hermione! – ela aproximou-se completamente sem paciência.


- Oi, Fred.


- Fazendo compras de novo? – nesse momento George saiu – Deveria gastar menos, sabe? Ficar abusando assim do dinheiro dos meus pais...


- Eu não uso o dinheiro deles para compras pessoais, Fred!


- Só para se alimentar e ter onde dormir?


- Fred! – George falou em tom de bronca. Hermione lutou contra as lágrimas – Hermione, ele está apenas te provocando! Não pensamos isso de você.


- Idiota! São apenas roupas para o trabalho que eu consegui! Começo amanhã no Ministério! – viu que Fred abriu a boca para desculpar-se – Babaca – e aparatou imediatamente.


- Fred, que tipo de brincadeira sem graça foi essa?


- Apenas uma brincadeira, George.


- Sem graça. Como pôde insinuar algo desse tipo? Hermione está pouco tempo sem trabalho. Ela sempre ajudou mamãe e papai em casa.


- Foi apenas uma brincadeira inocente.


- Não. Não foi – George falou com raiva em sua voz – E se eu fosse você me desculparia com Hermione. Agora, vamos terminar de fechar a loja. Vou sair com Angelina mais tarde.


Fred deitou em sua cama e folheou a parte de esporte do jornal sem prestar atenção em nada do que estava escrito. Amassou a folha com raiva. Levantou-se e foi até a cozinha. Serviu-se de um copo de uísque de fogo. Nem ele sabia o que estava havendo. Sabia, mas Hermione era território proibido. Era como uma filha para seus pais. Não poderia sair com ela apenas para passar um tempo e pronto. Não poderia ser casual com Hermione e ele não estava pronto e nem queria um relacionamento sério no momento. Não depois de Helen. Filha da puta. Pensou, lembrando-se da última namorada.


Olhou para o relógio. Seus pais deveriam estar terminando de jantar com Hermione. Estava com fome. Sem esperar, aparatou diretamente na Toca. Como esperado, encontrou seus pais na mesa comendo. Mas não viu Hermione.


- Que surpresa, Geo.. Fred! – disse Molly corrigindo-se ao perceber que o outro filho deveria estar na companhia da namorada – Sente-se! Eu pego um prato para você.


- Oi, filho – Artur cumprimentou.


- Mãe, fique sentada. Eu posso me servir sozinho. Oi, pai – ele parecia envergonhado só de perguntar por ela. Serviu-se e deu algumas garfadas antes de criar coragem – E Hermione?


Viu os pais trocando olhares. Será que ela havia contado algo? Depois, mudou de ideia. Se ela tivesse contado algo, Fred teria sido recebido com azarações da sua mãe e de seu pai.


- Ela não mora mais aqui – Fred ficou parado com a boca aberta. Que merda eu fiz?


- Como assim não mora mais aqui?


- Ela arrumou esse emprego no Ministério e decidiu que era hora de arrumar o próprio canto. Ficou a semana toda cuidando da mudança.


- E não pensaram em avisar a família?


- Sabe como Hermione é discreta – Molly falou – ela nos contou semana passada. Queria ter tudo ajeitado antes de espalhar a notícia. A coitada passou uma semana cheia, fazendo compras de móveis, roupas,...


- E livros. Ela vai começar um curso no próximo semestre – a cada palavra a culpa ia pesando nos ombros de Fred – Nós oferecemos ajuda, ela evita mexer na herança dos pais, mas ela recusou-se.


- Sim. Hermione é muito teimosa. Adoramos a garota, mas é muito teimosa. Deve estar quase sem dinheiro. Você acha que ela mexeu na herança?


- Não sei, querida – Artur falou – Fred, você está bem?


- Sim, estou... apenas... é que... Eu não sabia que ela tinha se mudado – deu mais uma garfada e a comida não parecia mais tão apetitosa. Engoliu com dificuldade. Sem notar a troca de olhares cúmplices de seus pais.


Saiu assim que terminou de ajudar sua mãe. Quando chegou em casa viu que George havia voltado e lia um livro qualquer.


- O que houve?


- Pisei na goles com Hermione.


 - E só agora você percebeu? – deu um tapa na cabeça do irmão – Me diga o que está havendo com você.


- Ela se mudou – George levantou-se bruscamente – Calma! Não é nada disso! – e explicou rapidamente para o gêmeo.


- Certo. Ela arrumou um canto dela. Agora explique o que está havendo com você.


- Como vou explicar algo que eu não entendo? Só sei de uma coisa...


- Hermione é território proibido – ele assentiu ao ouvir as próprias palavras serem proferidas por seu irmão.


 


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Primeiramente:


Tonks, Steph e Nana... obrigada pelo apoio!!!! Firmes e fortes nos comentários!


Sei que está meio tenso ainda, mas logo os planos começam entrar em ação... e vocês vão saber por que Gina pediu o tal chocolate! rsrs

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