Aceitando um sentimento



Capítulo 04


Aceitando um sentimento


 


Gina mal dormiu durante a noite. Ficou no banheiro com uma tremenda dor de barriga. Sentia raiva de seus irmãos. Antes, ela fazia por Hermione. Agora aquela vingança teria um gostinho especial e particular. O problema é que não poderia acusa-los. Fazer isso seria o mesmo que entregar-se a respeito dos sapos. Claro que eles haviam descoberto e era hora de revidar.


Foi para cama quando já amanhecia. Agradeceu por ser domingo e não ter treino. Deixou o corpo cair sobre a cama torcendo para que não precisasse mais levantar.


***


Fred tinha apenas uma inveja do irmão: sua facilidade para dormir. Apesar de revezarem a abertura da loja, ele tinha o hábito de acordar cedo. Muitas vezes continuava deitado. Apenas curtindo a preguiça de estar deitado, mas despertava cedo. E domingo pedia isso: preguiça.


Ele, George e Angelina passaram a noite conversando, bebendo e comendo. Eles contaram para ela sobre a “pequena” vingança. Ela não se aguentou de rir quando soube da história do sapo de chocolate, pra infelicidade de Fred. Apesar de ter apenas encostado os lábios e os dentes, o ruivo havia escovado o dente o máximo de vezes possíveis. Fora os diversos feitiços de limpeza.


Foi até a cozinha e preparou um rápido prato com cereal e leite, recebeu ambos os jornais: “Profeta” e “Pasquim”. Apesar de o último trazer notícias mais reais sobre o Ministério, a parte sobre quadribol era fraquíssima. Sabia que Hermione deveria estar envolvida de alguma forma na história do sapo, só que não vinha nenhum plano em sua mente. Na verdade, eles vinham, mas não conseguia colocar nenhum em prática. A ideia de George para os bombons era que fossem enviados para Hermione também. Só que Fred não teve coragem, apesar de não assumir isso nem para seu gêmeo. Deu a desculpa que com ela deveria ser diferente.


Sim, por que de algum modo ela era diferente para ele. Tão diferente que pensar nela com o sujeito da noite passada, doeu mais do que deveria doer.


***


Hermione acordou e foi direto tomar um banho. Sua cabeça latejava levemente. Havia bebido demais. E beijado o tal do Damien. Era simpático, bonito, mas não eram dele os lábios que ela queria. Nem desejava. Era Fred. Maldito Frederick com seus olhos azuis e cabelos ruivos. Suas sardas e seu sorriso contagiante. Que o quadribol e seus batedores com músculos definidos fossem para todos para a... Respirou fundo. 


As semanas passaram lentas sem que Hermione e Fred voltassem a se falar e aquela ausência estava matando Hermione. Ela respondeu uma coruja de Damien dizendo que não estava preparada para começar um relacionamento. Então, um sábado, no final do dia, ela apareceu na Loja. Tinha uma boa desculpa: encontrar-se com Verity. A bruxa mandou uma carta para Malcom, seu marido, perguntando se ele poderia se virar sozinho com Pollux, o filho do casal.


- Ele está lá atrás – Verity falou – Vá até lá. Ele está sozinho. George saiu. Tenho alguns clientes para atender enquanto espero a resposta de Malcom.


Hermione passou pelo balcão e foi até o fundo da loja e bateu na porta que era de Fred. Ouviu-o pedindo para entrar, provavelmente achando que era Verity.


- Oi, Fred – ele ficou visivelmente espantado.


- Hermione? Aconteceu alguma coisa?


- Não. Só fazendo umas compras... E passei por aqui para ver... vo- Verity. Se ela quer sair para tomar algo.


Fred encostou-se à mesa e cruzou os braços. Hermione respirou fundo. Ele ficava extremamente sexy dessa forma.


- Mais uma baladinha? E o tal da outra noite?


- Apenas um cara, Fred. Vai dizer que nunca saiu e ficou com alguém? Olha, eu realmente não sei o que fiz para você. Queria apenas ter uma conversa decente – ela virou-se para sair, mas Fred a segurou pelo braço.


- Que tal um jantar?


- Um jantar? – ela perguntou.


- Sim. Na próxima semana George estará ocupado, como sempre. Ficarei sozinho em casa. Apareça por lá. Preparo algo para nós.


- Tudo bem. Preciso levar alguma coisa?


- Uma garrafa de vinho? – ela concordou sorrindo e foi embora.


***


- Gina, acho que não devemos continuar com o plano.


- Claro que devemos! E Fred ainda vai me pagar pelos chocolates! – a ruiva falou pelo espelho de comunicação. E ainda tinha a outra parte do plano. O irmão de sua amiga. Devido a um pequeno incidente a chegada dele sofrera um pequeno atraso. Bem vindo, segundo a ruiva, que poderia organizar tudo sem muita pressa. Hermione encerrou a conversa, caso contrário chegaria atrasada à casa do ruivo.


Estar com ele e agir como uma simples amiga era difícil. Aliás, nem amigos eram. E, mesmo assim, ela queria. Queria sentir os lábios dele sobre os dela. As mãos dele em suas costas, em sua cintura,... Aquilo era loucura. Ela sabia. Fred nunca a veria dessa forma. Respirando fundo, terminou de arrumar-se e aparatou.


Fred, definitivamente, arrependeu-se do convite. Seriam apenas os dois. Na casa dele. Depois de um jantar. Vinho. Ele não podia lidar com aquilo. Pegou os castiçais que enfeitavam a mesa e os guardou. Andou em frente à lareira. Pegou o pó de flu. Andou mais um pouco. De um lado para o outro. Realmente, não sabia o que fazer. Falou alguns palavrões, até ajoelhar-se em frente ao fogo e jogar um punhado de pó.


- Preciso que venha para cá.


- Fred, planejei uma noite tranquila hoje.


- Por favor, Lee. Venha para cá.


- Certo, certo. Estou indo. Tira essa cabeça grande para que eu possa ir por flu mesmo.


Instantes depois, o rapaz alto e cheio de dreads no cabelo chegou. Viu a mesa posta para duas pessoas. Olhou interrogativo para o amigo:


- Fiz a merda de convidar Hermione para jantar aqui hoje. Ela deve estar chegando.


- E por que isso é uma merda, cara? – o outro perguntou sem entender.


- Estamos falando de Hermione. Hermione. Amiga de Rony, Harry e Gina. Território proibido, cara!


- Que ideia é essa? Território proibido?


- Ela não é daquelas que a gente transa e pronto.


- E quantas vezes você transou e “pronto” com uma garota? Ei... – Lee disse de repente – Você está gostando dela!


- Gostando de Hermione? Que besteira! – falou tentando convencer mais a si mesmo que a Lee.


O outro apenas ria.


- Eu vou embora! Curta a noite com Hermione. Ela é uma ótima garota. Inteligente, bonita e divertida.


- Não. Você fica. Não pode acontecer nada entre nós. Faz tempo que não fico com ninguém. É apenas isso. – Lee começou a protestar, quando ouviram a campainha tocar. Contrariado, o rapaz sentou-se no sofá. Fred foi até a porta. Imediatamente arrependeu-se de ter chamado o amigo. Hermione estava linda.


- Oi, Fred – ela disse sorrindo – Eu não trouxe uma, mas duas garrafas de vinho – disse mostrando a sacola – Tenho um fraco por vinho tinto... Simplesmente adoro! – ela sorriu escondendo seu nervosismo. Estava disposta a não ouvir Gina e fazer o que Harry dissera. Não custava arriscar.


- Claro, claro – ele falou após pigarrear discretamente – Vinho nunca é demais... até por que... – ele afastou-se, dando passagem para ela – Lee veio jantar conosco.


A decepção dela foi visível para os dois. Após gaguejar, sem achar palavras, Hermione sorriu e cumprimentou Lee, que se levantou. Ele estava totalmente sem graça. Um silêncio pesado e incômodo pairou antes que Hermione falasse.


- Melhor colocar o vinho na geladeira – Fred pegou a sacola e saiu da sala.


Hermione olhou para Lee. A raiva por Fred a consumiu totalmente. Como ele pôde fazer aquilo? Chama-la para jantar e convidar seu amigo? Ela achou, realmente achou que ele poderia ter ficado com ciúmes dela com Damien. Achou que ele poderia querer conhecê-la melhor ao convida-la para jantar. Mas, não. Não passava de um encontro entre amigos. Ele disse que estaria sozinho e, para ela, era nítido que Fred não queria estar a sós com ela. Queria que as palavras ditas sobre esquecê-lo e seguir em frente fossem fáceis de serem seguidas. Que fossem fáceis de realizar. Sentou-se no sofá e cruzou as pernas. Percebeu o olhar de Lee em suas coxas. A saia jeans tendo subido levemente com seu movimento. Sorriu. Viu que ele virou-se, envergonhado. Talvez aquela noite pudesse ser divertida no final das contas. Seu pensamento focado agora nas palavras de sua amiga, Ginevra Weasley.


- Então, Lee, como anda seu trabalho?


Ele pigarreou. Sentou em um sofá mais afastado. Tinha sido pego e sabia disso. E sabia que ela sabia.


- Está bom. Ainda tentando ser locutor de partidas internacionais, mas é uma área com poucos profissionais. E ninguém pensa em se aposentar.


Ela riu.


- Entendo. Estou trabalhando na Confederação Internacional de Bruxos, temos contato com o Departamento de Esportes Mágicos. Sou nova por lá, mas não custa ver se consigo algo... Afinal, talento você tem – ela disse sorrindo. Lee mexeu-se desconfortável. Nesse momento, Fred entrou com três cervejas amanteigas. Hermione levantou-se e pegou duas garrafas. Agradeceu, entregou uma para Lee e sentou-se ao lado dele. Os dois amigos olharam-se. Lee sem graça, Fred com raiva.


- Estávamos conversando sobre o trabalho de Lee. Talvez eu possa ajudá-lo.


- Ah é? De que forma? – ele perguntou olhando friamente para o amigo, que se encolhia no sofá.


- Bom, temos uma boa relação com o departamento de Esportes Mágicos e Alec SaintClaire, meu chefe – nesse momento ela foi interrompida por Fred.


- Espere, seu chefe é SaintClaire? Alec SaintClaire?


- Sim, por quê?


- Nada. Apenas curiosidade. Continue...


- Bom, - ela recomeçou – Alec é amigo do chefe dos Esportes Mágicos, um homem bem simpático e favorável a modernização dos funcionários. Posso conseguir algo para Lee, já que ele busca jogos internacionais. Não é isso que você deseja? – ela falou a última frase encarando os olhos negros. A mão pequena apoiou firmemente na coxa dele. Olhou para mão de Hermione, para as pernas dela próximas às suas, depois para Fred que o fuzilava.


- É... ahn... Sim, é isso... É... seria bem... bem.. legal... - Hermione sorriu ante ao nervosismo dele.


- Viu? Posso te ajudar a conseguir aquilo que deseja, Lee – ela piscou. E bebeu sua cerveja.


- O que desejo... ahn... bem... isso seria... hum – o olhar dele recaindo novamente sobre as coxas e parando no decote da blusa.


- O que deseja, Lee? – Fred perguntou. A voz saiu áspera. Com raiva. Os nós dos dedos brancos em volta da garrafa de cerveja amanteigada. Lee olhou para o amigo.


- Fred? Ahn... desculpe... Do que estávamos falando?


Hermione deu um gole para disfarçar seu riso. Viu que os amigos se encarando. Um envergonhado. Outro nervoso.


- Estávamos falando apenas de eu conseguir realizar seus desejos, Lee – os olhos castanhos encararam Fred. O rosto vermelho como os cabelos. Conseguira provoca-lo. – Será que não tem nada mais forte, Fred?


Irritado ele foi até a cozinha. Pegou uma garrafa, pensando que mais forte seria seu punho de encontro ao olho do seu amigo. Como ele ousara, sim OUSARA, olhar daquela forma para Hermione. Bebeu um grande gole. Apoiou as duas mãos no balcão da pia. Sua cabeça pendeu para frente. Nunca fora ciumento. Nunca. O que aquela garota estava fazendo?


- Fred? – respirou fundo. Seria capaz, realmente capaz, de socar o próprio amigo por causa de Hermione.


- Que merda foi aquilo? – falou com as mãos ainda segurando o balcão.


- Não fiz nada... – o amigo defendeu-se.


- Nada? E o que foi aquilo – e ele começou a imitar o amigo de forma debochada - O que desejo... ahn... bem... isso seria... hum  – encarou Lee – E vi a forma como olhou para as pernas dela! Até um cego notaria!


- Olha, cara... ela que está provocando... e bem... eu já tinha dito... bem... ela tem belas pernas, Fred!


- Não pode mais olhar – o ruivo falou afastando-se do balcão e servindo os copos.


- Cara, na boa, sou seu amigo... Mas, me responde uma coisa: qual o problema se eu tentar algo se você nem ao menos quer ficar sozinho com ela?


Dizendo isso, saiu da cozinha. Foi até a sala e sentou-se afastado de Hermione. Nisso, ouviram um barulho de algo quebrando.


- Fred deve ter derrubado algo... – ela falou.


Lee olhou para ela pensando que não fora isso que aconteceu. Conhecia bem o temperamento do amigo. Agradeceu por ele ter quebrado uma garrafa e não sua cara. Hermione percebeu o constrangimento que causara. Suspirou resignada.


- Desculpe-me – ela falou – Tudo anda muito confuso na minha cabeça e não é justo que coloque você no meio disso tudo.


Ele sorriu. Percebendo que era apenas um jogo de uma garota apaixonada. Como não percebera antes?


- Assim como os outros Weasley, Fred é um tanto cabeça dura e teimoso. Tenha paciência – Hermione sorriu tristemente. Será que ninguém percebia que ele nunca sentiria por ela a mesma coisa?


Ela não passaria de uma transa. Nada mais. E, isso, ela não estava pronta para enfrentar. Não com ele.


- Eu posso te ajudar. Às vezes, é preciso de um pouco de pressão para fazer um cabeça dura agir – ela não entendeu muito bem o que ele queria dizer, mas assentiu calada. Lee mudou de lugar, sentando-se novamente ao lado dela. Mais próximo dessa vez.


Fred voltou para sala e encontrou seu amigo novamente sentado ao lado de Hermione. As palavras dele ainda ecoando em sua cabeça. E ele sem uma resposta: qual o problema se eu tentar algo se você nem ao menos quer ficar sozinho com ela?


Lee tentaria algo? Seria traição. Havia um combinado claro entre eles e George: nunca mexer com a garota do amigo. Porém, e havia um grande porém. Um incômodo “porém”. Hermione não era sua garota.


- Desculpem a demora. Uma garrafa caiu. Tenho outra. – falou friamente e depositou a garrafa e os copos sobre a mesa de centro – Colocarei a comida no forno.


Hermione suspirou.


- Ele não me quer. Nem ao menos me vê como uma mulher atraente. Não gosta de mim e, ao mesmo tempo, parece ter ciúme.


- Por que você acha que ele não te acha atraente? – Lee perguntou.


Só que ela não poderia responder a isso. Lee estava lá também. Ele percebeu a tristeza nos olhos castanhos e, amigavelmente, passou a mão pelas costas dela e depositou sua mão no ombro delicado.


Fred entrou nesse instante. Seu estômago revirando. Lee não ligou para cara irritada do amigo e puxou Hermione para mais perto de si.


- O que preparou de bom para nós?


- Lasanha – foi até a mesa e encheu dois copos. Estendeu a mão para Lee, com força, o líquido balançando no copo, escorreu para fora e caiu sobre o colo do rapaz. Hermione afastou-se instintivamente.


- Fred!


- Desculpe! Foi sem querer – falou sem um pingo de verdade. Lee levantou-se e, com um feitiço, secou a roupa.


- Vou ao banheiro – Lee falou e saiu irritado pela atitude imatura do amigo.


- Você se molhou? – Fred perguntou, ouviu-a murmurar algo – O que disse?


- Tudo com você tem que ser conturbado. Não foi uma boa ideia ter vindo – Hermione pegou sua bolsa – Fiquem com o vinho. Tenho certeza que sua noite será melhor aproveitada na companhia de Lee.


- Por que acha isso?


- Não é um tanto óbvio? Você o convidou, não convidou? E não insulte minha inteligência dizendo que ele apareceu aqui por acaso – não houve resposta – Certo, não sei onde estava com minha cabeça – ela sabia muito bem. Sua maldita cabeça estava seguindo seu coração.


- Espere – ele falou após um breve momento – Algumas coisas estão acontecendo. Na Loja. – ele mentiu. Ela percebeu – E tenho estado meio... nervoso... fora de mim. Fique. Vou me desculpar com Lee – Fred aproximou-se dela. Recolocou o copo sobre a mesa. Sua mão foi até o ombro dela e segurou a alça da bolsa. Seus dedos roçando levemente o braço dela enquanto tirava a bolsa. Olharam-se. Ela deixou o braço pender. Fraca demais para lutar. Para ir embora. Aquele simples toque fez seu mundo girar – Fique. É importante para mim que fique. Os dedos dele seguraram os dedos dela. Ambos sentiram um arrepio e, antes que pudessem falar algo, Lee entrou na sala.


- Aquilo foi um puta desperdício de uma boa bebida – os dois se afastaram. Lee percebeu a proximidade e sorriu para o amigo. Talvez já bastasse de provocações... – Essa bolsa não combina com você, meu caro – falou ao ver que ele segurava a bolsa de Hermione em suas mãos. Corando ainda mais, deixou a bolsa sobre o sofá.


Hermione sorriu de lado e pegou o copo de uísque de fogo. O aroma da comida começa a tomar conta da sala.


- O cheiro está maravilhoso, Fred.


- Receita da Molly... Não sai como a dela, mas... Estou tentando.


- Faz tempo que cozinha? – ela perguntou. Lee encheu seu copo e sentou-se no sofá, longe de Hermione. A intenção clara, para que o amigo ocupasse o assento ao lado dela. O que ele não fez.


- Sim, um tempo. Quando mudamos para cá nenhum de nós sabia cozinhar e vivíamos comendo ou trazendo refeições da Toca. E sempre havia as refeições prontas. Só que comecei a cansar disso e resolvi aprender. George tentou, mas ele não cozinha muito bem, não – Hermione riu.


Hermione contou que ela também aprendera a cozinhar no mundo trouxa e que, muitas vezes ia até a cozinha de Hogwarts observar o trabalho dos elfos. Lee afirmou que era um péssimo cozinheiro, precisando ler e reler as instruções do preparo de um simples macarrão instantâneo. Que geralmente queimava.


Os três conversavam, quando ouviram um barulho abafado vindo de Lee.


- Oh não! É minha varinha! – ele disse num tom fingido – Preciso ir embora. Minha mãe não está muito bem.


- Sua mãe está doente? – Hermione perguntou sem acreditar.


- Está! Terrivelmente gripada. Pedi para que meu pai avisasse se precisassem de algo. Sendo assim... precisarei partir.


- Lee, acho que seu pai pode ser virar sozinho – Fred falou aproximando-se do amigo para despedir-se. O outro respondeu em voz baixa:


- Eu acho que você pode se virar sozinho – despediu-se de Hermione, entrou na lareira e sumiu entre as chamas.


- Vou dar uma olhada na lasanha – Fred falou ao perceber que estava sozinho com Hermione. Pouco depois que ele saiu, ela o seguiu.


- O cheiro está ainda melhor aqui na cozinha – Fred levantou-se bruscamente. Estava fechando a porta do fogão.


- Hermione! Que susto!


- Desculpe – ela falou sorrindo.


- Já está pronta. Vou abrir o vinho e servir o jantar. Espere lá na sala – ela assentiu e saiu da cozinha.


***


Hermione deixou seu corpo cair sobre a cama. Sorria. Queria que todas as suas noites fossem como aquela. Claro que incluiria beijos... e, quem sabe, algo mais... íntimo, mas queria que pudesse estar assim com Fred. Nas últimas semanas, a relação entre eles passou por altos e baixos. Mais baixos que altos. Era bom e reconfortante saber que podiam conviver em paz por alguns instantes.


Dormiu sorrindo, sem pensar no seu plano e sem saber que, em breve, Fred pregaria uma grande peça nela.


***


- Já era para seu irmão estar aqui – Gina falou enquanto se trocava para o treino.


- Houve um pequeno atraso. Afinal, você não queria organizar uma grande festa para Hermione?


- Eu vou, mas queria conhecê-lo antes da festa. Para combinarmos os detalhes – Katherine rolou os olhos.


- Ele é bom em improviso. E já sabe o que precisa fazer.


Gina riu animada.


- Ótimo! Isso vai fazer meu irmão agir de uma vez.


- Ou vai afastar os dois. Gina, é sério... Hermione tem que saber sobre o plano inteiro.


- Ela jamais concordaria! – a outra bufou contrariada.


- Mas que fique claro que não concordo com nada disso. Só não conto por que temos uma promessa. Só que não venha se lamentar para mim quando algo der errado.


- Nada vai dar errado – Gina respondeu teimosamente.


- Algo sempre dá errado quando se trata do meu irmão, Gina. Eu gosto e respeito vocês dois, mas vocês se envolvem nas coisas e esquecem que o mundo não gira e funciona conforme querem. Nem no tempo que querem.


***


- Então...?


- Então, o quê?


- Como foi o encontro com Hermione? – George perguntou.


- Não foi um encontro – Fred respondeu enchendo a boca de cereal.


- Sei... Um jantar a dois, com vinho e vela não é um encontro?


- Não teve vela. E eu convidei Lee – George abriu a boca e fechou. Levantou e deu um tapa na cabeça do irmão – Ei!!!


- Você chamou Lee? Tem merda na cabeça? E para de enrolar! Sou seu irmão. Chega de esconder as coisas. Eu posso te ajudar, sabe?


Fred mexeu no cereal e recostou-se na cadeira. Esticou as pernas sob a mesa.


- Eu estou fodido.


- E por quê?


- Porque venho pensando em Hermione mais do que deveria – encarou o irmão e contou sobre a noite anterior. George ouviu atento. Um sorriso brincando nos seus lábios. Após terminar o relato, Fred emendou – Mas isso, não nos impedirá de termos nossa pequena vingança.


- Mas foi isso que o impediu de mandar aqueles bombons... – Fred sentiu o rosto corar, enquanto o irmão ria divertido.


***


- Claro que pode fazer a festa aqui! Será um prazer! – Molly falou enquanto almoçava com Artur, Gina, Harry e Hermione.


- Realmente não precisa. Não é nada demais,...


- Claro que é! Está em um emprego que sempre quis, tem sua casa,... Isso merece uma comemoração! Uma pequena festa de despedida – Molly falou tocando a mão de Hermione com delicadeza.


- Vou separar a tenda que usamos em nossas festas. Quantas pessoas?


- Família, Luna e Neville... Ah e pensei em chamar Kathy que joga comigo. Ela, o marido e o irmão, que está chegando da Espanha – com isso piscou para Hermione.


Quando o almoço acabou, Hermione foi até a amiga e murmurou:


- Irmão da sua amiga? Chegando da Espanha?


- Eu falei que deveria pegar uma casa com dois quartos...


- Não vou oferecer um quarto para um cara que não conheço!


- Ele é irmão da Kathy! E tenho uma certeza: assim que conhecê-lo realmente não vai querê-lo no quarto ao lado. Vai querê-lo na sua cama!


Hermione abriu a boca indignada e saiu da cozinha, ignorando as gargalhadas de sua amiga ruiva.


 

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