Capítulo 15



No capítulo anterior...


 


- Ora, o que é isso, Hermione. - ronronou o guarda-caças - Dragões são apenas criaturas incompreendidas.


 - Incompreendidas? - exasperou-se Rony. - Você já viu o estado de Carlinhos?


Hagrid deu de ombros.


- Ei, Roniquinho, qual é o meu estado? - disse uma voz atrás do grupo.


 


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    Capítulo 15


 


    Um homem extremamente ruivo, que tinha o mesmo físico dos gêmeos Weasley, mais baixo e mais forte do que Percy e Rony, que eram compridos e magros. Seu rosto era largo e bem-humorado, castigado pelo sol e tão sardento que quase parecia bronzeado; os braços eram musculosos e em um deles havia uma grande e reluzente queimadura.


 


    — Carlinhos? — exclamou Rony.


 


    O rapaz riu e adiantou-se para abraçar o irmão.


 


    — Vocês três sabem que é contra as regras vocês verem isso, não? — perguntou o ruivo mais velho, indicando os ferozes animais com o queixo. — Mas acho que isso não deve ser um problema, já que tanto o Karkaroff quanto a Maxime já nos “visitaram”.


 


    Os estudantes deram de ombros e sorriram.


 


    — Isso é loucura! — exclamou Hermione novamente. — Dragões?


 


    — São perigosos, sim. — disse Carlinhos. — Mas os nossos são, de certa forma, inofensivos. — um dragão de escamas pretas e aparência de lagarto, com olhos amarelos e chifres cor de bronze liberou enormes labaredas de sua boca, e seu uivo penetrante se fez ouvir, enquanto seu rabo, coberto por cornos também bronze, ricocheteava pelas grades de sua jaula. — Exceto, é claro, esse Rabo-Córneo Húngaro. Hmpf. Esse daí... É melhor o Campeão que o tirar tomar cuidado. E falando em campeões, parabéns, Harry.


 


    O moreno sorriu um sorriso amarelo, apertando a mão do ruivo. Harry olhou para os dragões e se sentiu intimidado ao ver o dragão Húngaro. Pensou em sua irmã, e temeu por ela.


 


    “Onde, diabos, eu fui me meter?” pensou o garoto enquanto, um tempo depois, se afastava das criaturas ao lado de seus amigos, todos cobertos pela Capa que herdara de seu pai.


 


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    Na manhã seguinte, Harry, Gina, Rony e Hermione seguiam pelo pátio rumo à Sala Precisa, uma sala que tomava as formas desejadas por seus ocupantes — “inaugurada” por Harry em seu terceiro ano, logo após ter se apoderado do Mapa do Maroto —, para que o moreno e sua amiga pudessem praticar alguns feitiços com potencial para serem utilizados na Tarefa.


 


    Harry, tempos antes, escolhera Hermione para ser sua ajudante durante a Primeira Tarefa. Pretendia chamar Rony, mas este o convenceu de que a garota ou o Potter mais jovem seriam mais úteis com os feitiços. Então, Harry selecionara Hermione para a Primeira Tarefa e William para a Segunda. Quanto à terceira, preferira deixar para se decidir até a semana que precedia a Tarefa.


 


    Enquanto o quarteto andava pelo espaço a passos apressados, Harry avistou os cabelos muito ruivos de sua irmã, que ria junto ao novo grupo de amigos, formado por ela, Cedrico — que deitara sua cabeça no colo de Hailey —, e outros veteranos. O moreno congelou no meio do corredor, e os outros três o encararam.


 


    — O que houve, meu amor? — perguntou Gina com certa preocupação no olhar.


 


    — Maxime e Karkaroff sabem sobre o que está na floresta, então os campeões das outras escolas também devem saber, mas...


 


    — Mas o Cedrico, não. — concluiu Hermione encarando o amigo.


 


    Harry acenou.


 


    — Eu preciso dizer a ele. — disse.


 


    Gina assentiu e despediu-se do namorado com um beijo apaixonado, murmurando um “Estaremos te esperando” e saindo dali com Hermione e Rony em seu encalço.


 


    O garoto Potter respirou fundo e se aproximou dos novos amigos de sua irmã.


 


    — Com licença. — disse, atraindo a atenção de todos para si, e recebendo um olhar raivoso de Hailey, que abria a boca para dizer algo, mas foi cortada pela fala do irmão. — Cedrico, será que eu posso falar com você? Em particular? — destacou bem o “particular”


 


    Cedrico olhou para Harry e se levantou rapidamente.


 


    — Claro. — disse o mais velho.


 


    Os dois garotos se afastaram, postando-se a uma distância do grupo que não permitia deixá-los ouvir.


 


    Sem delongas, não querendo prolongar a conversa, Harry soltou:


 


    — Dragões. — Cedrico o olhou confuso. — É a primeira Tarefa. Vai ter um para cada um de nós, campeões.


 


    Cedrico o olhou surpreso, com certa dúvida no olhar.


 


    — Mas como... Você tem certeza? — disse o mais velho. Harry assentiu. — Mas e Fleur e Krum? Eles já... Sabem?


 


    — Sim. — respondeu Harry.


 


    — Obrigado, então — sorriu Diggory, apertando a mão do moreno e se virando para retornar aos amigos.


 


    — Oh, e... Cedrico? — chamou Harry, conseguindo a atenção do outro. — Cuide bem da Hailey. — suspirou.


 


    O garoto de olhos acinzentados sorriu e assentiu, e o moreno de olhos verdes saiu rumo ao sétimo andar.


 


    Harry e Hermione, tendo os irmãos Weasley como duplas e ajudantes, treinaram fervorosamente pelo resto do dia, parando apenas quando o esgotamento físico e a fome se intensificaram.


 


    Cansados, os quatro seguiram para o Salão Principal em busca de alimentos.


 


    Assim que passaram pelo portal, os olhares da maioria do salão recaíram sobre eles. Ignorando a atenção, Harry, Rony, Gina e Hermione tomaram seus lugares na mesa vermelha e dourada e encheram seus pratos com comida, engatando-se em conversas levianas com seus amigos.


 


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    Os dias que precederam a tão esperada Primeira Tarefa se seguiram da mesma forma, e, finalmente, o Grande Dia chegou.


 


    Harry se levantou da cama com ansiedade, vestiu os trajes que lhe forma entregues por Minerva na noite anterior, e saiu em direção ao Salão Comunal em um silêncio pesado, ansioso. Encontrou Gina o esperando sentada em uma das poltrona e seguiu até a namorada, beijando-lhe os lábios carinhosa e apaixonadamente.


 


    — Bom dia. — murmurou a garota, ofegante, com uma nota de preocupação na voz, após se libertarem do beijo. — Como está se sentindo?


 


    — Ansioso e, sinceramente? Com medo. — ele suspirou pesadamente, indo abraçar Hermione, que vestia uma roupa parecida com a sua.


 


    — Não se preocupe, Harry. — disse a garota Granger — Vai ficar tudo bem. Nós estamos prontos. E lembre-se, qualquer coisa, use o Accio para convocar sua vassoura.


 


    O moreno assentiu com um sorriso, e ele, junto à namorada, o irmão e os amigos, saíram pelo buraco do retrato em meio a ovações e desejos de sorte de todos os que passavam por eles.


 


    Chegaram ao salão Principal rapidamente e depararam-se com os Black, os Potter, os Longbotton, os Weasley, Remo Lupin e uma garota de cabelos rosa-chiclete, que Harry apenas reconheceu por estar no casamento de seu padrinho, cumprimentando vários pais de alunos que compareceram para assistir o Torneio e conversando animadamente com os alunos que os encaravam com admiração.


 


    — Bom dia, mamãe, papai, padrinho, madrinha, tia Molly, tio Arthur, tio Frank, tia Alice, tio Remo e... Desconhecida que estava no casamento dos meus padrinhos. — disseram Harry e William em uníssono.


 


     — Bom dia, garotos. — disseram os marotos, Frank e Arthur em uma sintonia que se assemelhava à dos irmãos Potter.


 


    — Bom dia, queridos — disse Lílian envolvendo os filhos em um abraço apertado. — Onde está sua irmã?


 


    — Eu não sei. Por que não pergunta ao Diggory? — Harry deu de ombros, segurando Gina pela cintura.


 


    Tiago ergueu as sobrancelhas.


 


    — Por que eu faria isso? — questionou.


 


    — Porque a Lilly não fala conosco desde que ela aceitou o convite do Cedrico para ajudá-lo na Tarefa. — respondeu Will. — Ela se afastou completamente de nós, e só tem andado com o grupinho dele.


 


    Lílian assentiu como se já soubesse disso.


 


    — O quê? — exclamou Tiago. — Como assim?


 


    Harry e William deram de ombros, sentando-se à mesa junto aos amigos.


 


    — Ora, Tiago. Deixe a garota. — disse Lílian. — Ela já é grande o suficiente para tomar as próprias decisões e andar com quem ela quiser, e não apenas com os irmãos.


 


    — Mas... Lills! — choramingou o patriarca dos Potter.


 


    — Sem “mas”, meu amor. — disse a ruiva olhando para a mesa da Lufa-Lufa. — Oh, ali está ela. Venha. — puxou a mão do marido. — Vamos falar com nossa filha.


 


    Os dois saíram e Sirius gargalhou.


 


    — Eu não canso de ver a Lílian mandando no Tiago e vê-lo obedecendo ela como um servo obediente.


 


    Remo riu.


 


    — Você fala como se não agisse exatamente da mesma forma em relação à Lene, Almofadinhas. — pontuou, gerando acenos e murmúrios de concordância dos demais que assistiam o diálogo.


 


    — Eu não sou assim, não! — retrucou Black.


 


    — Ah, não, padrinho? — perguntou William com desdém. — Então por que, mesmo que você não foi à Copa conosco?


 


    — Porque eu quis. — respondeu Sirius em um tom vitorioso.


 


    — Na verdade, meu amor, — começou Marlene com um tom doce. — Você queria ir, mas eu pedi a você para me acompanhar nas compras no Beco Diagonal, lembra?


 


    Sirius olhou a esposa.


 


    — Claro que lembro, meu amor. — disse, acanhado, abaixando a cabeça ao ouvir as estrondosas gargalhadas dos demais.


 


    Por fim, todos iniciaram conversas paralelas, animadas.


 


    — Então... — começou Harry, virando-se para a desconhecida conhecida. — Sem querer ser rude, mas... Quem é você?


 


    A mulher, que estava sentada ao lado de Lupin, riu.


 


    — Essa, Harry, — disse Lupin com um sorriso. — é minha... — pigarreou. — Hmm... Minha...


 


    — Eu sou Tonks. — disse a mulher com um largo sorriso. — Sou a namorada do Remo.


 


    Harry sorriu.


 


    — É um prazer, Tonks, e... Parabéns aos dois, eu acho. — um sorriso característico de Tiago apareceu no rosto do garoto.


 


    — Atenção, alunos e convidados. — Dumbledore pronunciou-se. — Peço que se dirijam até o Campo de Quadribol, e acomodem-se lá. Os Campeões e seus escolhidos devem seguir a Professora McGonagall até o lugar onde vocês ficarão até iniciarem a Tarefa. Obrigado.


 


    O alvoroço de alunos e pais desejando sorte aos campeões foi rápido, e Harry e Hermione seguiram lado a lado até a mesa dos professores, onde Minerva se encontrava sentada com um semblante sério, mas, quando olhava para Harry, seus olhos brilhavam com orgulho e temor.


 


    Fleur, Krum, Harry, Cedrico, Hermione, Hailey e mais dois jovens das outras escolas seguiram a professora em silêncio até o Campo de Quadribol, onde entraram por uma das passagens e se viram dento de uma grande lona, que possuía uma escada com um canhão no centro e os impedia de ver qualquer coisa que acontecia ao lado de fora da mesma. Minerva se separou deles com um “volto logo” e partiu em direção às arquibancadas do Campo.


 


    Os oito jovens se acomodaram na barraca improvisada, ansiosos, sentindo pela primeira vez o real peso do medo que os consumia por se verem tão próximos da primeira etapa de algo tão grandioso.


 


    Hailey sequer olhava para o irmão, mas este não tirava os olhos dela por um minuto sequer. Harry admitia que havia exagerado, mas temia por sua irmãzinha. Ele confiava nela e em suas decisões, e rezava a Merlin que nada ruim acontecesse com a garota.


 


    Minutos se passaram, e um silêncio pesado pairava sobre o grupo, cada qual com seus pensamentos, até que os diretores das três escolas, acompanhados de Filch, McGonagall e dos demais organizadores do Torneio.


 


    — Finalmente chegou o momento. — disse Dumbledore. — Vocês imaginaram, sonharam e ansiaram, e agora estão aqui, em algo que apenas os oito poderão desfrutar.


 


    — Muito bem, muito bem, — começou Bartolomeu Crouch, um dos funcionários de alto escalão do Ministério, segurando um pequeno saco de veludo. — Campeões, façam um círculo aqui. — gesticulou, indicando o espaço à sua volta.


 


    Os campeões obedeceram e foram ajeitados com Fleur ladeada por Krum e Crouch, Cedrico entre Vítor e Harry, e este também ladeando Bartô, tendo seus respectivos diretores e escolhidos postados atrás de si.


 


    — Ótimo. — retomou Crouch. — Aqui, senhorita Delacour. Por favor. — estendeu-lhe o saquinho de veludo. A garota mergulhou sua mão ali e puxou dali de dentro um dragão em miniatura de cor verde pelo rabo. — O Verde Galês. — disse Bartolomeu, e virou-se, prosseguindo com a entrega dos pequenos animais. — Senhor Krum. — Vítor apanhou um dragão avermelhado. — O Meteoro Chinês. — o homem virou-se para Cedrico, que conseguiu um dragão de cor amarela. — O Focinho-Curto Sueco. E sobrou... — chegou a vez de Harry puxar sua miniatura de dragão, sabendo que conseguiria o mais feroz, de acordo com o que lhe fora dito. — O Rabo-Córneo Húngaro.


 


    Harry encarou o pequeno animal encantado sentindo seu estômago girar com ansiedade.


 


    — Cada um desses — Crouch indicou as miniaturas. — representa um dragão real. Cada dragão guarda um ovo dourado. A missão de vocês será enfrentar o dragão que lhes foi sorteado para obterem o ovo, que guarda a chave para que vocês possam desvendar o desafio da próxima Tarefa. Boa sorte.


 


    Filch subiu as escadas bambas e se postou ao lado do grande canhão. O círculo se dispersou e Dumbledore, conduzindo Cedrico e Hailey pelos ombros até a entrada da lona, disse:


 


    — Senhor Diggory e senhoria Potter, ao som do canhão, os senhores podem...


 


    Sua fala foi interrompida por um estrondoso barulho partido do rústico objeto. Os olhares de todos recaíram sobre Filch, e este apenas deu de ombros com indiferença.


 


    — Bem... Boa sorte. — disse Dumbledore, indicando para Hailey e Cedrico prosseguirem seu caminho até o Campo.


 


    Ambos se encararam, respiraram fundo e, lado a lado, saíram da barraca em meio à ovação dos espectadores.


 


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    Muito tempo se passara e Harry e Hermione eram, agora, os últimos jovens na barraca.


 


    Harry caminhava de um lado para o outro, até que a voz de Dumbledore ressoou pela barraca:


 


    — E agora recebam o quarto e último competidor, Harry Tiago Potter, e sua amiga, Hermione Jane Granger!


 


    Harry e Hermione trocaram um rápido abraço cheio de tensão e, juntos, saíram pela entrada da lona, recebendo urros de encorajamento e vaias dos torcedores dos outros campeões.


 


    O Campo de Quadribol estava completamente modificado. A grama verde-esmeralda dera espaço a um mar de pedras negras, pontudas e irregulares. Harry e Hermione olharam em volta, e avistaram o ovo dourado em meio a um ninho com outros três gigantes ovos de dragão.


 


    Os amigos se entreolharam, assentiram, e seguiram caminho até lá, mas foram impedidos pelo enorme dragão feroz que fora visto pelos amigos algumas noites antes.


 


    Harry sentiu uma descarga de adrenalina percorrer seu corpo, mas respirou fundo. Estava na hora de mostrar o resultado dos últimos dias de esforço que ele tivera ao lado da namorada e dos amigos. Agora, mais do que nunca, Harry sentia vontade de se provar em frente à sua família, amigos, colegas, professores e visitantes.


 


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