Capítulo VI



What would you wish for if you had one chance?


 


Eu estava bem melhor, ainda mais depois de dormir por tanto tempo. Não que eu tenha dormido demais, mas acordei bem em cima da hora. Clarisse não estava no quarto. Estranhei. Será que ela já teria se arrumado?


Ou não.


- Você não está pensando em entrar naquele chuveiro agora, está, Bela Adormecida? – ela perguntou surgindo das sombras.


- Estava sim. Aliás, estou. E vou. Não sei se você sabe, mas a sobrinha e dona do quarto sou eu. Tenho minhas preferências aqui, fofinha.


- Você é a pessoa mais insuportável do mundo. Também não sei como Sirius um dia foi amar você. Que bom que passou – ela riu.


- Relaxa. Nada do que você disser vai tirar a paz que me invadiu agora. Além do mais, pelo ele me amou algum dia, né? – mandei um beijo pra ela, peguei meu vestido e corri pro banheiro.


Ela deu um soco na porta assim que eu a fechei e eu consegui ouvir seus gritos saindo do quarto. Chamava por James. Ri um pouco mais e liguei o chuveiro. Minha cara estava péssima, meu cabelo meio pro ar.


Mais um banho. Inacreditável que eu estava tomando o segundo no mesmo dia. Nós estávamos no inverno! Mas dessa vez não lavei meu cabelo. Apenas o penteei quando sai do chuveiro. Aliás, enquanto passava a escova nele, me surgiu uma ótima idéia. Peguei meu vestido, segurei a toalha em volta do corpo e sai correndo pro quarto da minha tia, pois sabia que minha mãe e ela estariam lá.


- Com licença – abri a porta.


As duas levaram um susto pequeno, mas logo se recuperaram e me mandaram entrar.


- O que você está fazendo aqui, filha? – minha mãe perguntou – Nesse estado, ainda por cima.


- Vim pedir ajuda – disse sem muita certeza. – Vocês querem...


- Ajudar você a se arrumar? – os olhos da minha tia e da minha mãe brilhavam diante de mim.


Isso eu temia.


- É... Digamos que sim.


- Senta aí – minha tia mandou e foi pro banheiro pegar umas coisas. – Marie, pega tudo de maquiagem que você encontrar.


Engoli a seco e as deixei começarem. Minha tia surgiu com milhões de coisas esquisitas na mão, que eu supus que eram pro cabelo. Passou, passou, passou, penteou, e passou de novo alguma coisa diferente das três primeiras. Pegou um laço verde claro e uma gominha pequena. Amarrou um pedaço do meu cabelo mais pro lado esquerdo que o direito e depois colocou o laço.


Logo em seguida, ajudou minha mãe a separar as coisas. Passaram corretivo, base, e depois um pouco de pó. Pegaram o blush, depois veio a vez dos olhos. Decidiram uma sombra azul e verde bem clarinhos, que fosse clareando da ponta do olho (do lado do nariz) até o final e acabasse em bege. Pra mim parecia loucura. Mas elas fizeram aquilo ficar bonito, como eu notaria mais tarde.


Passaram, também, um lápis escuro no meu olho, um traço bem fino e deram uma esfumaçada. Não atrapalhou a sombra legal que elas haviam tido tanto trabalho de passar. Pegaram um iluminador e passaram perto da sobrancelha e aquele lugar onde o olho acaba, do lado do nariz (de novo). Pegaram um batom que era um rosa meio claro, meio brilhante, até bonitinho. Passaram e por cima um brilho com os dedos. Com os dedos eu quero dizer, ficaram pipocando os dedinhos na minha boca passando aquilo.


Era a segunda vez na minha vida que eu havia sido uma bonequinha delas. A primeira voluntária. Quando me olhei no espelho, não me arrependi nem um pouco. Eu estava maravilhosa. Coloquei o vestido, e minha tia pegou um sapato de salto pra mim. Eu amava salto, apesar de não parecer (não sei se pareço tão feminina assim). E por mais que seja uma criação masculina pra bunda da mulher parecer maior e pra dificultar nossa fuga, eu gostava.


Gostava também de batons vermelhos (nunca passei um, ainda assim), mas isso era outro assunto. A questão é: eu estava linda com meu vestido, que havia ficado um pouco mais curto do que eu pensei, e os saltos verdes claro da minha tia.


- Obrigada, de verdade – abracei as duas. – E acho melhor vocês se arrumarem, né? Atrasei bastante vocês duas.


- Imagina, você sabe o quanto a gente ama isso – minha tia disse.


- Além do mais, nós nos arrumamos em segundos – uma piscadinha da minha mãe.


- Boa sorte – disse.


Como se fosse preciso.


Sai do quarto. Elas já estavam falando desesperadas quando fechei a porta, procurando milhões de coisas. Sorri comigo mesma e fui andando até o quarto, pra passar meu perfume. Era só o que faltava. Clarisse estava no banheiro, pois eu a conseguia ouvir cantar. Se é que aquilo se chamava cantar.


Assim que estava cheirando a Angé or Demon, decidi descer e olhar um pouco as estrelas da varanda. Eu sabia que devia estar frio, mas na varanda havia uma lareira, pra que as pessoas pudessem sentar lá sem morrerem congeladas, então, talvez ficasse tudo bem. Além do mais, o frio não estava tanto esse ano. E você se acostuma depois de um tempo.


Olhei para o céu. Em alguns minutos que eu estava lá, vi uns dois aviões passando. James e eu morávamos bem perto de um aeroporto. Aliás, “bem perto”.


- Fazendo o quê? – Lily surgiu do meu lado e perguntou.


Estranhei. Estranhei muito, mas achei que não era bom ser grossa – como fui com James uma noite no corredor.


- Tentando fingir que os aviões são estrelas cadentes – falei depois de um tempo.


- Uhm, sério? Por quê?


- Acho que eu realmente poderia usar um pedido agora.


- E o que você pediria?


- Pra voltar pra uma época muito mais simples que isso.


- Você quer dizer, voltar pra antes das coisas que você fez? – ela estava agora de lado, olhando pra mim.


- Antes das coisas que aconteceram, eu prefiro – me virei também.


- Não consigo entender. Já tem um tempo. Por que só agora você parece querer se levantar e retrucar todas as coisas da qual você foi acusada?


- Acho que comecei a pensar com mais clareza. Sabe como é o natal pra mim. Além do mais, chega um ponto em que você cansa de sofrer por uma coisa que não sabe se fez.


- Isso me parece culpa. Esse seu sentimento todo de querer nos convencer que você não errou. Você deve estar se sentindo culpada com o que fez, quer que a gente te perdoe e tudo volte a ser como era antes.


- Eu me sinto culpada, Lily. Mas eu não sei se é justo, só isso. Não estou pedindo ninguém pra me perdoar e me aceitar de volta. Quem quer descobrir a verdade sou eu, pra que eu possa viver em paz comigo mesma.


- O Sirius te viu, Marlene. Não dá pra fingir que te doparam. Ele viu você ficando com outro cara.


- Você viu? – perguntei.


- Não. Mas o Sirius nunca mentiria sobre uma coisa dessas.


- Eu sei. Mas você sabe muito bem que ele seria incapaz de enxergar qualquer coisa errada comigo, caso houvesse.


- Você quer dizer, ele não saberia dizer que você estava dopada? Ou sei lá o quê?


- Você acha que ele saberia?


Ela parou um pouco pra responder: - Tudo bem. Talvez não soubesse. Mas e as coisas do plano? Eles não teriam como descobrir sem algum de nós contar. E você não pode por a culpa em ninguém dali, isso seria tentar aliviar sua própria barra culpando outro.


- Não vou culpar ninguém. Mas caramba, você vive num universo de magia. As pessoas podem usar ela às vezes por mal, entende? Poderiam ter feito milhões de coisas comigo. Eu não sei, eu não me lembro de nada.


- Não lembra porque bebeu demais.


- Que seja. Ainda podem ter feito milhões de coisas comigo.


- Sei lá, Marlene. As coisas se encaixaram – ela já estava meio nervosa.


- Às vezes eu me pego pensando – voltei a olhar pras estrelas – Isso dói em mim também. Saber que os meus melhores amigos, a minha melhor amiga preferiu acreditar em alguém que a odeia e que ela odeia também, que disse que a melhor amiga dela havia a traído.


Lily abriu a boca algumas vezes e não soube o que dizer. Ficou um tempo parada, olhando pra mim. Pude ver que seus olhos verdes estavam molhados.


- Me desculpa – disse e saiu.


Desculpa por não ter o que dizer, Evans? Por não saber mais como negar que quem errou aqui foram vocês? Ah, eu que já não sabia mais o que dizer.


 


                                                       [...]

Olá pessoas! Estou de volta com tudo (vide meu aviso lindo hehe). Já estou começando a reler as fanfics todas, e nossa... Eu tinha esquecido como a F&B tem tantos escritores bons! É inspirador ler algumas fics daqui. E voltei a escrever também. Tenho um triste notícia, btw. Acho que esse é o penúltimo ou antepenúltimo capítulo da fic. Meio estranho, né? Eu ia tentar fazer dez capítulos, mas não tá dando muito certo, e não sei se eu vou conseguir... Vou pelo menos tentar terminar em nove, porque eu não sou muito fã do número oito não, hahaha.
É isso, pessoas queridas. Espero que gostem desse capítulo novo, hihi. Beijos grandes e enormes! E eu devo postar o próximo por volta de sexta ou sábado, talvez pouco antes ou talvez pouco depois.  

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Comentários (3)

  • Prado Soares

    nao qro q a fic acabe T-T mas devo dizer, estou anciosa pelo final... qro ver a Clarisse quando provarem a inocencia da Lena *--* volta logo, flor... bjz ;*

    2011-05-23
  • Caroline Black Malfoy

    amei o capitulo, gostei das coisas que a Marlene disse para a Lily, e acredito na inocência da Lene. Tomara que ela e o Sirius fiquem juntos *-*. E não acredito que ja esta acabando :ss. Estou curiosa pelo próximo, bjus ;*

    2011-05-22
  • Gaby Black.

    já te disse que estava com muita saudade de ler suas fics? hehe :)mas que pena que já tá acabando... :/ mas tudo bem, se você escrever outra(s) logo em seguida! ;Pah! e quando tiver tempo, passa lá em "bonequinha". logo mais devo postar o 18!beijão

    2011-05-22
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