Capítulo V



Assim que terminei de almoçar, pedi licença e me retirei com meu prato para a cozinha. A idéia de um dia melhor não estava completa, considerando que Clarisse e Sirius fizeram questão de demonstrar um amor fictício durante todo o almoço. Fui para a pia e comecei a lavar o prato e o copo que eu havia usado.


Enquanto fazia isso, minha mente vagava sobre milhões de coisas que eu gostaria que acontecessem com Clarisse. Como o dedo dela se tornar verde; soube que Sirius ia lhe dar um anel de compromisso, ou qualquer coisa assim. Por mais que isso só mostrasse o quanto aquele romance era falso (ele odiava anéis de compromisso), me deixava com raiva. Com ciúmes.


E eu sabia que qualquer coisa que minha mente pensasse, minhas mãos poderiam por em prática. Eu nunca conheci ninguém melhor do que eu mesma em realizar qualquer tipo de feitiço. Mas não, estava fora de cogitação descer a qualquer nível mais baixo do que o dela. Além do mais, eu machucaria Sirius de alguma forma, mesmo que fosse deixando-o com mais raiva. Eu não podia fazer isso.


Aquilo era uma guerra entre Clarisse e eu, mas era uma guerra silenciosa e feminina. Não tinha nada a ver com quem ficaria com Sirius – considerando que eu não podia sonhar com a hipótese.


Sirius entrou na cozinha sem olhar pra mim. Deixou o copo e o prato e me encarou. Meus olhos se encheram de lágrimas automaticamente.


- Você devia ter vergonha de chorar – ele me disse.


- Não tenho. Só eu sei como é – respondi.


- Só você sabe? – riu irônico – Olha, não foi a sua namorada que te traiu e traiu a todos os seus amigos. Não foi a mulher que você ama que te sacaneou duas vezes, uma pior que a outra.


- Não foi a sua também, Sirius.


Sua risada irônica piorou: - Agora você vai negar? Não negou antes, quer negar agora?


- Estou negando o que eu desconheço. A partir de hoje, só vou aceitar que me culpem pelo que eu tiver certeza de que eu fiz sem influência de nenhum tipo de substância.


- Você é pior do que uma vagabunda. Não sei como um dia fui amar você – disse e saiu da cozinha.


Eu tentei continuar a lavar a louça e ignorar o que ele havia dito, mas era impossível. Gritei alto e sentei no chão da cozinha. Sequer percebi que havia uma faca em minha mão, uma que eu estava lavando. Mas quem percebeu foi meu pai que chegou correndo e tirou a mesma das minhas mãos.


Estava quase todo mundo lá. Alguns por curiosidade (Lily, Emmeline), alguns por preocupação. Outros nem estavam. Meu pai estava do meu lado, me perguntando o que havia acontecido.


- Me tira daqui – sussurrei.


Ouvi que ele pedia a James pra me levar ao quarto enquanto ele arrumaria a bagunça de água que eu aparentemente joguei no chão e um copo que – eu não sei como – eu quebrei. Quando levantei, senti uma dor aguda nas costas.


- Fica calma – James me disse baixinho e foi me carregando do melhor jeito possível até meu quarto.


O melhor jeito possível doía, doía muito. Aquela coisa nas minhas costas estava me matando. Implorei pra que James olhasse o que era. Um caco de vidro. Ele tirou e aquilo doeu mais do que tudo. A única coisa que doía mais do que minhas costas, era o meu coração, sufocado pelas coisas que Sirius me falou.


- O que aconteceu? – ele perguntou enquanto pegava uma caixa com coisas de primeiros socorros.


- Não é mais fácil se usarmos magia? – Remus surgiu atrás dele e perguntou.


- Eu não consigo pensar em nada.


- Acho que eu sei alguma poção que podemos fazer pra ela tomar. Posso tentar, apesar de não ser tão bom em poções.


- Quanto tempo? Ela tem que ficar parcialmente boa até hoje à noite. É natal.


- Não foi nada demais o que aconteceu com ela. Não deve demorar mais do que uma hora. Onde ficam as coisas?


- No escritório da minha mãe. Último quarto à direita.


- Ótimo.


- Remus – falei baixinho – Obrigada.


Ele não respondeu. Apenas se virou e saiu. Olhei para James e senti toda a piedade dele. Eu devia estar digna de piedade. Deitada na cama, virada de lado, chorando e gemendo de dor. Alem de toda a coisa de aquilo só ter acontecido pelas coisas que o Sirius me falou e o tanto que eu não agüentei escutar essas mesmas coisas.


- O que aconteceu, Lene?


- O Sirius falou algumas coisas, eu não agüentei, eu... Ah, James. Desculpa. Não é tão fácil quanto parece. Eu amo o Sirius.


- Eu sei disso, Lene. Ele também te ama, você deve saber.


- Não precisa mentir só por causa da minha situação.


- Não estou mentindo – ele abriu um pouco os olhos. – Imaginei que você soubesse. Ele não teria ficado tão chateado se fosse a Emmeline, por exemplo. Aliás, o que deixa ele mais chateado não é o fato de você ter contado o nosso plano. O que mata é a cena de você beijando outro cara.


- Eu...


- Eu sei. É por isso que eu continuo querendo acreditar em você. Conheço você bem, sei o quanto você ama o Sirius, o quanto você sempre amou e lutou pra aquele idiota te amar de volta. Você não iria jogar tudo isso simplesmente fora, não entra na minha cabeça.


- Nunca – não conseguia dizer nada. Minha cabeça só processava frases retardadas.


- Mas ele precisa de tempo pra entender que você não faria uma coisa dessas. Ou pelo menos tempo pra perdoar isso, e aí quem sabe, conversar com você. Ele te ama, não esquece isso.


- Não...


- Ele fala de você à noite inteira – James me atropelou. – E eu sei bem o que eu estou afirmando. Agora me diz as coisas que ele falou.


Gemi um pouco, mostrando que eu não queria repeti-las em voz alta.


- Tudo bem – ele suspirou – Eu pergunto ele depois.


Ficamos em silêncio. Eu procurei me concentrar em toda a dor física que eu estava sentindo, James estava se concentrando em algo que eu não sabia o que era. Meu pai surgiu em algum meio tempo e ficou conversando com James sobre o que havia acontecido. Pelo visto, ele estava com raiva de Sirius e acha que aquilo tudo era culpa dele, e James garantiu a ele que falaria com Sirius mais tarde e resolveria aquilo tudo.


Depois de um tempo Remus apareceu e me deu uma espécie de copo com alguma coisa de cor esquisita. Tomei sem pestanejar.


- Você vai ficar melhor logo, eu espero – Remus disse. – E Marlene – abaixou e ficou perto de mim – Relaxa. Eu não te odeio. Não deixaria você sofrer mais do que eu já deixo. James e eu conversamos, e eu já estou descobrindo algumas coisas sobre o que aconteceu, coisas que eu suspeito desde o dia em que tudo se desenrolou.


- Remus... – queria agradecê-lo, mas não consegui.


Toquei seu rosto e sorri, como minha humilde forma de agradecimento.


- Mas eu e James estamos em uma posição complicada. Ele é mais forte do que eu pra ignorar aqueles caras. E aquelas mulheres, principalmente. Além do mais, Lily e ele ainda não namoram. Desculpa não poder estar aqui e nem ter estado nunca, mas você precisa esperar mais um pouco.


- Tudo bem. Não é sua culpa, Remus. É minha.


- Não mesmo – sorriu e se afastou. – Vou ver o que eles estão pensando e dar notícias – disse pra James.


- Eu vou com você – se levantou, veio até mim e beijou minha testa – Eu juro que vou resolver isso.


E então eu fechei meus olhos devagar e dormi, sonhando com o dia em que eu teria minha nuvem de felicidade de volta.


 


                                                         […]

Ainda sem computador. Perdão pela demora pra postar o capítulo e desculpa por não ter lido ainda a fanfic de todo mundo que eu tava lendo (mais uma vez). Juro que logo as coisas voltam ao normal! Agradeço do fundo do meu coração a todos os comentários, vocês não fazem idéia de como eles me deixam feliz... Desejo tudo de melhor pra todo mundo! Queria poder responder comentário por comentário, mas não posso.. Considerem-se, porém, respondidas. Beijo enorme! Volto com um capítulo novo pelo meio da semana. 

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Comentários (2)

  • Caroline Black Malfoy

    aaaaa, que dó da lene :ss não vejo a hora de o Remus e o James descobrirem algo para revelar a verdade, não aguento mais ver a dor da lene, é eu realmente entro no personagem que leio '-'. não vejo a hora da Marlene e o Sirius voltarem, e se a lene quiser ajuda para matar a Clarisse eu ajudo o/. o capitulo esta perfeito, e estou esperando o próximo, bjus ;*

    2011-05-08
  • Prado Soares

    vai ficar td beeem... vai ficar td beeeem... *puladealegria* olha só, nao sou fa de sirius/marlene, nao me eprgunte pq! mas eu todoida pra ver esses dois juntos logo, pra td mundo ver q a Lene nao fez nada, pelo menos, nãode propósito... esperando o prox, viu? ;*

    2011-05-08
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