Planos vingativos



--Hermione! Levanta, temos aula daqui a pouco...


 


Harry estava no dormitório feminino vazio, exceto por Hermione, que não se levantara ainda. Harry puxou o dossel da cama dela, e encontrou-a dormindo abraçada a um ursinho que Rony tinha lhe dado de presente. Ele fez um muxoxo e se sentou na cama, ao lado dela.


 


--Mione... –O moreno apertou o ombro dela com cuidado e chamou baixinho. –Mione, levanta, vai...


 


Ela se virou e abriu os olhos, se assutando quando viu Harry ao seu lado.


 


--Harry? O que você está fazendo aqui? Como entrou?


 


--Gina me ajudou a entrar. Ela disse que você não respondeu quando ela falou com você. Mas é bom você se levantar, temos aula daqui a pouco e, bem...  você não está com uma cara muito boa...


 


Seus olhos se encheram de lágrimas. Não pelo que Harry tinha dito, mas pelo que havia acontecido na noite anterior.


 


--Eu não quero ir hoje. –Ela disse taxativa.


 


--Não faça as coisas ficarem piores do que já estão, Mione. Eu não sei o que aconteceu direito, por isso nós vamos conversar depois. –ele suspirou cansado. –Olha, o Rony também está péssimo lá no salão, nem está comendo como sempre. Mas você não pode ficar aí pro resto da vida.


 


Ela abaixou a cabeça, se sentindo culpada.


 


--Eu vou sair pra você se arrumar, mas eu estou te esperando lá no salão comunal. –Ele se levantou. –E nem pense em dormir novamente.


 


Ela assentiu desanimada, e se levantou. Harry saiu do quarto e ela foi tomar um banho, rezando para que a água quente levasse os seus problemas, mas foi muito desapontada que saiu do chuveiro para se trocar.


 


Vinte minutos depois, ela desceu para o salão comunal e encontrou Harry sentado, fitando a lareira, aparentemente com os pensamentos bem longe. Ela se postou ao lado dele, que logo pareceu voltar ao mundo.


 


--Está pronta? –ele perguntou se levantando.


 


A morena assentiu com a cabeça.


 


--Então vamos tomar café.


 


Eles foram caminhando em silencio até o Salão Principal, onde muitos alunos já estavam de saída para as aulas. Vários colegas da Grifinória encaravam a garota, pois a maioria já estava sabendo do ocorrido.


 


Hermione murmurou um bom dia pra Gina e Rony, que estavam sentados comendo, mas o Ruivo não respondeu e se levantou, pegou a mochila e saiu de lá, sem ao menos se despedir. Hermione caiu no choro.


 


--Calma, Mione. Daqui a pouco ele vai perceber que foi tudo culpa da Lilá. –Gina tentou consolar.


 


--Não foi culpa da Lavander, foi minha! –Cada palavra era pontuada por um soluço. –Eu devia ter prestado atenção e impedido tudo isso...


 


--Será que vocês podem me contar exatamente o que aconteceu? –Harry pediu em voz baixa.


 


Hermione secou as lágrimas e começou a contar, com a ajuda de Gina. Harry ouviu tudo calado, e no fim da narrativa comentou:


 


--Ela não vale nada mesmo. Você salvou a vida dela, e ela faz assim. –Ele deu uma pausa, pensativo. –Temos que descobrir um jeito do Rony saber de tudo. Sabe, eu entendo ele, a cena não foi muito legal...


 


Hermione baixou a cabeça.


 


--Mas não vamos pensar nisso agora. –Harry começou. –Temos uma aula de DCAT agora. Vem.


 


Ele pegou a garota pela mão, fazendo-a se levantar. Deu um selinho na namorada e foi para a sala da professora Laura Mendes.


 


A pofessora já estava na sala quando eles entraram, mas Rony não estava lá. Os dois se sentaram nos lugares de sempre. Os colegas foram entrando e se acomodando, mas nem sinal do Ronald.


 


Depois da sala se aquietar, a professora foi conferir a lista de presença, e parou no nome do ruivo.


 


--Alguém sabe o que aconteceu com o Sr Weasley? Ele não deve estar na enfermaria, ou me mandariam uma mensagem.


 


Harry não sabia o que responder, mas quando foi abrir a boca, Pansy Parkinson gritou lá do fundo:


 


--Ele deve estar com dor de cabeça, professora. Afinal, estão colocando muitas coisas na cabeça dele...


 


O pessoal da Sonserina explodiu em gargalhadas. Hermione, que estava tirando um livro da mochila, nem se importou de onde estava e bateu o livro na mesa com toda a força e raiva que tinha.


 


Os risos cessaram, e a professora olhou confusa dos Sonserinos para Hermione, que estava com o rosto vermelho de raiva.


 


--Dobre essa sua língua gigante para falar dele, Parkinson. –Sua voz continha tanto ódio, que Pansy nem respondeu.


 


A sala, ainda em silencio, assistiu Hermione recolocar as coisas na mochila e sair da sala com os passos firmes.


 


--Mas o que foi isso? –Laura estava com os olhos arregalados. –Alguém pode me explicar?


 


Depois da explosão de Hermione, ninguém ousou responder à professora. Harry levantou a mão e pediu:


 


--Professora, será que eu posso ir atrás dela? Ela não está muito bem, pode ser perigoso...


 


--Vá, vá! Depois o Sr volta para me explicar o que aconteceu. –Ela respondeu, e depois se voltou para a turma. –Bem, ainda temos uma aula. Vamos voltar ao assunto...


 


Harry recolheu suas coisas e saiu da sala, à procura da amiga. Ele olhou no corredor e não a viu, mas tinha uma suspeita de onde ela estaria, ainda mais conhecendo-a há quase dez anos. Logo, ele seguiu para a biblioteca.


 


Hermione estava sozinha no canto mais escuro do lugar, com um livro virado de ponta cabeça na frente do rosto.


 


--Sabia que você estaria aqui.


 


Ela levou um susto e abaixou o livro. Apesar de estar péssima, não estava chorando.


 


--Você devia estar na aula. –Ela comentou.


 


Ele se sentou ao lado dela, numa cadeira vaga.


 


--Eu estou com uma idéia, sobre o que podemos fazer para... hum.. ‘desmascarar’ a Lavander.


 


Harry fez uma careta e a garota deu uma risada sem graça pelo nariz.


 


--Qual é a sua idéia brilhante? –A voz dela saiu deprimida.


 


--Vem comigo. –ele ofereceu a mão pra ela.


 


--Temos aula, Harry...


 


--Você não estava muito preocupada com isso quando saiu da sala, não é? –Ela corou. –Vem, só tenho que conferir uma coisa.


 


Eles saíram da biblioteca e desataram a correr no corredor, que estava deserto por causa do horário de aula. Os dois entraram afobados no salão comunal, largando as mochilas num sofá.


 


--Espere só um minuto, Mione...


 


Ele subiu para o dormitório e logo desceu, trazendo a capa da invisibilidade e o mapa do maroto.


 


--O que você...?


 


Ele não respondeu, porque Edwiges estava batendo o bico na janela, com uma carta. Ele sorriu e foi até lá, pegando a carta.


 


--Que rapidez! –Comentou adimirado –Vamos à Hogsmead, o Jorge está lá.


 


--Vamos aonde??


 


--No caminho eu te explico.


 


Ele murmurou ‘Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom’, e começou a procurar alguma coisa.


 


--O corredor está deserto, mas o Filch está um andar abaixo. Se formos logo dá tempo. –Ele resmungou para si mesmo.


 


O brilho de aventura proibida estava presente nos olhos de Harry. Era bom estar de volta à ativa. Ele apagou o mapa e saiu da sala, sendo seguido de perto pela amiga.


 


--O plano é o seguinte, Mione: vamos pedir Veritasserum pro Jorge, ele deve ter na loja. Depois nós vamos ‘conversar’ com a Lavander.


 


--Harry, você é um Gênio!


 


Ele se surpreendeu com o elogio e sorriu. Abraçou a amiga e saiu andando em passos largos até a estátua da corcunda de um olho só. Eles abriram a passagem e entraram.


 


--Por que toda essa determinação, Harry? –Hermione perguntou de repente.


 


--Eu não posso deixar meus irmãos assim, Mi. –ele respondeu com a testa franzida. –Vocês fizeram muito por mim, eu tenho que retribuir.


 


Ela ia protestar, mas ele continuou sem dar tempo dela falar:


 


--No começo eu achava que ficaria sozinho se vocês ficassem juntos. –Ele admitiu envergonhado. –Mas parece que ficamos mais unidos ainda. Meio sem sentido, não é?


 


Hermione concordou, e eles começaram a rir.


 


--Só você pra me fazer rir uma hora dessas...


 


Eles chegaram no alçapão do porão da Dedosdemel e vestiram a Capa, indo logo em seguida.  Ainda cobertos, eles foram para a loja de logros.


 


--Oi Jorge! –Harry cumprimentou o ruivo que estava escorado no balcão. –Tudo bem?


 


--Tudo certo. Oi Hermione.


 


Ela deu um tchauzinho pra ele.


 


--O que aconteceu? Você não disse nada por carta...


 


--Precisamos da sua ajuda, Jorge. –O mais velho olhou intrigado. –Aconteceu uma coisa...


 


--Está relacionado ao fato do Rony estar lá em cima, no quarto, dormindo depois de eu ter jogado ele embaixo de uma água gelada? Ele estava muito mal, quando eu o encontrei bebendo no Três Vassouras.


 


Hermione mordeu o lábio inferior, e Harry respondeu:


 


--Sim, é exatamente por isso. Vou te explicar o que aconteceu...


 


Harry e Hermione contaram tudo para Jorge.


 


--Ok, entendi. Mas por que vocês precisam da minha ajuda? O Rony não escuta o que eu falo, se fosse o Gui...


 


--Não é nada disso, Jorge. Eu já tentei falar com ele. –Hermione suspirou –Precisamos de produtos para fazer a Lilá confessar que ela quem armou tudo. Tem como?


 


--Ok, entendi. O que vocês precisam?


 


Harry quem respondeu:


 


--De preferência Veritasserum.


 


--Não tenho Veritasserum, é muito difícil de comercializar, mas... –ele acrescentou ao ver as caras decepcionadas dos dois. –Eu inventei uma poçãozinha chamada “Confissão de Ladrão”, que pode ser mais útil que a poção da verdade...


 


O ruivo foi para um lugar no fundo da loja, onde haviam diversos vidrinhos coloridos com as mais variadas poções. Ele pegou um vidro com um liquido meio azul-transparente.


 


--Como funciona? –Hermione perguntou curiosa.


 


--Simples: você tem que fazer ela beber isso aqui. Em menos de cinco minutos ela vai começar a contar as ultimas cinco coisas beeeem erradas que ela fez. E normalmente a pessoa grita, e depois fica com uma mancha estranha na testa, escrito ‘Confessei’. Tirei a idéia da sua azaração na AD, Hermione.


 


Os outros dois sorriram e pegaram a poção. Era a coisa perfeita, realmente. Eles agradeceram e voltaram para a escola.


 


Os dois chegaram no salão comunal no meio do almoço. Correram para o Salão Principal, e encontraram Gina atônita procurando por eles.


 


--Onde vocês estavam? –ela perguntou nervosa.


 


--Em Hogsmead. –eles responderam juntos.


 


--Fazendo o que?


 


Harry e Hermione explicaram tudo para Gina, que ficou fascinada.


 


--Bem, agora é esperar. –Hermione fez uma cara maquiavélica. –A oportunidade vai chegar, e aquela vaca vai se ferrar, ah se vai!

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