#capítulo seis



Capítulo Seis
Ou
Things Are Looking Up, Oh Finally!


O dia não começou de todo mal. Sirius e Remus conversavam sobre os anos que passaram afastados do mundo em que viviam, James tentava apagar a fogueira já baixa, Lily ainda estava adormecida, e Dorcas e Marlene tentavam desvendar os mistérios dos dois rapazes recém-chegados.


- Princesa? – James chamou, olhando distraído para as copas das árvores folhosas.


Lily não queria realmente se levantar. O dia anterior tinha sido muito agitado e temia que se saísse daquela posição, as coisas piorassem ainda mais. Porém, mesmo contra vontade, abriu os olhos. Enxergou James piscando para ela de modo abatido.


- Hmmm? – ela falou.


- Ah, oi – James estampou um sorriso aliviado – Hm, o Sol já acordou. Você também deveria acordar. Hm, se quiser, claro – acrescentou rapidamente.


- Levantarei, sim. Obrigada – ela disse, ainda sonolenta. James continuou encarando-a com extrema calma. A Princesa começou a se sentir desconfortável, então puxou conversa, ainda deitada, onde tinha um ângulo horrível de todos à sua volta – Todos já se levantaram?


- Sim. O pirata foi buscar mais água no cantil de Remus com Marlene e temos um abastecimento de água bastante confortante – James lhe disse.


- Ah, que bom. Estou morrendo de sede.


- Posso lhe alcançar um cantil – James ofereceu rapidamente, erguendo-se da grama amarelada.


Lily se endireitou melhor.


- Não precisa. Já estou de pé – ela comunicou, espreguiçando-se demoradamente.


- Certo. Hm, Sirius me disse que o Rio está apenas a algumas horas daqui. Disse também que não precisaremos caminhar o dia inteiro.


- Como ele sabe de tudo isso se é um pirata? Quero dizer, piratas vivem no mar.


- Ele disse que vive por essas regiões há alguns anos – James falou.


- Hm. Ao menos temos um guia perfeito – Lily comentou.


James riu.


O grupo levantou acampamento, caminhando para o Sudeste. Sirius, Lily tinha razão, era um ótimo guia. Marlene sempre discordava se suas opiniões, mas ele estava se dando bem com todos. Seu senso de humor era muito bem-vindo entre as meninas.


Com o Sol a pino, açoitando as cabeças de todos, resolveram fazer uma parada rápida para tomarem água e reporem as energias. A caminhada não estava sendo tão cansativa quanto antes, porque o tempo estava mais ameno e o solo não continha imperfeições tão grandiosas. Embora não estivessem tão exaustos, o suor caía nos olhos de todos, irritando principalmente as meninas.


Remus explicava sobre o clima, sobre as guerras e sobre as mulheres. Sirius explicava apenas sobre o mar e sobre as mulheres. James preferia se abster de qualquer assunto que não fosse a expedição e sua honra. Lily, que apenas abria a boca para responder algo realmente importante (quando estava com fome e com sede), achava que James estava com sérios problemas em relação à promessa para com seu pai, mas sorria sempre quando seus olhos se encontravam, sempre gentil.


Dorcas e Remus, apesar de a menina falar muito, estavam se divertindo muito, enquanto ela contava sobre a carreira de Boticária que queria desenvolver, tal como seu pai. Remus, que, quando pequeno brincava com Dorcas no vilarejo, achava que Dorcas estava muito diferente. Não se recordava muito da Dorcas crianças, mas achou que preferia a Dorcas de agora. Não parava de sorrir quando ela ria guinchando, quando este lhe constava sobre o tempo que o Mestre lhe ensinava a lutar como um Cavaleiro. Lembrou-se dos tombos e dos machucados e não pôde deixar de esquecer que, na época que fora embora, sentira muita saudade de brincar como criança e não precisar crescer.


Quando o Sol começou a sumir por entre os Vales que se estendiam no horizonte, pararam novamente. Lily desejava chegar logo ao destino. Para uma Princesa, ela não estava parecendo com uma, naquele momento. Não sabia o que sua mãe lhe diria se contasse que tinha se juntado com três rapazes que, aparentemente, não demonstravam nenhum interesse por ela.


Lily, que era mantida desde pequena muito reclusa do povoado, não sabia como tinha reconhecido Remus. Talvez tivesse se lembrado de seu tom de voz manso e arrastado. Raras vezes, quando ia visitar Dorcas, encontrava-a jogando pedras nas lajotas do chão da Praça Central com ele e ia se juntar com a dupla.


Marlene e Sirius constantemente durante o trajeto. Nenhum dos dois sabia o que havia entre eles para não se acomodarem e se deixarem em paz.


- Olhem – a voz de Sirius pareceu cortada e sufocada.


Avistaram um muro cinza, construído com pedras antiguíssimas. Não estava de todo terminado. Ou talvez era mesmo para ser daquele jeito, Lily julgou, olhando para a parte não acabada, que deixava uma abertura grandiosa.


- Já estamos no Rio? – Marlene perguntou. Não mais reconhecia o local. Ficou constrangida ao constatar que não tinha sido uma boa guia.


- Exato, amor – Sirius confirmou com um aceno – Precisamos apenas conseguir passar para dentro, o que não é muito fácil.


- Por quê?


- Visitantes não são vistos com bons olhos pelos moradores. Dizem que podem trazer pragas e maldições. Por isso há um senhor ali, estão vendo? – ele apontou para o velho encapuzado, sentado encostado no muro.


- Ele é o guardador da região? – Lily perguntou,


- Mais ou menos. Ele é um porteiro, digamos assim.


- O que podemos falar para convencê-lo a nos deixar passar?


- Se eu soubesse já teria lhe falado, Princesa.


- Ah – Lily soltou decepcionada.


Aproximaram-se mais e logo o senhor se deu conta que o grupo o estava encarando.


- O que querem? – o senhor perguntou, e seu tom de voz não era o dos mais agradáveis.


Lily ficou desconcertada. Não imaginava que seria tão difícil.


- Hm, desejamos entrar no povoado – ela disse hesitantemente.


O velho olhou para todos com um olhar tão avaliativo quanto desgostoso e ferino.


- Para quê?


- Que dia é a festa? – Sirius indagou, confundindo o velho.


- O quê? A festa...? Que f... AH! Amanhã, senhores. Vieram para a festança? – o senhor pareceu se alegrar.


- Claro. Adoramos, hm, bruxas – James disse.


O senhor gargalhou.


- Ótimo, mas se eu fosse tu não falaria essa palavra muito alta. Muitos não a apreciam – e do capuz aconselhou.


- Que palavra?


- Bruxas – o velho sussurrou – Porque, apesar das Deusas serem bruxas, tentamos mascarar o objetivo da comemoração – ele disse – Agora, o que são?


- Nossos nomes?


- Não, o que são.


- Ah... – Marlene olhou para o grupo, sem saber o que dizer – Sou dama de honra. Trabalho no castelo.


- Trabalhas no castelo, donzela? E por acaso a P... – então o olhar do velho pousou em Lily, pareceu muito admirado – Princesa?


Lily sorriu pequeno.


- Sim, sou eu.


- Mas o que fazes por aqui?


- Hm, o reino está sendo atacado.


- É mesmo? – ele não pareceu se impressionar tanto. De certo achava que fosse uma mentira – Bem, então é melhor se aconchegarem lá dentro – e os deixou passar para o lado de dentro no muro.


- Obrigada – Lily disse cordialmente.


O caminho não era muito diferente do que encontraram lá fora. Apesar das casinhas no final da vista, tudo era mantido exatamente como sempre. A relva, as flores, os cheiros. Eram iguais.


Quando chegaram à Praça Principal do povoado, se deliciaram com sua beleza.


- Uau – Lily disse brevemente.


- Bem, isso daqui mudou bastante mesmo – James disse.


- Acham que agora podemos descasar melhor? Acham que essa gente nos acolherá? – Marlene perguntou, retoricamente.


- Tomara que sim. Estou precisando descansar de verdade – Dorcas confessou, irritada.


- Esperem – Lily pediu, chamando-os.


Todos se viraram.


- Não quero ficar para a festa – ela disse.


- O quê? Você acha que vou perder uma festa? Eu nunca perco festas. Festas são a minha segunda vida! – Sirius disse chocado.


- Bem. Sinto muito, mas não acha que é conveniente.


- Conveniente? Lily, nós precisamos ficar aqui até eu achar o Menfis! – James disse em tom aborrecido.


- Podemos procurá-lo agora e então não precisaremos fi...


- O que tem a esconder, Princesa? – Sirius perguntou em tom desagradável.


Lily arregalou os olhos.


- Eu sou uma Princesa. Não quero que todos fiquem à minha volta. Estou farta de ser tratada como uma maldita boneca de porcelana!


Ficaram em silêncio.


- Com licença? – uma senhora pediu.


- Olá – Lily montou um sorriso torto e mal feito nos lábios.


- Querem alguma ajuda? – ela perguntou.


- Não – Lily disse categórica.


- Sim – Sirius disse – Queremos em abrigo. Acha que pode nos ajudar?


Lily detestou a idéia.


- Com certeza. Sou uma das Filhas da Boa Vontade.


- O quê? – Lily falou, franzindo a testa.


- Meu compromisso com Artemis é ajudar os necessitados. E bem que vocês estão precisando de minha ajuda.


- Maravilha – Sirius bateu palmas.


E então seguiram a senhora, que às vezes conseguia tropeçar.


Rumaram para uma casinha modesta com uma vasta variedade de utensílios.


A noite caiu rapidamente e as estrelas cercavam o céu como pingos prateados. Após se alimentarem se sopa de miúdos e suco de morangos frescos, a senhora lhes disse:


- Hoje temos s Festa do Sol. Acho que estão convidados.


- É mesmo? E essa festa tem como objetivo...?


- Saudar as Deusas.


- Mas achei que a Festa das Deusas era amanhã – Lily disse, não entendendo.


- E é. Mas a Festa do Sol é uma pré-festa. Teremos dança e comidas e bebidas. É bastante marcante.


- Achei que o povo daqui não era muito chegado a festividades – Marlene comentou.


- Honramos as Deusas – a senhora explicou.


- Bem, não é problemas, então – Remus deu de ombros.


- Não sei se... – começou novamente Lily, muito cética.


- Lily, apenas curta a festa – James lhe aconselhou, colocando uma de suas mãos em seu ombro.


Lily suspirou descontente.


Foram caminhando até a Praça Principal, maravilhados com a beleza do lugar.


A Praça estava apinhada de pessoas muito bem vestidas. Carregavam taças de metal nas mãos e rodopiavam felizes, ao som das vibrações da noite.


Dançaram, cantaram e beberam suco de beterraba.


Então, foram se juntar à fogueira, junto com os mais velhos. Eles sempre carregavam histórias.


Sirius, que estava sendo muito atencioso com todas as moças que via, achou que era hora de tentar descobrir a que destino aquela Princesa estava destinada.


- Vocês já ouviram falar da família Mallazar? – Sirius perguntou.


A Princesa, que não conhecia outros reinos nem outras famílias reais, fez que não, tal como todos.


Sirius achou que tinha entendido o destino. Tinha, enfim, a resposta para algumas perguntas.


- Bem, eles fazem parte da tradição Real.


- E?


- Não quer saber a história de sua família?


Lily assentiu.


- Faço parte dessa família?


- Não, você deriva dela.


- Como sabe?


- Conheço muito das histórias daqui.


- Mas se são histórias... – James interrompeu.


- São verdades – Sirius respondeu categórico – Ouvi a história de seu pai.


- O quê? Meu pai? – James estranhou.


- O pai dele? – Lily sussurrou, olhando para James.


- Exatamente. Ele foi deixado na Travessia dos Mortos há tempos, não?


- É, é o que sei.


- E quer saber por que, não quer?


- É o que venho procurando há anos – James disse.


- Bem, então é melhor eu começar.


Todos assentiram.


Seria melhor confiar no pirata?


- Há muito tempo atrás, existiu Artemis. Como sabem, ela foi amaldiçoada por seu amado, que era um mago, e se tornou uma a Árvore da Sabedoria. Foi a partir dela que derivou a primeira Família Real, a Mallazar. Antonieta Mallazar foi a primeira filha dela. Herdou do pai a graciosidade da magia, assim como suas posteriores.


- Pelo que sei, foi uma Deusa do Fogo – Remus disse.


- O quê?


- As Deusas. Foram quatro Deusas. Todas, obviamente ligadas aos elementos da Natureza, espalhavam amor e energia pela região. Antonieta, a primeira Deusa, era ruiva e de olhos verdes. Era chamada de Deusa do Fogo – Sirius disse e olhou para Lily, que engoliu em seco. O que ele queria dizer com aquilo? – Então, anos depois, Artemis deu à luz a sua segunda filha, Filluna, que anos após ter consciência de seu poder, foi nomeada como a Deusa da Água, pois era loira de olhos azuis. Ela manuseava a água e fazia brotar Rios e Lagos onde bem entendia. Mas, depois que se casou, desapareceu da região e dizem que ela aguarda vingança.


- Por quê?


- Filluna tinha uma grande inveja de Antonieta. Essa tinha muita ganância e almejava poder lidar com o fogo, não com a água. Apreciava o fogo tanto quanto a irmã mais velha. Mas, então, depois que Filluna desapareceu, veio Wyng, a Deusa do Ar. Era morena de olhos bicolores e conseguia mandar nas nuvens e no Sol. Pedia chuva de vez em quando e fazia o Sol parar de se esconder por entre os Vales. Um ano depois, nasceu a última filha de Artemis, Myst.


- Deusa da Terra, não? – James disse.


- Exato. Modelava os Vales e os Morros. Fazia florescer as flores e cuidava dos animais.


- Séculos depois do nascimento das meninas, a família perpetua. Ninguém sabe bem o paradeiro da família, logicamente, mas sabe-se que os Mallazar possuem um vasto pedaço de terra.


- E as pessoas dessa família são mágicas?


- Ninguém sabe ao certo. Ninguém sabe quantas meninas Filluna teve, pois o poder só é transmitido para meninas. Mas independentemente das meninas nascidas, quem nasceu está destinada a reviver a história de Filluna.


- As sei-lá-o-quê de Filluna procuram vingança também? – Lily quis saber.


- Exato. O poder mágico intensifica os sentimentos.


- Então, essas bruxas ainda existem? – James perguntou.


- Creio que sim. Obviamente, não são tão poderosas quanto suas ancestrais, mas certamente ainda guardam poderes mágicos. E pelo o que sei, todas as Deusas carregavam um amuleto. Uma pedra em um colar. Vermelha para o Fogo; azul para a Água; verde para a Terra, e cristalina para o Ar. Esses amuletos abrigavam magia realmente poderosa e atendiam aos pedidos das Deusas. Cada uma era responsável pelo seu colar e quando elas morreram, as pedras foram passada de geração a geração.


- E isso quer dizer que existem até hoje! – Marlene exclamou.


- Acho que sim. Mas, claro, devem estar espalhadas. Os Mallazar, apesar de Família Real, também tampouco entendem de sua existência. A magia, o poder. Eles almejam, mas não sabem recorrer à ajuda.


- E por que minha família deriva dos Mallazar? – Lily perguntou.


- Achei que já tivesse entendido, Princesa – Sirius riu.


Lily sentiu-se enjoada e resolveu não abrir mais a boca.


James a olhou com curiosidade, mas nada disse. Pegou sua mão e a manteve cuidadosamente protegida entre seus dedos. 

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N/a: okay, estou adiantada o/ Eu tinha dito que postaria amanhã, mas eu ainda nem arrumei a mala e tenho que escrever mais e tudo, então acho que não daria tempo para postar amanhã. Por isso estou postando agora. Espero que estejam gostando *-* E obrigada pelos comentários, amores *-* 

Nina H.


30/01/2011

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