Uma despedida



Capítulo 4


 Uma despedida 


 


            Depois das festas de natal o resto dos meses letivos foram bem aproveitados por uns e odiados por outros. Muitos estavam estudando desde já para os Níveis Ordinários de Magia (NOM) que teriam que prestar no ano seguinte.


             Logo James, Sirius Lupin, Peter e Lily prestaram seus exames finais e passaram com louvor. Agora, restava passar as férias de verão à espera do próximo mês letivo em que eles voltariam para a escola.


             - Finalmente acabou! – gritou Sirius alegre enquanto arrumava as coisas no malão para que fosse embarcado no trem.


             - É! Mas esse quarto ano foi um dos melhores! Eu sou um animago! – Peter contava vantagem enquanto dobrava seus uniformes com um toque da varinha. As dobras pareciam que eram feitas à mão por ele mesmo, Peter não tinha controle perfeito sobre feitiços domésticos.


             - Você é um rato, que demais! – caçoou James que acabara de entrar no quarto acompanhado por Lupin.


             - Eu te ajudo com isso, Rabicho. – disse Lupin tomando sua própria varinha e arrumando as dobras mal feitas das roupas de Pettigrew.


             - Já arrumou as malas, Remo? – perguntou Sirius terminando de fechar seu malão.


             - Sim, fiz isso hoje de manhã.


             - Já pode casar, Aluado! Que habilidades domésticas! Há, há! – brincou James enquanto fazia suas malas.


             Os malões arrumados foram levados até o bagageiro do trem e os alunos já se amontoavam em suas cabines. Desejos de boas férias ecoavam pelo trem todo, alunos do sétimo ano despediam-se de seus colegas mais novos, alunos do primeiro ano com rostos tristonhos por terem que partir da escola em que tiveram sua primeira experiência de vida e alunos do quarto ano reclamando dos NOMs que prestariam no ano seguinte.


             Na cabine, James parecia inquieto.


             - Cadê a Evans?


             - Não sei, provavelmente se despedindo dos amigos... por quê? – respondeu Sirius mecanicamente. A verdade era que ele não prestava muita atenção no que James dizia, estava mais interessado em vencer Lupin no jogo de xadrez de bruxo.


             - Xeque mate, Sirius. – gritou Lupin ao encurralar a rainha do amigo.


             - AH, mas que droga! Por que você sempre tem que vencer? – esperneava Sirius ao ver sua terceira partida perdida.


             - Calma, Almofadinhas, você vai vencê-lo! – encorajava Peter tentando consolar a habilidade zero de Sirius no xadrez.


             - Cala a boca, quero revanche!


             James se levantou do banco aproveitando que a atenção dos amigos estava completamente voltada para o jogo e saiu da cabine à procura de Lily. Não sabia exatamente o porquê de querer vê-la, mas quando a encontrasse usaria a desculpa que queria desejar-lhe boas férias. Andou quase o trem inteiro e não a encontrou.


             - Não é possível que não tenha embarcado... – sussurrou ele para si, não conseguia encontra-la em lugar algum. Só lhe passou pela cabeça que ela estaria no banheiro no último vagão.


             Andando em direção ao último vagão, começou a reparar que as cabines estavam cheias de sonserinos e uma idéia, assustadora, ocorreu-lhe: Lily poderia estar se despedindo de seu querido amigo Severo Snape. Não queria pensar que ela se despediria de Snape primeiro que ele, mas no que ele estava pensando? Os dois têm mais intimidade do que ele teria em séculos com a garota. Pensou duas vezes e recuou de volta para seu vagão. Ao virar, uma garota colidiu com ele e James, sem pensar, a segurou para que não caísse.


             - Ai, foi mal! Você está... Evans?! Ta tudo bem? – seu rosto perdeu a cor ao ver com quem colidira. Lily Evans estava apoiada em suas mãos, cambaleando para não cair.


             - Olhe por onde anda, Potter. – uma voz arrastada falava por trás de Lily. Severo Snape ajudava Lily a se soltar dos braços de James.


             - Estou bem, Sev. Olá, Potter. – falou a menina calmamente. Parecia que o pequeno tropeço no garoto não a afetara muito. A única coisa que se via de diferente em seu rosto era o tom rosado de suas bochechas.


             - Oi... o que ele está fazendo aqui? O que estava fazendo com ele? – James amarrou a cara para Snape quando se referiu a ele. O tom rosado das bochechas de Lily desapareceu para um vermelho de fúria.


             - Ele é meu amigo, Potter. E esse é a cabine dele – a garota apontou para a cabine ao lado de James onde se encontravam alguns sonserinos conversando – e não lhe interessa o que eu converso com ele.


             De repente, a vontade de se despedir de Lily sumiu como se tivesse sido estuporada. Toda vez que se encontravam começavam a brigar. Poucas foram às vezes que não houve uma discussão. A idéia de uma suposta trégua entre os dois havia desaparecido da cabeça de James.


             - É, não me interessa. – disse James com os olhos fixos nos de Snape como se seus óculos estivessem prestes a serem pulverizados por um raio que sairia de sua íris.


             Lily já estava com a mão em sua varinha pronta para apartar qualquer briga que pudesse surgir entre os dois, mas não seria preciso usá-la, James saiu dando as costas para os dois e desaparecendo no final do corredor do vagão.


             - Não gosto que você ande com gente como o Potter, Lily. – Snape agora voltava sua atenção para a amiga depois de ver que as costas de James já não se encontravam no mesmo ambiente que eles – Acho melhor você parar de falar com eles.


             - Sev, você pode gostar ou não do Potter, mas eu decido com quem eu ando ok? – Lily também voltava sua atenção para o rosto de Snape – Eu não gosto de ver você andando com aquele Lúcio Malfoy e sua gangue, mas não te proibi de andar com eles.


             - Não estou te proibindo de andar com o Potter e seus amiguinhos, só digo que não gosto deles e acho melhor que você se afaste.


             - Como eu disse antes do Potter nos interromper, eu decido o que é melhor para mim. – Lily estava tomada por raiva. Não queria ter brigado com James antes de saírem de férias e muito menos ter brigado com Snape. A garota olhou raivosa para Snape e tomou a mesma direção que Potter tomara quando saiu.


            - Aonde vai? – gritou Snape antes que ela abrisse a porta para o vagão seguinte.


             - Falar com aqueles que você não gosta Severo, eles são meus amigos também.


             Assim ela fechou a porta com força deixando apenas Snape sozinho no corredor olhando para o nada. Com uma tempestade de fúria, ele socou a parede na esperança de descarregar o ódio que sentia por James. A porta de sua cabine se abriu.


             - Ora, Severo... Aquela sangue-ruim te deixou com raiva novamente? – Lúcio Malfoy saíra da cabine a procura do causador do barulho alto e das rachaduras na janela perto da onde Snape golpeou. – Ela anda fazendo isso demais ultimamente.


             - Não a chame de sangue-ruim, Lúcio. – Snape já não tinha forças e nem ânimo para bater boca com seu amigo sobre Lily. Seu pulso doía e seu coração também.


             - Tudo bem, tudo bem... Mas concorde que ela não está te fazendo bem esse ano. – disse Malfoy apalpando as costas de Snape forçando-o a voltar para a cabine – Já é hora de você pensar bem se ela poderá continuar sendo sua amiguinha, não é?


             - Sim – disse Snape sem ânimo sentando no banco da cabine – ela não merece minha amizade... só liga para o Potter e os amigos encrenqueiros dele.


             - Isso mesmo... ela é uma sangue-ruim, não pode falar com gente como nós. – falou Malfoy com um sorriso no rosto. – Não é mesmo, Severo?


             - Sim, ela não pode... – Snape perdera a cor de seus olhos.


             - Ela não merece uma punição? – ao dizer isso, o sorriso no rosto do Malfoy alargou-se ainda mais. Snape arregalou seus olhos para encará-lo demonstrando um misto de medo e desejo.


             - Mas, ela se machucaria... não quero machucar Lily...


             - Não vamos machucá-la, não... Vamos apenas mostrá-la que com sangues puros, gente da laia dela não se deve misturar. Concorda Severo?


             - Concordo. – ao aceitar a proposta do amigo, os dois sorriram.


             Ao chegar ao vagão onde estava sua cabine, James foi parado por uma mão delicada puxando suas vestes pelos ombros, olhou e viu que Lily, ofegante, conseguira alcançá-lo.


             - O que faz aqui? Volte lá pro seu amigo Snape! – gritou James dando um tapa na mão da garota para que ela o largasse. Um gemido de dor saiu da boca da menina Evans, mas ela não se deixou abater e tornou a segurar os ombros do Potter. – Mas o quê...?


             Sua frase foi cortada por um beijo de Lily. Rapidamente James soltou os braços sem saber aonde colocá-los, seus olhos castanhos arregalados olhavam os olhos verdes nervosos da garota o fitando. Evans o soltou e continuou a fitá-lo da mesma forma de quando ainda o estava beijando. Bochechas vermelhas deixavam a dúvida na cabeça de James se aquilo seria vergonha ou ira, mas o rosto dela não denunciava que ela estivesse com algum pingo de vergonha.


             Sem dizer uma palavra, Lily se virou e tomou o caminho em que veio deixando James plantado no chão como se tivesse uma corda o segurando não o deixando sair do lugar. “Mas o que... foi isso?” pensou ele sem saber aonde poderia enfiar a cara.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.