No hospital



Capítulo 1 – No Hospital


 


         Houve um tempo em que tudo era mais tranquilo em minha vida, pelo menos do que me recordo. Faltava algo, eu sentia, mas simplesmente não sabia explicar o que era. Então me apaixonei, e de repente tudo pareceu claro. Na verdade, já era apaixonada, mas redescobri o verdadeiro significado do amor. Isso foi há meses atrás, e não posso acreditar em tudo que aconteceu. Fomos separados, mas quero deixar bem claro que eu fui a culpada.


         Paro um instante e olho a foto que está presa em minhas mãos. Pelo que me lembro, foi tirada há poucos meses. Estávamos felizes, sei que no fundo sempre fomos assim, antes do acidente mudar o rumo da nossa história. Não posso culpá-lo, nada foi planejado e, olhando o casal da foto, não posso deixar de sorrir.


         Às vezes me pergunto: Como chegamos até aqui?


         Olho novamente e vejo a foto de nós quatro no parque há alguns meses atrás. Talvez, em algum lugar, agora ele esteja pensando na mesma coisa, ou talvez não. Mas gosto de pensar que sim.


         Os acontecimentos que se seguiram mudaram o rumo de nossa história. Avisto um ponto fixo, tenho certeza de que muita coisa será diferente a partir de agora.


         Respiro fundo, não há muita coisa a se fazer agora. As palavras que foram ditas não podem voltar, sei bem disso. Não posso evitar, meu coração está em mil pedacinhos.


         O que verdadeiramente é amar uma pessoa?


         Houve um tempo em que eu pensava saber a resposta, significa que pensaria nele, mas do que em mim mesmo. Sinto o peso das escolhas que fiz.


         Caminhando nesta trilha, a poucos metros da casa dele, me detenho alguns momentos. Avisto sua janela e vejo certa movimentação. De repente ele aparece, mas graças aos feitiços que aprendi na escola, estou certa de uma única coisa: Ele nunca saberá que estive aqui. Por um minuto, me voltam todas as imagens.


 


...


 


         Abri os olhos e observei um jovem ruivo muito lindo, parecia um anjo. Ele olhava para os pés. Olhei para ver o que havia de tão interessante ali. Acho que ele percebeu quando eu me mexia. Seu olhar era de surpresa e confusão. Ele sorriu. O sorriso mais lindo e perfeito que já vi. Esfreguei os olhos, acho que poderia ser um sonho ou coisa parecida, ele continuou lá. Aproximou-se mais, me abraçou. Pronto agora a surpresa foi minha. Ele está chorando.


         - Você acordou! Você voltou pra mim, Mione – disse ele sorrindo e limpando as lágrimas de sua face.


         - Er... Eu... Eu... – fiquei perplexa e completamente sem ação.


         Não deu tempo de falar nada. Ele me beijou. Foi um beijo tão casto, tão apaixonado que até me esqueci que estava beijando um completo estranho. Ele pegou minhas mãos e as beijou também. Agora eu estava preocupada.


         - Desculpe, mas... Eu te conheço? – perguntei meio tonta ainda. Efeito do beijo.


         - Heim? Como assim? Claro Mione, sou eu, o Rony – ele pareceu confuso.


         - Rony?! Muito prazer, Hermione Jane Granger – me apresentei estendendo a mão para apertar a sua, ele me olhou confuso. Continuei. – Como posso observar devo estar num hospital – fiz uma analise rápida do ambiente e cheguei a lógica conclusão. – Não sei o que houve, mas se você puder chamar meus pais, eu agradeceria muito – simples e rápida.


         Observei o tal Rony abrir, fechar, e abrir a boca novamente, acho que ele estava tentando falar algo, mas como não disse nada, achei que não era importante. Ele me observou confuso, maneou a cabeça e saiu. Poucos minutos depois avistei meus pais entrarem.


         - Minha filhinha, meu amor, graças a Deus você acordou – disse meu pai.


         Observei meus pais. Minha mãe não sabia se chorava ou se ria, meu pai sorria abertamente. Mamãe correu e me abraçou forte, forte até demais. Meu pai se sentou na cadeira próxima e nos observava, quando minha mãe se afastou ele se sentou ao meu lado junto de minha mãe.


         - Então, agora que acordei, tenho algumas perguntas a serem respondidas – disse tão rápido que nem me dei conta.


         - É claro filha. O que você quer saber? – disse meu pai, já que minha mãe não falava nada.


         - Há quanto tempo estou aqui? E por que estou aqui? – questionei.


         Meus pais me explicaram todo o ocorrido, o acidente, as investigações. Parece que fiquei em coma por mais ou menos um mês. Contaram sobre o hospital e o mundo dos bruxos. Prestei atenção minuciosamente a cada detalhe.


         - Nossa! Que história impressionante, isso daria um livro – disse no final.


         - Bem, essa é a parte da historia que sabemos – disse minha mãe.


         - Interessante. Bem, mas queria saber também quem era o rapaz que estava aqui comigo antes – perguntei.


         - Bem Mione... O rapaz que estava aqui é Ronald Weasley... Ele é seu namorado – meu pai falou com tudo cuidado.


         - O que? Como é? Eu ouvi bem? Namorado? – eu disse assustada.


         - Sim querida – afirmou meu pai.


         - Eu... Eu não me lembro de ter um namorado... Er... Bem... Explica o beijo – falei mais pra mim do que pra eles.


         - É normal os namorados se... – dizia minha mãe.


         Bufei quando minha mãe começou a falar.


         - Eu sei que é normal, mas o problema é que não me lembro desse rapaz, sabe, é estranho. Minha última lembrança é de eu ter chegado da escola, ter feito a lição e, por incrível que possa parecer, eu estava no terceiro ano escolar no primário. Assustador! Pareço ter mais de 15 anos – falei meio desorientada.


         - Meu amor, isso deve ter uma explicação plausível, vamos falar com o medibruxo, ele virá te examinar e nos explicará tudo, tenho certeza – minha mãe tentou me tranqüilizar.


         - Com certeza – afirmei.


 


...


 


         Depois de horas conversando com meus pais o tal medibruxo chegou, me examinou e logo concluiu:


         - A pancada na cabeça fez com que sua filha perdesse a memória temporariamente. Creio que com o tempo ela voltará, mas não sabemos dizer exatamente quando. O que nos resta é esperar. Agora o importante é que Hermione acordou e está ótima, fisicamente falando. Daqui a alguns dias já vamos poder dar alta a ela, só será necessário realizar uns exames de rotina – o medibruxo explicou minha condição. É por isso que não me lembrei do Ronald. Coitado. Não é culpa minha! Me animei com a idéia de sair logo desse lugar, já não estou mais aguentando ficar aqui, quero ir pra casa o mais rápido possível.


         - Mas então, o senhor sabe me dizer precisamente dentro de quantos dias vou receber alta? – perguntei ansiosa.


         - Creio que dentro de três a quatro dias, no máximo – disse o medibruxo sorrindo ao perceber minha ansiedade. – Não se preocupe, passará voando – completou.


 


...


 


         - O plano saiu perfeitamente, maravilhosamente, esplendidamente bem. A sujeitinha de sangue-ruim está em coma, pelo menos é o que afirmou nosso informante – disse com um ar vitorioso no rosto.


         - Estão instaurando uma investigação sobre a noite do acidente com a tal sujeitinha de sangue-ruim.


         - Fomos cuidadosos com os feitiços executados naquela noite – suspirei. – Sobre nossa convidada, creio que ficará hospedada comigo o tempo necessário para que tudo volte ao normal. Imagino que ocorrerá em breve, pois o regresso à escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts não demorará. Agora saia e me deixe descansar!


 


...


 


         Teria que me adaptar a minha nova realidade. E não só eu, mas todos à minha volta. Os dias que antecederam minha alta eu conheci novamente a família Weasley. O rapaz ruivo, que estava no meu quarto no dia em que eu acordei, parece que não pôde vir me visitar mais, mas sua mãe, pai e irmãos vieram. Foi uma tarde super animada. Gina, a irmã de Ronald, tagarelou o tempo todo, me diverti muito com ela, além de conhecer Jorge, espirituoso, brincalhão. Sra. Weasley me contou sobre a tragédia que havia acontecido meses atrás, entre outras coisas. Não sei por que, mas me decepcionei ao ver que Ronald não viria, deve ter sido por causa do beijo. Tentei afastar tais pensamentos, sacudindo a cabeça, acho que Sra. Weasley percebeu que algo me incomodava.


         - Querida já tomamos muito seu tempo, acho que você precisa descansar, nos vemos depois – ela sorriu amavelmente.


         - Não... Eu... Eu... – gaguejei, agora que não ia convencer mesmo.


         - Não digo eu. Vamos crianças, Hermione precisa descansar. – Sra. Weasley era uma mulher decidida. Não pude retrucar.


         As palavras saíram involuntariamente, minha mente me traiu.


         - E o Ronald, como está? – agora era tarde, fazer o quê?


         - Ele está treinando hoje, mas talvez ele apareça outro dia – a incerteza dela me deixou estranha, no fundo eu queria vê-lo novamente.


 


...


 


         Dia da alta. Nos dias que se seguiram depois da visita da família Weasley, Ronald não apareceu. Tinha esperanças de que ele viesse. O que estou dizendo? Foi só um beijo. A pancada foi forte mesmo. Mas não podia ignorar o fato do rosto dele sempre aparecer em minha mente, e eu só conseguia lembrar o beijo, aquela surpresa no dia que eu acordei. Não dava pra esquecer ou ignorar. Sacudi a cabeça, tentando afastar essas recentes lembranças. Acho que isso já está se tornando um hábito, sacudir a cabeça. Ri da minha própria constatação, talvez entrasse para uma banda de rock pesado, afinal eles se amarram em sacudir a cabeça.


         O medibruxo entrou na sala. Agradeci intimamente, assim pensaria em algo que não fosse Ronald ou o beijo.


         - Srta. Hermione estou aqui com os papéis da sua alta assinados – ele sorriu. – Agora você está livre. Se cuide e volte daqui a uma semana para a revisão – concluiu. Assim que ele terminou de falar, meus pais adentraram. Conversaram por alguns instantes.


         - Então filha, vamos indo – disse meu pai sorrindo.


         - Até que enfim, pensei que vocês me esqueceriam aqui – disse. Meus pais riram do meu tom dramático. Sorri também.


         No caminho pra casa conversamos amenidades. O mesmo de sempre. Meus pais me pareciam estranhos, estavam com cara de quem estava aprontando. Mas acho que era imaginação minha. Paramos na garagem, meu pai estacionou o carro e veio ao encontro da gente. Abriu a porta. De repente só ouvi um coro, vozes misturadas gritando.


         - SURPRESA!!!!!!!


 


 


         ~*~*~*~*~*~*~*~*~*~


Oi galera! Espero que vcs gostem!!!


 


 


 

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