A descoberta



Como todo menino trouxa eu estava de férias escolares,ia dormir tarde da noite, acordava quase duas horas da tarde e passava o dia inteiro vendo televisão e fuçando no computador. De vez em quando aparecia alguns convites de festas e saídas como jogar boliche, ir em pizzaria, feira livre ou até mesmo ir pra casa de alguém pra ficar sem fazer nada. Tudo era perfeito, tirando a parte de ter que voltar as aulas em 2 semanas...pfff! Ninguém merece aula de Trigonometria, História e disciplinas inúteis pra quem queria torna-se médico. Realmente eu não entendia o porquê disso tudo. Papai trabalhava em uma multinacional de automóveis e Mamãe era a pessoa de confiança do prefeito da cidade. Que cidade?Ah! A velha e média,em tamanho, Cidade Morena, Campo Grande. Meu Vovô era um empresário aposentado e Vovó já tinha ido conhecer o papai do céu. Então minha família se resumia em quatro pessoas DE SANGUE.O quinto membro era meu irmão ,adotivo,mais novo de 10 anos.Era bem parecido com o resto da família, moreno, cabelo baixo. Apesar de ser adotivo, era meu protegido.[N/A:É,Geralmente filhos adotivos não são aceitos por seus irmãos]-Eu adorava cuidar dele mas, enfim. Voltando as minhas férias...Eu não fazia nada e quando meu irmão viajou pra casa da família que o abandonou  é que ficou pior. Sozinho em casa, já que papai e mamãe viajavam, minha férias ficaram mais entediadas. Eu tinha uma casa enorme só pra mim, mas sem ninguém, sem nada pra fazer. Amigos viajando e namorada também, tudo o que eu podia fazer era ficar em casa estudando, ou mexendo no computador ou vendo televisão. Como na TV não tinha nada interessante e o MSN estava sem ninguém fui estudar. Eu estava esparramado no sofá com as pernas para o alto . Levantei-me e subi as escadas sem nenhuma disposição. Fui em direção ao meu quarto no final do corredor e peguei minha mochila que estava em cima da cama. Peguei alguns livros, cadernos e o estojo com tudo o que precisava. Desci e cheguei  novamente a sala e coloquei os meus pertences sob a mesa de centro e sentei no chão. Abri o caderno de matemática e peguei o livro da mesma e comecei a fazer alguns exercícios. Horas se passaram, cerca de duas a quatro horas, e eu já estava terminando o quinto capitulo[N/A: na via real não faço nem meio capitulo...Haha’] quando ouvi um barulho de uma ave, parecia uma coruja, mas nem liguei e voltei ao livro. Passaram-se três minutos mais ou menos e uma carta adentrou a porta  e parou perto da televisão que estava na minha frente. Era um envelope diferente dos que eu já tinha visto nos meus recém completados onze anos. Tinha uma cor meio parda, com um circulo vermelho que eu pensei ser um botão, acima havia um brasão onde tinham quatro animais “estampados”.  Nele estava escrito:” Escola de Magia e Buxaria de Hogwarts”. Uma cara de indignação e de espanto tomaram conta da minha face. Magia?Bruxaria? Quem estava brincando comigo achando que eu fosse trouxa? Isso não existia! O Maximo que acreditava era nos ilusionismos que eu via na televisão. Um tanto quanto bravo com a brincadeira fui ver quem tinha tentado pregar a peça e atrapalhar meus estudos. Chegando na janela não havia ninguém, a não ser uma coruja acinzentada parada, em cima da caixa de correios,que olhava para mim. Outro detalhe importante da carta, estava destinada a mim. Aff! Pensei. Mas com muita curiosidade voltei a carta estranha e violei o lacre. Comecei a passar os olhos sobre cada palavra escrita na carta. Quando terminei, comecei a rir como um Mané. Não acreditando em nada, sentei no sofá e li novamente rindo muito da situação. Como eu, um garoto, do interior do Brasil poderia ser um bruxo com uma vaga em uma escola em Londres? Cheguei a pensar que estava sonhando. Mas, percebi que não era um sonho, quando ouvi o telefone tocar e ouvi minha mãe falar comigo e me confirmar a história...


-Mãe como isso é possível?-perguntei  indignado.


-Renan... Papai e eu somos descendentes de bruxos. Seu irmão Gabriel também é, por mais que não seja da familia, mas ele ainda não sabe! Então boca fechada!- disse mamãe preocupada com minha reação- Eu iria conter a vocês isso hoje. Já esperava que a sua convocação chegasse hoje e já esperava que você não acreditasse.Mas enfim,parabéns filho, você está indo para a melhor escola de bruxaria do Mundo. Tenho que desligar, o prefeito esta precisando de mim! Beijos, I LOVE YOU!- falo mamãe despedindo-se.


-Tchau Mamãe!-desliguei o telefone e fiquei sem reação.


Agora não sabia, se ria ou se chorava. Se pulava de alegria ou pulava da ponte por ter esse “defeito”. É, eu achava que ser bruxo era um defeito. Como contar para meus amigos? Eu seria o estranho da turma. O menino que pode transformar alguém em sapo. Por mais que eu tentasse, não conseguia me alegrar com a situação de estar voando em vassouras, fazendo bruxaria, poções. Era tudo tão novo. Era como se eu estivesse nascendo de novo. E minha namorada? O que ela diria. Será que ela iria continuar me amando, mesmo eu sendo o que sou? Milhões de perguntas vieram a minha cabeça e eu não sabia como responder. Sei que no final das contas eu acabei dormindo com inúmeras indagações.


Horas depois acordei com o barulho do meu celular, tocando loucamente.Quando peguei para atender, ele parou. Então percebi que tinha recebido mais de trinta ligações de amigos e mensagens na mesma proporção. Comecei a lê-las e me surpreendi. Os meus amigos e principalmente minha namorada, receberam a mesma carta que eu e tiveram a mesma surpresa que eu. Nesse momento fiquei mais tranqüilo e animado. Tranquilo porque eu não era o único perdido no mundo que não sabia que era bruxo e animado porque ao menos conheceria pessoas que “estudariam” comigo nessa tal escola. 


 Agora era só esperar papai voltar pra casa e ir com ele comprar os materiais necessários pra mias uma loucura na minha vida. Descoberta maior e mais chocante que essa não iria acontecer mais na minha vida

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