Velhos Conhecidos



 


Alvo e Dumbledore cruzaram a passagem aberta por Guelvim; o garoto teve uma sensação desagradável, muito parecida com a que havia experimentado enquanto subia a montanha. Depois de algum tempo em que várias imagens e cenas passaram rapidamente na sua frente, deixando-o tonto, tudo terminou; e ele pode sentir uma brisa suave e uma leve garoa.


_Tudo bem Alvo? _ perguntou Dumbledore baixinho.


_Sim _ respondeu o garoto.


_Isso é tão emocionante! _ disse Doni que estava do outro lado.


_Você também veio?! _ perguntou Alvo.


_É claro _ disse Doni indignado _ Você achou que eu ia ficar de fora da diversão?


Olhando em volta, Alvo percebeu que eles estavam na orla da floresta e logo adiante era possível ver a silhueta dos dois homens que estavam atrás do arbusto, a noite estava muito escura.


_Você ouviu alguma coisa? _ perguntou um deles.


_Acho que foi apenas o vento.


_Pode ser...


_Mas por garantia...HOMENUM REVELUM! _ disse o homem usando o feitiço para revelar a presença humana_ Ah! Veja só! Não é que você estava certo! Realmente nós temos companhia! INCARCEROUS! _ Um jato de luz saiu da varinha do homem e foi bem na direção dos três viajantes, o jato se transformou em cordas que prenderam firmemente Dumbledore e os garotos.


Os dois homens saíram de trás do arbusto e caminharam na direção dos outros três que estavam presos pela corda mágica do feiticeiro.


O homem que vinha na frente tinha feições agradáveis e um rosto fino, usava uma manta vermelha muito bonita apesar de rasgada em vários pontos e tinha olhos azuis muito familiares; o outro homem usava uma capa negra que cobria todo o seu corpo, mas quando viu o rosto dele, Alvo chegou o gritar de espanto...


_Sr. Barton?! _ disse o garoto.


O feiticeiro encarou Alvo com uma expressão curioso por algum tempo.


_Como você sabe meu nome, pequeno forasteiro?


_O senhor... o senhor não lembra de mim?


_E porque deveria? Nós já nos vimos antes?


_S-sim... pelo menos eu acho... prof. Dumbledore... é ele?


_A semelhança realmente é impressionante.


_Infelizmente _ disse o feiticeiro _ nós não temos tempo para ficar discutindo isso, o que vocês querem aqui?


_O senhor é o príncipe? _ perguntou Dumbledore para o outro homem.


_E-eu fui _ respondeu o homem que parecia muito abalado _ mas renunciei ao meu posto.


_Como é seu nome, meu jovem? _ perguntou Dumbledore.


_Guelvim, Jonathan Guelvim.


_Guelvim?! _ exclamou Alvo _ Professor... será que ele é...


_Acredito que sim _ disse Dumbledore _ você está planejando voltar no tempo para recuperar sua amada que faleceu, não é mesmo Guelvim?


_S-sim... mas como você sabe?


_E esse feiticeiro lhe disse que pode providenciar uma forma disso acontecer, não é mesmo?


_C-correto...                     


_Você também é um bruxo, não é mesmo velho? _ perguntou o feiticeiro.


_Sim Sr. Barton, eu sou. E me chamo Dumbledore.


_Dumbledore... _ disse Barton com os olhos fixos no professor _ já ouvi esse nome antes... mas você ainda não disse o que quer aqui.


_Eu vim buscar a Pedra das Nove Luas _ respondeu Dumbledore com simplicidade.


_O quê?! _ exclamaram o feiticeiro e o príncipe ao mesmo tempo.


_Eu não permitirei que isso aconteça! _ disse Guelvim _ minha felicidade depende dessa Pedra.


_Você sabe de onde eu vim príncipe Guelvim? _ perguntou Dumbledore.


_Pois isso não me interessa!


_Infelizmente eu terei que discordar, isso lhe interessa mais do que você imagina; eu vim do futuro.


_Do futuro!


_Isso mesmo; e eu encontrei com você, posso afirmar que seu destino não será nada feliz se você fizer o que está planejando.


_Isso é ridículo! _ disse Barton indignado _ Você não pode viajar no tempo! Não sem a Pedra das Nove Luas.


_Pois eu lhe digo que quem nos mandou de volta ao passado foi o próprio Guelvim, apesar dele não possuir mais a Pedra, ele ainda tem certos poderes.


_Você espera mesmo que eu acredite nessa história absurda? _ disse Guelvim.


_O feiticeiro lhe disse que um dia você terá que recompensa-lo pelo favor que ele está lhe prestando hoje, não é verdade?


_S-sim...


_E você nem ao menos perguntou o que espera receber em troca.


_Qualquer preço é pequeno comparado ao que vou receber.


_Isso não é verdade meu jovem _ disse Dumbledore com tristeza _ eu não posso impedi-lo de ficar com essa Pedra, mas eu lhe suplico, pergunte a ele o que você terá que pagar no futuro.


_Ele já disse que não quer saber! _ disse Barton furioso _ Vamos acabar logo com isso! Eu vou mandá-los direto para o inferno!


Barton levantou a varinha e apontou para os três viajantes...


_Espere! _ disse Guelvim _ Eu não quero que você os mate!


_Mas você não entende majestade! _ disse Barton _ Eles querem roubar a Pedra! Eles querem destruir seu sonho, acabar com suas esperanças...


_Seja sincero comigo Sr. Dumbledore _ disse Guelvim _ você não quer ficar com esse objeto apenas para me salvar, não é verdade?


O professor estudou os olhos astutos do príncipe por algum tempo.


_Você está certo _ disse Dumbledore _ eu realmente preciso dessa Pedra para outras finalidades, o que não significa...


_Está vendo! _ disse Barton triunfante_ Ele confessou! Está apenas querendo enganá-lo.


_Pois eu lhe proponho um acordo, Sr. Dumbledore _ disse Guelvim.


_E que acordo seria esse?


_Você me ajuda a resolver meu problema e depois disso eu lhe entrego a Pedra para você fazer o que bem entender com ela.


_Isso é um absurdo! _ disse Barton _ Totalmente sem propósito! Você não pode...


_Eu não vou estar com isso cancelando nosso acordo, feiticeiro. Eu ainda vou lhe pagar o que você pedir no futuro.


_Ainda assim... você não devia se aliar com essas pessoas...


_Isso não cabe a você decidir _ disse Guelvim sério _ e então Sr. Dumbledore, temos um acordo?


Dumbledore permaneceu em silêncio por alguns segundos, seu rosto não tinha nenhuma expressão, era impossível saber o que ele estava pensando.


_Eu aceito _ disse ele finalmente _ nós vamos ajudá-lo, se é isso que você deseja.


_Ótimo! _ disse Guelvim abrindo um sorriso pela primeira vez _ solte-os agora feiticeiro!


Barton resmungou alguma coisa como “petulância” e “vai se arrepender”, mas ainda assim desatou as cordas que prendiam Dumbledore e os garotos com um aceno displicente.


_Agora me entregue a Pedra! _ disse Guelvim, apesar de todos os problemas, ele ainda tinha uma forte áurea de segurança, como se ainda fosse o mesmo príncipe de antes que vivia no conforto e segurança do castelo.


O feiticeiro retirou uma pedra negra feito carvão do bolso, apontou a varinha para ela e murmurou alguns encantamentos; a pedra começou a pulsar como um coração, se iluminou e vários fiozinhos dourados que pareciam artérias foram se entrelaçando na pedra.


_Aqui está _ disse Barton _ a Pedra das Nove Luas.


Guelvim se aproximou para pega-la, mas o feiticeiro recuou alguns passos.


_Gostaria apenas de adverti-lo que se por acaso você tentar de alguma forma se esquivar de nosso acordo, eu saberei lhe encontrar, em qualquer lugar do passado ou do futuro.


_Eu sou um homem de palavra feiticeiro, não vou fugir de nosso compromisso, agora me entregue logo essa Pedra.


_Está certo.


Barton entregou a pedra para Guelvim, ela pulsou mais forte nas mãos do príncipe e continuou iluminada com seu brilho dourado.


_Faça bom proveito da Pedra, majestade _ disse o feiticeiro _ um dia nos encontraremos novamente.


Ele se embrenhou na floresta e logo desapareceu.


_Muito bem! _ disse Guelvim animado _ Vamos então? Temos muito trabalho pela frente!


_Está certo _ disse Dumbledore.


Ele e os garotos se aproximaram do príncipe e cada um colocou uma mão na Pedra, Alvo sentiu um calor se espalhando pelo seu corpo, era uma sensação muito gostosa.


_Agora todos mentalizem o castelo dos Guelvim’s há cinco anos atrás _ disse o príncipe.


Alvo ficou repetindo essa frase mentalmente por um bom tempo, ele já estava começando a achar que aquilo não daria certo quando aconteceu...


O mundo a sua volta começou a girar muito rápido, tudo o que ele conseguia ver eram borrões disformes, começou a ficar tonto, estavam girando muito rápido...


_Chegamos! _ disse Guelvim_ vocês estão bem? Nós conseguimos!


Alvo se levantou com certa dificuldade, sua visão ainda estava um pouco embaralhada.


_Vocês estão vendo o castelo? _ perguntou Guelvim.


Alvo forçou os olhos a focalizar o que estava a sua frente, então viu que eles se encontravam num jardim muito bem cuidado com grandes árvores que pareciam centenárias, logo a frente estava um castelo muito bonito, parecia ser o mesmo que eles haviam alcançado quando subiram a montanha invisível. A noite estava muito escura e uma forte tempestade desabava sobre suas cabeças.


_Olhem lá! _ disse o príncipe excitado _ Eles estão me tirando do castelo!


Alvo viu um cortejo formado por dezenas de homens vestindo longas capas negras descendo a escadaria de entrada do castelo, no centro do grupo quatro homens carregavam uma liteira.


_É você que está lá dentro? _ perguntou Dumbledore.


_Sim! _ respondeu Guelvim _ Meu pai vai aparecer a qualquer momento.


Dito e feito. Instantes depois um homem baixo e avantajado, com longos cabelos brancos e uma luxuosa coroa cravejada de pedras preciosas saiu pela porta principal, todos os presentes se curvaram respeitosamente enquanto ele passava.


_O que está acontecendo? _ perguntou Alvo.


_Ele vai conversar comigo. Depois nós vamos discutir _ disse o príncipe que parecia mais sério agora.


Logo foram ouvidos os primeiros gritos.


_VOCÊ NÃO PODE ME OBRIGAR A IR!


_ISSSO É PARA O SEU PRÓPRIO BEM! VOCÊ NÃO CONSEGUE ENTENDER!


_VOCÊ NÃO ESTÁ PENSANDO NO QUE É MELHOR PARA MIM! ESTÁ APENAS PREOCUPADO COM SEU REINO!


_POIS FIQUE SABENDO QUE ESTE REINO UM DIA SERÁ SEU!


_EU NÃO QUERO NADA DISSO!  EU ODEIO SER PRÍNCIPE!


_VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTÁ DIZENDO... UM DIA IRÁ ME AGRADECER.


_POIS EU NÃO VOU LUGAR NENHUM!


O príncipe fez menção de abandonar o transporte, mas foi impedido pelos guardas que estavam ao seu redor.


_NÃO DEIXEM ELE SAIR! _ esbravejou o rei _ SE FOR PRECISO, USEM DE FORMA BRUTA! VOCÊS TÊM MINHA AUTORIZAÇÃO!


_VOCÊ VAI ME PAGAR POR ISSO! _ berrou o príncipe _ PODE TER CERTEZA!


Assim o cortejo deixou o castelo em meio a tempestade. O príncipe “no presente”, estava com uma expressão sanguinária, certamente aquela lembrança ainda estava muito viva dentro dele.


_Vocês viram isso?! Meu pai é um desgraçado!


_Se acalme _ disse Dumbledore _ nesse estado você não vai conseguir resolver nada.


_O senhor está certo, então vamos...


Ele foi interrompido porque naquele exato momento um novo grupo seguia em direção ao castelo.


_ME SOLTEM! EU NÃO FIZ NADA!


Uma jovem mulher estava sendo arrastada por um grupo de homens que também usavam longas capas.


_AH! ENTÃO NOSSA CONVIDADA CHEGOU! _ era o rei quem falava novamente.


_O QUE FOI QUE EU FIZ? VOCÊ NÃO PODE ME PRENDER!


_O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?! VOCÊ VIROU A CABEÇA DO MEU FILHO SUA DESGRAÇADA!


 _ELE ME AMA!


_ESSE É JUSTAMENTE O PROBLEMA!  ISSO NÃO PODE ACONTECER, VOCÊ NÃO É DIGNA DE FICAR COM MEU FILHO, ELE É O PRÍNCIPE, O FUTURO REI!


_VOCÊ NÃO PODE NOS IMPEDIR!


_ISSO É O QUE NÓS VAMOS VER! VOCÊ NUNCA MAIS IRÁ VER A LUZ DO SOL NA SUA VIDA. GUARDAS! LEVEM-NA PARA O CALABOUÇO, VOCÊS TEM PERMISSÃO PARA FAZER O QUE BEM ENTENDEREM COM ELA!


_NÃO! _ gritou a moça desesperada.


_Eu não agüento mais isso! – disse guelvim ao lado de Alvo, ele ameaçou se levantar e interromper o que estava acontecendo naquele momento.


_Espere! _ disse Dumbledore _ Eles são muitos! Nós não podemos fazer nada agora.


_Mas eu não agüento ficar vendo isso! _ disse ele com lágrimas nos olhos.


_Eu sei que é difícil, mas precisamos esperar o momento certo.


A mulher foi arrastada para dentro do castelo e seus gritos ainda puderam ser ouvidos por um longo tempo, no fim, o lugar voltou a ficar silencioso e sombrio como estava antes.


_Muito bem _ disse Dumbledore _ agora é o momento de agir. Existe alguma entrada auxiliar no castelo?


_Sim _ disse Guelvim _ existe um túnel na lateral esquerda que leva diretamente para a cozinha, a passagem não é usada há muito tempo.


_Excelente! _ disse Dumbledore _ Então vamos!


Eles se levantaram e começaram a caminhar cautelosamente pelo terreno do lugar, quando estavam se aproximando Dumbledore deteve Guelvim por um instante.


_É preciso que você esteja preparado _ disse ele.


_Como assim?


_Eu tenho certeza que o que veremos lá dentro será algo muito forte para você.


_Sim, mas...


_Outra coisa que devo salientar, é que eu não tenho a menor pretensão de permitir que você cumpra o seu acordo com Barton.


_Mas eu dei minha palavra e além disso...


_Você não sabe o que está acontecendo meu jovem, você é apenas uma vítima de algo muito maior.


_Mas...


_Você vai entender, creio que será um grande choque, por isso preciso que você prometa que vai fazer o que eu lhe pedir.


_Mas...


_Você promete?


_Está certo, mas...


_Que vai fazer tudo o que eu falar?


_Tudo bem.


_Ótimo! Agora vamos; e lembre-se do que você prometeu, será de suma importância para o destino de todos nós...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.