Dois Coelhos Com Uma Cajadada



_Você está fazendo o movimento errado Sr. Suliman! Gire o pulso da direita para esquerda! Agora prestem atenção todos; vocês precisam praticar bastante esta transfiguração! _ disse a Prof. Minerva _ Ela certamente estará nos exames finais e eu só aprovarei os alunos que transformarem seu abajur num girassol perfeito! Agora, quem pode me dizer qual o feitiço para transfigurar um travesseiro em um cabide? Sr. Potter? O senhor está me ouvindo?!


Alvo estava distraído, o que não era nenhuma surpresa, já que nos últimos dias ele estava tendo dificuldades para se concentrar em todas as aulas.


_Você pode repetir o que eu acabei de dizer, Sr. Potter? _ disse Minerva.


_Hum... Algo sobre plantas venenosas do caribe? _ a turma inteira gargalhou com vontade.


_Pelo visto o senhor ainda está na aula de herbologia, desse jeito não será surpresa nenhuma se o senhor fracassar em todas as matérias nos exames finais.


 


A bronca da professora não fez muito bem para a auto-estima do garoto; o que ela esperava? Com tudo aquilo acontecendo, como ele poderia prestar atenção nas aulas? Ele esperava ansiosamente que Dumbledore descobrisse onde ficava o tal andar secreto de Hogwarts, para que eles pudessem ir a Gáia, onde Alvo acreditava que todos os mistérios seriam resolvidos, inclusive o que mais o preocupava; o paradeiro de seu pai.


 


Os dias foram passando e logo se transformaram em semanas, a aguardada primavera começava a florir nos jardins de Hogwarts e até mesmo o sol, começava a despontar ainda que de forma tímida. Os exames estavam cada vez mais próximos e todos os alunos pareciam finalmente preocupados com isso; os horários livres estavam sendo aproveitados para revisões e estudos em grupo; mas Alvo não sentia a mínima vontade de se enfurnar na biblioteca rodeado de livros de poções e astronomia, ele estava completamente alheio a todo aquele movimento a sua volta, isso até ter uma conversa com Rose.


_Eu já organizei nossas revisões Alvo, temos muita coisa para ver! Começaremos está noite na biblioteca, nós estudaremos primeiro...


_Rose... Eu não estou muito bem para...


_Não me diga que você está com preguiça de estudar?!


_Não é preguiça... Mas está acontecendo tanta coisa...


_Nada é mais importante que os exames finais Alvo, mamãe sempre me disse isso!


_É mesmo? _ disse o garoto olhando zangado para a prima.


_Oh! Me desculpe! Eu sei que o problema do seu pai é muito grave... Mas não adianta nada você ficar pardo lamentando! Você precisa ocupar a cabeça.


_Mas...


_Imagina o que ele vai dizer se quando aparecer, souber que você foi reprovado nos exames! Eu não quero nem imaginar!


_Isso se ele aparecer... _ disse Alvo com amargura.


_É claro que ele vai aparecer! Por enquanto vamos nos concentrar nos estudos.


Não tendo outra alternativa, Alvo foi para a biblioteca naquela noite. Rose não estava brincando quando disse que eles tinham muita coisa para estudar; havia tantos livros na mesa que eles ocupavam, que Alvo se perguntou se ainda havia sobrado algum nas estantes da biblioteca.


_Vamos começar então _ disse Rose _ que tal estudarmos primeiro História da Magia?


_Tanto faz...


_Fico feliz que você esteja tão empolgado _ disse ela olhando feio para o primo _ então está decidido, História da Magia primeiro, vamos ver a Revolta de Século XII, abra aquele livro ali de capa vermelha no capítulo 8...


E assim eles começaram. Rose parecia ligada na tomada, lia nomes e datas rapidamente e fazia anotações do que julgava importante em seu caderno. Alvo se esforçava para acompanhar o ritmo da prima, mas continuava tendo problemas para se concentrar. As horas passavam lentamente e o garoto se sentia exausto, quando cochilou sobre a mesa pela terceira vez, Rose julgou que por aquela noite já estava bom. Alvo se despediu da prima e junto com um grupo anormalmente grande de alunos de Grifinória, acompanhou a auror Estempter, que os escoltaria de volta para a torre da casa. Seus companheiros discutiam acaloradamente sobre o que haviam estudado naquela noite, comparando informações e debatendo pontos de vista. Alvo apenas os seguia, andava automaticamente como se sua mente tivesse abandonado o corpo, estava com muito sono. Quando finalmente chegou ao seu dormitório, o garoto se jogou na cama sem nem ao menos tirar a roupa, seus companheiros de quarto também estavam conversando sobre os testes finais, mas ele não queria conversa, dormiu quase imediatamente.


Teve um sonho estranho, onde a Prof. Minerva dizia que ele não poderia ir ao andar secreto de Hogwarts, porque seu travesseiro não havia sido transfigurado corretamente num cabide, ele ainda estava muito fofo e soltando penas; ele se justificava dizendo que havia lido o feitiço no livro Os Segredos das Artes das Trevas e não sabia porque tinha saído errado. Depois de um tempo apareceu o Prof. Dumbledore fazendo malabarismo com nove miniaturas da lua, enquanto recitava uma poesia que dizia que Alvo nunca mais veria seu pai.


O garoto acordou assustado, estava tão suado que sua roupa estava grudada em seu corpo como se ele tivesse tomado banho vestido; depois de algum tempo, ele conseguiu controlar sua respiração e então ouviu o barulho de passos. Olhou através de uma pequena abertura na cortina de sua cama e viu que um de seus companheiros havia se levantado e caminhava furtivamente na direção da saída do dormitório, quando o garoto passou próximo a janela, o brilho do céu iluminou seu rosto por poucos segundos, mas foi o suficiente para Alvo identificar quem era. Alvo esperou alguns instantes e se levantou, dessa vez ele iria descobrir qual era o segredo de Scorpio Malfoy.


Quando chegou a sala comunal, a quadro da Mulher Gorda estava acabando de girar, ele se apressou um pouco para não perder Malfoy de vista.


Alvo desejou mais do que nunca que Doni estivesse com ele, aquele seria um momento excelente para poder ficar invisível. Como isso não era possível, ele seguiu com toda cautela do mundo, qualquer ruído que produzisse, poderia ser o suficiente para chamar a atenção de Scorpio e assim, ele colocaria tudo a perder. Alvo estava tão concentrado em seguir o garoto, que demorou um tempo para perceber o caminho que ele estava seguindo, de repente ele se lembrou de já ter percorrido aqueles corredores em uma situação não muito diferente... Ao que parecia, Scorpio Malfoy seguia na direção da sala do Prof. Pickwick.


Malfoy seguia devagar, certamente também estava com medo de ser apanhado por algum professor ou auror que estivesse fazendo a ronda noturna; Alvo se lembrou de como quase havia sido pego naquela situação pela Prof. Minerva e pelo Prof. Neville, se não fosse por Doni... ele não queria nem pensar. Para o alívio de ambos, eles conseguiram completar o percurso sem maiores incidentes, Scorpio parou em frente à porta da sala e Alvo ficou escondido atrás de uma armadura no início do corredor. Fazia uma noite de céu estrelado e lua cheia, bem diferente da última vez em que Alvo esteve naquele lugar à noite, ele conseguia ver Scorpio nitidamente. O garoto percebeu que Malfoy parecia muito nervoso, olhava para os lados e esfregava as mãos continuamente, depois de alguns minutos, ele começou a caminhar de volta, parecia ter desistido de sua empreitada, iria dar de cara com Alvo a qualquer momento...


_Aonde você pensa que vai? _ perguntou um homem que havia acabado de aparecer do outro extremo do corredor.


_Eu pensei que o senhor não vinha mais! _ respondeu Scorpio com a voz trêmula.


_E você estava indo embora? _ perguntou o homem, Alvo não conseguia identificar seu rosto, estava protegido pela sombra de uma escultura.


_Eu não podia ficar aqui a noite inteira! Alguém poderia aparecer...


_Você é realmente um fraco, Scorpio! Tenho vergonha de tê-lo como filho!


Ele havia dito filho? Então aquele homem só poderia ser...


_Me desculpe pai... Eu só estava...


_Estava com medo! _ disse Draco Malfoy _ O que não me espanta nem um pouco, você é um covarde desde que nasceu.


Scorpio continuou de cabeça baixa, sem coragem de encarar o pai; Alvo sentiu ainda mais raiva de Draco.


_Você trouxe o que eu mandei? _ perguntou Draco.


_Sim pai. Está comigo.


_Ao menos isso! Parece que você ainda tem salvação!


_Mas eu não sei...


_O que é que você não sabe?


_Eu não devia lhe entregar isso... ele me disse...


_Como você ousa desrespeitar seu pai? Você confia mais nos estranhos do que em mim?


_Não é isso, mas...


_Me dê isso agora!


Scorpio muito a contragosto tirou um pequeno objeto do bolso, era um velho relógio... Alvo teve certeza que já havia visto aquele relógio antes.


_Excelente! _ disse Draco _ Agora poderei finalmente realizar meus planos.


_Para que serve isso afinal?


_Infelizmente eu não posso lhe dizer, Scorpio. Não até eu ter certeza que você não passa de um traidor imundo.


_Eu... eu posso ir então?


_Espere um pouco. Logo, logo irá chegar um velho amigo, eu quero que você o veja.


Alvo sentia uma imensa vontade de sair do seu esconderijo e atacar Draco Malfoy, sentia muita raiva do homem, porque ele havia obrigado Scorpio a lhe entregar aquele relógio? Aquele relógio... Alvo não conseguia se lembrar aonde o tinha visto...


De repente ele ouviu passos pelo corredor e um novo homem se juntou aos Malfoy’s.


_Já era tempo! _ disse Draco.


_Eu precisei despistar um auror para vir lhe encontrar _ para total espanto de Alvo, era o Prof. Pickwick quem havia falado!


_Entendo _ disse Malfoy _ deve estar sendo muito chato para você ficar bancando a babá desses aluninhos insuportáveis.


_Um pouco inconveniente, sem dúvida... O que Scorpio está fazendo aqui?!


_Ele também está me ajudando, me trouxe um objeto muito interessante... _ disse Draco levantando o relógio.


_Como você conseguiu isso?! _ perguntou o professor para Scorpio _ esse é o Relógio...


_Sim _ disse Draco _ é ele mesmo.


_Mas eu pensei que ele estava com...


_Não está mais, agora ele é meu. E será muito útil, da mesma forma que a sua informação será.


_Muito bem _ disse Pickwick _ eu lhe contar o que você quer, desde que você cumpra sua parte no acordo.


_Não se preocupe com isso, você não confia mais em mim? _ perguntou Draco com um sorriso de escárnio _ E então? Como eu chego ao andar secreto de Hogwarts?


Alvo teve que se controlar para não gritar de surpresa, então Malfoy também queria ir ao andar secreto?


_A passagem fica na ala norte do quarto andar, num corredor com uma pintura de um bruxo em um bosque segurando uma vassoura velha.


_E como eu faço para entrar?


_Você precisa pedir ao bruxo da pintura.


_Só isso?!


_Às vezes um pouco de educação pode ser a mais poderosa das magias.


_É mesmo? _ disse Draco com ar de deboche _ isso até parece coisa daquele velho idiota... Falando nisso, o novo Dumbledore não tentou lhe arrancar essa informação?


_Sim _ disse Pickwick _ ele mandou Alvo Potter me perguntar sobre o assunto, mas eu obviamente não disse nada.


_Alvo Potter! Eu já esperava por isso... E não existe nenhuma possibilidade de alguém ter lido diretamente do Manuscrito de Zaiden?


_Impossível. Eu os enfeiticei para que a parte importante ficasse ilegível.


_Você está me saindo melhor do que a encomenda Pickwick! Neste caso, creio que chegou a hora de partir...


_Não tão rápido Malfoy _ disse um homem de longos cabelos e barbas acaju, que vinha caminhando tranquilamente pelo corredor, como se estivesse passeando num belo parque numa manhã de sol.


_Dumbledore! _ disse Draco _ É um prazer vê-lo! Infelizmente não terei tempo suficiente para aproveitar de sua companhia.


_Talvez você esteja certo _ disse Dumbledore _ se você me entregar esse relógio rápido nossa conversa realmente será breve, mas se houver resistência, poderemos ter uma longa noite pela frente...


_Você sabe muito bem que eu não vou lhe entregar _ disse Malfoy muito sério.


_Você está cometendo um erro muito grave Draco. Porque você quer tanto esse objeto?


_Por quê?! Será que você é tão idiota assim? Eu quero libertar o meu mestre e ninguém vai me impedir de fazer isso!


_Você não vai conseguir.


_E quem é que vai me impedir? _ disse Draco sacando a varinha.


_Então você quer duelar comigo? _ disse Dumbledore tranquilamente _ Pois bem. Prof. Pickwick, o senhor poderia fazer a gentileza de acompanhar Scorpio até a sala comunal de Grifinória? Eu creio que o garoto não precise assistir esta cena.


Pickwick agarrou o braço do garoto e rapidamente deixou o local, passou tão rápido por Alvo que nem o viu em seu esconderijo.


_Muito bem Draco, eu estou pronto _ disse Dumbledore _ podemos começar quando você quiser.


_Você se acha muito poderoso, não é mesmo? Mas saiba que eu andei aprendendo alguns truques.


_Eu não duvido disso, sei que você anda fazendo leituras interessantes. Mostre-me então o que aprendeu.


_TOTALES CORPUS DAREM! _ berrou Draco, aquele era um dos feitiços que Alvo havia visto no livro dos Segredos das Artes das Trevas.


_SEPARUS ENCANTUM! _ gritou Dumbledore. Um raio prateado saiu de sua varinha e atingiu o jato verde lançado por Draco, os dois encantos desapareceram numa nuvem de fumaça.


_EXPLORIUS FOGIOS! _ disse Malfoy, várias bolas de fogo saíram de sua varinha sendo disparadas em todas as direções, Dumbledore os desviava com sua varinha com a perícia de um espadachim, várias crateras foram abertas nas paredes do corredor; a essa altura, todo o já castelo deveria ter acordado.


_VOCÊ NÃO VAI ATACAR? _ perguntou Draco.


_Eu não creio que isso seja necessário, logo nós teremos companhia.


_Então você não vai lutar, não é mesmo? Prefere que os aurores venham me prender... Bem, vamos ver se algum deles vai continuar de pé... SELIBER SONORUS!


Alvo ouviu aquele ruído infernal que tão bem conhecia, ele ficou com medo, logo estaria sentindo aquela dor insuportável que quase o matara...


_ESPAÇUS DEFESUS! _ gritou o Prof. Dumbledore fazendo um movimento circular com a varinha à cima de sua cabeça, continuou girando como alguém prestes a laçar um animal; de repente todo o som do lugar sumiu, Alvo quase pensou que havia ficado surdo, então ele viu uma nuvem dourada que parecia pulsar em torno da varinha de Dumbledore, um segundo depois ele a apontou na direção de Draco; o garoto pensou que o castelo inteiro havia desabado tamanho estrondo que se ouviu, Draco foi acertado bem no peito e seu corpo subiu como um boneco de pano e caiu em meio aos destroços da parede do corredor.


_POR MERLIN! O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! _ disse a Prof. Minerva que vinha correndo pelo corredor acompanhada dos outros professores e dos aurores.


_Bem _ disse Dumbledore _ acho que finalmente Draco Malfoy poderá ser levado preso...

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