Uma Ajuda Misteriosa



Quando atravessou o portal, Alvo sentiu como se estivesse caindo num abismo sem fim, não conseguia enxergar nem um palmo a sua frente e a única coisa que ouvia era o vento que assobiava durante sua queda. Ele temeu ficar naquele estado por toda eternidade, teria fim aquele buraco? E se tivesse como seria o impacto depois de tanto tempo caindo? Para seu alívio, em determinado momento seu corpo começou a desacelerar e antes que notasse, caiu de costas no chão de maneira suave. Olhando para o alto, viu que estava novamente num lugar a céu aberto, era noite e havia mais estrelas do que ele jamais vira.


_Tem alguém aqui?


Ele gritou ao se levantar. Viu que estava numa estrada de chão, com cercas dos dois lados, no final da estrada havia uma pequena casa com uma chaminé que soltava fumaça. Ele gritou novamente, mas a única resposta que teve foi o vento que continuava a soprar forte.


_Lumus! _ disse ele quando decidiu caminhar até a casa para ver se tinha alguém lá. Ele caminhou alguns metros quando foi surpreendido pelo som do bater de muitas asas, quando viu, estava rodeado por grandes morcegos vermelhos que não pareciam nada amigáveis.


_Estupefaça! _ gritou o garoto lançando o feitiço em todas as direções, mas havia muitos animais e quando derrubava um, parecia que surgiam mais três; um deles foi na direção do garoto e o mordeu no pescoço.


_Estupefaça! Estupefaça! Estupefaça! _ gritava ele desesperado enquanto sentia seu sangue escorrendo pelo corpo, estava perdendo as esperanças quando uma forte luz clareou o lugar por alguns segundos, aquilo pareceu assustar os morcegos que se dispersaram rapidamente.


_O que foi isso? _ perguntou para si mesmo o garoto que se sentia tonto.


Com muito esforço ele se levantou e olhou em volta, quem havia feito aquilo? Por que não aparecia? Alvo decidiu seguir em frente antes que perdesse muito sangue, também temia que as presas daqueles animais fossem venenosas.


Alcançou o portão que levava ao quintal da casa, o lugar parecia deserto. Avançou com cautela e deu duas batidas na porta, ela simplesmente desabou com isso. Segurando firme sua varinha, Alvo entrou na casa, o lugar estava num estado deplorável, todos os móveis pareciam podres e as paredes estavam descascadas. Alvo caminhou pelo cômodo que parecia ter sido um dia uma sala de estar, havia vidro quebrado e pergaminhos espalhados pelo chão, o soalho rangia a cada passo do garoto, estava distraído olhando uma fotografia na parede quando ouviu passos acelerados vindos do cômodo adjacente, antes que tivesse tempo de reagir, um cachorro enorme, muito maior do que Dino saltou contra seu corpo, Alvo apenas fechou os olhos e se preparou para o impacto que misteriosamente... não aconteceu; ele ouviu um barulho metálico e quando abriu os olhos, o cachorro estava inconsciente a sua frente com suas grandes presas à mostra.


_QUEM ESTÁ AÍ? _ gritou novamente o garoto sem resposta, definitivamente havia mais alguém no local que parecia tímido demais para se mostrar.


Alvo seguiu em frente; estava tremendo dos pés a cabeça e queria acabar logo com aquilo; já havia sido ameaçado duas vezes e temia ser vítima de uma nova hostilidade. Foi para o cômodo da casa que parecia ser a cozinha, cadeiras, armários e uma mesa estavam revirados pelo chão imundo, um fogão à lenha estava acesso próximo à janela e o calor era quase insuportável. Alvo estava examinado o lugar quando uma violenta explosão o jogou com toda força no chão, ele ficou quase inconsciente, sentiu o sangue escorrendo de sua cabeça, se sentia enjoado, vomitou antes que conseguisse se controlar enquanto o fogo fechava o cerco à sua volta. Ele pensou que havia acabado, aquele seria seu fim, morreria naquele lugar estranho sem nem ao menos saber quem era seu agressor... havia fechado seus olhos se preparando para aquele fim trágico quando de repente...


_ALVO! SOCORRO! VOCÊ PODE ME OUVIR, ALVO?!


O garoto continuou no mesmo estado em que estava, não tinha forças para esboçar nenhuma reação.


_ALVO! SOU EU! PRECISO DE AJUDA!


Aquela voz... era uma voz familiar... de alguém próximo, alguém que passara a vida inteira ao seu lado...


_PAI! É VOCÊ?!


_SIM MEU FILHO! PRECISO DE AJUDA!


_ONDE VOCÊ ESTÁ?!


_NO ANDAR DE CIMA!


Esquecendo toda dor e exaustão que consumiam o seu corpo, Alvo se levantou de um pulo, olhando em volta viu que ainda havia uma pequena brecha em meio ao incêndio que consumia a cozinha, Alvo se preparava para correr quando ouviu um movimento atrás de si, quando virou, dezenas de objetos fumegantes voaram em sua direção, eram como meteoros, só que do tamanho de bolas de golfe, mas uma vez Alvo foi ajudado, pois quando eles se aproximaram, simplesmente se desviaram para outras direções, abrindo buracos nas paredes e no soalho, seria seu pai que o estava salvando? O garoto atravessou a cortina de fogo e subiu as escadas, o fogo já consumia a casa inteira.


_ONDE VOCÊ ESTÁ, PAI?


_NA SEGUNDA PORTA A DIREITA!


Alvo correu até o lugar indicado, quando abriu a porta teve um choque, lá estava seu pai, o homem que ele tanto desejava encontrar, só que não naquele estado; Harry Potter parecia à beira da morte, seu corpo estava coberto de cortes e escoriações, uma poça de sangue inundava todo o quarto, suas roupas estavam rasgadas e seu óculos pendia torto ao lado do corpo.


_PAI!


_ALVO! DEPRESSA!


Alvo procurava uma forma de se aproximar, a situação naquele cômodo estava muito difícil, o fogo estava consumindo praticamente tudo, apenas o circulo onde estava Harry Potter permanecia intacto, mas Alvo sabia que não demoraria muito para o fogo alcançar aquele ponto. Ele estava desesperado, tinha consciência de que seria impossível chegar até seu pai sem se queimar, provavelmente com gravidade. Pensou em apelar para mágica, mas suas poucas semanas de ensinamento ainda não o havia preparado para apagar um incêndio daquelas proporções.


_ALVO!


A estrutura da casa estava começando a ruir, o chão aos pés de Alvo tremia como se ele estivesse num terremoto, as vigas que sustentavam o teto já estavam cobertas de rachaduras como veias de um corpo. Não havia mais o que pensar, o que interessava se ele iria ficar gravemente ferido? O que interessava que ele dificilmente teria forças para carregar um homem adulto? Era seu pai que estava ali e Alvo não iria assisti-lo morrer sem pelo menos tentar salva-lo.


“É agora!” pensou o garoto, fechou os olhos, protegeu a cabeça com os braços e correu, se preparou para o mortífero abraço das chamas, mas ele não aconteceu. Ele sentiu apenas um leve aumento do calor e quando examinou seu corpo, não havia queimaduras. “Mas como?” não era hora de pensar nisso.


_Pai! Eu estou aqui! _ disse o garoto se virando para o chão _ Pai?! Onde está você? PAI! _ o corpo de Harry Potter simplesmente havia desaparecido, não havia mais sangue nem óculos, era como se ele nunca tivesse estado ali.


_PAI! _ Alvo se ajoelhou procurando Harry nas rachaduras do chão, não duvidava mais de nenhuma possibilidade naquele lugar. Examinou o chão meticulosamente, indiferente ao fogo que queimava à sua volta, finalmente encontrou algo, mas certamente não era Harry Potter.


_Será que isso é...? _ Alvo olhou o curioso objeto a sua frente, era um pequeno quadrado vermelho coberto de desenhos estranhos parecidos com o que vira naquela grande porta que guardava a cidade secreta e no corredor que levou até a casa de Gerard, o garoto segurou o objeto com as mãos e então tudo virou escuridão...


 


Alvo se sentia bem, seu corpo estava relaxado e aquele lugar era muito confortável, queria ficar ali para sempre, sem precisar fazer mais nada, sem nunca precisar se levantar...


_Alvo? ALVO! VOCÊ ESTÁ AQUI! MAS... COMO?!


Alvo levou um susto e abriu os olhos, viu que estava no seu dormitório na torre de Grifinória e era George Faroell, o garoto tímido que gritava tão freneticamente, Alvo então se lembrou.


_Pai! Você viu o meu pai, George?!


_Seu pai? Você está bem, Alvo?


_Como eu vim parar aqui?!


_Essa é uma boa pergunta, nós já havíamos procurado por você aqui pelo menos três vezes!


_Me procurado?


_Você desapareceu Alvo! Desde o café da manhã ninguém lhe viu mais, estamos procurando pelo castelo há quase vinte horas!


“Vinte horas!” pensou Alvo. Havia se passado tanto tempo assim desde que entrara no calabouço das cinco voltas? De repente Alvo ouviu um barulho, como o de algum objeto caindo no chão.


_O que foi isso? _ perguntou Alvo.


_Isso o quê?


_Esse barulho, você não ouviu?


_Eu não ouvi nada _ disse George examinando o garoto como se ele estivesse doente.


_Você viu o Prof. Dumbledore? _ perguntou Alvo.


_Ele também desapareceu! Agora eu preciso avisar alguém que você está aqui, não vá sumir de novo!


George deixou o quarto e Alvo pode ouvi-lo descendo as escadas correndo. O garoto examinou seu corpo, não havia nenhuma marca dos ferimentos que havia sofrido e tirando um leve cansaço, se sentia completamente bem. Aquilo tudo teria mesmo acontecido? De repente ele viu a cortina da cama de Tim Hanger claramente se mover.


_Tim! Você está aí?


 Alvo não ouviu nenhuma resposta, se levantou e foi até lá examinar, não havia ninguém, mas era impossível! Ele tinha certeza que a cortina tinha mexido! Será que estava ficando louco? Ou então...


_Pai! É você que está aí? Você está invisível?


Novamente não houve resposta.


_Pai! Eu...


_Muito bem Alvo Potter! Pode me dizer onde você esteve o dia inteiro? _ era a Prof. Minerva quem falava e pelo tom de voz que estava usando, não parecia estar nada contente. O Prof. Neville que estava lívido também havia entrado no dormitório, seguido de outros professores e vários alunos, incluindo o irmão e os primos de Alvo.


_Alvo! _ disse Dominique pulando no pescoço do garoto _ Eu estava tão preocupada!


_Isso fica para depois, Srta. Weasley _ disse Minerva _ agora ele precisa me explicar o motivo de tamanha imbecilidade. Onde você esteve, Potter?!


Alvo não sabia o que dizer, contaria a verdade? Achava arriscado, mesmo que contasse seria muito esperar que a Prof. Minerva acreditasse.


_E-eu...


_Você não precisa explicar nada, Alvo! _ disse uma voz firme que vinha do lado de fora do dormitório, todos abriram caminho para dar passagem ao homem enquanto cochichavam entre si _ Eu explicarei exatamente o que aconteceu.


 


 

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