A Cidade Secreta



_Professor! Isso é... Impossível!


_Neste lugar nada é impossível, Alvo.


_Mas...


_O que foi Alvo?


_Nós ainda estamos em Hogwarts, professor?


_Você não se lembra de como chegamos aqui?


_Sim. Nós atravessamos aquela passagem.


_Pois então?


_Mas como é possível que tudo isso caiba no castelo? Esse lugar é maior do que Hogwarts inteira!


Alvo não estava exagerando, ao atravessar a grandiosa porta, eles chegaram no alto de uma montanha enorme, havia um céu sobre suas cabeças e até mesmo um sol que brilhava intensamente, era como se eles tivessem sido transportados para outro lugar.


_Quem são essas pessoas, professor?


_São trabalhadores.


_E o que eles estão fazendo?


_Estão construindo algo para Gerard.


Havia uma trilha tortuosa na beira da montanha que levava até um amplo descampado; lá em baixo, havia pelo menos trezentos homens que estavam empenhados na construção de algo colossal; parecia uma escultura em forma de pássaro que estava apenas com o esqueleto montado e os trabalhadores levantavam gigantescas toras de madeira com a ajuda de grandes guindastes.


_Para que Gerard quer que eles construam isso, professor?


_Bom, isso nós teremos que pergunta-lo pessoalmente. Confesso que também tenho certa curiosidade a respeito disso. Vamos descer? Procure ir segurando em algo firme, Alvo.


Com uma perícia surpreendente, Dumbledore começou a descer a sinuosa trilha se apoiando em pedras que estavam no caminho. Alvo o seguia de perto; a caminhada era muito difícil e o garoto que não era muito chegado a grandes alturas, estava temeroso com o resultado que um possível passo em falso poderia gerar.


_Professor?


_Sim, Alvo.


_Eu não vejo nenhum sinal do sol há semanas! Como ele pode está tão forte aqui? E além do mais eu achei que nós estávamos dentro do castelo!


_O Tirante de Gáia é um objeto com propriedades mágicas fascinantes, Alvo.


_Esse tal Tirante de Gáia está produzindo esse sol?


_O Tirante de Gáia está produzindo tudo o que você está vendo aqui.


_Mas como pode...


Alvo não pode completar o que ia dizer por que para seu desespero, ele escorregou, Dumbledore o segurou evitando uma queda bastante indesejável.


_Você está bem?


_Sim professor _ respondeu Alvo que ficou lívido apesar do sol escaldante _ apenas rasguei a manga do uniforme.


_Tome cuidado! Já estamos terminando a descida, nada de conversas até estarmos seguros em terra firme.


Em pouco tempo eles conseguiram finalmente chegar ao fim daquela descida arriscada, Dumbledore ajudou Alvo a ultrapassar o último obstáculo e eles se viram num local onde alguns homens descansavam a sombra de algumas arvores.


_Bom dia! _ disse Dumbledore aos homens que mal levantaram a cabeça para ver quem falava _ Eu me chamo Dumbledore e esse aqui é o meu companheiro Alvo Potter.


_Hum... _ resmungou um deles _ o que vocês querem aqui?


_Nós viemos encontrar Gerard.


_Certo _ respondeu o homem sem esboçar qualquer movimento.


_O senhor poderia nos indicar o caminho? _ disse Dumbledore.


_Não posso... estou descansando...


_Poderia então indicar alguém que pudesse nos ajudar. _ disse Dumbledore com toda calma do mundo.


_Hum... _ resmungou novamente o homem _ Ei Doni! Esses caras querem ver o Gerard.


Um garoto que deveria ter a idade de Alvo apareceu correndo do portal que parecia delimitar aquela área do restante da cidade.


_Ver o Gerard?! _ exclamou o garoto com sua voz esganiçada, ele tinha a pele queimada pelo sol, cabelos encaracolados e olhos verdes como os de Alvo _ Que legal! Eu mesmo nunca o vi. Ei moço? Essa sua barba é de verdade?


_Sim _ respondeu Dumbledore sorrindo.


_Uau! Ela é bem grande, não é mesmo?


_Creio que sim. Você poderia nos levar até Gerard?


_Então vocês querem mesmo ver ele? Eu posso levá-los até perto da casa, mas não posso entrar lá.


_Isso será o bastante _ disse Dumbledore.


E assim eles partiram. O garoto parecia uma metralhadora, disparava uma pergunta atrás da outra e falava tão rápido, que Alvo ficou surpreendido que ele não ficasse sem fôlego.


_Suas roupas são muito estranhas! _ Alvo pensou que a sensação era recíproca, já que não achava nada convencional a camisa bege feita de algum material que lembrava papelão que o garoto trajava.


_O que é que vocês estão construindo, Doni? _ perguntou Dumbledore.


_Oh! Isso eu não sei dizer. Desde que eu estou aqui, nós estamos construindo isso, mas mamãe disse que ninguém sabe ao certo para que serve.


_E a quanto tempo você está aqui?


_Ah! Faz bastante tempo... desde que eu nasci para ser mais exato.


_Impressionante!


_Seu amigo não fala muito _ disse Doni apontando Alvo que caminhava um pouco mais atrás.


_Ele está um pouco impressionado com esse lugar.


_Eu também estou muito impressionado! Nunca tivemos uma visita antes! Existe apenas uma história que mamãe sempre conta sobre um visitante...


Dumbledore estava certo, Alvo estava realmente muito impressionado com aquele lugar! Havia ruas de verdade, onde pessoas circulavam carregando sacos de compras e carroças que transportavam mercadorias puxadas por cavalos gigantescos; as casas eram feitas de barro e seus moradores olhavam abismados para aqueles  visitantes estranhos. No centro do lugar, havia um muro que nem mesmo Hagrid poderia espiar por cima, onde estava sendo realizada a obra, havia muito barulho e movimento lá dentro, mas Alvo conseguia ver apenas o esqueleto da cabeça do pássaro que parecia imponente com o sol iluminando suas formas e contornos.


_Chegamos! _ disse Doni indicando a entrada de uma caverna que estava à frente _ Todos dizem que Gerard mora aí dentro.


_Muito obrigado meu amiguinho! _ disse Dumbledore.


_Foi um prazer! Espero vê-los de novo. Até mais barbudão! Até a vista mudinho!


_Vamos entrar, Alvo?


Não era um convite muito tentador, a caverna não era nem um pouco convidativa, mas já que estavam ali...


_Sim.


_Excelente! Vamos acender nossas varinhas, ok? Lumus! _ disse o professor caminhando até a entrada.


O chão da caverna era muito acidentado e logo nos primeiros passos, eles iniciaram uma descida acentuada. O sol já não se fazia presente naquele ponto e a única iluminação que dispunham era a gerada pelas suas varinhas. Alvo estava batendo queixo, mas não sabia se isso era devido ao frio que fazia lá dentro ou ao temor que sentia.


Continuaram descendo até chegar a uma escadaria de pedra que tinha toscos desenhos na parede, muito semelhantes aos que estavam na grande porta que guardava aquela cidade. Depois de muitos degraus chegaram até um corredor que dispunha de tochas acessas dos dois lados e no seu final havia uma porta.


_É agora, Alvo! Você está bem?


_Sim! _ respondeu o garoto que tremia dos pés a cabeça.


Dumbledore abriu a porta...


_Finalmente chegaram! _ disse o homem que estava sentando numa luxuosa cadeira dourado que mais parecia um trono, na verdade todo aquele cômodo era muito diferente da caverna que o antecedeu, era semelhante a um palácio, com muitas esculturas e tapetes elegantes _ Espero que tenham tido uma boa viajem!


Alvo demorou algum tempo observando o lugar e finalmente reparou no homem que falava com eles, mas... seria mesmo um homem? Do tronco pra baixo ele tinha o corpo tão normal quanto Alvo e Dumbledore, mas seu pescoço...


_Ouvi dizer que você tem algo que me interessa!


_Acredito que sim, Gerard _ respondeu o professor.


_Muito bem. _ disse uma das cabeças do homem. Sim, porque como Alvo pode perceber... seu pescoço parecia muito com um polvo e de cada um dos oito “tentáculos”, se via uma cabeça diferente _  Então mostre! _ disse Gerard com seus oito rostos sorridentes.


_Oh sim! Eu mostrarei. À propósito, eu sou o Prof. Dumbledore e esse aqui é Alvo Potter.


Uma ou duas cabeças olharam de forma rápida para o garoto enquanto as outras continuaram fixas em Dumbledore.


_Tudo bem, agora vamos ao que interessa? _ disse Gerard.


_Certo.


Dumbledore retirou das vestes um objeto dourado com uma corrente, Alvo logo percebeu que se tratava de um relógio de bolso.


_Isso... _ disse Gerard excitado _ é o que eu estou pensando?


_Infelizmente, descobrir o que oito cabeças estão pensando ao mesmo tempo não é tarefa fácil _ disse Dumbledore.


_Esse é o relógio... dele?


_Se você está se referindo a Guliver, sim, é o relógio dele.


Todos os rostos de Gerard demonstraram uma cobiça impressionante.


_Como foi que você... como descobriu que eu queria esse relógio? Aliás, como foi que você descobriu o meu reino?


_Há um bom tempo eu venho estudando os mistérios de Hogwarts e sendo a lenda verdadeira, como agora tenho presumo que é, sei que esse objeto pode ser muito importante para você.


_E como você conseguiu o Relógio?


_Estive procurando bastante... Posso perguntar algo também?


_É claro _ disse Gerard que mal parecia ter ouvido a pergunta já que continuava vidrado no relógio que Dumbledore segurava.


_Meu amigo Alvo demonstrou uma curiosidade mais cedo, que eu tenho que admitir que compartilho dela: qual o seu intuito com aquela grandiosa construção que está no centro da cidade?


_Aquilo faz parte dos meus planos, preciso daquela estátua, mas eu nunca conseguiria completar a missão sem o Relógio de Guliver e se você conhece mesmo a lenda, sabe quais são meus objetivos.


_Naturalmente.


_Eu... eu posso pega-lo? _ perguntou Gerard como uma criança que vê o brinquedo de seus sonhos.


_É claro! Afinal ele será seu.


_Você me dará o Relógio de Guliver?


_Sim, mas gostaria de algo em troca, sei que não é uma atitude muito delicada de minha parte, mas também é um caso de extrema importância.


_E o que você quer? _ perguntou Gerard desconfiado.


_Eu quero a chave.


_Você não está se referindo a “aquela” chave, está?


_Creio que sim.


_Você quer a chave de Gáia?! E o que é que você quer fazer lá? Você não sabe o que aconteceu com aquele lugar?


_Sim, eu sei. Quanto aos meus planos, eu preferiria guarda-los por hora, isso se você não se incomodar, é claro.


_Você não quer libertar “ele”, quer?! _ disse Gerard que naquele instante parecia furioso.


_Isso nem passou pela minha cabeça.


_Pois eu não acredito em você! Eu sabia! Você é um dos partidários daquele desgraçado que destruiu tudo!


_Não é muito gentil de sua parte duvidar da minha palavra _ disse Dumbledore que parecia o espelho da serenidade.


_Pois eu não lhe darei chave nenhuma!


_Nesse caso... _ disse Dumbledore guardando o relógio no bolso.


_Se você não me der o relógio eu mato você e seu amigo!


_Eu acharia muito inconveniente ser obrigado a resolver essa questão com força bruta _ disse o professor girando distraidamente a varinha na mão _ sinceramente eu preferiria que continuássemos nos comportando como cavalheiros.


Gerard pareceu confuso, certamente a presença da varinha de Dumbledore não o deixara muito satisfeito.


_Você sabe que eu não posso simplesmente lhe entregar a chave _ disse Gerard.


_Ouvir falar algo a respeito, eu preciso passar por uma espécie de teste, não é mesmo?


 _Isso mesmo _ disse Gerard malicioso _ é necessário ir buscá-la!


_E você consentirá com isso?


_É claro! Mas você não pode ir.


_O que você quer dizer com isso?


_O único que pode ir buscá-la é o garoto!


Alvo sentiu seu estômago revirar.


_Isso está fora de cogitação _ disse Dumbledore _ quem irá buscá-la sou eu!


_Mesmo que você tenta-se, nunca conseguiria.


_E porque não?


_Eu convivo com a energia dessa chave há muitos e muitos anos... ela é um objeto fascinante, sabe? E consigo sentir que entre vocês dois, o garoto é quem mais deseja pega-la, você deve mesmo estar querendo ir a Gáia, filho! _ pela primeira vez as oito cabeças de Gerard miraram atentamente Alvo, que estremeceu com essa atenção.


_E-eu _ gaguejou Alvo _ não conheço esse lugar, senhor.


_Não conhece Gáia! Mas ao que parece ela lhe conhece, você deve estar muito preocupado com alguém...


Alvo instantaneamente pensou em seu pai.


_Ele está em Gáia, professor? _ disse Alvo aflito.


_Eu não sei dizer, Alvo, mas como eu lhe disse, acredito que tudo isso que está acontecendo tem ligação com “ele”.


_E então? _ disse Gerard _ Eu não tenho o dia inteiro!


_Eu vou buscar a chave! _ disse Alvo.


_Não Alvo! Você não vai! _ disse Dumbledore sério.


_Ele é o único que pode conseguir! _ disse Gerard.


_Infelizmente eu terei que ser grosseiro duvidando de você, Gerard!


_Por favor, professor! _ disse Alvo _ Me deixe fazer isso!


_Você não sabe o que poderá encontrar Alvo. Você ainda não está preparado e...


_O senhor não confia em mim?


_É claro que confio, mas...


_O senhor disse naquela aula que acreditava que eu era o mais capaz naquela sala de fazer um Patronum Selatti!


_Eu sei...


_Mesmo sendo uma magia muito avançada!


_Mas...


_Se o senhor não acha que eu posso fazer isso, porque me trouxe até aqui?


Dumbledore pareceu ficar sem argumentos, olhava Alvo com um misto de espanto e temor.


_Está bem! _ disse ele afinal _ Eu vou confiar em você Alvo!


_Finalmente! _ disse Gerard sorridente _ Vamos logo com isso então!


Ele fechou seus dezesseis olhos e começou a cantar, uma música muito estranha, feita a oito vozes. De repente um buraco negro pequeno surgiu num canto da sala, ele foi aumentando à medida que Gerard cantava mais alto, até ficar grande o suficiente para um homem atravessar.


_Está feito! Pode ir garoto!


_Tome cuidado, Alvo! _ disse Dumbledore.


O garoto apertou a mão do professor e caminhou na direção do buraco negro, era uma sensação assustadora, ele estava indo em direção ao desconhecido sem ter idéia se conseguiria voltar...


 


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.