A seleção das casas



Narrado por Rose Weasley


-Qual casa você acha que nós iremos ficar?-perguntou Al após encontrarmos uma cabine vazia.


-Não sei...


-Papai disse que não teria problema se eu for para a Sonserina – começou com um tom melancólico. -, é claro que ele disse isso para não me assustar. Tenho certeza que ele me desertaria se isso acontecesse.


Meu pai faria o mesmo. Ou se matava, já que a família Weasley – por gerações-, todos foram da Grifinória.


-Relaxa Al. Vamos nos sair bem.


A porta de nossa cabine foi aberta com violência, e desta, entrou James animado.


-Preparados para entrarem na Sonserina?- vi Al tremer um pouco.


-Pára Jay! Você não quer que a gente seja da Sonserina!- murmurei chateada.


Ele veio até mim e me abraçou, fazendo carinho nos meus cabelos.


-Claro que não, Rose! Será que seu primo querido não pode mais fazer piada?


-Guarde suas piadas para você,James!-exclamou Al desconfortavelmente.


-Ah... Vocês acham mesmo que há possibilidades de você dois irem para outra casa sem ser Grifinória?- perguntou com uma sobrancelha arqueada. –Por gerações, os Weasley foram da Grifinória! Vocês acham que vão ser os primeiros rebeldes a quebrar essa tradição? São bobos mesmo.


Dito isso, começou a gargalhar. Alvo também tentou, mas o som que saía não se parecia nada com uma risada.


-Vocês dois ficam sentadinho aqui que vou para minha cabine, ok? Vejo vocês na seleção das casas!


-Acho que fiquei mais tranqüilo. -balbuciou Al quando James fechou a porta.


-Vai dar tudo certo. Você ouviu o Jay. Ele sempre está cer-


Fui interrompida por batidas na porta. Olhei para meu primo e ele deu de ombros e fui abrir. Meu coração começou a bater mais rápido em meu peito quando fitei aqueles olhos azuis acinzentados.


-P-posso me sentar com você?-perguntou em um fio de voz.


Havia uns machucados em seu rosto que não estavam lá quando embarcamos.


-O que aconteceu, cara? Que machucados são esses?- perguntou Al ao meu lado.


-Eu caí.-respondeu fitando o chão.


-Conta outra. Entre.


O garoto chamado Scorpius entrou em nossa cabine e fechou a porta atrás de si. Ele parecia incomodado com nossa presença e receoso, sentou-se ao lado de Alvo.


-O que aconteceu?-repeti a pergunta.


-Uns garotos mais velhos me bateram no corredor. - sussurrou após uns instantes de silencio.


-Por quê?-meu tom era de indignação.


-Motivos familiares. Eles culpam meu avô pelo o que houve com a família deles.


A família Malfoy não era muito sociável, todos eram conhecidos como pessoas frias e insensíveis, porém poderosos e ricos. Minha família nunca gostou muito de falar sobre eles ou mencionar o sobrenome Malfoy em casa.


-Pois são um bando de babacas! Não podem julgar quem nós somos pelos pais que temos.


Scorpius me olhou, com um olhar confuso. Dei-lhe um sorriso.


-Não fica assim. -disse Al dando uns tapinhas nada amigáveis nas costas do rapaz.


Ele contorceu o rosto com dor. Pude imaginar que seu corpo todo estava com machucados.


-Você está machucando ele!


-O que?- Al me olhou. – Nem estou batendo tão forte! Ele que é fraco.


-Eu não sou fraco. - retrucou Scorpius com a voz fria.


Alvo começou a rir, e o Malfoy o acompanhou. Meninos, quem os entende?


~~


O castelo de Hogwarts era realmente magnífico, muito mais do que James e a minha ,família descrevera.


-Vejo vocês mais tarde, crianças. - disse Hagrid quando o portão do castelo finalmente se abriu.


-Tchau, Hagrid. A gente se vê sexta para tomar chá!- gritou Al ao meu lado, chamando atenção de todos os novatos. Nosso amigo gigante apenas sorriu e acenou, entrando no castelo e adentrou o salão principal.


-Alunos novos, sejam bem-vindos à Hogwart.-disse um professor miudinho. –Eu sou o Prof. Flitwick. O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco...


Não prestei atenção no que o professor falava. Cada palavra parecia aumentar meu nervosismo. Ao meu lado, Alvo tentava manter os olhos abertos com o discurso do Prof.Flitwick, o que não era típico de Alvo Severo Potter. Meu primo era muito inteligente, e com certeza seria um aluno exemplar, mas em certas horas era bastante infantil e engraçado, e me entendia como ninguém e por isso somos melhores amigos.


Do meu outro lado, Scorpius mantinha sua atenção em cada palavra dita pelo professor. Seus machucados ainda eram visíveis e sua expressão era séria e fria, típica de um Malfoy. Porém, quando ele percebeu que o fitava, me encarou e abriu um lindo sorriso torto, fazendo meu coração disparar.


-Muito bem. Façam uma fila e me sigam. -anunciou o professor miudinho quando finalmente acabara seu discurso.


O alvoroço começou, era gente para todo lado. Todos pareciam querer ir à frente, perdi meu primo de vista com todos eles me empurrando.


-Rose!-gritou a voz de Al.


Sorri quando o encontrei juntamente com Scorpius no fim da fila. Caminhei até eles com alívio. A porta do salão principal se abriu, e a fila começou a andar, era um lugar realmente esplêndido. Todos os rostos dos alunos estavam voltados em nós; na mesa da Grifinória vi meus primos sorrindo para mim e para o Alvo.


Um chapéu velho foi colocado sobre um banquinho de madeira e começou a cantar. Era uma música sobre as quatro casas e sobre ele mesmo. Nada de modéstia. Quando a canção acabou, todos começaram a aplaudir.


-Que ridículo! – comentou uma garota morena de olhos castanhos ao meu lado. –Prazer, eu sou Anne Zabibi, aquele ali é meu irmão gêmeo, Jonny.


O garoto que ela apontara era muito diferente dela,apesar de serem gêmeos. Jonny conversava animadamente com Scorpius e Alvo e uma outra garota.


-Eu sou Rose Weasley.


-Eu sei! Todo mundo sabe sobre seus pais e o Harry Potter!- ela parecia reluzente falando aquilo.


Eu admirava meus pai e meu tio-padrinho, mas não era muito legal ser comparada aos atos deles, porque, eu sabia que lá no fundo não sou tão parecida com os mesmos.


-Silencio, por favor. - anunciou Minerva McGonagall,atual diretora de Hogwarts. – Quando chamar seus nomes, vocês porão o chapéu e se sentarão no banquinho para a seleção. Anne Zabini!


-Me deseje sorte! – exclamou sorrindo nervosamente.


-Boa sorte. – e dei um sorriso confiante.


Anne caminhou até o banquinho, colocou o chapéu e se sentou. Olhou em direção ao irmão e o chapéu anunciou.


-Sonserina!


A mesa da esquerda começou a aplaudir e ela desceu do banquinho sorridente.


-Boa sorte Rose!-disse enquanto caminhava até a mesa dela, onde muitos a cumprimentaram.


Olhei para Anne feliz, ela era a primeira garota a falar comigo em Hogwarts sem ser minhas primas e foi legal.


Outros nomes foram chamados até que o Scorpius foi chamado.


-Sonserina!


Apenas Anne, o irmão e a garota que estava conversando com ele aplaudiram e Al fez o mesmo. Scorpius caminhou até a mesa da Sonserina e se sentou ao lado de Jonny. Seu semblante era sério, mas triste. Por um momento cogitei a idéia de ser selecionada para a Sonserina e sentar ao lado dele e dos que provavelmente não seriam meus amigos se eu fosse para a Grifinória.


-Alvo Severo Potter.


-Boa sorte!- exclamei para meu primo que foi até o banquinho confiante.


O chapéu permaneceu um bom tempo na cabeça dele.


-Sonserina!


Tanto ele, quanto eu e todos os outros alunos soltamos uma exclamação, chocados. O som de uma pessoa engasgando era o único ouvido. Olhei para a mesa da Grifinória e James tossia sem parar e já ficava roxo. Teddy e os meus primos, todos estavam chocados. Seria engraçado se a situação não estivesse tão trágica.


Alvo desceu do banquinho e caminhou cabisbaixo até a mesa da Sonserina e se sentou ao lado de Scorpius.


-Rose Weasley!


Nervosa, peguei o chapéu com as mãos tremulas e sentei no banquinho. Olhei para a mesa da Sonserina, onde Al, Scorpius e Anne me olhavam com sorrisos, e para a mesa da Grifinória, onde meus primos me olhavam apreensivos.


-Alguém ajude o senhor Potter. – pediu Minerva olhando para Jay que já estava sem cor. Umas dez meninas foram socorrê-lo.


 Coloquei, receosa,o chapéu na cabeça.


-“Hum... difícil. Tem a inteligência da mãe e o sangue Weasley,mas um vontade de mostrar que é única e diferente dos pais.Seria uma boa escolha para Corvinal...E está confusa entre a Grifinória e Sonserina... Acho que uma boa opção seria...” Sonserina!


Quando tirei o chapéu, todos me olhavam boquiabertos, meus primos estavam assustados, assim como todos da Grifinória, Anne foi a única a aplaudir animada. Al e Scorpius a acompanharam.


James parecia estar a beira de um ataque do coração, seus olhos estavam arregalados, o queixo caído e o rosto pálido.


Com vergonha, fitei o chão e comecei a caminhar em direção a mesa onde Al sorria para mim.


-Diretora!- ouvi um grito raivoso, o qual pertencia a James. Parei na metade do caminho e me virei para ele. –Isso é uma brincadeira não é? Eu sei que fiquei as férias implicando com eles sobre a Sonserina.


-Acalme-se senhor Potter.- pediu a diretora que parecia tão chocada quanto ele.


-Calma? Meu irmão e minha prima são da Sonserina! – e se virou brutalmente para mim e para Al. – Papai e tio Ron vão matar vocês!


~~


-Não fica assim, Rose. Nossos pais vão aceitar!


-Eu sei Al! Todos vão ficar decepcionados conosco.


-Fica assim não, Rose. - tentou Anne. - Nossos pais estão em Askaban por causa de roubos no ministério.


Olhei horrorizada para ela, mas ela e o irmão estavam sorrindo.


-E meu pai é um ex-comensal da morte. E meu avô ainda está preso em Askaban pelo motivo que vocês já sabem. -disse Scorpius.


-E meus pais foram mortos. E vivo com minha avó e o dragão dela. -falou Elizabeth, a menina que estavam falando com os meninos na hora da seleção.


Ela era o tipo de menina animada,simples,bem legal e bonita. Os olhos cor de mel e os cabelos pretos ondulado enfeitiçaram o Jonny,irmão de Anne.


-É, nossa situação não é tão ruim. -disse sorrindo.


-Ela sorriu!Que milagre. –brincou Scorpius apertando minha bochecha.


 -Larga a Rose, Malfoy.-ordenou uma voz fria e furiosa. James. –Alvo Severo Potter e Rose Jane Granger Weasley! O que vocês têm na cabeça?


-Jay! Não foi culpa nossa, ok?


-Alvo! Como o papai disse, nós é que decidimos ir para a casa que queremos.


-Ele não disse isso.


-Cala a boca, Al.


-James, não desconta sua raiva neles!-repreendeu Victoire.


-Mas, Vic...


-Sem mais! Como vocês estão?-perguntou puxando eu e Al para um abraço de urso dela.


-Olá Teddy.-cumprimentei o namorado de Vic que vinha atrás dela.


-Rose, Alvo.


 -Uau, a família toda reunida na mesa da Sonserina?-debochou Alvo para a família que vinda até a nossa mesa.


-Não teríamos que vir até aqui se não fossem vocês!-emburrou Jay, se sentando entre mim e o Scorpius.


-Vovô vai ter um troço. - disse Dominique- irmã de Vic- olhando as unhas pintadas de vermelho.


-Não precisam ficar nos lembrando disso, ok?


-Calma Rosinha, não precisa ficar toda nervosinha!


Revirei os olhos.


~~


-Eles vão nos atormentar até a morte com toda essa história!-gritei quando finalmente chegamos ao salão comunal da Sonserina.


Alvo, Scorpius,Anne, Elizabeth e Jonny me encaravam como se eu tivesse enlouquecido e –digo de passagem ; estou.


-Caramba, Rose! Não sabia que você era do tipo ruivinha esquentada, não. – lancei um olhar assassino para Jonny quando ele teve a coragem de dizer isso.


-Tudo bem, eu sei que estou exagerando, mas vocês não conhecem meu pai. Ele é louco e mais, vai tentar se suicidar quando souber.


-É só não falar para ele. – disse Alvo com ceticismo na voz.


-O que? –perguntei embasbacada.


-Não vamos contar nada... É só fingir que está tudo bem.


O encarei profundamente, e ele se encolheu. Ele sabia que naquele momento, eu queria matar alguém.


-Tem razão, é melhor fingir que nada aconteceu.

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